por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 21 de março de 2011

Imagem/Internet

Hoje, o céu embriagado parece brincar de roda.
E eu, me embriago só de ver o seu desregrado compasso.
Tudo roda mais que roda...
Tudo passa mais que passa o tempo.
De valsa desritmada, a um cálice de vinho branco.
E o clarão da lua se manifesta.
Tudo então compreensível fica.
Tudo então do invisível, à claridade dos meus olhos.
O inimaginável se ajeita.

Mara
11/03/2009

Rádio Azul



RESPIRAÇÃO - por Ulisses Germano

RESPIRAÇÃO
(último suspiro)

Inspirando a vida entra
Expirando a vida sai
A vida assim se concentra
Num eterno vem e vai

Num suspiro então termina
O trabalho desse fole
Que parado nos ensina
Que viver nunca foi mole

Ulisses Germano

Dedicado ao Amigo das Plantas Ornamentais Luis Arraes

ANDRÉ FILHO E A CIDADE MARAVILHOSA - Por Norma Hauer


Foi no dia 21 de março de 1906 que ele nasceu, aqui no Rio de Janeiro, recebendo o nome de Antônio André de Sá Filho, mas ficou conhecido nos meios musicais, como ANDRÉ FILHO.

Em sua mocidade, estudou no Colégio Salesiano de Santa Rosa, em Niterói, onde foi colega de Almirante, o então futuro "Maior Patente do Rádio".

André Filho foi cantor, compositor, radialista, homem dos "sete instrumentos" (violão, piano, bandolim, banjo, percussão...) e autor de 'CIDADE MARAVILHOSA", o hino da Cidade do Rio de Janeiro, oficializado por decreto governamental, quando a cidade se confundia com o então novo Estado da Guanabara.

Essa música foi lançada, como marchinha, em uma festa de nome "Festa da Mocidade", em outubro de 1933.
No ano seguinte foi gravada por André Filho e Aurora Miranda para o carnaval, obtendo, no concurso que a Prefeitura lançava anualmente, a segunda colocação. Nesse mesmo ano, André Filho gravou, com Carmen Miranda, outro sucesso :"Alô, Alô", também bastante cantada no carnaval.

Naquela época, César Ladeira lia, diariamente, na Rádio Mayrink Veiga, uma crônica escrita por Genolino Amado, de nome "Cidade Maravilhosa". Discutiu-se muito para saber quem intitulou o Rio de Janeiro de "Cidade Maravilhosa": André Filho ou Genolino Amado?

Nenhum dos dois. Foi o escritor Coelho Neto.

ANDRÉ FILHO, como cantor, atuou nas Rádios Tupi, Mayrink Veiga, Philips e Guanabara.

Como compositor, gravou, com Carmen Miranda ("Bambolê"; "Quero Só Ver"; Lua Amiga; "A Lua Vem Surgindo"; "Mulato de Qualidade"...) gravou, ainda, com Aurora Miranda (“Ciganinha de meu Coração”;”Bibelô”), com Mário Reis e alguns outros...

Em 1960, fez um depoimento a Ricardo Cravo Albin, no Museu da Imagem e do Som, onde registrou para a posteridade, fatos de sua vida como cantor e compositor.

ANDRÉ FILHO compunha sozinho, quase não teve parceiros, mas um marcou sua vida com uma música de grande repercussão na época "Filosofia", gravada por Mário Reis.
Quem foi esse parceiro? Nada menos que Noel Rosa.

Em 1974, exatamente no ano da morte de ANDRÉ FILHO, Chico Buarque redescobriu o samba "Filosofia", dando-lhe nova roupagem , repetindo o grande sucesso, que tivera na época de seu lançamento.

Mas muitos o julgam do próprio Chico ou apenas de Noel Rosa.

Outro que fez parceria com André Filho foi Ataulfo Alves, no samba “Quanta Tristeza”, gravado por Carlos Galhardo, que então se encontrava na Odeon.

André Filho, tendo se separado de sua esposa, passou a viver sozinho com suas lembranças e faleceu no dia 2 de julho de 1974, aos 68 anos.

Norma

De Ulisses Germano para Luiz Arraes


A sábia metáfora da flor de lótus
No belo esplendor de nascer na lama
Flor e semente, simultaneamente,
Gerando a Lei de causa e efeito

É quando a vida latente chega
Abaixo da linha da eternidade
Que os leigos oram com sinceridade
Para a paz de toda a humanidade 

(Ulisses Germano)

" Sonho Impossível "




O Homem de La Mancha (no original, Man of La Mancha) é um musical escrito por Dale Wasserman, com música de Mitch Leigh e letras de Joe Darion, baseado em D. Quixote de Cervantes.


Na Broadway, o musical foi apresentado pela primeira vez em 1965, teve 2.329 apresentações e ganhou cinco prêmios Tony
. Foi reapresentado inúmeras vezes, tornando-se um dos mais vistos espetáculos de teatro musical e uma das escolhas mais populares das companhias teatrais.

A canção, The Impossible Dream, tornou-se um clássico.

No Brasil
, a peça foi traduzida por Paulo Pontes e Flávio Rangel e dirigida por Flávio Rangel. A versão para o português das canções foi feita por Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra.

Estreou em 15 de agosto de 1972 no Teatro Municipal de Santo André, contando com a participação dos atores Paulo Autran, Bibi Ferreira e Grande Otelo nos papéis de Dom Quixote
, Dulcinéia e Sancho Pança, respectivamente. A seguir, peça passou a ser encenada no Teatro Anchieta, em São Paulo.


Em 15 de janeiro de 1973 foi inaugurado o Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, com o musical O Homem de La Mancha, permanecendo oito meses em cartaz. Em 1974, O Homem de La Mancha fez temporada popular, de janeiro a março, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Fonte : Wikipédia
Imagens : Google

Sonho Impossível com Maria Bethania e legendas

" A Vida, o Mar e Eu "


A vida
- Mar inconstante.
Ontem,
vagas serenas.
Hoje,
tempestuoso tufão.

Eu
- Barco à deriva.
Bússola sem norte
Leme quebrado
Capitão ferido.

Na praia
- Fluxo e refluxo
Vai-e-Vem de espumas.

Em mim,
- Apenas a certeza de que
águas passadas
podem mover navios.


( Corujinha Baiana - 29 de Setembro de 2009 )

De RETÁBULO DE JERÔNIMO BOSCH II - Por Everardo Norôes


(Para Luiz Arraes)

O sentimento das pedras
entoava em nós
o cântico
de tua presença.
De dentro de suas paredes
as igrejas recitavam a promessa
de algum hino.
E as casas
rimavam cadeiras nas calçadas,
alpendres, sobrados, quintais.
Cidade sem muros:
só morada.
Aqui e ali,
pé de jasmim, fruta-pão,
fícus-benjamim.
Ninguém se atrevia
a duvidar do vento,
a incomodar a chuva.
O sol era mais sol
a fustigar nossa pele.
E as ruas,
com nomes de coisas,
mais humanas.

A Poesia de EVERARDO NORÕES





Everardo Norões nasceu na cidade de Crato, Ceará, EM 1944. Viveu na França, Argélia e Moçambique.
Obra poética: Poemas Argelinos (Ed. Pirata, 1981); Poemas (Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2000); Nas entrelinhas do mundo, em co-autoria (Ensol, 2002); Le tigri del Bengala - tradução de Emilio Coco Edizione Nuove Muse, S. Marco in Lamis, Itália, 2005).

Co-autor do texto da peça Auto das portas do Céu, de Ronaldo Brito. Organizou a obra completa de Joaquim Cardozo, que se encontra no prelo (Editora Nova Aguilar). Everardo Norões na Internet:

http://www.plataforma.paraapoesia.nom.br/everardon.htm


A noite

Desaba sobre as telhas

Na explosão de um meteoro.

Conto estilhaços,

recomponho parábolas:

um mínimo do que sou

lembra as fronteiras

do Universo.



Um olhar sobre o Brasil Rui Nogueira



Quanto de cana-de-açúcar produzimos ao longo dos séculos?Tudo para o exterior. Pau-brasil saiu a troco de simples extração.
No século XVIII, Portugal chegou a ver a sua população reduzida pela metade com a corrida em busca do ouro brasileiro. Há relatos de mortos de fome com o bolso cheio de pepitas. O ouro encontrado foi remetido para o exterior e os diamantes entregues para os anglo-holandeses. As monoculturas se estenderam para atender aos interesses dominantes. O manganês foi retirado da Serra do Navio, Amapá, e depositado como reserva estratégica nos Estados Unidos. Saiu borracha e ficou apenas a construção de um teatro.
Nunca nos é permitido, pelo conluio do comércio internacional com a nossa elite espúria, um desenvolvimento harmonioso das nossas comunidades. Toda e qualquer exportação sempre é direcionada para atender ao interesse externo, seja extrativista, mineral, agrícola e só pode ser retratada como saída de riqueza, para deixar buraco e miséria.
Não há, ainda, um termo para expressar a situação em que vivemos. Entretanto miramos a África e nos lembramos da frase de Jomo Kenyatta, primeiro presidente do Quênia: Os Europeus chegaram na África e eles tinham a Bíblia e nós a terra e nos ensinaram a orar com os olhos fechados e quando os abrimos eles tinham a terra e nós a Bíblia.
Com todos os métodos, os “escolhidos” europeus e agora, também, os americanos,chegam,ocupam tudo e quando abrimos os olhos não temos nada em nossas mãos.
As empresas, os bancos, os portos, os mercados, as editoras, os transportes, os serviços de água, a energia, o petróleo, a população agrícola, as indústrias, até os clubes de futebol. Céus! Estamos ocupados. Somos empregados mal assalariados das corporações transnacionais.
Africanar... já somos rotulados de atrasados, incompetentes e já está montada toda uma estrutura do controle das comunicações, sucateamento do ensino, desagregação das nossas instituições, enfraquecimento das Forças Armadas na direção de exercerem o seu papel de defesa da nossa soberania e população.
O africanar tem que ser bloqueado nem a África nem qualquer outra região do mundo merecem permanecer nesse quadro de exploração e miséria.
A guerra, neste século XXI, está em franca evolução com a aliança dos organismos internacionais (supostamente criados para ver o bem comum) e as corporações financeiras, contra a humanidade.
Nenhuma ética filosófica, política ou religiosa justifica e estagnação da maior parte das comunidades na miséria esmagadas por avalanches de papel pintado e dívidas desnecessárias.
“Isto não é comigo” e “não posso fazer nada”, são as concepções impregnadas nas mentes das pessoas pelos meios de comunicação para impedir qualquer mudança ou reação.
Vamos fazer uma revolução!!!
Peguem a arma mais forte que existe no universo: a idéia, ajustem-na com a convicção. Coloquem-na com a alma da justiça e da eqüidade. Tornem-na radiante com o conhecimento. Façam-na viável com o saber-fazer. Alimentem-na sempre com a certeza de que o preceito do mundo não é o egoísmo nem a competitividade, mas a simbiose em que você sempre tem o todo melhor que cada uma das partes. Assim, poderemos mostrá-la aberta a todos os homens de bom senso e humanísticos.
Basta!
Temos o direito de viver bem!
Os bens e os serviços essenciais têm que ter gestão comunitária.
Privatização representa só ter o bem ou o serviço se tiver dinheiro. Chega de exclusão, de exploração.
Vamos anular o Africanar pela compreensão, eqüidade, simbiose, solidariedade, conhecimento e especialmente, pela hiper-revolução pessoal, aproveitando todos os segundos do dia para seja, onde estiver, conscientizar e discutir para criar uma opinião pública de que o nosso país tem de ser um lugar bom para todos viverem e criarem seus filhos com dignidade.
Resistir é possível.
Resistir é preciso.


Rui Nogueira
Médico – pesquisador – escritor
rui.sol@ambr.com.br


Almina Arraes, Alencar, Pinheiro - por José do Vale Pinheiro Feitosa




Todos sabemos das dificuldades de falarmos dos nossos. Ou de quem somos. A cultura do anti-nepotismo nos inibe e ficamos ansiosos que outros façam para que por efeito adverso as nossas declarações não se reduzam à obviedade.

Não é figura de linguagem e ou metáfora. Por circunstância como me dei por gente tive alguns pais e mais de uma mãe. Uma mãe no sentido de gerar pessoas e muitos não sabem, no afã de vangloriar a alma como o oposto, ainda não entenderam que “matéria” se origina da mesma raiz da palavra mãe – mater.

Mas hoje um irmão, da mesma mãe, alertou-me para o acorde. Qualquer deles em tom maior. E como é fácil achar esta mãe na ordem do alfabeto: ALMINA. Almina que tem Alencar, Arraes e Pinheiro num só verso. Das irmãs desta mãe tive duas tias Aldinha e Anilda e uma outra um pouco mais assim com uma mistura de fortes ligações em que só os irmãos se conhecem: Laís. Um dia este mesmo irmão deu-me o alerta que ela estaria aqui no Rio precisando ajuda: cumpri o alerta. Acompanhei cada passo dela em curso do que vamos, deste o momento em que leu no meu rosto e comentou: estou mal ele não conseguiu esconder no rosto.

Maria Alice era parte, mãe do Alfredo e da Maria José e se acrescentarmos Dr. Alfredinho já disse tudo. Violeta eu posso falar muito e vou logo parando por aqui, pois esta era amiga mesmo. No sentido real das amizades que junta deste os primeiros minutos quando ela nasceu e vai continuar até os meus últimos minutos. Mas Almina, que é um múltiplo de César, Edite, Joaquim, Zé, Amélia, Tonho e Bida. Aliás, é um coletivo, pois no metabolismo desta mãe tem a política, a justiça social e a capacidade de pronunciar a palavra nos conflitos quando muitos evitam.

Não posso compreender a vida sem esta mulher que pinta, mobiliza e navega na internet feito estes jovens twitados. Tem a apostilha que meio mundo quer. Mas tem a pintura, quando ela mostrou-me pela primeira vez, não era apenas a ilusão da perspectiva e nem das luzes pelo contraste de cores. Havia na pintura uma espécie de arquétipo, que a minha mente entendia não como uma casa determinada, mas como a “casa em si”. Isso não é pouco: uma das grandes questões da pintura é exatamente este achado, mesmo quando se decompõe em estéticas tão distintas. Aliás, o cubismo, que é esdrúxulo para a estrutura neoclássica, também só era efetivamente achado quando atingia esta região arquetípica da mente.

Como existe certa singularidade entre mãe e filhos, o que mais me anima neste momento, é compreender Almina como um ser independente e construindo a parte que lhe cabe neste mundo. Como um ser para ser admirado e respeitado além da sua natureza de mãe.

por José do Vale Pinheiro Feitosa

Colaboração de Maria de Jesus




ENTREVISTA H. GILBERT WELCH


Quem deseja buscar saúde não deve procurar doenças


MÉDICO ALERTA PARA EXCESSO DE DIAGNÓSTICOS E RISCOS DA "EPIDEMIA" DE EXAMES PREVENTIVOS


Mark Washburn/Divulgação

DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE

Doenças devem ser detectadas o quanto antes, para que haja sucesso no tratamento, certo?
Não, segundo o médico americano H. Gilbert Welch. O especialista em clínica médica é autor de "Overdiagnosed", recém-lançado nos Estados Unidos.
No livro, Welch, pesquisador da Universidade Dartmouth, afirma que a epidemia de exames preventivos, ou "screening", como são chamados nos EUA, coloca a população em perigo mais do que salva vidas.
Citando pesquisas, ele mostra evidências de que muita gente está recebendo "sobrediagnóstico": são tratadas por doenças que nunca chegariam a incomodá-las, mas que são detectadas nos testes preventivos.
"O jeito mais rápido de ter câncer? Fazendo exame para detectar câncer", disse ele à Folha, por telefone.

Folha - Como exames preventivos podem fazer mal? H. Gilbert Welch - A prevenção tem dois lados. Um é a promoção da saúde. É o que sua avó dizia: "Vá brincar lá fora, coma frutas, não fume". Mas a prevenção entrou no modelo médico, virou procurar coisas erradas em gente saudável, virou detecção precoce de doenças. Isso faz mal. Não estou dizendo que as pessoas nunca devem ir ao médico quando estão bem. Mas a detecção precoce também pode causar danos.

De que maneira isso ocorre?
Quando procuramos muito algo de errado, vamos acabar achando, porque quase todos temos algo errado. Os médicos não sabem quais anormalidades vão ter consequências sérias, então tratam todas. E todo tratamento tem efeitos colaterais.
Há um conjunto de males que podem decorrer de um diagnóstico: ansiedade por ouvir que há algo errado, chateação de ter que ir de novo ao médico, fazer mais exames, lidar com convênio, efeitos colaterais de remédios, complicações cirúrgicas e até a morte.
Para quem está doente, esses problemas não são nada perto dos benefícios do tratamento. Mas é muito difícil para um médico fazer uma pessoa sadia se sentir melhor. No entanto, não é difícil fazê-la se sentir pior.

Os médicos dizem que a detecção precoce é essencial no caso do câncer. Mas você diz que é perigoso. Não se deve tratar qualquer tumor inicial?
Não. Se formos tratar todos os cânceres quando estão começando, vamos tratar todo o mundo. Todos nós, conforme envelhecemos, abrigamos formas iniciais de câncer. Se investigarmos exaustivamente vamos achar câncer de tireoide, mama e próstata em quase todos. A resposta não pode ser tratar todos e nem tratar todo mundo. Ninguém mais ia ter tireoide, mamas ou próstata. Câncer de próstata é o símbolo dessa questão.

Por quê?
Há 20 anos, um teste de sangue foi introduzido para detectar câncer de próstata. Vinte anos depois, 1 milhão de americanos foram tratados por causa de um tumor que nunca chegaria a incomodá-los. Esse teste é o PSA [antígeno prostático específico]. Muitos homens têm números anormais de PSA. Eles fazem biópsias e muitos têm cânceres microscópicos e fazem tratamento, o que não é mero detalhe. Pode ser retirada da próstata ou radioterapia. Isso leva, em um terço dos homens, a problemas sexuais, urinários ou intestinais. Alguns até morrem na operação. Não podemos continuar supondo que buscar a saúde é procurar doenças.

Qual é o impacto desses testes de próstata na população?
Um estudo europeu mostrou que é necessário fazer exames preventivos de PSA em mil homens entre os 50 e 70 anos, por dez anos, para evitar a morte por câncer de uma pessoa. É bom ajudar uma pessoa. Mas precisamos prestar atenção às outras 999. Por causa desses exames, de 30 a 100 homens são tratados sem necessidade.
As pessoas precisam refletir. Cada mulher pode decidir se quer fazer mamografia todo ano. Mas temo que estejamos coagindo, assustando e incutindo culpa nelas, para que façam mamografias.

Mas a detecção precoce não é o fator que mais reduz a mortalidade de câncer de mama?
Na verdade, não. Os esforços mais relevantes no câncer de mama vêm de tratamentos melhores, como quimioterapia e hormônios. Os avanços no tratamento nos últimos 20 anos reduziram a mortalidade em 50%.
O problema é se adiantar aos sintomas. Não há dúvida de que uma mulher que percebe um caroço deva fazer uma mamografia. Isso não é teste preventivo, é exame diagnóstico. Claro que os médicos preferem ver uma mulher com um pequeno nódulo no seio do que esperar até que ela desenvolva uma grande massa. A questão não é entre atendimento cedo ou tarde, mas entre buscar atendimento logo que você fica doente e procurar doenças em quem não tem nada.

Critérios usados em exames como de pressão e diabetes estão mais rígidos. Estão deixando todo mundo 'doente'?
Sim. Somos muito tirânicos sobre saúde. O que é saúde? Se formos medicalizar a definição de saúde, seria: "Não conseguimos achar nada errado". A pressão está abaixo de 12 por 8, o colesterol está abaixo de tal valor, fizemos uma tomografia e não há nada de errado. Se essa virar a definição de saúde, pouquíssimas pessoas serão saudáveis. É certo tachar a maioria como doente? Saúde é muito mais do que a ausência de anormalidades físicas.

Por que essa conduta está se tornando dominante?
Os médicos recebem mais para fazer mais, o que ajuda a alimentar o círculo vicioso da detecção precoce. É um bom jeito de recrutar mais pacientes, de vender mais remédios ou exames. Nos EUA, há os problemas de ordem legal. Os advogados processam os médicos por falta de diagnóstico, mas não há punições para sobrediagnóstico.
E tem quem creia realmente na detecção precoce. Nunca se diz que há perigo nisso. Pacientes diagnosticados com câncer de próstata e mama por detecção precoce têm muito mais risco de serem sobrediagnosticados do que ajudados pelo teste. Quando você ouve histórias de sobreviventes de câncer, na maioria das vezes o paciente acha que sua vida foi salva porque ele fez um exame preventivo.

E isso não é verdade?
Ele tem mais chance de ter sido tratado sem necessidade. Histórias de sobreviventes geram mais entusiasmo por testes e levam mais pessoas a procurar doenças, gerando sobrediagnóstico.

O que fazer para evitar isso?
Um paciente nunca vai saber se recebeu um sobrediagnóstico. Nem o médico sabe. Não é preciso decidir para sempre se você vai ou não fazer exames. Mas todos os dias novos testes são criados. É preciso ter um ceticismo saudável sobre isso.

FRASE

"Quando procuramos muito algo de errado, vamos acabar achando. Os médicos não sabem quais anormalidades vão ter consequências sérias, então tratam todas. E todo tratamento tem efeitos colaterais"

RAIO-X

NOME E IDADE
H. Gilbert Welch, 55

FORMAÇÃO E ATUAÇÃO
Especialista em clínica médica, pela Universidade de Washington, professor e pesquisador da área de detecção precoce de doenças na Universidade Dartmouth

LIVROS
"Should I Be Tested for Cancer?" (UC Press 2004) e "Overdiagnosed", com Lisa Schwartz e Steven Woloshin (Beacon, 2011), US$ 14,70, (R$ 24,55), na Amazon


Discurso breve - Emerson Monteiro

E se abandonar às palavras, assim como, irresponsavelmente, os porcos vocacionados se jogariam a fétidas lamas dos chiqueiros dos invernos extremos; e os burros a pedras esfumaçadas e quentes das bagaceiras, logo depois que largaram, ainda suados e trôpegos, cangalhas fedorentas nas quais nutriram a glória durante todo o dia inteiro, no caminho exaustivo do corte ao engenho, transportando as canas de moagem eterna. Uma disposição total e absoluta das puras evidências e circunstâncias. Um parto sem a dor inconveniente das razões, de jogar lá fora todos os fardos e entraves das limitações humanas que totalizaram as misérias da alma e encheram de rabugice o porão das pretensões do que comportaria o viveiro das fantasias.
Nesse passo constante de frases, vêm as primeiras respostas do vento, o aviso de retorno à simplicidade original perdida na civilização do universo aparente das diárias ilusões. Chamar a si o mérito dessa culpa que corrói as entranhas da multidão desenfreada, na busca da sobrevivência a qualquer preço. Uma fome geral de poder no complexo dos impérios mundiais, que só constrange quase a caravana inteira, troco do ouro encardido disputado da própria terra comum, sem dó nem piedade, na febre do desespero.
Chegar pedindo o que sabe ninguém tem a oferecer; chegar impondo caridade a quem nunca dela conheceu das mãos poderosas dos gigantes do Norte. Introduzir agulhas finas em veias secas ocidentais, espoliadas, numa salva de prata revestida com pedras dos melhores diamantes africanos sujos de sangue.
Bom, estas palavras refletem apenas inscrições nas paredes artificiais da fama. Uns trapos de notícias a percorrer imensamente os ares internacionais, no sabor das mudanças impostas aos governos das propagandas hostis. Isso de ouvir nos céus os telegramas das agências, à procura de sentido em vastas academias de homens ricos a dominar o Planeta envilecido, marca, com forte palidez, a ordem econômica constituída de pessoas a enganarem a si mesmas, quando os reis nus da história desfilam nos carros abertos pelas avenidas principais.
Querer o que, depois de guerras monumentais, se transmitiu em formato de lealdade, bondade, à hora do repasto das feras, na praça principal, aos olhos frios dos chefes de tribos e inertes personagens, comandados a custo das assembléias de um só. Já tivemos vários sonhos de união, quando o lobo pastará vizinho do cordeiro, nas luzes de amizade permanente. Quando cores simbolizarão valores e sentimentos bons de criaturas reunidas para celebrar fertilidade e o direito harmonioso das espécies, sem elites superiores.
O discurso autêntico dos corações enamorados em cerimônia de núpcias, que convida o rebanho ao cio das almas que alimentam a multiplicação dos pães sem privilégio, longes das caretas das barrigas vazias e dos braços crônicos do desânimo. A palavra das verdades eternas de justiça, amor e paz, espalhadas neste vasto laboratório das felicidades estabelecidas, na visão democrática das massas, território ideal de plantar a boa semente viva da certeza.

Luis Arraes agora livremente no Cosmo

Luis Arraes - Um andarilho do óbvio e cidadão do mundo
Lula, muita Luz e siga sua caminhada...Que a jornada seja leve e tranquila, com certeza muita coisa boa te espera. Conforto e compreensão a todos os seus familiares.

RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR

A história que trago pra ler hoje foi escrita por Raquel de Queiroz.

O PASSARINHO E O ESPELHO

Garrincha é um passarinho pequenino, que adora fazer ninho dentro das casas. Foi assim que um casal de garrinchas resolveu se aninhar no alto de um guarda-roupa, num quarto da fazenda.
Acontece que garrincha, além de atrevido, não admite outro passarinho por perto. E no quarto havia um espelho pendurado num prego. Pois lá vinha o garrincha macho voando para o ninho, quando deu com a sua cara no espelho. Pensou logo que era um rival, ficou danado, meteu-lhe o bico. Quase quebrou o vidro.
Daí para adiante, o garrincha não teve mais sossego. Era só passar pelo espelho, lá estava “o outro”, desafiando. Ele bicava o vidro feito uma fera, mas nada.
A dona da casa resolveu, então, cobrir o espelho com um pano. Mas o bichinho era tão desconfiado que conseguiu levantar uma ponta do pano com o bico e – epa! lá estava o inimigo, bem escondidinho. O garrincha ficou numa tal fúria que arrancou o pano com um golpe de asa e batendo com os pés e o bico, derrubou no chão o espelho, que se despedaçou todo.
Aí o garrincha voou para o ninho, soltou um grito de guerra e dançou a sua dança de vitória.



Raquel de Queiroz. Xerimbabo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2002.

Para Ulisses Germano - Por Bastinha Job


Aquela lua imensa
que no céu se esparramou
com uma luz tão intensa
sobre a cidade brilhou;
e com tamanha beleza
só mesmo a natureza
sem roteiro e sem ter plano
consegue tanta magia
igual a essa poesia
que fez Ulisses Germano

(Bastinha Job)

Novo partido político

A imprensa noticia a criação de um novo partido político (PSD), encabeçado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A propósito, transcrevo crônica de Luis Fernando Veríssimo, publicada em 2008

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

SIGLAS

– Bota aí: «P»
– «P» ?
– De «Partido».
– Ah.
– Nossa proposta qual é? De união, certo? Acho que a palavra «União» deve constar do nome.
– Certo. Partido de União…
– Mobilizadora!
– Boa! Dá a idéia de ação, de congraçamento dinâmico. Partido da União Mobilizadora. Como é que fica a sigla?
– PUM.
– Não sei não…
– É. Vamos tentar outro. Deixa ver. «P»…
– «P» é tranqüilo.
– Acho que «Social» tem que constar.
– Claro. Partido Social…
– Trabalhista?
– Fica PST. Não dá;
– É. Iam acabar nos chamando de «Ei, você».
– E mesmo «trabalhista», não sei. Alguém aqui é trabalhista?
– Isso é o de menos. Vamos ver. «P»…
– Quem sabe a gente esquece o «P»?
– É. O «P» atrapalha. Bota «A», de Aliança. Aliança Inovadora…
– AI.
– Que foi?
– Não. A sigla. Fica AI.
– Espera. Eu ainda não terminei. Aliança Inovadora… de Arregimentação Institucional.
– AIAI… Sei não.
– É. Pode ser mal interpretado.
– Vanguarda Conservadora?
– Você enlouqueceu? Fica VC.
– Aliança Republicana de Renovação do Estado.
– ARRE.
– O quê?
– Calma.
– Espera aí, pessoal. Quem sabe a gente define a posição ideológica do partido antes de pensar na sigla? Qual é, exatamente, a nossa posição?
– Bom, eu diria que estamos entre a centro-esquerda e a centro-direita.
– Então é no centro.
– Também não vamos ser radicais…
– Nós somos a favor da reforma agrária?
– Somos, desde que não toquem na terra.
– Aceitaremos qualquer coalizaão partidária para impedir a propagação do comunismo no Brasil.
– Inclusive com o PCB e o PC do B?
– Claro.
– Não devemos ter medo de acordos e alianças. Afinal, um partido faz pactos políticos por uma razão mais alta.
– Exato. A de chegar ao poder e esquecer os pactos que fez.
– Partido Ecumênico Republicano Unido.
– PERU?
– Movimento Institucionalista Alerta e Unido.
– MIAU?!
– Que tal KIM?
– O que significa?
– Nada, eu só acho o nome bonito.
– MUMU. Movimento Ufanista Mobilização e União.
– MMM… Movimento Moerador Monarquista.
– Mas nós somos republicanos.
– Eu sei. Mas por uma boa sigla a gente muda.
– TCHAU.
– Hum, boa. Trabalho e Capital em Harmonia com Amor e União?
– Não, é tchau mesmo.
– Aonde é que você vai?
– Abrir uma dissidência.

Esta mulher é melhor do que a soma de muitos homens

O texto transcrito abaixo, publicado na rede interna de comunicação do Banco Central do Brasil, é de autoria de Antônio Coelho Bezerra de Farias Filho (acoelhof), cratense, servidor do Bacen, sobrinho do ex-prefeito do Crato Dr. Raimundo Bezerra de Farias.

Seguem pensamentos da nossa presidenta extraídos da Falha de S. Paulo, êpa, Folha de S. Paulo (blog do Josias de Souza).
Esta mulher é melhor do que a soma de muitos marmanjos que já passaram pelo Planalto.
Aliás, sobre a forma de tratá-la ela já deixou bem claro que prefere ser tratada de “presidenta” (usou a palavra no discurso da posse). E o carro oficial da Presidência traz na placa “Presidenta da República”.
O curioso é que parte da imprensa usa “presidente” e parte usa “presidenta”. A parte que lhe é simpática usa “presidenta”. A Globo, a Folha, a Veja usam “presidente”.
No Banco Central, tem sido usado “presidenta”. Se tanto faz, se ambas as formas são corretas, por que contrariar a mulher?
acoelhof
Fortaleza
Eis o que ela pensa:

- Japão: [...] A comunicação global em tempo real cria em nós uma sensação como se o terremoto seguido do tsunami estivessem na porta de nossas casas. Nunca vi ondas daquele tamanho, aquele barco girando no redemoinho, a quantidade de carros que pareciam de brinquedo! Inexoravelmente, a comunicação faz com que você se coloque no lugar das pessoas! Essa é a primeira reação humana.
- Reflexos econômicos: [...] Acho que um dos efeitos será sobre o petróleo. Vai ampliar muito a demanda de petróleo ou de gás para substituir a energia nuclear. Pelo que li, 40% da energia de base do Japão é nuclear. Os substitutos mais rápidos e efetivos são o gás natural ou petróleo. Acredito que esse será um impacto imediato.
- Vantagem brasileira: Nós sempre esquecemos da diferença substantiva entre nós e os outros países: água. Nesse aspecto somos um país abençoado. [...] Temos um elenco de alternativas que os outros países não têm...”.
- Tragédia atrasa recuperação da economia mundial? Acredito que atrasa um pouco, mas também tem um efeito recuperador, de reconstrução. O Japão vai ter que ser reconstruído...
- Crítica à imprensa: [...] Às vezes abro o jornal e leio que a presidenta disse isso, pensa aquilo, e eu nunca abri minha santa boca para dizer nada daquilo. Tem avaliações de que um ministro subiu, outro desceu, que são absurdas. Absurdas! Falam que tais ministros estão desvalorizadíssimos na bolsa de apostas. [...] Nenhum presidente avalia seus ministros dessa forma...
- Inflação: Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação, sob qualquer circunstância, volte...
- PIB de 2011: [...] Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano. Não tem nenhuma inconsistência em cortar R$ 50 bilhões no Orçamento e repassar R$ 55 bilhões para o BNDES garantir os financiamentos do programa de sustentação do investimento...
- Por um PIB maior pode haver um pouquinho mais de inflação? Isso não funciona. É aquela velha imagem da pequena gravidez. Não tem uma pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem. Agora, não farei qualquer negociação com a taxa de inflação...
- Cortes de R$ 50 bilhões: [...] É como cortar as unhas. Vamos ter que fazer sempre a consolidação fiscal. Na verdade, temos que fazer isso todos os anos, pois se você não olhar alguns gastos, eles explodem. [...] Então, você tem que cortar as unhas, sempre...
- Aeroportos: Estamos nos preparando para ter uma forte intervenção nos aeroportos. Vamos fazer concessões, aceitar investimentos da iniciativa privada que sejam adequados aos planos de expansão necessários. Vamos articular a expansão de aeroportos com recursos públicos e fazer concessões ao setor privado. Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias.
- Nova pasta: Vamos criar a Secretaria de Aviação Civil com status de ministério, porque queremos uma verdadeira transformação nessa área. Para ela irá a Anac, a Infraero e toda a estrutura para fazer a política. Estou pensando em mandar [a medida provisória ao Congresso] até o fim deste mês.
- Política monetária: O Banco Central tem autonomia para fazer a política dele e está fazendo. Tenho tranquilidade de dizer que em nenhum momento eu tergiverso com inflação. E não acredito que o Banco Central o faça. Eu acredito num Banco Central extremamente profissional e autônomo. E esse Banco Central será profissional e autônomo.
- Visita de Obama: [...] Vamos propor uma [parceria estratégica] na área de satélites, especialmente para avaliação do clima, e parcerias em algumas outras áreas. Vou lhe dar um exemplo: acho fundamental o Brasil apostar na formação no exterior. Todos os países que deram um salto apostaram na formação de profissionais fora. Queremos isso nas ciências exatas - matemática, química, física, biologia e engenharia. Queremos parceria do governo americano em garantia de vagas nas melhores escolas. Nós damos bolsa.
- O que espera da visita? [...] O grande sumo disso tudo, o que fica, é a progressiva consciência de que o Brasil é um país que assumiu seu papel internacional e que pode, pelos seus vínculos históricos com os Estados Unidos e por estarmos na mesma região, ser um parceiro importantíssimo. Isso a gente constrói. [...] O Brasil é um país que os EUA tem que olhar de forma muito circunstanciada. Que outro país no mundo tem a reserva de petróleo que temos, que não tem guerra, não tem conflito étnico, respeita contratos, tem princípios democráticos extremamente claros e uma forma de visão do mundo tão generosa e pró-paz?
- Direitos humanos: Se não concordo com o apedrejamento de mulheres, eu também não posso concordar com gente presa a vida inteira sem julgamento [na base de Guantânamo]. Isso vale para o Irã, vale para os Estados Unidos e vale para o Brasil...
- Reforma tributária: [...] Vamos mandar [para o Congresso] medidas tributárias e não uma reforma. Vamos mandar várias para ter pelo menos uma parte aprovada. Mandaremos também o Programa Nacional de Ensino Técnico (Pronatec) e o programa de Erradicação da Pobreza. [...] Na nossa agenda, é para este semestre.
- Bolsa Família: [...] Estamos passando as tropas em revista e mudando muita coisa. E tem que ter sintonia fina. Há profissionais dedicados ao estudo da pobreza que diz que se você não focar, olhando a cara dela, você não consegue tirar as pessoas. E nós queremos, desta vez, estruturar portas de saída.