Ofereço esta gravação a todos leitores deste blog. Ofereço aos meus amigos de jornadas que se resumiram aos seus textos e numa jamais vieram aos espaços dos comentários a eles. Socorro Moreira, José Nilton, Zé Flávio, Carlos Eduardo, Joaquim Pinheiro, Zé Almino, Stela e a todos que por esquecimento não citei.
por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
OS ROLERZINHOS AOS SHOPPINGS CENTERS NA VISÃO DE UMA SOCIÓLOGA PAULISTA
Entrevista à
socióloga Valquíria Padilha ao site Carta Maior
O que são os
shoppings? – são espaços privados travestidos de públicos. Eles segregam,
impedindo a entrada de quem não tem poder aquisitivo ou quem não se adequa ao
ambiente do shopping, seja pelo modo de se vestir ou de se comportar. Eles
funcionam como clubes privados, escolas privadas, hospitais privados: são bunkers
onde as classes mais altas se possam sentir protegidas do mundo lá fora. São
templos do consumo para poucos.
E os rolerzinhos? –
Os shoppings são os símbolos do consumo: “compro, logo existo.”. Os jovens que
sabem que eles não lhes pertencem, estão forçando acesso a esse espaço como a
dizer: “quando a vem aqui a gente incomoda os burguesinhos que historicamente
nos desprezam”. Uma longa história de invisibilidade vivida pelos pobres no
Brasil está vindo à tona com essas “invasões” dos shoppings centers.
Esta é a luta de
shopping “um direito de todos? – a crença generalizara de que pertencer ao
shopping é alcançar a boa vida é a vitória da sociedade de consumo e um
fracasso da humanidade. Todos foram cooptados pela crença alienada de que só é
possível ser feliz assim. A ideologia consumista virou uma verdade absoluta.
Consumir roupas de marca e equipamentos eletrônicos não vão conquistar
liberdade ou emancipação. O desejo e a posse de mercadorias nos alienam a
todos. Quando critico a segregação social dos shopping centers não desejo como
solução que esses espaços sejam democratizados. Desejo que esses espaços sejam
eliminados.
E o que a sociedade
terá em troca? – que sejam substituídos por parques, espaços de cultura,
bibliotecas, cinemas, teatros, circos, escolas, tudo aberto a todos igualmente.
Uma sociedade emancipada e verdadeiramente rica precisa disso, e não de
shopping centers. Qualquer solução na contramão da ordem vigente tem status de
utopia, tamanha é a complexidade social. A publicidade é a espinha dorsal desse
sistema. Ela é a maior descoberta e o maior trunfo da sociedade de consumo
capitalista, manipulando desejos, criando necessidade, reduzindo sentimentos. E
atinge a todos da mesma forma: ricos e pobres, quem vive na cidade e quem vive
no campo. Na ordem do capital, não acredito em nenhuma resposta definitiva.
Humanizar o capitalismo, ao menos seria possível, mas não concordo que apenas
oferecer mais políticas públicas de lazer e cultura nas periferias seja a
solução, pois continua aí a segregação dos espaços urbanos, a cidade continua
dividida entre espaços para pobre e espaços para ricos. Isso não é solução, é
paliativo.
E os juízes que concedeu aos
shoppings o direito de selecionar o acesso? – Os juízes que deram essas
sentenças deveriam perder o direito de julgar se nosso país fosse sério e
cumprisse a Constituição. É um absurdo autorizar o inautorizável. Um juiz não
poderia permitir que um espaço aberto ao público pudesse segregar.
Discriminação é ilegal. Racismo é crime inafiançável no Brasil. Esses juízes
deveriam ser presos. Os donos desses shoppings também.
De Você Apenas Interessa A Grana - José do Vale Pinheiro Feitosa
Teve uma missa em que
fui tirado do altar, no Convento das Clarissas, porque um padre famoso do Rio
queria rezá-la. E fui ameaçado por esse padre, que dizia que faria reclamação
ao bispo. Outro me proibiu de pisar na igreja dele. Fiz um casamento lá, e ele
se incomodou pela vibração da alegria. Isso é uma perseguição que acontece pela
disputa das ovelhas, sobretudo da ovelhas abastadas” – Ex-frade Jhonatha Gerber que acaba
de desistir da batina e vai se tornar um psicólogo e assim ganhar a sua vida
curando almas. Jornal O Globo Segunda-Feira 20 de Janeiro de 2014
Na maternidade um grande negócio para nascer, somados ao feitiço
de serviços, berço, brinquedos e mamadeiras e produtos da Nestlé. Aí começa até
o último sopro de vida a parafernália “científica” em razão de toda circulação
da mercadoria. Some-se os interesses e todo tipo de serviço, de pequenos por
for para atender à “legislação”, sem contar, para os pobres, as máfias
organizadas.
Toda a vida neste mundo, assim como era o sofrer na terra da
idade média, ainda com alguma paga mediada pelas igrejas no céu, se tornou a
sopa amarga do progresso do materialismo financeiro. Considere o seu mais
elevado momento de humanidade e exime o quanto ele se encontra na borda da mais
ignóbil exploração do outro apenas para que tudo mais funcione e todos tenham
direito a circular moedas para sobreviver.
O denominador comum dessa nova era de trevas, por incrível
nascida do Iluminismo, é o interesse exclusivo pelo dinheiro que circula de mão
em mão. O mão que te ama ou a que tua amas, é importante exatamente por isso:
por te devolver em valor monetário tudo aquilo que do teu coração pensava ser
humano.
Nenhum sonho, nenhuma discussão a valer consegue ultrapassar
esse círculo de giz desenhado no chão ao qual ninguém ousa ultrapassar embora
empecilho físico nenhum exista. A moeda, tua vida, teu sopro, é a circulação
daquilo que mesmo não o necessites terás que trocar, absorver ou contribuir
para a montanha de lixo.
Mas isso não diz tudo do humano e nem do planeta. Diz apenas
da era, do momento da história, que criou esse arranjo tocado por lideranças,
exércitos, crenças, fés, e instituições que existem para garantir a idade das
trevas. Como antes, agora além do lamento, há a possibilidade de compreender.
O denominador comum é a compreensão desse era e em seguida a
imaginação para superá-la mediante forte crítica.
Uma crítica revolucionária e
não reacionária como a de Jhonatha Gerber trocando o confessionário pelo divã.
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