Para relaxar após verdades apresentadas cara-a-cara. Um samba para ouvir de novo.
por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
TUAS SEDE É A SECA DO NEGÓCIO ARRASADOR ÁGUA - José do Vale Pinheiro Feitosa
E aquela história da falta de água em São Paulo? A chuva é o
de menos. Água virou bem de consumo. Quem tem grana pode desperdiçar a jusante
e quem lucra com o negócio o faz a montante. Como a vazão a jusante é grande e o
acúmulo de lucro a montante também o é. Temos a seca paulista.
Eu sei. Não és abestado. Água e dinheiro apenas se
relacionam como negócio. Como um bem de consumo. O resto, água é sede e sede é
vida. Sem água não acontecerá a micção do poema do amanhecer.
Acontece que privatizaram a água. Tem doutor juiz fechando
as torneiras do “consumidor” por não ter pago a conta. E o cara mora na cidade.
Onde a única água que corre é das chuvas eventuais, na quitinete não tem caixa
acumuladora e não existe nem uma poça para se servir.
Já existem multinacionais da água privatizada e como todo
espírito capitalista forma conglomerados. Assim como as “irmãs-do-petróleo” existem
as “seis-irmãs-hidrocontroladoras”: Suez, Veolia, Thames, American Water,
Bechtel e Dow Chimical (citado por Sérgio Augusto no Sul 21).
Não por acaso a SABESP, a fornecedora de água para São
Paulo, privatizada, tem ações na Bolsa de Valores de Nova York. O governador
eleito por grande maioria de votos já enviou uma nota, a depender do Conselho
da empresa, para que ela ofereça bônus aos paulistas que passarem mais sede.
Quando menos água consumir, maior o desconto na conta.
Aliás uma política de uso racional da água é sempre
necessária. Não agora que as pessoas estão passando sede. E para não sofrerem
mais terminam indo ao “mercado-negro” para comprar o que necessita.
Além do bônus, Geraldo precisa fazer um balanço Geral na
política de água de São Paulo. Precisa apresentar planos para o futuro. Depois
de 18 anos de PSDB em São Paulo e do Geraldo ter cumprido 8 anos. Em dois
mandatos diferentes e agora vai para 12 anos.
Sim a oposição federal quer alternância de poder.
Mas vamos a um exemplo. Na cidade de Paraipaba, no litoral
do Ceará, em razão da abundância da irrigação se desenvolveu um projeto de
agronegócio de cana e outro de implantação de pequenas propriedades para criação
de algumas reses e produção agrícola.
O governo afrouxou o projeto e os pequenos foram vendendo suas
terras para “empresários” do coco. Resultado, a produção de coco de Paraipaba
está numa crise danada com estas estiagens e secas que nos atingem. Vender coco
na praia é vender água. A água que um dia irrigou a plantação dele.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA DEFENDE MENOR VERBA PARA A SAÚDE - José do Vale Pinheiro Feitosa
Peguemos duas notícias de hoje, uma diz ter a Associação
Médica Brasileira (AMB) declarado apoio a Aécio Neves e a outra diz que a
Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que proximamente se atingirá a marca entre
5 a 10 mil casos novos por semana da doença provocada pelo Ebola.
A carta de apoio da AMB termina assim: “Conclamamos todos a votar em Aécio Neves (45) para presidente do
Brasil, a fim de que possamos trabalhar juntos, orgulhosos e confiantes,
podendo proporcionar melhor saúde e assistência aos nossos pacientes.” Em
nota o chefe da missão da ONU que se dedica ao combate da doença declara: “Ou paramos o ebola agora ou enfrentaremos
uma situação sem precedentes e para a qual não temos um plano.”
Onde as duas notícias se aproximam e onde se distanciam. Aproximam-se
por ter como tema comum a saúde. Ambos são manifestos políticos tentando
mobilizar corações e mentes. Ambos supostamente foram refletidos por profissionais
da saúde.
Distanciam-se pelos interesses manifestos atrás das
palavras. A AMB é uma entidade de classe, corporativa, que luta essencialmente
pelo controle corporativo das especialidades médicas através das associações de
especialidades. São as velhas guildas da idade média que controlavam os números
e o perfil aceito aos artesãos. Só um exemplo de como funcionam para revelar qual
interesse têm na saúde coletiva: todo beneficiário de Plano de Saúde tem que
pagar por fora aos anestesistas. Eles se organizaram de tal modo que a
sociedade mesmo pagando os tubos por um Plano de Saúde, tem que pagar o pedágio
a eles. E simbolicamente tem um detalhe: eles, pelos anestésicos, levam você à
linha tênue entre a vida e a morte.
A OMS, mesmo que sujeita à pressão das grandes indústrias de
tecnologia de saúde, continua sendo o órgão universal dos interesses de toda a
humanidade. O chefe da missão diz que é preciso tratar 70% dos casos e enterrar
70% das pessoas de maneira segura ou, então, a epidemia foge ao controle. E
pode chegar a outros países distantes. Os exemplos americanos e espanhóis são
evidentes para que acreditemos na OMS.
A dinâmica da AMB e suas associações, por outro lado, não
consegue fugir mais do suprimento do Complexo Industrial da Saúde, este que,
artificialmente, lança mão de todos os mecanismos para criar e manter
especialidades médicas. Os Congressos de Especialidades se tornaram um balcão
de anúncios e os painéis e conferências magnas, a voz do produtor de
tecnologia. Por isso no mundo todo surgem instituições de Avaliação de
Tecnologia, que pretendem operar de modo independente, para que se separe onde
se encontra a eficiência verdadeira e a negociação do uso intensivo no
interesse da contabilidade do Complexo.
O surto do Ebola não é a mesma coisa de combater os
islamitas com aviões e drones nos desertos do Iraque e da Síria. Ele tem o
potencial de se tornar uma nova peste. Diante da falta de recursos
terapêuticos, de um mundo em convulsão que gera milhares de desabrigados e
concentrações em lugares precários, do rápido deslocamento por avião, há que se
pensar na solidariedade na ação coletiva e humana como uma necessidade. Que se
pensar uma política de saúde universal, independente de dinheiro para comprar a
vida ao invés da morte.
Entre a AMB e a OMS há uma vala enorme de separação. Uma
vala onde ardem os interesses do Complexo Industrial da Saúde e seus agentes de
campo. A vala onde o interesse individual suplanta o interesse da sociedade.
Onde a liberalidade é sinônimo de bem remunerado serviço por uma boa imagem de
marketing.
Um marketing que todo profissional de saúde sente pela
traição dos “colegas” a desqualifica-lo por uma melhor posição no “mercado.”
Uma dinâmica para criar dúvidas nos seus “consumidores” em relação aos “produtos”
do mesmo associado à AMB. E sintam que num enorme ato falho eles terminam
dizendo: proporcionar melhor saúde e
assistência aos nossos pacientes.
São eles, os mágicos, quem controlam a oferta, aqueles que
proporcionam. Eles são os sujeitos os outros os pacientes. Malandros põem saúde
no meio para disfarçar o que realmente fazem: assistência. Neste discurso a
complexidade das relações saúde e doença, com seus componentes sociais,
econômicos e políticos não existem. Existe apenas a assistência. Mas corrijo:
existe a política.
O apoio a um
candidato que desviou recursos da saúde. Não aplicou sequer os recursos
previstos na Constituição que Minas Gerais deveria ter feito.
É AMB ficou difícil. Como argumentar no futuro por mais
verbas para o SUS? E quando a Agência Nacional de Saúde privilegiar mais os interesses
das “operadoras de Plano Privados de Saúde” do que dos “prestadores de serviços
de saúde?”
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