por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Poema do Nicodemos - Por João Nicodemos


desconheço
os figurinos
no armário

não sou
um

sou
vário...

Piano abandonado - Por: Rosa Guerrera




Há um piano abandonado no fundo do meu coração !

E nele uma história que não foi contada.


Há um sorriso escondido nas suas teclas outrora brancas e


luzentes, e nos seus bemóis e sustenidos marcas de uma


ilusão.


E há também tatuagens de mãos que partiram para sempre


numa sinfonia que ficou inacabada.


Fantasias que o nosso coração vez por outra faz questão


de vesti-las !


De repente compreendemos que precisamos partir dessa


estação de lembranças.


Fechamos o piano e as múltiplas imagens vão


desaparecendo daquele mundo etéreo onde a saudade nos


transportou em forma hoje de estrela inatingível.


Outra melodia soa no ar, e a imagem do velho piano vai


ficando cada vez mais longe !


É quando compreendemos que igual a esse piano


imaginário, o passado mesmo que o tenhamos vivido com


toda intensidade do nosso ser, não consegue hoje no


presente soar a mesma melodia. Suas teclas não possuem


mais condições de serem afinadas !


(rosa guerrera)

Colaboração de Ismênia Maia




"Viver não é esperar a tempestade passar... é aprender como dançar na chuva."


Se eu tivesse que escolher uma palavra – apenas uma – para ser item obrigatório no vocabulário da mulher de hoje, essa palavra seria um verbo de quatro sílabas: descomplicar. Depois de infinitas (e imensas) conquistas, acho que está passando da hora de aprendermos a viver com mais leveza: exigir menos dos outros e de nós próprias, cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa, olhar menos para o espelho. Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão falada qualidade de vida que queremos – e merecemos – ter.

Mas há outras palavras que não podem faltar no kit existencial da mulher moderna. Amizade, por exemplo. Acostumadas a concentrar nossos sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas, acabamos deixando as amigas em segundo plano. E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para uma mulher quanto a convivência com as amigas. Ir ao cinema com elas (que gostam dos mesmos filmes que a gente), sair sem ter hora para voltar, compartilhar uma caipivodca de morango e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes – isso, sim, faz bem para a pele. Para a alma, então, nem se fala. Ao menos uma vez por mês, deixe o marido ou o namorado em casa, prometa-se que não vai ligar para ele nem uma vez (desligue o celular, se for preciso) e desfrute os prazeres que só uma boa amizade consegue proporcionar.

E, já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário duas palavras que têm estado ausentes do cotidiano feminino: pausa e silêncio. Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos, três vezes por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia – não importa – e a ficar em silêncio. Essas pausas silenciosas nos permitem refletir, contar até 100 antes de uma decisão importante, entender melhor os próprios sentimentos, reencontrar a serenidade e o equilíbrio quando é preciso.

Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo rir. Não há creme anti-idade nem botox que salve a expressão de uma mulher mal-humorada. Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas do nosso dia a dia. Se for preciso, pegue uma comédia na locadora, preste atenção na conversa de duas crianças, marque um encontro com aquela amiga engraçada – faça qualquer coisa, mas ria. O riso nos salva de nós mesmas, cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.

Quanto à palavra dieta, cuidado: mulheres que falam em regime o tempo todo costumam ser péssimas companhias. Deixe para discutir carboidratos e afins no banheiro feminino ou no consultório do endocrinologista. Nas mesas de restaurantes, nem pensar. Se for para ficar contando calorias, descrevendo a própria culpa e olhando para a sobremesa do companheiro de mesa com reprovação e inveja, melhor ficar em casa e desfrutar sua salada de alface e seu chá verde sozinha.

Uma sugestão? Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que, essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia: gentileza. Ter classe não é usar roupas de grife: é ser delicada. Saber se comportar é infinitamente mais importante do que saber se vestir. Resgate aquele velho exercício que anda esquecido: aprenda a se colocar no lugar do outro, e trate-o como você gostaria de ser tratada, seja no trânsito, na fila do banco, na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado, na academia.

E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser indissociáveis da vida: sonhar e recomeçar. Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana na praia, o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia, aquele homem que um dia (quem sabe?) ainda vai ser seu, sonhe que está beijando o Richard Gere... sonhar é quase fazer acontecer. Sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for preciso: seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares. A vida nos dá um espaço de manobra: use-o para reinventar a si mesma.


E, por último (agora, sim, encerrando), risque do seu Aurélio a palavra perfeição. O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades, inseguranças, limites. Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita, a dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo, a esposa nota mil. Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar ter coxas sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam, bumbum que encara qualquer biquíni. Mulheres reais são mulheres imperfeitas. E mulheres que se aceitam como imperfeitas são mulheres livres. Viver não é (e nunca foi) fácil, mas, quando se elimina o excesso de peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa toneladas), a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.






Na Rádio Azul

Estrada Branca - Tom e Vinícius



Estrada branca, Lua branca, Noite alta, Tua falta
Cminhando, Caminhando, Caminhando, Ao lado meu
Uma saudade, Uma vontade, Tao doída, De uma vida,
Vida que morreu
Estrada passarada, Noite clara,
Meu caminho é tao sozinho, Tao sozinho, A percorrer
Que mesmo andando para a frente,
Olhando a lua tristemente
Quanto mais ando, Mais estou perto de você
Se em vez de noite fosse dia,
e o sol brilhasse e a poesia
Em vez de triste fosse alegre de partir
Se em vez de eu ver só minha sombra, Nessa estrada
Eu visse aolongo Dessa estrada, uma outra sombra A me seguir
Mas a verdade, É que a cidade,
Ficou longe, ficou longe
Na cidade, Se deixou meu bem-querer
Eu vou sozinho sem carinho,
Vou caminhando meu caminho
Vou caminhando com vontade de morrer

É possível escrever um bom texto sem usar a letra A- Colaboração de João Nicodemos



É possível sim!

Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo.
Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?
Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.

Autor: Desconhecido

Vestido Verde - por Socorro Moreira



Perfume infiltrado no cetim

Digitais na cintura

Pespingos de vinho , dos beijos

Prata da lua , no verde encantada


-Foi doado ...

Depois de vê-lo em mim,

fora de mim, e longe de ti !

Poesia com um único "a" - por José do Vale Pinherio Feitosa


Sim, eu creio.
Que represento menos que sou.
Que sou muito menos que penso ser.
Que penso ser menos do que represento.

Sim, eu creio.
Em tudo que vejo, em tudo que foi visto.
Visto que ver tudo no mesmo tempo,
é como ver tudo sendo somente um.

Sim, eu creio.
Que os ventos têm pteróforos que nos conduzem.
Feito o sol que em círculo sobe e desce horizontes,
como recipientes que recebem os pingos de choros.

Sim, eu creio.
Em cordões que nos envolvem prisioneiros do mundo.
Os pés sobre o relevo, presos pelo repuxo do núcleo,
depósito de tempo que consomem e depois nos diluem.

Sim, eu creio.
Em muito, mesmo como pouco medido menos.
Pois menos de muito é pouco do que foi medido.
Sendo medido menos o muito é, pois, pouco.

Sim, eu creio.
Em vozes de músicos, em doce jiló de pingos intensos.
Nos toques que necessito, em beijos úmidos e intensos.
Creio que é possível ir muito e sem dizer "a".

Magia - Por : Rosa Guerrera



Há uma magia diferente
nesse amor que vem de você ...

Você consegue beijar o meu sorriso,
colocar estrelas no céu da minha minha boca,
raios de luar no brilho dos meus olhos,
tempestade nas minhas emoções,
imobilidade nos meus gestos,
silencio na minha voz
e calmaria na minha paixão.

Você é como aquele mágico misterioso
que sem auditórios nem cenários
estrapola os limites da minha feminilidade
mirabolando cenas jamais descritas...

E no palco vazio do nosso quarto
iluminado apenas por um tênue abajour
essa magia me aparece em forma de homem,
escultor e artista ...

Único pintor capaz de transformar
em realidade esse sonho louco
retratado numa tela- lençol que deixa nas marcas do suor
apenas o contorno dos nossos corpos ....

ROS@



Precisão

O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

(Clarice Lispector)

Começando um novo dia...


Languidez- Por Florbela Espanca




Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...


E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...




Regra verso:
ultrapassar
o impresso
Expressar
o mistério

Socorro Moreira

Feliz aniversário, Grace ! - por Socorro Moreira





Grace Kelly (Bahia-Berlim/Alemanha)

"Aqui é Grace Kelly Sodré Mendonça, 38anos, nascida em Barra do Mendes, sertão baiano. Escolhi o codinome Grace Kelly porque, bem, já estava tudo aí. Estou há 9 anos em Berlim e vim direto para cá. No Brasil eu era agrônoma. A carreira de DJ começou aqui há mais ou menos 6 anos, fazendo as festas do Afoxé Loni, e, mais tarde, tocando com a DJ Marie L. no Festival Heimat Klänge/Brasil 500, no ano 2000.
Meu som começou tradicional, mas hoje misturo o mundo nisso, com modernidade. Há 3 anos tenho minha própria festa mensal aqui em Berlim, a “Mundo Mix/Total Global Party”, no Pfefferberg, para a qual vêm de 200 a 400 pessoas. O público é misturado mesmo. Antigamente as pessoas esperavam mais música brasileira, mas agora o povo já sabe o que é o “Mundo Mix”. Claro, em festas brasileiras toco música brasileira. O que eu toco aqui e o que eu ouvia no Brasil é diferente, mas ainda tem muita coisa de lá. No entanto, não acho que você rediscubra o Brasil no exterior. Você se transforma. Daqui vejo o Brasil de outra forma, diferente de quem mora lá.
Geralmente toco o que quero, também atendendo os pedidos do público. Agora, se a festa é brasileira, depende. Sempre querem forró e pagode, mas tem o povo mais moderno também. Nas minhas festas há, claro, espaço para hip-hop, drum’n’bass, funk carioca e rock, que toco muito e o povo adora. Clichê eu toco quando a situação pede. Agora, ser exótica? Eu não quero nada.
Acho que me procuram mais do que procuro, mas isso por causa de minha música e nem tanto por eu ser brasileira, a não ser quando o tema de uma festa é Brasil ou América Latina. Trabalho profissionalmente, mas preciso correr mais atrás.
Conheço outros DJs brasileiros e não vejo concorrência, pois cada um tem suas especialidades. Só que acho chato quando outros trabalham por um preço muito mais barato, forçando “price-dumping”, mas cada um sabe do seu valor e de suas qualidades - e os clientes também. É pena que falte um ponto de encontro para a cena brasileira daqui, que acho dispersa, cada um na sua."


* Conheci Grace, quando morei em Barra do Mendes(Ba), nos anos 1987 a 1989. Estudante na época de Agronomia, Grace morava em Juazeiro , e passava férias na sua cidade natal. Tinha rítmo, a menina. Tocava nas garrafas vazias, dançava e cantava até enquanto dormia. Era cria da minha casa. Tornei-me amiga de toda a sua família. Foi um tempo alegre e feliz ! E não dá pra ser diferente, quando a gente fala no povo , e das cidades baianas. Trago essa baianice comigo. Muitas vezes até falei pra mim mesma : minha alma é baiana ? Uma delas ...Provavelmente !


Depois que terminou a faculdade desistiu das roças , e partiu para uma vida nova. Chegou no pódio do seu destino aventureiro. Hoje mora em Berlim , e destaca-se como uma grande DJ.


Deixo o meu abraço de aniversário com desejos de sucesso e felicidades , e o carinho amigo de sempre !


8 de Dezembro( amanhã) - Dia de Nossa Senhora da Conceição



Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Reino.
Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646, declarou el-rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro.

Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Não foi D. João IV o primeiro monarca português que colocou o reino sob a proteção da Virgem; apenas tornou permanente uma devoção, a que os nossos reis se acolheram algumas vezes em momentos críticos para a pátria.

D. João I punha nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno Alvares Pereira levantava à Santa Maria o convento do Carmo. Foi por provisão de 25 de Março, do referido ano de 1646, que se mandou tomar por padroeira do reino Nossa Senhora da Conceição.

Comemorando este fato cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes, mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de prata por 600 réis.

Segundo diz Lopes Fernandes, na sua "Memória das Medalhas", que António Routier foi mandado vir de França, trazendo um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II.

Acham-se também estampadas na História Genealógica, tomo IV, tábua EE. A descrição é a seguinte: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS RE­GNI – Imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e a meia-lua, com a data de 1648, e nos lados, o Sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário.

O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa crença antes de ser dogma.

Em 8 de dezembro de 1904, lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinqüentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.

No Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N.Sra. da Conceição.

HOMENAGEM DE JOÃO PAULO II À IMACULADA CONCEIÇÃO NA PRAÇA DE ESPANHA EM 8 DE DEZEMBRO DE 2002

Ave Maria, gratia plena!
Virgem Imaculada, eis-me aqui,
mais uma vez aos teus pés
com a alma comovida e reconhecida.

Volto a esta histórica Praça de Espanha
no dia solene da tua festa
para rezar pela dilecta cidade de Roma,
pela Igreja, pelo mundo inteiro.

Em Ti, "a mais humilde e excelsa das criaturas",
a graça divina conseguiu a vitória plena
sobre o mal.

Preservada de toda a mancha de culpa,
Tu és para nós,
peregrinos nos caminhos do mundo,
modelo luminoso de coerência evangélica
e penhor valiosíssimo de esperança segura.

Virgem Mãe, Salus Populi Romani!
Vela, eu Te peço,
sobre a amada Diocese de Roma:
sobre Pastores e fiéis,
sobre paróquias e comunidades religiosas.

Vela especialmente sobre as famílias:
que entre os cônjuges reine sempre
o amor, selado pelo Sacramento,
que os filhos caminhem sobre as sendas do bem
e da verdadeira liberdade,
os anciãos se sintam envolvidos
por atenção e afecto.

Suscita, Maria, em muitos corações jovens
respostas radicais à "chamada para a missão",
tema sobre o qual a Diocese
vem reflectindo nestes anos.

Graças a uma intensa pastoral vocacional,
que Roma seja rica de novas forças jovens,
que se entreguem com entusiasmo
ao anúncio do Evangelho
na Cidade e no mundo.

Virgem Santa, Rainha dos Apóstolos!
Assiste quem, com o estudo e a oração,
se prepara para trabalhar
nas múltiplas fronteiras
da nova evangelização.

Hoje confio-Te, de modo especial,
a comunidade do Pontifício Colégio Urbano,
cuja sede histórica se encontra
mesmo em frente desta Coluna.

Que esta benemérita instituição,
fundada já há 375 anos
pelo Papa Urbano VIII
para a formação dos missionários,
possa continuar eficazmente
o seu serviço eclesial.

Quantos aqui são acolhidos,
seminaristas e sacerdotes,
religiosos, religiosas e leigos,
estejam prontos a pôr as suas energias
à disposição de Cristo no serviço do Evangelho
até aos últimos confins da terra.

Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis!
Roga, ó Mãe, por todos nós.
Pede pela humanidade
que sofre a miséria e a injustiça,
a violência e o ódio, o terror e as guerras.

Ajuda-nos a contemplar com o Santo Rosário
os mistérios daquele que "é a nossa paz",
a fim de que nos sintamos todos envolvidos
num compromisso preciso de serviço à paz.

Volve um olhar de particular atenção
para a terra em que deste à luz Jesus,
terra que amastes em comum
e que hoje é ainda muito provada.

Reza por nós, Mãe da esperança!
"Dá-nos dias de paz, vela sobre o nosso caminho.

Faz que vejamos o teu Filho,
cheios de glória no céu". Amen!


Webdesigner: Lika Dutra

Revisitando Hannah Arendt - por Márcia Denser



Certa vez Hannah Arendt escreveu que pensar é intrinsecamente uma atividade anti-social e subversiva, porque é um ato que ameaça todas as versões oficiais do direito e da ordem. Por isso, tanto nos sistemas totalitários quanto naquele em que prepondera o Pensamento Único, que impõem a “verdade única”, pensar livremente é crime. Mas como pensar, senão livremente? O pensamento elimina as ficções convenientes que mascaram as deformações de uma ordem social. Um dos feitos de Arendt é conseguir manter a filosofia fora do alcance dos interesses político-partidários, conferindo à sua obra um caráter aberto, muito distante de imposições dogmáticas.

Aliás, sobre autoridade, ela afirma: “Visto que a autoridade sempre exige obediência, normalmente ela é confundida com alguma forma de poder e violência. Contudo, a verdadeira autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção, pois onde a força é usada, a autoridade como tal francassou.” Para ela, no domínio da política, onde o sigilo e o embuste deliberado sempre tiveram um papel importante, o auto-embuste (ou auto-engano) é o perigo por excelência, o impostor auto-enganado perde todo o contato não só com sua platéia, mas também com o mundo real, o que aumenta em muito sua periculosidade.”

A “introjeção” da ideologia dominante – a ponto do dominado fazer coincidir suas aspirações com as do dominador é o quê campeia na mídia. A exemplo, vocês leram no UOL, primeira página de 01/06, um artigo com o título “MST tucano”? Uma espécie de obra-prima em matéria de desinformação e vinculação da cartilha tucanodemolóide, sua“ideologia de segundo grau” cada vez mais perversa e burra. Confiram, que não vou citar – afinal, quem dá cartaz para trouxa é lavadeira.

Nesses tempos tão bicudos, tão estéreis, é um alívio revisitar o livre-pensar de Hanna Arendt, cujo tema foi a liberdade e sua tarefa a de iluminar e restaurar a importância do setor público, onde o diálogo permite a emergência da política como uma das grandes dimensões da dignidade humana. Digo isto a propósito da releitura de As origens do totalitarismo: imperialismo, a expansão do poder (Rio, Documentário, 1976), especificamente quando ela trata da emancipação política da burguesia e das ligações desta com o poder.

Segundo Hannah, o imperialismo surgiu quando a classe detentora da produção capitalista rejeitou as fronteiras nacionais como barreira à expansão econômica. A burguesia ingressou na política apenas por necessidade econômica: como não desejava abandonar o sistema capitalista, cuja lei básica é o constante crescimento econômico, a burguesia tinha que impor esta lei aos governos – para que a expansão se tornasse o objetivo final da política externa.

Em meados do século XIX (a partir de 1870), ocorre uma crise econômica em toda Europa devido à superprodução de capital, ao surgimento de dinheiro “supérfluo” causado pelo excesso de poupança, que já não podia ser produtivamente investido dentro das fronteiras nacionais. Pela primeira vez, o investimento de poderio não abria caminho ao investimento de dinheiro, mas a exportação do poder seguia os caminhos do dinheiro exportado, visto que investimentos incontrolados em países distantes ameaçavam transformar vastas camadas da sociedade em meros jogadores, mudar toda a economia capitalista de um sistema de produção para um sistema de especulação financeira, e substituir lucros de produção por lucros de comissão. A época foi marcada por falcatruas, escândalos financeiros e jogatina no mercado de ações!

Mas verificou-se que os acionistas ausentes não queriam correr os tremendos riscos relativos ao aumento de seus lucros, embora estes também fossem tremendos. Só a força material do Estado poderia protegê-los. Então ficou claro que a exportação de dinheiro implicava em exportação da força de governo. E muitos governos viram com apreensão crescente a tendência de fazer dos negócios uma questão política e de identificar os interesses econômicos de grupos com os interesses nacionais. Mas parecia que a única alternativa à exportação do poder era o sacrifício deliberado de grande parte da riqueza nacional. Só a expansão dos instrumentos nacionais de violência poderia racionalizar o movimento de investimentos no estrangeiro e reintegrar na economia da nação as desenfreadas especulações com o capital supérfluo, ou excedente, desviado para um jogo que tornava arriscadas as poupanças.

A primeira conseqüência da exportação do poder foi esta: os instrumentos de violência do Estado, ou seja, a polícia e o exército – que na estrutura da nação existiam ao lado das demais instituições nacionais e eram controlados por estas – foram dele separados e promovidos à posição de representantes nacionais em países fracos e não civilizados. Em regiões atrasadas, sem indústria e sem organização política, onde a violência campeava livremente, as “leis do capitalismo” tinham permissão de criar “novas realidades” (ou seja, pesadelos de ponta) . O segredo do sucesso estava precisamente no fato de terem sido eliminadas as leis econômicas para não barrarem o caminho à cobiça das classes proprietárias. O dinheiro enfim podia gerar dinheiro porque a força, em completo desrespeito às leis, econômicas e éticas, podia apoderar-se das riquezas.

Somente o acúmulo ilimitado do poder podia levar ao acúmulo ilimitado do capital.

Não é profética a pertinência do pensamento de Hannah Arendt aqui e agora, agora e sempre?


Márcia Denser

Biscoitos de Natal




Meu natal tinha o cheiro dos biscoitos de Dona Hilda, irmã de Padre Xavier. A gente achava o gosto um tanto exótico ( acho que era o gengibre), mas depois nos acostumamos, e passamos a esperá-los. Eles só aconteciam perto do natal.

Ingredientes

125 g de manteiga gelada
1/3 xi de açúcar mascavo

1 ovo
2 1/2 xi de farinha de trigo
1 colher de canela
1 colher de chá de gengibre e cravo
1 colher de bicarbonato de sódio


Preparo :

Fazer um creme com a manteiga e o açúcar. Misturar os outros ingredientes. Numa supefície lisa e esfarinhada amassar até obter uma consistência firme. Levar à geladeira por 30 min. Abrir a massa. Cortar com forminhas decorativas. Forrar uma assadeira com papel manteiga. Dispor os biscoitos numa distância de 2 cm. Assar em forno pré-aquecido por 30 min. Deixar esfriar , passar no açúcar cristal , e guardar num recipiente fechado.
Dica : Agregar à massa castanhas, nozes , bem picados.

Tom Jobim - Grande , Tom Jobim !




Tom Jobim
(Compositor brasileiro)
27/1/1927, Rio de Janeiro (RJ)
8/12/1996, Nova York, EUA

"O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano / Meu maestro soberano / Foi Antonio Brasileiro." Nessa canção de Chico Buarque, Tom Jobim é citado como uma espécie de fundador arquetípico da nacionalidade brasileira.

Antonio Carlos Brasileiro Jobim nasceu na Tijuca, no Rio de Janeiro. Aos quatro anos de idade, mudou-se com os pais para a Zona Sul, passando a morar no bairro de Ipanema e depois em Copacabana.

Atraído pela música, fez estudos de piano com o professor Hans Joachim Koellreuter, no colégio cuja diretora era sua mãe, dona Nilza. Passou no vestibular para arquitetura, mas cursou apenas dois anos.
Em 1949, casou-se com Thereza Hermanny, com quem teve dois filhos, Paulo e Elizabeth.

Arranjou emprego como pianista da Rádio Clube do Brasil e logo passou a tocar em bares. Para garantir a sobrevivência, trabalhava como arranjador para a gravadora Continental.

Suas primeiras composições incluíram parcerias famosas com Newton Mendonça, que seria seu parceiro em "Desafinado", e Billy Blanco, com quem comporia seu primeiro grande sucesso, "Tereza da Praia".

Apresentado a Vinícius de Moraes pelo crítico Lucio Rangel, Tom Jobim foi convidado a compor as melodias de "Orfeu da Conceição", peça que estreou em 1956.

Elisete Cardoso gravou "Canção do Amor Demais" em 1958, que sinalizou uma parceria próspera entre Vinícius e Jobim.

Já reconhecido como um dos maiores compositores brasileiros, Jobim escreveu uma sinfonia dedicada a Brasília.

Em 1959, recebeu a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar pela trilha sonora do filme "Orfeu Negro", dirigido por Albert Camus, inspirado em "Orfeu da Conceição".

Tom Jobim compôs com Vinícius de Morais, em 1963, a música que o tornaria mundialmente famoso, "Garota de Ipanema", uma espécie de hino brasileiro que recebeu centenas de gravações. Em 1967, compôs "Wave", também uma canção de grande impacto.

Na década de 1970, Tom casou-se pela segunda vez, com a fotógrafa Ana Beatriz Lontra, na época com apenas 19 anos, com quem teve dois filhos, João Francisco e Maria Luiza.

Com uma bem-sucedida carreira de shows, gravações, entrevistas e homenagens, Tom Jobim dividia-se entre o Brasil e os Estados Unidos.

Em 1993, vários compositores, entre eles Herbie Hancock e Ron Carter, fizeram um tributo a Tom Jobim, no Free Jazz Festival, em São Paulo. Ainda nesse ano, Jobim lançou um novo álbum, "Antonio Brasileiro", com participação de Dorival Caymmi e Sting.

Depois de se apresentar em duas ocasiões no Carnegie Hall, em Nova York, Tom Jobim fez seu último show em Jerusalém, em 1994.

Acometido de problemas circulatórios, realizou uma série de exames, ao fim dos quais foi constatado um câncer na bexiga. Jobim foi operado no Mount Sinai Medical Center, em Nova York, no dia 6 de dezembro de 1994. Dois dias depois, teve uma parada respiratória e faleceu. Seu corpo foi transferido para o Brasil e enterrado no Rio de Janeiro.

netsaber