por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Se Eu Morrer Amanhã


Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz

Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz.


Gilton X Aloísio: Foi bonito de se ouvir a conversa musical entre os dois.Haja inspiração!

Aloísio, o poeta baiano, deixou de ser apenas um amigo virtual...Gente fina!


Aloísio, Gilton e Abidoral Jamacaru- noite de encontro!


Recentemente resolvi cortar o cabelo e assumir meus grisalhos.Não adianta ficar lembrando como éramos no passado...É preciso encarar o espelho.



De perdas as figuras se fizeram. Envelhecer é uma merda. A idade do “com dor”. As rugas, carnes flácidas, pele sem brilho, cabelos de fubá. Cabelos brancos e pinturas por obrigação. Esta é a figura.

Mas por isso mesmo é que envelhecer é um barato. Uma luta contra a figura e a imagem. O enquadramento no consumo e a covardia por aceitar o beicinho da juventude. Ora que venha a juventude, a criancice e os muito mais velhos. Não existe velhice, nem adolescência, nem juventude e menos ainda a infância: existe a possibilidade do acontecer após respirar, beber água e comer.

Aí é que está a luta, o trabalho e a exploração do trabalho. E por isso mesmo é o carnaval, a folia por sobre a ordem que classifica. Quando estamos fora da ordem, temos a liberdade de entender melhor o tempo já inventado e aquele que ainda precisa ser respirado.

Uma das coisas a considerar: a saudade e o conservadorismo do “meu tempo foi melhor”. As marchinhas de carnaval, os samba enredos, o Brasil foi melhor. Pois não foi de modo geral e no restrito até que foi. Afinal não podemos desconsiderar que a cultura tem seus ciclos de acontecer. Depois muda para outra que pode ser mais humana ou não, mais popular ou não, mais democrática ou não.

Como esta música aí em cima da Escola de Samba Caprichosos de Pilares de 1985. Tem o olhar pelo retrovisor, mas tem a crítica daquele momento. O samba foi composto ainda em 1984 o ano do grande comício das Diretas Já na Candelária. O Brasil se libertava de uma ditadura política e se abria para um novo tempo.

Estávamos na Marquês de Sapucaí. Era a noite do desfile da Caprichosos e seu samba “E por Falar em Saudade” já estava nos nossos corações. Naquele ano de 85 as escolas ainda não perdiam pontos se atrasassem o desfile e aconteceu. A Caprichosos entrou no dia seguinte já por volta de 9 para 10 horas. Uma noite toda acordados no assento de cimento da avenida. E quando a escola entrou o mundo ficou igual ao povo pernambucano ouvindo o frevo Vassourinha.

Eu queria outra palavra mas a preguiça me remete mesmo para o mundo explodiu não só de alegria, nem de emoção, o mundo da rotina, das escalas de poderes, dos cansaços do corpo e das angústias existencialistas era outro. Foi aí que uma moça com quem não paquerei pois tinha a minha querida Tereza ao lado, deu seu grito de mulher parindo a humanidade num só ato: se eu morresse agora não faria qualquer diferença. Já tenho tudo neste momento.

Ia me esquecendo de uma parada mais antiga do que fui. A famosa disputa entre os fãs da Marlene e os da Emilinha Borba. A Marlene tinha sensibilidade política e Emilinha cantava a música açucarada. Duas marchinhas de carnaval em Marlene são emblemáticas: Lata D´água de Luiz Antonio e Jota Júnior e o Zé Marmita do mesmo Luiz Antonio e Brazinha. Aliás, quem já viu Marlene cantando Meu Guri do Chico Buarque entenderá o que digo.

“Idiotas da objetividade” – José Nilton Mariano Saraiva

Competente, personalista, criativo, extremamente polêmico, “biriteiro” e fumante (de marca maior, tanto que vitimado pela tuberculose) e sem papas na língua (ou ao teclado da sua velha “Remington”), Nelson Rodrigues (natural de Pernambuco, mas desde a mais tenra idade radicado no Rio de Janeiro) foi um grande romancista, contista, cronista e dramaturgo (além de torcedor apaixonado pelo seu “Fluminense Futebol Clube”, tricolor das Laranjeiras).

No teatro, peças como “Vestido de noiva”, “Perdoa-me por me traíres”, “O beijo no asfalto”, “Bonitinha, mas ordinária” e “Toda nudez será castigada” (dentre outras) marcaram pela ousadia (para a época), daí ter sido alcunhado (de certa forma com propriedade), de “anjo pornográfico”.

Em termos de romances, contos e crônicas (também pra lá de avançadas) o repertório era versátil e amplo, valendo lembrar "Asfalto selvagem", "A vida como ela é...", "A dama do lotação" e "O óbvio ululante: primeiras confissões" e por ai vai (foram centenas e centenas).

Deixou também frases antológicas, que ainda hoje repercutem aqui e alhures, algumas pra lá de polêmicas e outras tantas pra lá de atuais (vide abaixo):

1) "O Brasil é muito impopular no Brasil." 2) “Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro”. 3) "Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam." 4) "Toda unanimidade é burra." 5) "Só os profetas enxergam o óbvio." 6) "Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico." 7) "Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera." 8) "A cama é um móvel metafísico." 9) "Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais." 10) "Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo." 11) "Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia." 12) "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." 13) "Deus me livre de ser inteligente". 14) "Não há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras." 15) "O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu." 16) "Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém." 17) "Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas. 18) “O boteco é ressoante como uma concha marinha; todas as vozes brasileiras passam por ele". 19) "Acho a velocidade um prazer de cretinos; ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca." 20) "Amar é ser fiel a quem nos trai" 21) "O brasileiro é um feriado." 22) "As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado". 23) "O homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor." 24) “Deus está nas coincidências”. 25) “Invejo a burrice, porque é eterna”. 26) “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida; não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. 27) “Não existe família sem adúltera”. 28) “Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe”. 29) “O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos”. 30) “O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. 31) “O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes”. 32) “Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”. 33) “A platéia só é respeitosa quando não está a entender nada”. 34) “A liberdade é mais importante do que o pão”. 35) “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém”. 36) “Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu”. 37) “A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira”. 38) “As grandes convivências estão a um milímetro do tédio”. 39) “O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência”. 40) “O sábado é uma ilusão”. 41) “Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro”. 42) “Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las”.

Uma das passagens que mais o marcaram, no entanto, foi quando resolveu deitar falação sobre os “idiotas da objetividade”. Na verdade, a transmutação, o processo de metamorfose ou gradual “americanização” da imprensa brasileira, que obrigava o jornalista a deixar de lado o floreio verbal, o detalhamento do fato, as minúcias da ocorrência e até o uso de um pouco de exagero, privando o leitor da expectativa sobre o desenlace da matéria; a partir de então, o objetivo era entregar-lhe um texto já mastigado, enxuto, insosso, sem nenhuma emoção ou capaz de provocar-lhe qualquer comoção. Para Nelson, os profissionais que se prestavam a essa nova realidade não eram jornalistas na essência, mas, sim, meros “idiotas da objetividade” (porquanto apenas transcreviam e assinavam os textos recebidos das agências de notícias).
A reflexão tem muito a ver como determinadas figuras jurássicas, que não tiveram o cuidado de se reciclar (e que pululam aqui e acolá), adeptas da tese estapafúrdia de que, por não viverem num determinado ambiente ou cidade, as pessoas estariam incapacitadas ou inabilitadas para opinar ou redigir sobre o que lá acontece, porquanto teoricamente desinformadas ou desprovidas daquela massa cinzenta que os faz pensar, agir, ter opinião própria a respeito das coisas e do mundo e sobre tal manifestar-se (a Internet, o telefone, o jornal, os correios e a comunicação familiar nada valeriam, mas, tão somente, a presença, a “matéria bruta” in loco, preferencialmente ao vivo e a cores).
E aí, será que Nelson Rodrigues os rotularia de “idiotas da objetividade” ???

Além de Linda
Gilton Della Cella

O meu dia só começa
Quando olho pra você
Mesmo que desalinhada
Mais e mais vou te querer

Seja para dizer bom dia
Enquanto faz um café
Ou então pra te chamar de amor
Quando quiser

É você na minha vida
O meu vício, meu prazer
Encanto de fantasia
Que me faz enlouquecer

O pensamento vai longe
Quando você não está
Vai girando pelo mundo
Pra te encontrar

Além de linda, você me faz
Menino que navega num barco de papel
E ao te beijar nós somos iguais
Dois anjos que flutuam no céu.



Feliz Aniversário, Verônica Moreira!

Amor de verdade ! - por Socorro Moreira


O amor é de verdade na mentira
O amor é de mentira
Quando não pode ser de verdade.

Amor de verdade é feliz
Não conta com o desencanto
Não tem começo, nem fim
Ultrapassa o  umbral da eternidade...

Quando o teu olhar se afasta
Eu fico com o amor que espia...

uma palavra puxa
a outra empurra

num judô
sem fim...

ai de mim...

(Nicodemos)

Jardel Filho


Jardel Frederico De Bôscoli Filho, (São Paulo, 24 de julho de 1927 — Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1983) foi um ator brasileiro.