por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

TODOS NO CRATO FÊNIX CLUBE - por Ulisses Germano

Meus amigos são meus abrigos! Batista é um ser supimpa! É uma pessoa e um músico talentoso que vive plenamente sua simplicidade. Certamente estarei presente a esta festa que poderá ser o início de uma corrente de solidariedade entre nós, pessoas da provincia cratense. Escusado dizer que a divulgação é fundamental para o sucesso de qualquer evento. Estarei presente participando e vibrando para que a grana seja de grande serventia para o recomeço de sua família que no meu modo de sentir e pensar é exemplar. Deixo aqui um trecho do meu cordel dedicado a Amizade:

No trato com a convivência
Todos somos jardineiros
Quem cultivar a consciência
Sem subterfúgios faceiros
Saberá do privilégio
Do maduro sortilégio
Dos seres que são inteiros

Toda solidariedade
Vem do amigo verdadeiro
Quem possuir maturidade
Saberá dizer ligeiro
Que a amizade é a quintessência
De toda nossa existência
Nesse mundo passageiro.

(trecho do folheto A QUINTESSENCIA DA AMIZADE - Ulisses Germano)

"O Sertão está dentro de nós..."

Onde eu for levo comigo
o sertão dentro de mim,
a saudade é um sentimento
dele não conheço fim

eu apenas me conformo
com tanta iniquidade
vivo cá no meu sertão
mesmo dentro da cidade

eu assim me fortaleço
só recebo o que mereço
de dor ou felicidade

meu amor eu ofereço
sou leal, não tenho preço
cultivo sinceridade

(citanto Guimarães Rosa)

José Lewgoy (Veranópolis, 16 de novembro de 1920 — Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2003) foi um ator brasileiro.

Todas as cartas de amor são ridículas


















Acometimentos
StelaSiebraBrito

já escrevi cartas de amor
e
sabidamente exdrúxula
fui ridícula

já escrevi cartas de amor
e
perdidamente exdrúxula
fui erótica

já escrevi cartas de amor
e
ferinamente exdrúxula
fui catártica


Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas. (Fernando Pessoa)
Telha De Vidro
Amelinha
Composição: Tiago Araripe/Alencar Araripe


De noite pela telha de vidro
Vem a lua nova pra me dar aviso
Que o meu coração já não tem aonde
Guardar o que esconde e que é preciso
Sangrar como um açude
Que cheinho d'água pra todo verão
Derrama se rindo da seca
Piscando légua nesse meu sertão
Meu bem onde que você está
Vem cá, vem me levar embora
O sol me diz pra eu ficar
A lua quer me ver lá fora.

"A Fase Azul de Picasso"




"Retrato de Suzanne Bloch"
Quadro de 65x54 cm, é a última obra em sua fase azul, e um dos quadros mais famosos dessa fase. Representa uma fase de inquietação artística de Picasso. Utilizando apenas tons de azul escuro, Picasso tentava tirar a profundidade das imagens. A "fase azul" está, ao lado do cubismo e da "fase rosa", dentro dos períodos mais importantes da carreira de Picasso.

Os trabalhos de Pablo Picasso são freqüentemente descritos através de uma série de períodos de transição.

“La vie” (A vida) é uma pintura de Picasso concebida em 1903. O óleo sobre tela está no Museu de Arte de Cleveland – Estados Unidos. A obra é considerada parte do Período Azul. Período Azul de Picasso ocorreu entre 1900 (1901) e 1904 ( 1906 ).

Nesta fase o artista retratou pessoas infelizes pintadas em tons de azul, evocando sentimentos de tristeza e alienação. Acredita-se que este momento tenha sido influenciado pelo suicídio de seu amigo Carlos Casagemas, ocorrido em 1901.

Sua morte é retratada em diversas obras do artista, como em “La mort de Casagemas” (A morte de Casagemas) de 1901 – óleo sobre madeira que está no Museu Picasso, em Paris.


Mendigos na Praia , 1903, óleo sobre madeira, National Gallery of Art, Washington D.C.

Pesquisa e Imagens
http://www.10emtudo.com.br/imprimir_artigo.asp?CodigoArtigo=47
http://www.terra.com.br/criancas/picasso.htm
http://www.pitoresco.com.br/universal/picasso/picasso.htm
http://www.sabercultural.com/template/obrasCelebres/PabloPicasso.html

A Feira do Crato da minha infância - por Magali de Figueiredo Esmeraldo.

Lembro-me que evento tão movimentado era a feira do Crato! No domingo à noite, os feirantes já colocavam sacos de feijão, na frente da calçada da casa onde eu morava, para a feira do dia seguinte. A economia do Crato dependia em grande parte dos produtos agrícolas. Os pequenos feirantes tiravam o sustento de suas famílias do resultado dessa feira semanal. Os proprietários das casas comerciais, graças ao aumento do fluxo de pessoas que vinham ao Crato, também se beneficiavam com a feira.

Era uma grande feira que se estendia por várias ruas do centro da cidade, pois naquela época não existia supermercados, só pequenas mercearias. Hoje a situação da feira é outra. Atualmente, embora tenha mudado de local, ainda serve de sustento para algumas poucas famílias e ponto de encontro dos moradores da zona rural. Além do mais, alguns produtos somente são encontrados na feira, como potes de barro, tamboretes, candeeiros e outras pequenas coisas.

No trecho da Rua Dr. João Pessoa onde eu morava, a minha euforia de criança era grande ao ver, já no domingo à noite, aqueles sacos de feijão empilhados sobre a minha calçada, pois sabia que com primos e primas íamos brincar em cima deles. A criatividade era grande, brincar de se esconder, ficar sentados enquanto uma prima nos contava histórias e muitas outras brincadeiras divertidas.

No outro quarteirão para lá da Praça Juarez Távora, chegando ao início da Rua Dr. João Pessoa, era a feira de barro. Era lá nesse trecho, que moravam minhas primas, que fizeram parte da minha infância. Na casa delas, muitos feirantes guardavam suas panelas de barros empilhadas no quintal para venderem na próxima feira. A mãe delas, por ser muito solidária, tinha a boa vontade de emprestar o quintal para os vendedores. Eu, na minha peraltice de criança, certa vez resolvi subir num pé de seriguela existente no quintal da casa das minhas primas, para logo em seguida cair, quebrando todas as panelas de barro que forravam o chão abaixo da árvore. Fiquei por alguns segundos sem fala, deixando todos nervosos e alvoroçados. Passado o susto maior, a gargalhada foi geral, porque eu na minha dificuldade de falar, a primeira coisa que disse foi: “Estou sem fala!” Depois desse sufoco, eu tive de ir para casa contar o que aconteceu ao meu pai e minha mãe, que além da preocupação com minha queda, tiveram que arcar com o prejuízo pagando aos pequenos comerciantes.

Na segunda-feira, logo ao amanhecer o dia, já se ouvia o barulho do pessoal arrumando as barracas para o início da feira. Ficava me distraindo vendo na parede do quarto, através da réstia do sol, pessoas se movimentando na rua. Imaginava estar assistindo um filme, devido às formas serem tão perfeitas. Era hora de me levantar para ir à aula e cumprir minhas tarefas de estudante. Quando voltasse, tinha a tarde toda, para me debruçar na janela da frente da casa e observar os transeuntes, porém antes tinha que fazer os deveres de casa.

A feira era o ponto de encontro do pessoal do campo que, além de fazer suas compras, aproveitavam para conversar. O dia era de animação para todos. Quando anoitecia os feirantes cansados, mas felizes desmontavam as barracas, varriam o local e deixavam em ordem. Tudo recomeçaria na próxima semana.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Pescando nos bastidores ...


O mar sacia
Minha sede
De horizontes...

(Tiago Araripe)


Canção- Por Joaquim Cardozo- Colaboração de Joaquim Pinheiro



JOAQUIM CARDOZO
RECIFE-PE = 1897-1978


Canção


Venho para uma estação de águas nos teus olhos;
Ouves? É o rumor da noite que vem do mar.
Meu amor.
Perto de mim o teu corpo cheirando a flor de cajueiro.
Que saudades do sol. Do mar de sol.
Do nosso mar de jangadas.
Escuta:
A noite que vem cantando
Vem do mar.
Para que eu voltasse tu me prometeste novas carícias
No entanto o que me dás agora é ainda o mesmo amor
De antigamente.
E depois estás mais velha.
Os teus olhos bruxuleiam.
Os teus lábios se apagaram.
Eu vou partir.
As barcaças vão passando junto ao cais.
Eu vou partir, viajar.
Itapissuma. Goiana. Itamaracá.
Olha o verão que vem!
Viva o verão que vai chegar.
Viva a paisagem roxa dos cajueiros que vão florir!
Eu vou partir, viajar.
Se você quer ver uma sereia
Não procure na tempestade
De areia.



Trajetória (recado a um amor que já morreu)
por Vera Barbosa


Criação do Homem - Michelangelo

Vim para lhe dizer que já lhe perdoei, porque me perdoei antes. Por ter acreditado, apostado, me entregado. Não sei se muda alguma coisa na sua vida saber, mas fez toda a diferença na minha.

Foi um processo longo, exaustivo e bastante doloroso. Mas estou refeita e não há por que alimentar sentimentos que não me fazem bem. E, com o Natal, algo mais profundo toca o coração da gente, impossível ficar apática a essa comoção. Até porque não sou uma pessoa rancorosa, só preciso de um tempo para diregir os fatos e compreender o propósito das coisas.

Estou em paz. Desejo que também esteja.

Se me permite, só para elucidar... a forma como aconteceu ainda me causa tristeza, não vou mentir. Às vezes, lembro de tudo - e choro. Mas já entendi e aceitei o fim. "Não há por que chorar por um amor que já morreu". A vida segue seu curso, e a gente vai se adaptando. Um dia, uma semana, um mês...

Se foi feito, não há volta. São as escolhas de cada um, que só lhes dizem respeito, e sobre as quais terceiros não têm controle nem podem interferir. Cada um, somente cada um, pode saber o que é melhor para si.

A refação é lenta, milimétrica, requer cuidado e silêncio. Eu parei para escutar no silêncio que havia em mim, e onde seu silêncio gritava muito alto! E tudo, aos poucos, se transformou e voltou ao seu lugar.

De minha parte, não dá para ser amiga depois de tudo o que foi vivido, dito, sonhado e prometido. Não vim aqui com essa intenção. Apenas para lhe trazer votos de uma vida feliz.

Boas Festas junto dos seus!

Adeus.

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P.S. Hoje, eu sei "quando foi que a luz do poste se apagou".
 por Vera Barbosa

Diário de uma viajante II

Foto: Maria Edith Diôgo

Superando o medo  do perigo e do frio em El Tatio
Saimos de São Pedro do Atacama/Chile, que fica a 2.400 metros acima do nível do mar,  as 4:30 da manhã, a 15 graus abaixo de zero, percorremos 90 km, sempre subindo, numa estradinha tortuosa e de cascalho, para chegar no  El Tátio localizada na concha geotérmica do mesmo nome,  em direção  ao perigo da aventura, da busca de emoções novas e um medo vinha e voltava. 
 Parecendo desenhos animados o deserto se apresentava das mais diversas formas, ora um mar de areia, quase infinita, hora terra seca misturada com rochas também de dimensões que fugiam a vista. Chegamos as 6 da manhã e assim que descemos do transporte o fenômeno surgiu do nada, aquela nuvem de fumaça a nossa frente, aquele barulhinho parecendo água fervendo na panela, parece que a natureza estava ensaiada para aquele momento. Eram os geyisers saindo para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura. Estes geiseres são formados quando os rios gelados subterrâneos entram em contacto com as rochas quentes.
A beleza da paisagem entorpecia nosso medo e nos dava uma coragem inacreditável  diante das possíveis adversidades dos  Geyisers – Coluna de vapor ascendente  brotando repentinamente da terra. Espetáculo extraído de filmes de bruxas e feiticeiras, cenário para um encontro de mágicos num imenso picadeiro de fumaça a céu aberto. Um grande espetáculo da natureza, onde as vicunas entram como figurantes acompanhadas de guanacos. Parecia que estávamos num mundo encantado, numa terra encantada onde o encanto mudava a cada brotar de fumaça do solo e ao deparar com lagunas de águas termais.
Perigo a todo momento: a água fervente que fica abaixo da terra a qualquer instante pode surgir numa temperatura de 85 graus, mas  valia arriscar em me afundar nesta água fervente. A fumaça não deve ser inalada pois está cheia de substâncias que podem causar danos as saúde. Mas não me contive em me adentrar na fumaça, como se a natureza estivesse me incensando, limpando minha existência, ainda bem que minha teimosia não trouxe danos para o meu corpo, já bastante forçado pelos caminhos do deserto neste misto de céu e inferno. Em alguns instantes me vinha as lembranças da infância, das aulas de catecismo no colégio Santa Cristina em Nazaré da Mata e na minha frente aparecia aquela paisagem como imagem viva do purgatório, num movimento ciclo entre estes três mundos que ha muito tempo atormentava minha existência. Ali deixei subir, em desconstrução, naquelas fumaças toda essa idéia.  Essas novas descobertas proporcionaram um sentimento de alívio: ali eu estava deixando todo o medo do pulgatório e do inferno e abandonava também o céu. Saí mais viva, mais inteira, livre de tantos conceitos cristãos que atormentam nossa vida. O paraíso somos todos nós....Gaivotas acompanhavam este meu pensamento, voando baixo, bem pertinho de mim, era a confirmação daquela inspiração e daquela verdade, Uma delas pousou quase encostando na minhas botas, para comer pequenos pedaços de pão lançados ao solo por algum turista.
O  frio aos poucos ia dominando cada parte do meu corpo, as mãos pareciam blocos de gelo, mas nada daquilo impedia que os limites do meu corpo me permitisse superar e seguir em frente, percorrer cada caminho daquela  peregrinação /espetáculo que a cada momento vinha com uma beleza diferente.
O sol chegou e com ele uma visão alucinante dos vulcões que nos cercavam, velhos fazedores de fumaça e de fogo que ao longe espiavam o que haviam provocado a sua frente ao longo do tempo.
Aos poucos o calor do sol foi nos acariciando, nunca ele chegou tão bem vindo, o corpo fazia festa, comemorava tudo que havia sentido, aos poucos as vidas de dentro e de fora se harmonizavam e uma sensação de prazer ia se espalhando misturada com um sentimento de conquista e de vitória. Os olhos pareciam telescópios e agora adquiriam um brilho visto só por mim, naquele espelho que se apresentava de forma azul lá naquele céu tão limpo.
No regresso alguns instantes de olhos fechados gravando na minha memória aquele momento único da minha existência. Já dentro do ônibus, um sono leve e tranqüilo se apossava de mim até que o guia nos convida a observar a diversidade dos ecossistemas do atacama. Estávamos aos pés da cordilheira dos Andes, e o vulcão Licancabur, onde a gente passava, estava a nos espiar.
Eu: cidadã do mundo

9 de Fevereiro- Dia do Frevo !



Olhos suspensos- Por Domingos Barroso



Quem disse
que as minhas botas
são tristes?

Encostadas em uma cortina de vime
elas me dizem: "somos boas meninas"

Passam por elas (e somem)
as sombras das formigas.

Quem disse que os meus fantasmas são humanos?
Dormindo no teto há todos os tipos de insetos.

O único mal fazem para si próprios
quando têm pesadelos e despencam
ao fundo do abismo da minha boca aberta.

Nâo sei se ranger os dentes é meu passatempo predileto.
Nunca ninguém me acordou de madrugada
com algodão-doce e garapa de açúcar.

Os esquilos rangem mais que eu
mesmo assim jamais estão sozinhos.

Têm damas esquilas, senhoras esquilas,
mocinhas esquilas e as ninfas esquilas
(ah, meu pai) é de me enlouquecerem!


 por Domingos Barroso

A poesia de Lupeu Lacerda

Éter pra reter o retorno eterno
Esquecer o terno pendurado no cabide empoeirado
Do esquecimento mensurado
Esquecer o aperto terno no coração balançando
Em um balanço velho de infância esquecida ali sei lá onde
Eterno retorno ao que parece bom
Porque longe, porque editado
O osso duro que na lembrança parece carne macia
O tempo é um cachorro sem dentes
Que esqueceu o sabor da comida
Éter
 por lupeu lacerda

Blecaute






Otávio Henrique de Oliveira (Espírito Santo do Pinhal, 5 de dezembro de 1919 — Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1983) foi um cantor e compositor brasileiro.
Era também conhecido pela alcunha de "General da Banda", devido a seu maior sucesso, a marchinha de Carnaval anônima.

Carmen Miranda e Ary Barroso - Por Norma Hauer


CARMEN MIRANDA
"TAÍ"...
, Foi no dia 9 de fevereiro de 1909 que nasceu, na freguesia da Várzea da Ovelha, em São Martinho da Alvorada, distrito de Porto-Portugal , Maria do Carmo Miranda da Cunha, a nossa CARMEN MIRANDA.

Muito já se falou dela em revistas, livros biográficos, jornais, rádios e televisão, além de tudo que consta na Internet. Assim, vou expor algo não encontrado nesses meios de comunicação. Ou por desnecessários, ou por não interessar ao público, ou por não marcarem nada especial. Mas que fizeram parte da vida de Carmen.

Não sei quem "descobriu", no início de sua triunfante carreira, que Carmen não nascera no Brasil. Ela (que para aqui viera com apenas 1 ano ) negou dizendo que era brasileira de fato. Era de fato, mas não de direito
Posteriormente, pelas dúvidas então lançadas, ela confessou ter nascido em Portugal e que para aqui viera muito pequena e se sentia brasileira. Entendo bem, porque com Carlos Galhardo aconteceu fato semelhante. Ele nasceu na Argentina, mas sempre se disse brasileiro, visto que veio para cá com apenas dois meses.

Outro fato pouco registrado é que Carmen viveu algum tempo em Santa Teresa quase no final de Rua André Cavalcanti, exatamente na parte da rua em que termina a ladeira e começa uma escadaria, diferente de todas as outras existentes no bairro .
Sua casa ainda está lá.
A molecada dessa época, descia as escadas para vê-la e a sua irmã Aurora; estas também a subiam para passear na Rua Almirante Alexandrino. Minhas irmãs mais velhas sempre iam vê-las. Uma vez me levaram.

Pouca gente (adulta em 1955) deve se lembrar que na data de seu falecimento (5 de agosto de 1955) a cidade amanheceu coberta de luto.
Era por Carmen? Não! mas passou a ser. Fazia 1 ano que o Major Rubens Vaz fora morto (quem seria assassinado era Carlos Lacerda) mas o povo, vendo as bandeiras pretas pensou em Carmen, uma estrela que, naquela data, deixara de brilhar.
Mais uma que talvez poucos tenham ligado: Carmen viveu 46 anos e sua irmã Aurora, quase o dobro: 90 anos: de1915 a 2005.

Norma
QUANDO ARY BARROSO PARTIU...
Sobre Ari Barroso já falei algo em sua data natalícia (7 de novembro). Nesta quero apenas lembrar que o dia 9 de fevereiro de 1964 "caiu" no domingo de carnaval e nesse domingo a Escola de Samba Império Serrano estava fazendo homenagem exatamente a Ary Barroso, com o enredo "Aquarela Brasileira".

E Ary Barroso estava falecendo nesse domingo de carnaval.

Nessa época, o desfile era na Avenida Presidente Vargas onde eram montadas arquibancadas de madeira; desmontadas passado carnaval e remontadas no ano seguinte.

Somente em 1984 ocorreu o primeiro desfile no Sambódramo, mandado construir por Leonel Brizola e tendo como arquiteto Oscar Niemeyer, ainda vivo e trabalhando, com seus 103 anos.
Norma

Curtas.Liduina Belchior.

Atar nós ao amanhecer
trabalhar a exuberância do oxigênio,
viver o novo dia como o mais precioso
amigo...
Desatar nós ao anoitecer.

Loucos e santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."

Oscar Wilde