por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Micróbio - José do Vale Pinheiro Feitosa

José Roberto é professor de odontologia em Recife, escreveu um livro e publicou esta história. O Hélder Gurgel é dentista cearense e repassou-me por via oral, pois não li o livro do Zé.

Vinha o Zé Roberto de Recife para o Cariri onde faria uma Conferência. Lá pelas tantas, em Serra Talhada, param para fazer um lanche numa churrascaria de beira de estrada. Enquanto lanchavam viam numa mesa próxima uma pessoa, no meio da tarde, bem relaxada tomando uma cerveja. Estava com a roupa branca dos profissionais de saúde.

Enquanto o Zé ralava pelos sertões, o colega estava ali num bem bom. Lá pelas tantas o “colega” acabou a geladinha e veio na direção deles e de repente parou e cumprimentou o Zé com manifesta alegria. Sem lembrar-se de quem se tratava, este o chamava professor com orgulho de aluno, o Zé foi levando o desconhecimento em “banho Maria”.

O “colega” estava feliz com a situação vivida, contava ao Zé que tinha boa clientela de odontologia, possuía fazendas e uma boa criação. Estava casado, morando numa mansão digna de coronel do sertão, onde a boa vida se estendia aos seus. E foi neste contato que uma pulga acordou a memória do Zé. Agora sabia quem era o “colega”.

Era o Micróbio. E o apelido do “colega” vem a ser o miolo desta história. Aos eventos.

O Micróbio chegou com a casca grossa dos sertões no primeiro ano da faculdade de odontologia. Com as botas de vaqueiro cheirando a couro cru, um cigarro no bico, protuberância abdominal das cervejas. Estava nas cadeiras básicas da faculdade. Naqueles idos do Micróbio ainda existia prova oral. Com o irascível professor de microbiologia.

O aluno era questionado diante dos colegas, numa prova transparente a todos. Chegou a vez do nosso Micróbio. Ele veio pela sala como um boi laçado resistindo ao laçador. Ao sentar-se na cadeira de examinado, foi como um malho batendo na piçarra das estradas de então.

O professor examina aquele “animal” indócil e os olhos do mestre faíscam de estranhamento. Olhou para a lista com o nome do aluno e quase soletrando cada letra dele, perguntou ao aluno de chofre: O que é um micróbio?

O examinado tomou um susto pela pergunta e logo tratou de puxar um cigarro da amassada e suada carteira de sua blusa manchada.

Não deu tempo e o professor vociferou: O senhor não pode fumar aqui. Pode devolver o cigarro para o lugar de onde veio. O aluno se encolheu um pouco, mas como todo bom sertanejo bateu firme com os dois pés com as botas cheirando a couro cru, como a esperar o ataque do mestre.

O professor subiu um tom no mal estar que aquele matuto lhe provocava e tascou a pergunta: Seu fulano o que é um micróbio?

Silêncio constrangedor na platéia. O pessoal das últimas cadeiras ainda ousou um riso de mangofa pelos cantos da boca. O nosso examinado quase fica escornado com a manobra perversa do mestre.

Um micróbio é....E um grande intervalo a subtrair conteúdo à resposta. O mestre a esperar e o aluno com a voz interrompida por um bolo na garganta. O mestre tenta desatolar a vaca no brejo: Um micróbio é o que mesmo seu fulano?

Um olhar para o teto altíssimo do salão e de lá nenhum caibro a lhe soprar a resposta. Olhou para um lado e para o outro até que o movimento do pescoço parece ter soltado o bolo que interrompia a resposta e de lá ela saiu a penetrar fundo as ouças do professor: Um micróbio é uma coisa bem pequenininha. E fez assim: juntado o indicador e o polegar como a espremer alguma coisa muito pequena. Assim como se mata piolho.

O mestre só faltou saltar da cadeira de indignação e gritou: Pequenininha como seu fulano?!...

O coitado do aluno estava num canto de cerca, cercado pelos dois lados, pelas costas e pela frente. E o mestre com o vozeirão, a faces rubras de ódio, repetiu a pergunta a querer saber o quanto o micróbio era pequenininho.

Animal preso e sem saída não tem outro jeito. É negociar uma saída, baixar o fogo da broca do patrão e dar pelo menos uma franguinha de presente. Foi como o aluno presenteou ao mestre: Assim como um mucuim!

Um mucuim seu Fulano? Um mucuim seu Fulano? Como do tamaaanho de um mucuiiiim?! Se antes o vulcão estava aos estrondos, agora havia entrado em erupção.

Eita com os seiscentos mil demônios! A coisa andava quente pru lado do examinado e ele vai cedendo. É preciso fazer mais concessões aos limites do infinitamente pequeno. E ele foi rápido para vencer o desastre da ira vulcanoclástica: Do tamanho do ôi do mucuim! Se for menor do que o ôi do mucuim, eu não acredito!

Agora o Zé Roberto lembrava-se do causo completo. Ao se despedir do “colega”, o Zé na sua ironia nunca abandonada perguntou-lhe: E o micróbio?

Ao que o “colega” respondeu: Nunca precisei dele!

Se eu pudesse...- Rosa Guerrera


Se eu pudesse estacionaria o tempo no raiar da madrugada e adejaria livre nas cores de um arco íris. Se eu pudesse navegaria sem rumo e ressuscitaria todas as esperanças que ficaram no fundo do verde mar. .Esqueceria todos os problemas e ia reler o Pequeno Príncipe, passearia no deserto dos homens de Exupéry, visitaria o “ azul” do grande poeta Carlos Pena Filho , penetraria as entrelinhas do Soneto da Fidelidade do imortal Vinicius e sentiria na pele o erotismo doce das poesias de Araújo Jorge.Se eu pudesse não sonharia sonhos, mas viveria todos os meus sonhos sem importar o tempo ou o espaço das coisas e das pessoas....
Jogaria fora dogmas ,, ritos, preconceitos, cobranças e interrogações. Iria admirar as rugas do meu rosto refletidas numa poça d’água e me banharia com os pingos da chuva . Seria rio,
,mar, terra, flor, campos e montanhas e faria tudo que não fiz no trilhar da minha vida.Se eu pudesse ditaria uma Lei onde a Justiça fosse mais justa, os ricos mais humanos, e aqueceria os pobres com um grande cobertor de fraternidade. Se eu pudesse fecharia meus olhos e ouvidos para todas as notícias chocantes que o dia a dia nos oferece através os meios de comunicação e apagaria para sempre do dicionário da vida a palavra “impunidade’.
Ah ! Se eu pudesse por um dia, por minutos apenas enxergar o mundo com essa nova roupagem!
Mas a realidade a minha frente é bem diferente . As agressões ao meio ambiente, aos idosos, no esporte, nas escolas,na política, são as eternas problemáticas que assistimos a cada instante num panorama triste de ser aceito e vivido, embora saibamos que os meios alternativos para elimina-los existem , mas parecem não estar nos projetos daqueles que bem poderiam tentar erguer bem alto a bandeira da paz e da fraternidade. As pessoas se distanciam cada vez mais , a confiança sempre abalada vai deixando a humanidade receosa até de declarar o amor e o carinho , e as nuances dos nossos imaginários arco íris se projetam mais apagadas nas nossas esperanças .E a verdade é que a gente não pode mesmo parar nada, mas prosseguir os giros dos ponteiros do relógio do tempo , insistindo timidamente em acreditar num mundo quem sabe , um dia melhor !

rosa guerrera

Nhoque de Abóbora




Ingredientes

3 xícaras de abóbora cozida e amassada
1 ovo médio inteiro
2 colheres (chá) de azeite de oliva extra virgem
1/2 xícara de farinha de trigo branca
1 xícara de trigo integral
1 colher de queijo parmesão ralado
4 colheres de ricota.
Sal marinho a gosto

Misture todos os ingredientes e despeje num saco de confeitar. A massa fica bem mole mesmo, acho difícil conseguir modelar como nhoque tradicional. Vá despejando pelotas da massa em água fervente. Deixe cozinhar até que subam à superfície. Retire com espumadeira e deixe escorrer. Sirva com o molho de sua preferência.

Madrugando- Por Socorro Moreira




Vida de aposentada cria uma rotina particular.
Encaixe de atividades impossíveis , num tempo de trabalhador ativo :
Conjugação do verbo " blogar" !
Leitura compulsiva do presente e releitura do passado ,
antecipando um destino mais sensível ou talvez mais esquisito.
Vivam !
Namorem muitooooooo!
Cansem as vistas com novas paisagens; e as pernas com caminhares.
Fiquem tortos e calejados , na condução de sacos, pacotes e malas.
O futuro nos encontra, antes do dia.
Uma ruga a mais, um sinalzinho novo...
Muitos sinais, pintando o nosso corpo.
Cansaço crônico para vencer desafios.
Perda da ingênua confiança de acreditar em todos.
Fartura nos comes, bebes, fumaças ,e tentativas de restauros.
Saudades sem carências.
Tudo quase pronto.
Tudo quase nu , nas intenções .
Amor por todos.
Ódio nenhum !

Bar- por Everardo Norões




Todo bar
abriga oculta natureza :
um jardim de dentro:
som de alguma história
desfolhada.
Somos o que não vemos.
E no mais profundo do corpo,
na mais alta vertigem:
volvemos.

Uma geografia
tão pequena
para sufocar o mundo ...
E contamos voltas,
e sempre em torno um ar de tango,
mesmo quando outro som
desmente
as letras da toalha.
Pois todo bar
guarda um suplício:
o retorno
evoca labirintos
e o silêncio engordurado
nos enreda
como moscas
na cerveja.

Visão de impacto
falta de ar
não responder
respirar!

Fico fora do ar
quando a rádio
dos meus sonhos
me acorda
com canção de amor

"saudade
torrente de paixão
emoção diferente..."

e eu respondo
pra você que sabe rimar
ligue o rádio
ela sempre está no ar
de cabeça ligada
e coração respirando
um "último blues"

socorro moreira

Pablo Neruda

Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite sobra suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar dormido.
Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma mais viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
teus olhos se fecharam como duas asas cinzas.
Enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.

O Vento na Ilha (Pablo Neruda)

O TREM- por Tetê Peretti




O trem

Lá vem... lá vem o trem.

Gigante. Imponente. Com os seus vagões, de carga ou de passageiros, encantava a criançada. No início, a Maria Fumaça que, movida à lenha, deixava o seu ruído ser interpretado, na doce ingenuidade embalada pelo espírito leve e criativo de criança, de café com pão, bolacha não...café com pão, bolacha não. Piui...Piui... Aos poucos, a Maria Fumaça foi substituída por um maquinário moderno, mais elegante, de cores vibrantes. Revelando sempre a sua imperiosidade, ainda distante, através de sua buzina estridente, sibilante, trilhando entre os seus trilhos e a paisagem verde, anunciava, em breve, a sua passagem. E, a criançada, destemida e abraçada por sonhos e fantasias, deixava para trás toda a brincadeira, chinelos e, com vestes despojadas, cabelos soltos ao vento, corria em direção ao seu encontro. Não importava a temperatura da terra, do sol ardente, dos espinhos que atravessavam o caminho. Nada era empecilho para desfrutar dessa aventura, de acenar para os passageiros, como um gesto de saudação, onde a satisfação se fazia presente em cada rosto, pelo sorriso singelo e inocente, próprio da idade.

Gigante em seu tamanho. Para a criançada, nada mais que um brinquedo miudinho, que, atrelado às suas estripulias, em período de férias, deleitava-se na mais doce ingenuidade de brincar com os seus trilhos, sobrepondo areia e pedras, na ilusão de desviar o seu percurso. E o trem continuava com a sua imponência, suavemente deslizando sobre os seus trilhos, ignorando e jogando ao lado as pedras e areia ali depositadas pelas nossas travessuras.

Tanta inocência! Somente o mundo de fantasias poderia responder tão grandioso desafio.

Hoje, cada um seguiu o seu destino. O trem, a criançada com os seus sonhos, fantasias e estripulias, bem como os demais habitantes daquela região, que, dos alpendres e calçadas de suas casas, contemplavam a sua passagem. O tempo passou e levou consigo todo o encantamento do trem. Com ele, muitos passageiros fizeram sua última viagem em busca de uma nova vida. Da bagagem, sentimentos, amizades, sonhos, alegrias e lembranças que adoçam a nossa existência.

E o trem de passageiros, assim como aconteceu com a Maria Fumaça, seguindo o ritmo da vida, ficou para trás. Lá se foi o trem... lá se foi o trem. Assim é a vida. Vivendo cada um o seu momento. Agora o espaço é do metrô, que certamente encantara a criançada.



Sítio São José – Crato – Ce
Teresa Barreto M. Peretti (Tetê)

Recebido por e-mail




Entrevista com o filósofo polonês Zygmunt Bauman para o Fronteiras do Pensamento, apresentada na ocasião do encontro com o pensador francês Edgar Morin.

Queijo caseiro- receita experimentada por Dona Almina Arraes


* Ingredientes
* 1 litro de leite  coalhado
* 1 pacote pequeno de maizena
* 100 g de queijo parmesão ralado
* 200 g de margarina
* 1 colher de chá de sal


* Modo de Preparo

1. Bata todos os ingredientes no liquidificador e a seguir, coloque o creme obtido em uma panela
2. Leve ao fogo baixo, mexendo até soltar do fundo da panela
3. Despeje em um refratário, aguarde esfriar e conserve na geladeira

Recomendo!
Achei uma delícia!

Pensamento para o Dia 21/09/2011


“A mente concebe um objeto e brinca com ele um pouco, mas logo o descarta e corre atrás de outro que acha mais atraente! O Sadhaka (aspirante espiritual) tem que estar sempre atento a essa tendência da mente. Quando a mente pula de um lado para o outro, ela deve ser trazida de volta para o caminho e objeto corretos através da concentração e meditação. Essa é a prática espiritual correta. Se o aspirante não se esforça para alcançar esta unidirecionalidade e permite que a mente siga seus caprichos, esta prática merece ser chamada de "meditação macaco", um tipo de meditação que é realmente muito prejudicial ao progresso espiritual. Você deve redirecionar a mente para se concentrar, focar e ser unidirecionada. Concentração lhe confere alegria divina, sabedoria além da medida, visão interior, introspecção às verdades mais profundas, compreensão mais clara e união com Deus.”
Sathya Sai Baba

Na Rádio Azul


Dia Internacional da Paz



Dia Internacional da Paz é celebrado em 21 de Setembro, foi foi declarado pela ONU em 30 de novembro de 1981.
Em 21 de Setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan afirmou: Há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral [da ONU] proclamou o Dia Internacional da Paz como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então a ONU tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz.
wikipédia

KID PEPE - por Norma Hauer


Recebendo o nome de José Gelsomino, ele nasceu em Camp. Montesano, na Itália, em 19 de setembro de 1908 , vindo residir, com sua família, no Brasil fixando residência aqui no Rio de Janeiro. em 1914 .

Depois de exercer alguns empregos modestos, resolveu ser boxeador, por ser muito forte e violento. E foi assim que se tornou o KID PEPE.
Após quatro anos, cansado de lutas, resolveu sair para a música popular e freqüentar o reduto dos artistas de então: a Casa Nice (Casa e não Café, como se costuma intitulá-la atualmente), onde conheceu diversos compositores e cantores.
Pensou: estou feito, é isso que eu quero. Entretanto, além de falar mal o português, e ser desafinado não conhecia música, mas enveredou por esse caminho e “compõs” centenas delas, com os mais variados parceiros., principalmente com Germano Augusto (português de nascimento), motorista de Francisco Alves de quem se tornou amigo; David Nasser; Peterpan; Zé Pretinho...

Conheceu seu primeiro sucesso ao “compor” com Noel Rosa, o samba “O Orvalho Vem Caindo”, gravação de Almirante (Henrique Fôreis) para o carnaval de 1934.
Depois dessa, Kid Pepe quis que Noel lhe desse parceria em outros sambas; Noel negou-se e foi perseguido por Kid Pepe, que o ameaçava e chegava a agredi-lo. Mas Noel não cedeu.
Era comum dizerem na época, que de tanto perseguir Noel Rosa, este compôs “Século do Progresso”, cujos últimos versos dizem:

“No século do progresso
O revólver teve ingresso
Para acabar com a valentia”

A partir daí, Kid Pepe, por duvida (será que Noel comprou um revólver ?) deixou de persegui-lo.
Não mais conseguindo a parceria de Noel, Kid Pepe enveredou por outros caminhos.
Não dá para entender como é que Kid Pepe entrou na parceria de dezenas de músicas, tornando-se um nome conhecido na época, com vários s sucessos, como.:
“Implorar”, gravado por Moreira da Silva.
Seu nome ainda aparece em “Choro por Teu Amor”, com Castro Barbosa, que o gravou; Alo, Boy”, parceria de J.Piedade e Homero Ferreira; gravação de Carmen Miranda... até uma valsa, gravada por Orlando Silva: “Lágrimas de Rosa”, com um parceiro, músico de grande porte que foi Dante Santoro.

Kid Pepe foi outro que faleceu em seu “inferno zodiacal”, no dia 14 de setembro de 1991, sem completar 83 anos. 

Norma

Já decidimos isto? Por: Rosemary Borges Xavier


Às vezes é bom se deixar levar por um vento forte e cair nas eternas ondas para então traduzir uma parte na outra parte. Antes que toda arte se parte; fico aqui na janela colando fotografias coloridas, que com o tempo descoloriu. Entretanto, não se tornaram branco e preto.
Falar as palavras apenas uma vez, completando uma parte na outra parte. Já decidimos isto?
E os olhos que se tocam no silêncio do teu corpo, permitindo o êxtase virar realidade, na sombra que já não posso ver quando teu sorriso me invade a leveza. Silêncio é momento de reflexão da alma, mas também é tristeza em pensamento desalinhado. Ajustar as ideias a qualquer hora faz ganhar tempo para abrir uma janela e encontrar a felicidade que sempre estamos sonhando.

Laços de família- socorro moreira



Quem nasceu na região do Cariri tem sempre um parente longe ou perto, em quase todos os habitantes. Brinco de descobrir minha árvore genealógica, entre amigos e conhecidos. A  realeza tinha infinitos nomes agregados ao nome de batismo (o mais simples). Resumi o meu, mas continuo sendo: Maia, Norões, Gonçalves, Monteiro, Bezerra, Menezes, Ferreira, Lobo, Nunes, Pinheiro, Lima, Rolim, Leite, etc. etc.
Neste raciocínio, sou parenta de Joaquim, Magali, Carlos, Jefferson, Ulisses, Zé Flávio, Zé do Vale, e muitos outros afins.
Nicodemos, que nasceu lá em Tupã, é Feitosa da gema ... Então, todos somos mesmo irmãos por parte de Adão.
Jefferson é como muitos outros, uma lembrança visual afetiva. Ele menino de calças curtas, num sobrado, no final da Rua Santos Dumont, foi aluno dos nossos educandários e contemporâneo de um Crato, tão antigo, e tão bem lembrado. Era chefe dos escoteiros, e imprimia já, desde cedo, liderança, inteligência, e amor às artes e a natureza.
Depois a geração foi ficando dispersa, mas nas voltas, voltam às identificações. Primo-irmão, primo segundo, e depois de algumas contas, nos identificamos como primos em quinto grau, ao que Nicodemos, sem perder achance cantou de lá "são primos de quinta categoria!'

Somos mesmo tribais. Nosso sangue é pingado de todas as cores., e isso nos torna especiais, em potencial.
Na verdade luto contra a mediocridade, desde que nasci... Mas ainda respingo-a, e ainda espero que a minha essência desabroche, no mais simples dos meus nomes: Maria!

Vale conferir - José Nilton Mariano Saraiva




Duas horas e quarenta e cinco minutos de projeção (durante os quais você não consegue tirar o olho da telinha), um roteiro prá lá de inteligente e uma fotografia soberba. O resultado é um “faroeste” daqueles (só visto nos nossos “tempos de menino”), enfocando a importância da “ferrovia” no desbravamento e afirmação do oeste norte-americano, com seus ônus e bônus (e o mais importante, sem nenhum índio por perto), além de uma novidade em filmes da espécie: a ganância humana e o surgimento do tema corrupção, já àquela época.
Tendo por protagonistas a jovem, belíssima e exuberante italiana Cláudia Cardinale (exalando beleza por todos os poros, embora que discretamente), Charles Bronson (como o mocinho durão, esbelto e praticamente em começo de carreira) e Henry Fonda (como o vilão da trama e numa atuação soberba, com o seu olhar frio e implacável), o filme ERA UMA VEZ NO OESTE é algo de magistral e digno de ser visto por quem aprecia um “faroeste” diferente de tudo que você imagina - inclusive e principalmente o “duelo final” entre os personagens de Bronson X Fonda é de arrepiar - quando finalmente Fonda tem a resposta que o incomoda e o persegue durante toda a trama: quem na realidade era Bronson (na realidade, o menino-testemunha ocular do assassinato de um irmão, perpetrado por Fonda, lá atrás). De quebra, num segundo DVD, a opinião de consagrados diretores sobre o filme e a história/bibliografia de todos os principais personagens. Vale conferir.

Adendo:

O ator norte-americano Charles Bronson foi uma das vítimas do Mal de Alzheimer. Perto de perder a vida, aos 81 anos, em 2003, o ator de ERA UMA VEZ NO OESTE praticamente havia esquecido a sua identidade e não se lembrava de nada de seu passado como astro de Hollywood.

Nossas boas vindas ao cineasta cratense, Jefferson Albuquerque Jr.


Jefferson de Albuquerque Junior (Crato, 1947) é um cineasta e ambientalista brasileiro, graduado em letras, especialista em educação ambiental e planejamento de unidades de conservação.
 Filmografia

* 1981 - Dona Ciça do Barro Crú
* 1983 - Músicos Camponeses
* 1984 - Patativa do Assaré, um poeta do povo
* 1980 - Arraes taí
* 1985 - Santa Cruz de Goiás
* 1993 - Ana Mulata
* 2002 - O Parque Estadual de Itaúnas e Mata Atlântica
* 2004 - Mosáico Capixaba
* 2006 - Ver de perto
* 2008-09 - Exoticas Invasoras
* 2010 - Foi Assim... Como Será!? Chapada do Araripe

 Direção de Arte/Cenegrafia

* 1975 - Padre Cícero (de Helder Martins)
* 1976 - Juazeiro de Padim Ciço (Globo Reporter, direção de Marcos Marcondes)
* 1977 - Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia(de Hector Babenco)
* 1978 - Rainha do Rádio (de Luiz Fernando Goulart)
* 1978-79 - JS Brown o Último Herói(de José Frazão)
* 1979 - Amante da Chuva(de Roberto Santos)
* 1979-80 - Asa Branca, Um Sonho Brasileiro(de Djalma Batista)
* 1980 - Eles Não Usam Black-tie(de Leon Hirzman)
* 1980 - Noites Paraguaias (de Aloísio Raolino)
* 1980 - A Hora dos Ruminantes (de José de Anchieta)
* 1981 - Aventuras de Mario Fofoca (de Adriano Stuart)
* 1981 - Maldita Coincidência (de Sergio Bianchi)
* 1982 - Memórias do Medo (de Alberto Graça)
* 1984 - Tigipió (de Pedro Jorge de Castro)
* 1985 - Brasília no Cinema - Episódio Santa Cruz (de Pedro Jorge de Castro)
* 1985-86 - Fronteira das Almas (de Hermano Pena)
* 1987 - O Pagador de Promessas(Mini-série da Rede Globo de Tisuka Yamazaki)
* 1989 - República dos Anjos (de Carlos del Pino)
* 1989 - Cotidiano Perdido no Tempo (de Nilon Venâncio)
* 1990 - A Sago do Guerreiro Alumioso (de Rosenberg Cariry)
* 1992 - O Calor da Pele (de Pedro Jorge de Castro)
* 199- - O Último Trem (de Nilton Venâncio)
* 1994 - Corisco e Dadá (de Rosenberg Cariry)
* 2002 - O Julgamento do Pau Brasil (de Francis Valle)

 Diretor Assistente

* 1987 - Luzia Homem (de Fábio Barreto)
* 1996 - A História da Minha Vida (de Alvarina de Souza e Silva)


Obtida de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Jefferson_de_Albuquerque_Jr."

LÓGOS APÓS LÓGOS

ló 
gos 
ap 
ó
ló 
gos

TEIMO, 
LOGO INSISTO
E PERSISTO
NO SUPOSTO FRACASSO
DE MINHA ASSUNÇÃO

Ulisses Germano




HOMENAGEM A MAGRITTE

                                               1
Maçã verde
pomba branca
olhos de fogo
nudez.
            Carne mistério luz
            olhar cavalo alado.
           
Mulher nua
seio espelho vulva.
            Círculos
pernas dança
vôo múltiplo.
                                   Banheira
                                   vermelha.     
                                               Teclado
                                               cores verde vermelho.
           
                                                           Sangue
                                                          
verbo vermelho
                                                                                  vento bilboquê.
                                   Mão no espaço
                                   lábios.
                                              
                                               Flor vermelha
                                                 coração
                                                                 sangrando.                                           
                                   Olhar musa mágico
                                   a pomba na mão
                                   um olho na ponta dos dedos.
                                  
                                               Corpo
                                                          
                                                                       corneta
                                              
córnea.
                                              
2
                                   Onde está meu cachimbo?
                                   Desçam as cortinas
estou morto.
           
            Minha mulher deposita rosas vermelhas
no meu túmulo
            eu sorrio.
            Estou cego por isso vejo
            eu sorrio
            falo palavras claras vejo com clareza.
                       Quebrem o ovo
                       quero nascer desse parto.
Cantem comigo.
            Mordi a língua minhas palavras sangram.
           
As idéias cheiram
        sabem a mulher
   a pássaro.
                                  
                                   As idéias não são nada diante do corpo
                                                                                                    da mulher.
                                  
3
                                   Simples
                                   o fogo sai do ovo
                                   o fogo queimando o pássaro.
                                   Os espelhos quebrados são múltiplos espelhos.
                                   Nuvens voam
                        sai das nuvens a mulher sem face.
                                   Um esqueleto triste não é um esqueleto.
                                   Acendam as velas
                        acendam uma vela por mim.
                                   Um fantasma me habita.
A minha língua apunhalada 
                                                  não se cala.
                                  
            4
                                  
Sou uma estátua no parque
cofiando os bigodes.
                                   Meu assassino se recusa a me enterrar.
                                   Possuo o corpo da mulher
                                                                                   no corpo da terra.
                                   Navego no mar
                                                               na carne
         da terra.
                                  
                        5
                                   A língua voa verde pássara.
           
                                   Uma folha que se queima é uma floresta
que se queima.
                                   Uma pedra é nítida como só uma pedra
                                    é nítida.
                                   Quero o meu poema nítido
como uma pedra.
                                   No chão desolado do poema
                                   cresce uma flor de pedra.
                                   Quando a nuvem se tornar nítida
                                   sólida e nítida
            como uma pedra
                                                                 meu poema estará terminado.
                                                                                              
                                                                         José Carlos Brandão