por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 31 de março de 2017

ADEUS ELEIÇÕES! - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Ah que saudades das eleições do passado! Anos cinquenta, quando os eleitores eram tratados como reis pelos coronéis da UDN e PSD, num passado não muito distante. Apesar do "coronelismo", do voto de cabresto, em que até os defuntos "ressuscitavam", havia mesa farta no almoço do dia das eleições. Época de amplo respeito ao resultado das urnas. Quem ganhava assumia. O PSD passou muitos anos longe do poder em nosso município, creio que mais de doze anos, sem jamais recorrer ao "golpe", ao "caixa dois", bem como a outras práticas tão em voga nos tristes dias de hoje.

Lembro-me bem da movimentação alvoroçada nos dias de eleição, pois a disputa entre os blocos partidários era intensa e quase sangrenta. Mas terminado o pleito, voltava a cordialidade entre os integrantes de partidos opostos, todos se confraternizando como verdadeiros e cordiais amigos.    

Será que ainda veremos alguma eleição neste país? Baseado nos inúmeros anúncios dos "usurpadores" do poder, com suas "jamantas" carregadas de "sacos de maldades", somos avisados claramente de que não haverá eleições presidenciais, pelo menos nos padrões que atualmente conhecemos. Pois aquele político  que deseja ser eleito numa eleição direta, democrática, regida pelo sufrágio universal, respeita a constituição e o sistema eleitoral vigente. Não poderá por em prática medidas que prejudiquem a maioria dos  brasileiros, como uma absurda reforma previdenciária, que limita a aposentadoria aos sessenta e cinco anos de idade, para homens e mulheres, supondo que a expectativa de vida do brasileiro seja de 75 anos, para padrões europeu, num país de profundas desigualdades regionais. Dificilmente um trabalhador rural nordestina atinge essa idade.

Somente golpistas encastelados no governo, com mandatos ilegítimos poderão assumir um projeto de reforma que extingue a legislação trabalhista, consequentemente desprotegendo a parte mais fraca do sistema produtivo, o trabalhador.

Outra medida incompatível com o serviço público será a "terceirização ampla" do trabalho, inclusive para contratação de funcionários burocráticos das "repartições públicas". Encontra-se aí um caminho fácil para corrupção e sangria do erário. Pois para cada R$1,00 (hum real) que a locadora contratada por um órgão público pagar a um de seus empregados, haverá o risco de desonestidade por parte de agentes públicos e representantes das fornecedoras, que poderão cobrar do "empregador público" até 400% da mão de obra fornecida. No caso o valor cobrado à contratante pública poderá no caso da hipótese acima sugerida, ser de até R$4,00 (quatro reais) por esse mesmo empregado. A locatária poderá cobrar até 100% do valor da mão de obra fornecida,  incluindo salários, previdência, seguros trabalhistas, custos administrativos e um lucro liquido em torno de 40% por empregado. Seguir esses parâmetros será um ponto de elevada dificuldade a ser apresentada pelos contratantes.  

Qualquer medida imposta por esse governo será ilegal e imoral! Em vez de "engordar" nosso povo, deixará a maioria muito mais raquítico ainda. Pois o desemprego e a fome espreitam o povo brasileiro, em beneficio dos "barões" da FIESP, mentores do golpe.

SUGESTÕES PARA UMA REFORMA POLITICA:

Com a humildade de reconhecer na minha pessoa nenhuma autoridade política, ofereço algumas observações para um sadio sistema eleitoral:

I - Respeito absoluto ao plebiscito em que a grande maioria dos brasileiros optou pelo Sistema Presidencialista. Portanto, nada de parlamentarismo e da tal de "lista fechada". (Essa aberração transfere nossa escolha de parlamentares para os partidos políticos.)

II -  Eleições direta para Presidente da República com mandato de cinco anos, como era na época de Juscelino.
III - Fim da Reeleição em todos os níveis: Presidentes, Governadores e Prefeitos

terça-feira, 21 de março de 2017

RECORDAR É VIVER ???


Aécio Neves após derrota nas urnas:


"Vamos obstruir todos os trabalhos legislativos

 até o país “quebrar” e a Presidenta Dilma

 ficar  incapacitada de governar.  Sem o Poder

 Legislativo nenhum governo se sustenta!”

terça-feira, 14 de março de 2017

QUADRILHA LONGEVA

OPERAÇÃO ABAFA - Bastou o presidente Fernando Henrique Cardoso entregar os ministérios dos Transportes e da Justiça para ELISEU PADILHA e Iris Resende e os peemedebistas fizeram as pazes com o Governo. O Presidente da Câmara, MICHEL TEMER (PMDB-SP), ELISEU e o líder do PMDB na Câmara, GEDDEL VIEIRA LIMA (BA), fecharam neste final de semana a estratégia para abafar o escândalo das denúncias de compra de votos na votação da reeleição” (Jornal O GLOBO, segunda-feira, 19 de maio de 1997 ).

Como se observa, 20 anos atrás a “irmandade” já atuava com desembaraço e desfaçatez (os atores são os mesmos e o modus operandi idem).

quinta-feira, 2 de março de 2017

ACONTECEU EM FEVEREIRO - Dr. Demóstenes Ribeiro (*)

Aconteceu em fevereiro. O homem, cinza e sozinho, vagava pelo shopping quando começou a algazarra. Da porta da livraria, ele observou o tumulto. Era um rolezinho e o pânico se instalara: o novo-rico reclamou zangado; a madame lipoaspirada escondeu as jóias; a patricinha empalideceu e os lojistas apavorados fecharam as portas.
Enquanto os seguranças assumiam posição de combate, moças e rapazes se divertiam desafiando aquele espaço de exclusão e afirmando presença no mundo. Simpático ao movimento social, meu amigo assistia a manifestação com naturalidade, quando uma jovem irrompeu luminosa e se dirigiu a ele.
A moça tinha cabelo curto e olhos negros. Usava tênis, calça jeans e camiseta realçando o busto. Como se de muito o conhecesse, beijou-lhe a face, disse volta pra mim e retornou à turba. Atordoado, ele a perdeu de vista e se integrou à confusão.
Daí em diante, ficou desassossegado e não mais conseguiu dormir. Esteve presente no protesto contra a construção do aquário e a destruição da praça Portugal. Tudo era um descalabro e ele talvez a reencontrasse. No caos, uma black bloc lhe acenou de longe, mas o boné e o rosto encoberto impediram a identificação. Então, desde o rolezinho, o meu amigo passou a viver outro mundo e cancelou o baile da saudade: nenhuma menina iria curtir essa diversão outonal!
Adeus vida de monge, vestiu uma camisa listrada e saiu por aí. Andou por todos os bares. Na praia de Iracema era pré-carnaval. Obstinado, atravessou o beijo gay e o beijo lésbico. Foi em busca do desfile e se meteu no bloco da cachorra. Não viu a moça e se sentiu um peixe fora d’agua: era mais um coroa ridículo no meio dessa multidão.
Exausto, voltou pra casa e tomou um uísque duplo. Mergulhou na saudade e lembrou aquela canção do Sinatra: “acho que nos encontramos antes, sua roupa é a mesma e o mesmo é seu sorriso, a primeira vez parece acontecer de novo, mas não consigo lembrar “Where or When...” Lembrança de uma paixão arrebatadora e que nunca foi correspondida.
Hoje, ele é outra pessoa. Mil vezes escuta essa música, mil vezes assiste “Em algum lugar do passado” e a toda hora repete que ainda encontrará a moça de cabelo curto, olhos negros e camiseta realçando o busto. Quem sabe, numa sessão espírita, talvez em terapia de vidas passadas ou antes de um internamento e eletrochoque em algum hospital mental.
Passou o carnaval, chove lá fora e o meu amigo desapareceu. Mas, do seu drama e delírio, restaram muita inveja e compaixão.

(*) Dr. Demóstenes Ribeiro (Cardiologista)