por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Petrobrás: “R$ 2,3 mil... por segundo”

01) O gigantismo da Petrobrás se revela em dados curiosos. Ela transporta por mês 70 mil pessoas de helicóptero (um estádio do Morumbi). Seu sistema logístico movimenta dois mil caminhões por dia (enfileirados, “medem” 30 km). Responde por pelo menos 13% da arrecadação de impostos de todos os estados (exceto São Paulo). Possui 284 navios (frota maior que a de transatlânticos em cruzeiros pelo mundo, cerca de 200). “Todas as coisas da Petrobras são gigantescas. Por isso ela provoca muito ódio e muito amor”, diz Gabrielli, seu presidente.

02) Em 2020, a Petrobras vai estar produzindo no Brasil 4,9 milhões de barris por dia. Vamos exportar 2,3 milhões de barris, que é mais do que nossa produção total hoje [ 2,1 milhões de barris por dia ]. A produção total da Líbia hoje é 2 milhões de barris. E mais: em 2020, o Brasil vai consumir entre 3 milhões e 3,3 milhões de barris por dia. Hoje, só quatro países consomem mais de 3 milhões: Estados Unidos, China, Japão e Índia. Então, evidentemente que o papel relativo do Brasil muda na geopolítica do petróleo mundial.

03) Temos hoje mais de três mil gerentes e três mil coordenadores. Nós operamos uma empresa que planeja investir US$ 224 bilhões até 2015. Ninguém sabe exatamente o que é isso. Mas se você transformar em ano, mês, dia, minuto e segundo, a Petrobras vai investir mais de R$ 2,3 mil por segundo, nos próximos cinco anos. Um investimento desse tamanho não pode ser pessoal. Tem que ter uma máquina de decisões.

04) No penúltimo concurso, a Petrobras ofereceu duas mil vagas e teve 390 mil inscritos. No que está em andamento hoje, estamos oferecendo 580 vagas e tivemos 174 mil inscritos. Não acredito que tenha problema de seleção para a Petrobras... Agora, para a cadeia de fornecedores, estamos fazendo um enorme programa de treinamento. Já treinamos 79 mil pessoas e vamos treinar mais 212 mil até 2014, só para a cadeia de fornecedores, ao custo de US$ 1,4 bilhões, no período. Vamos dar 12 mil turmas de treinamento daqui até 2014. Não é a Petrobras que faz isso, temos hoje 70 instituições no Brasil todo treinando esse pessoal. Treinando todo mundo, desde soldador ao operador de guindaste, ao engenheiro de detalhamento, o especialista em corrosão, o eletricista de alta tensão, operador de caldeira...

05) Olhando o futuro na área de petróleo, a maior contribuição de novas descobertas no mundo vem da Petrobrás. Um terço das grandes descobertas nos últimos dez anos foi feita pela Petrobras. O mundo tem duas fontes de petróleo novo. Uma é a descoberta, e aí a Petrobras está disparadamente na frente. Outra é aumentar a recuperação dos campos já descobertos, e aí o volume da Petrobras não é tão grande. Alguém tem perspectiva de crescimento futuro maior do que a Petrobras? Não. Vamos crescer 9,6% por ano, em média, até 2020.

06) Segundo Gabrielli... "A crise não decretou o fim do futuro, o futuro não foi cancelado; as pessoas vão continuar andando de carro, as coisas vão ser transportadas por caminhão, os ônibus continuarão andando, os aviões continuarão voando, os navios continuarão carregando cargas e pessoas. O mundo não parou pela crise. E mais ainda: mesmo que não haja crescimento nenhum e a demanda fique em 85 milhões de barris por dia, pelo declínio da produção, o mundo vai precisar adicionar de produção nova entre 45 milhões e 65 milhões de barris em 2020”.



Laura Fygi- Para uma noite de saudades ...


Efemérides- 27 de agosto


Nascimentos
o    1941 Cesária Évora, cantora cabo-verdiana.
o    Laura Fygi, cantora holandesa.
o    Sandra de Sá, cantora brasileira.
o    Paulinho Moska, músico brasileiro.

Falecimentos

Madre Teresa de Calcutá


Agnes Gonxha Bojaxhiu (Skopje, 26 de Agosto de 1910 — Calcutá, 5 de Setembro de 1997), conhecida mundialmente como Madre Teresa de Calcutá ou Beata Teresa de Calcutá, foi uma missionária católica albanesa, nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana, beatificada pela Igreja Católica em 2003. Considerada, por alguns, a missionária do século XX, fundou a congregação "Missionárias da Caridade", tornando-se conhecida ainda em vida pelo cognome de "Santa das sarjetas".

wikipédia

NA PRAÇA


NA PRAÇA

(Para Dona Janete Militão) – 26/08/2011


Na praça a graça dos passantes

Antes pássaros cantavam

Encantavam a alma

Armada de desejos

Nos beijos de amores

Odores de ar gostoso

Gosto de pipoca

No nariz

Refiz minhas passadas

Passadas imagens, lembranças

Criança depois homem

Chamem meu tempo


FOTO: Dihelson Mendonça

Recebido por e-mail



Gente Querida
Caririenses de nascença ou de longa moradia

Encontrei essa crônica no Jornal OPOVO e fiquei emocionada, principalmente com as seguintes frases:

"O vale do Cariri é lindíssimo, minha alma se perde por lá quando volto de viagem".
"Senti-me no mais profundo dos Cearás".



Com carinho
Betania Moura



 

Pequeno relato de viagem - Cariri



16.07.2011| 17:00
  • ANA MIRANDA
Estou de volta do Crato, trazendo na lembrança as serras azuis que cercam o vale do Cariri, riscadas pelas águas que descem o flanco, formando quedas; uma vegetação exuberante, povoada de animais preciosos e diversos. O “oásis do sertão” é também verdejante, apesar de assolado por estios, como o de 1877, que nosso padim Cícero teve de enfrentar junto com seus fiéis. Ali estão as prósperas cidades de Crato e Juazeiro, quase juntas de tão crescidas.


Juazeiro, nascida numa trilha onde havia três dessas milagrosas árvores, que davam pouso aos viajantes, está fazendo cem anos por agora. É incrível pensar que em apenas cem anos as poucas casas de barro e palha se transformaram nessa metrópole, passando por tantos sofrimentos, tantos conflitos; e hoje é um centro de religiosidade dos maiores no mundo, terra com a nobre vocação acadêmica, berço de mestres. Ali sempre visito dona Assunção, pintora e mestra da cultura, que faz os bolos confeitados mais perfeitos, e conheceu padre Cícero, quando era menina. Também andei fazendo um trabalho junto a gravuristas da Lira Nordestina, numa pequena antologia de poemas ilustrados com xilos. Nunca deixo de ir ao mestre Espedito Seleiro, em Nova Olinda, para comprar umas currulepes, tão apreciadas na Califórnia; e visito as crianças que administram uma casa, em projeto exemplar.
 
O Crato é mais antigo. Foi primeiro o aldeamento da Missão do Miranda – meu xarapim era um chefe indígena – e em 1745 consistia em apenas uma igreja de taipa nas margens do rio Granjeiro, cercada de poucas e singelas casas. Cidade com história grandiosa: ali dona Bárbara de Alencar e outros heróis lutaram pela nossa independência, e pela república, quando a Vila Real do Crato já era das povoações mais importantes do Nordeste colonial, no começo do século 19. O município tem carrascais, florestas espinhosas e de chuvas, resquícios de Mata Atlântica, e é um dos lugares mais sensíveis para a conservação da riqueza natural do Ceará. Possui universidades, metrô, feira de gado; artistas e artesãos, como o antigo mestre Noza, cujo galpão fui visitar; tem parque natural, a fabulosa banda cabaçal dos Irmãos Aniceto, e academia de cordel em homenagem ao Patativa; tem infelizmente alagamentos causados pela destruição das matas nos cílios do Granjeiro e seu assoreamento. Visitamos a graciosa estação férrea e entramos numa casa antiga, era uma instituição pública, mas parecia a casa de nossas avós, com santos e crochês.
 
Conheço algo da vida familiar cratense quando visito minha amiga, a professora Maria Isa, e seu marido, o médico Luciano. Eles possuem uma cultura ao mesmo tempo erudita e popular, são capazes de discorrer longamente sobre um livro clássico, ou as qualidades e usos do rapé entre os sertanejos. Antes de subirmos a ladeira até sua bonita e antiga casa no alto da colina, paramos para comprar um bolo de milho que poucas vezes provei tão bom. O filho Bernardo, também médico, também conversador, fascina as visitas com histórias curiosas do povo cearense. Dessa vez, fomos assistir à coroação de Nossa Senhora, na praça, debaixo de uma chuva fininha. Vi aquele povo devoto, compungido pelo que a vida traz de sofrimentos e esperanças. Senti-me no mais profundo dos Cearás.
 
Fui convidada pelo Sesc. Levava nos braços um livro e uma lata de leite especial, para entregar ao bispo do Cariri, dom Panico, mandados por dona Lúcia, coisa tão meiga e nordestina; acompanhada de duas amigas inseparáveis, vi que estou ficando parecida com a minha mãe, que só viaja em comitiva. Recepcionada pela doce Tina e seu esposo, fui para uma noite de incentivo à leitura, aberta por uma orquestra de sopros, ainda mais emocionante para mim, avó de um trompetista e um futuro clarinetista crianças; teve cordel lido pelo autor, Maércio Lopes Siqueira. Havia uma exposição de trabalhos de crianças que leram livros infantis e se inspiraram nos personagens e nas histórias, as coisas mais lindas esses desenhos!
 
Depois, conversas com um público atento e silencioso, a lotar uma quadra de esportes. Professores falaram com a voz de quem sabe o que diz, tecendo comentários elaborados por estudos; conversas longas sobre como a leitura, principalmente a de livros, e ainda mais, a de livros do tesouro literário, é capaz de construir nosso pensamento, ampliando nossos conhecimentos, nossa imaginação, nossa fala. Voltei abraçada a livros ou originais de escritores do Cariri, pensando em toda aquela gente autêntica, com um quê de pureza, lutando entre o avanço do tempo e a tradição. Um artista amigo meu disse:


Ana Miranda é escritora. É autora de Boca do Inferno (1989), Desmundo (1996) e Amrik (1997), entre outros.

FELICIDADE É .... por JOÂO MARNI



Nem mesmo o pobre coração da gente saberia responder sobre essa coisa que inunda o nosso ser, aquieta nossas apreensões, normaliza-nos a pressão arterial, nos faz brandos como a brisa da manhã ou vigorosos como os ventos das noites de outono...

Momentos felizes existem sim, mas não sabemos por que fugazes como a própria vida (felicidade é a própria vida?!). Provavelmente para que não sejamos bobos, vazios, se permanentes fossem. Contrastam com os relógios, lentos demais quando sofremos. Apesar de tudo, quem sabe no despertar para o novo dia poderá advir a tal felicidade, alheia se estamos nos estertores dos anos findos ou se esbanjamos saúde? Que ninguém fique triste se o amor da sua vida fugiu feito um pássaro cativo seu ou se morreu. A terra é grande e há gente demais. Imaginem a felicidade tomando como exemplo a água: sem forma, sem cor, insípida e inodora. Faz um bem danado, mas sempre escorre entre nossos dedos. Animem-se! Subirá aos céus junto às nossas preces e descerá como chuva boa no sertão. Sempre. Aí, perguntando continuo: Por que coloriu Deus o mundo e nós o borramos de cinza? Você sabe? Eu não sei. Felicidade tem preço? Seria a dor o preço? Com os mais sinceros votos de felicidade, da felicidade do tamanho do bem que Nosso Senhor nos quer, um grande abraço  João Marni de Figueiredo

ANTONIO ALMEIDA E ALBERTO RIBEIRO- por Norma Hauer


Em 26 de agosto de 1911, nasceu, aqui em Vila Isabel, o compositor ANTONIO ALMEIDA e no dia 27 de agosto de 1902, no bairro Cidade Nova (perto do Estácio) o compositor ALBERTO RIBEIRO.

ANTÔNIO ALMEIDA antes de se dedicar às composições, tentou a vida como cantor, apresentando-se no programa "Horas do Outro Mundo", que Renato Murce conduzia na Rádio Philips.
Na mesma época passou a freqüentar a boite "Kananga do Japão", que funcionava na Praça Onze, onde eram freqüentes as presenças dos compositores ligados à Tia Ciata, como Sinhô, João da Baiana, Pixinguinha...
Ali ele começou a compor e logo fez dupla com ALBERTO RIBEIRO.

De ambos podemos citar a bonita canção "Conversando com a Saudade", gravada em 1940 por Carlos Galhardo.

"Saudade é no teu seio que eu me abrigo,
Buscando a minha mágoa amenizar.
Saudade, tu dia e noite estás comigo,
Pois vivo, constantemente e recordar
minha amada..."

Ainda da dupla, tivemos "Tindo lê,lê", gravação dos "Anjos do Inferno", "Acabou-se o que era Doce"; uma letra para uma das Polonaises de Chopin; Boca Negra, gravada por Emilinha Borba"; "O Circo Chegou", gravação de Sílvio Caldas...

ANTÔNIO ALMEIDA lutou muito pelos "direitos autorais" e vivia preocupado com a falta de honestidade quando se tratava desse assunto.

Um dia (10 de dezembro de 1985) , desgostoso, foi mais um artista da fase de ouro de nosso rádio, que resolveu dar fim à vida, seguindo a trilha de Ernesto Nazareth, Assis Valente, João Petra de Barros e Evaldo Rui.

ALBERTO RIBEIRO, foi par, quase constante, de João de Barro (o Braguinha) nas mais famosas das composições que Braguinha assinou. Entretanto, tal como Alcides Gonçalves (em relação a Lupicínio) e Vadico, ( em relação a algumas famosas composições de Noel) era o grande esquecido.

A dupla também compôs lindas canções românticas, como "Amar Até Morrer"; "Eu Sei de Alguém"; "Sonhos Azuis", gravadas por Carlos Galhardo; “Fim de Semana em Paquetá", gravação de Jorge Goulart; "Copacabana" ( o primeiro sucesso de Dick Farney);"Onde o Céu Azul é mais Azul", gravação de Francisco Alves...

ALBERTO RIBEIRO e Braguinha fizeram a trilha sonora dos filmes "Alô Brasil";"Alô, Alô Carnaval" e "Estudantes".

Em "Alô-Alô Carnaval" aparece o único registro de Luiz Barbosa interpretando "Seu Libório", uma das primeiras composições da dupla e que Luiz cantava sempre na Mayrink Veiga, onde chegou a ficar conhecido como "Seu Libório". Mas não gravou essa composição.

Em 1967, ALBERTO RIBEIRO prestou depoimento no Museu da Imagem e do Som narrando sua vida artística.

No mesmo local, as "Cantoras do Rádio" (Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima fizeram uma homenagem ao Centenário de ALBERTO RIBEIRO.

ALBERTO RIBEIRO faleceu em 10 de novembro de 1971, aqui no Rio de Janeiro, aos 69 anos. 

Norma

Nota de falecimento

Registramos com pesar o falecimento da nossa querida Janete Militão.
Amiga das nossas mães.Mãe das nossas amigas.
Que Deus a receba em seu reino com todas as honras!

Missa de corpo presente no cemitério do Crato às 17:30 h.


CANTO SEM BRILHO

Canto esse meu canto bandido,
com sorriso escondido,
disfarçado, distraído,
flor que morre ao nascer.

Canto mas nem sei se tanto canto
Tem o brilho do encanto
Que persigo e, no entanto,
Me faz rir do meu sofrer.

 Canto pra esse amor de desencanto
 esquecido em algum canto
 sem raiz, sem formosura,
sem motivo pra cantar.

Hoje sei, perdi o brilho,
Trem saído do seu trilho,
Sem poder olhar pra trás.

Hoje sei, que por enquanto
Busco um lume pro meu canto
Que me sirva de acalanto
Que me embale e por amor
Eu não sofra nunca mais.

Um exemplo de vida, uma lição de fé! - por Magali de Figueiredo Esmeraldo e Carlos Eduardo Esmeraldo

* Magali
* Carlos Eduardo
Quando temos nossos pais vivos e todos irmãos com saúde, jamais imaginamos que a doença ou a morte se abaterá sobre alguns de nossos entes queridos, ainda mais na flor da idade. Só pensamos que ela ocorrerá quando todos estiverem velhinhos. Além do mais, acreditamos que tudo só acontece com a família dos outros. Mesmo sem estarmos preparados, Deus está do nosso lado para nos dar a força e a coragem de enfrentarmos uma grande dor que, é ter um irmão e uma irmã acometidos de uma doença grave e partirem com uma diferença de 14 dias. A fé em Deus e a solidariedade dos amigos muito nos confortaram.

Tendo convivido com Emília por mais de um ano, desde que ela veio em novembro de 2009 iniciar o tratamento aqui em Fortaleza, hospedando-se em nossa casa, eu e Carlos resolvemos através desse depoimento, fazermos uma homenagem a grande mulher que foi Emília. Com certeza, tanto eu, quanto Carlos aprendemos com ela e nos tornamos melhores como pessoa humana. Também crescemos na fé, graças ao testemunho de Emília. Ela queria muito ficar curada, pois desejava ver todos os filhos formados. Participou da formatura de André, o mais velho, que colou grau em Letras na URCA, recentemente. Faltou as duas filhas mais novas. Aceitou todo o tratamento, por mais doloroso que fosse, com muita resignação, sem nunca reclamar de nada. Preocupava-se achando que estava dando trabalho a mim e a Carlos. Eu respondia que, ao contrário, aquela era uma oportunidade que Deus estava nos dando para cumprirmos nossa missão de cristãos: "servir ao nosso próximo". E eu acrescentava que, ela era o nosso "próximo mais próximo".

Como eu sou onze anos mais velha do que ela, pois sou a terceira filha de uma família de oito irmãos, sendo ela a sétima, sempre me dizia que, eu estava substituindo mamãe que já tinha falecido e que, Carlos estava fazendo o papel de pai. Isso me fazia muito bem, já que era uma prova de que ela estava se sentindo à vontade e em paz em nossa casa.

Emilia era linda na aparência externa e mais bela ainda em seu interior. Sempre com um sorriso nos lábios, mesmo nos momentos pesados de radioterapia e de quimioterapia. Muitas vezes sentada na sala de espera, com ela, no Hospital do Câncer olhando para os lados, às vezes víamos pessoas muito tristes. Ela comentava que aqueles estavam tristes porque não tinham fé em Deus. Fez amizade com as pessoas que estavam fazendo tratamento e com os acompanhantes. Além de conversas agradáveis, ela fazia orações pela cura de todos aqueles doentes.

Outra qualidade que eu muito admirava em Emília era a de que ela aceitava as diferenças existentes entre as pessoas. Sendo Evangélica, entendia-se muito bem comigo e Carlos, respeitando a nossa religião católica. Dizia sempre que éramos pessoas de Deus. Cumpria com sua missão de cristã, aproveitando os momentos de tratamento para evangelizar. Presenteava médicos e enfermeiros com bíblias, e sempre tinha uma palavra doce para todos que com ela conviviam. Em todos os momentos aceitava a vontade de Deus. Mesmo lutando e orando para ficar curada, ela citou diversas vezes as palavras do apóstolo Paulo: "Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro". Disse outras vezes que estava nas mãos de Deus. Viveu seguindo a mensagem de Jesus Cristo. Foi excelente esposa, mãe, filha, irmã , amiga e sempre ajudou aos pobres. A gratidão era uma virtude impregnada na pessoa dela . A todo o momento estava a agradecer a quem a ajudasse.

Aquela tarde de 20 de janeiro de 1969 ficou definitivamente gravada na minha memória. Havia acompanhado Magali de uma aula de pré vestibular a que ela se submeteria alguns dias depois, até a sua residência. Um dia antes, começamos um namoro que ainda hoje perdura, para nossa felicidade. Na rua lateral da casa, uma ladeira que sobe para o Parque de Exposição do Crato, um grupo de crianças brincava. De repente, uma menina loura, de olhinhos azuis muito vivos sobressaindo-se de um rostinho corado e muito suado, pés no chão, aparentando menos de oito anos de idade, se aproximou de nós e fez um pedido: "Magali, me dê um picolé." Quis saber quem era aquela criança e para minha surpresa ela me respondeu que era sua irmãzinha, Emília. Paguei-lhe o picolé que ela solicitava, gesto que nos rendeu uma amizade que nos acompanhou vida afora.

À medida que meu namoro com Magali se solidificava, eu acompanhava o crescimento de suas irmãs mais novas. Ficava intrigado quando via dona Maria Eneida ralhar quando Emília chegava em casa sem os chinelos. Pensava-se que ela os perdia com enorme frequência. Mas depois, ficou-se sabendo que ela se descalçava para doar suas sandálias às crianças pobres que encontrava pelas ruas. Esse pequeno gesto já revelava a grandeza de espírito que se formava naquela criança, cuja preocupação pelos pobres e desvalidos foi uma constante durante toda a sua vida.

Quando adolescente, Emília gostava de ajudar sua irmã Magali, cuidando dos sobrinhos. Chegava em nossa casa nos dias de sábado, e após o almoço costumava dizer: "Vão descansar, dormir um pouco, que eu cuido dos meninos." Mal nós adormecíamos, ela retirava o carro da garagem e saia dirigindo pelas ruas do Crato, sem nenhuma orientação ter recebido antes. Foi assim que ela aprendeu a dirigir, firme e decidida, enfrentando riscos, lutando para conseguir o que sempre desejava. Anos mais tarde, o seu pai lhe atribuía a virtude de ser excelente motorista, fato para o qual eu e Magali muito contribuímos, embora contra nossa vontade.

Emília cresceu, constituiu família, criou seus filhos e aprofundou sua fé em Jesus Cristo, tendo sido uma seguidora exemplar do evangelho. Foi para todos nós que convivemos com ela durante seus últimos dias de vida, um exemplo de vida e uma lição de fé.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo e Carlos Eduardo Esmeraldo

Dos bastidores!


PROCURA-SE UM AMIGO
Vinícius de Morais

" Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

26 de agosto de 2011 02:24

Lindo texto, Claude.
Obrigada pela presença.
Grande abraço!

Quebr(amar)- socorro moreira


O exercício do silenciar é uma das mais especiais expressões artísticas. Arte, no sentido de sabedoria.
Ontem assisti a uma performance poética do Elvis Pinheiro: “Ódio ao Silêncio”, e inspirei-me:
.
Ode ao silêncio!
Silêncio amoroso
Não por medo,
Por respeito!
Abre o portal onírico
Onde todo desejo se realiza.
Não é virtualidade
É fato!
Quando a gente acorda
De cabelos assanhados
Sentimo-nos acometidos
De saudade e saciedade.
Meus sonhos não sofrem solução de continuidade. Não é a primeira verz que vivo capítulos finitos de uma história sem fim.
Ontem você me visitou. Atrapalhei-me na hora de servir o seu prato. Foi cinematográfico. \Os pratos e talheres fugiam da minha vista e do meu tato. Descobria as panelas, e a comida também sumia, num passe de mágica: o bobó de camarão, as saladas, o arroz com açafrão.
Achamos um esconderijo... Senti o fogo de um abraço, de beijos que não copiavam cenas de novela... Beijos de verdade! Falei-te... Amo! Quebrei o silêncio dos últimos anos. O silêncio respondeu afirmativo. O silêncio fala emocionado, e baixinho... Seu eco é um grito de desabafo, de alimento pro resto do dia, dos dias!
Acordei procurando um CD, que eu não tenho. Mas ele existe, na amplificadora da praça, que já não existe:
“Eu ontem sonhei com você/ a noite inteira...”