por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Poesia com um único "a" - por José do Vale Pinherio Feitosa


Sim, eu creio.
Que represento menos que sou.
Que sou muito menos que penso ser.
Que penso ser menos do que represento.

Sim, eu creio.
Em tudo que vejo, em tudo que foi visto.
Visto que ver tudo no mesmo tempo,
é como ver tudo sendo somente um.

Sim, eu creio.
Que os ventos têm pteróforos que nos conduzem.
Feito o sol que em círculo sobe e desce horizontes,
como recipientes que recebem os pingos de choros.

Sim, eu creio.
Em cordões que nos envolvem prisioneiros do mundo.
Os pés sobre o relevo, presos pelo repuxo do núcleo,
depósito de tempo que consomem e depois nos diluem.

Sim, eu creio.
Em muito, mesmo como pouco medido menos.
Pois menos de muito é pouco do que foi medido.
Sendo medido menos o muito é, pois, pouco.

Sim, eu creio.
Em vozes de músicos, em doce jiló de pingos intensos.
Nos toques que necessito, em beijos úmidos e intensos.
Creio que é possível ir muito e sem dizer "a".

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