por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O CONSTRUTOR DE GENTE.




PADRE AGIO AUGUSTO MOREIRA.

 

Falar do Padre ágio não é nada difícil. Falar do Padre Àgio é falar de alguém que durante toda a sua vida assumiu o sacerdócio de construir gente, como diz a musicista Izaira Silvino. É falar em SONHOS POSSÍVEIS...

Padre Ágio, nasceu no distrito de Quixará - na época pertencente à cidade de Assaré – Ceará, hoje Farias Brito. Começou a formação religiosa, aos doze anos, em Campinas, São Paulo, junto com o seu irmão David Moreira. Os estudos continuaram no Seminário Diocesano da cidade de Crato - Ceará, onde teve o seu primeiro contato com o estudo teórico da música. Depois no  Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde aprimorou os seus estudos em musica clássica e Canto Gregoriano.

Voltou ao Cariri depois de ordenado Padre, indo trabalhar num pequeno distrito/localidade chamado Goianinha (hoje Jamacarú), em Missão Velha (CE). Lá em foi surpreendido por um grupo de trabalhadores rurais, entoando os chamados “Cânticos de Trabalho”. Divididos em voz masculina e feminina, a duas vozes, dentro de uma harmonia e afinação quase perfeita. Alí surgiu a idéia de fundar uma escola de música para trabalhadores rurais. Pensou até que ponto música poderia se transformar num instrumento de crescimento e despertar individual e coletivo  para crescimento e o desenvolvimento humano.

Em Jamacarú, levou os trabalhadores para cantar na igreja durante as missas. Iniciou uma triangulação divina entre música, religião e trabalho. Mas foi no Crato que se concretizou o seu projeto.

Começou no Lameiro, ensinando solfejo, canto gregoriano e o manuseio de intrumentos musicais (acordeon, Violoncelo piano e violão). Seus primeiros alunos foram, José Nilton Figueiredo, José Moreira e outros dois que atendiam pelos apelidos de Pituxa, Frajola. Continuou o projeto no Belmonte por volta de 1965 com a Escola de Música Heitor Villa Lobos. Primeiro os cânticos na igreja, pois lá no Belmonte já não via mais os cânticos de colheita. A partir daí direcionava-os para as aulas teóricas de música.

Como não podiam deixar o trabalho, os alunos manuseavam instrumentos de trabalho(pás, enxadas, facões, arados, etc.), enquanto outros cuidavam de gado. E à noite trocavam seus instrumentos de trabalho por instrumentos musicais e se embrenhavam em partituras, solfejos e cantos. A música já era parte das suas vidas.

A comunidade aos poucos, foi agregando a escola às suas vidas, as crianças eram incentivadas pelos pais a irem estudar música, e o projeto tomou corpo. Aos poucos eles começaram a se apresentar na cidade. Depois vieram as doações de instrumentos, de dinheiro, vieram pessoas da cidade ajudar na administração da escola, o número de alunos cresceu e a comunidade agora era parte da escola assim como a escola era parte da vida deles.

Assim, já se vão mais de meio século de sonho realizado. A escola transformou-se em Sociedade Lírica do Belmonte. Possui hoje possui um auditório, uma escolinha de alfabetização para crianças, uma orquestra, coral (adulto e infantil,) palco, sala de ensaios, capela, banda de musicas, camerata, etc. Atende um contingente de cerca de 150 alunos. Possui uma orquestra formada por 65 músicos distribuídos em instrumentos de corda (violões, violinos, violoncelos e baixos), instrumentos de sopro (de madeira e de metal), teclados, além de instrumentos de percussão.

Muitos dos alunos, hoje são professores de música na escola. Outros se espalharam pelo Brasil abrilhantando orquestras sinfônicas com os seus talentos. Ex. Salvador, João Pessoa, Maceió, Fortaleza, Rio de Janeiro e, sempre que podem, retornam ao distrito de Belmonte para cursos intensivos aos alunos da Escola. Alguns optaram por permanecer na escola, cativos que são do gosto pela música, exemplados que são pela grandeza, humildade e perseverança do Padre Ágio. Hoje são dirigentes e professores da escola. Muitos deles hoje com formação acadêmica, são doutores encaminhados pelo crescimento pessoal promovido pela música. Um exemplo para o mundo.
(IMAGENS:Internet)
 

Kaika Luiz – Um produtor com a cara do Cariri contemporâneo

Começou a produzir eventos no tempo em que fazia  tertúlias na sua casa, Kaika Luiz desde cedo manteve contato com a diversidade da produção do Cariri e nos últimos vintes anos vem se destacando pelo seu trabalho de produção cultural, tendo sido responsável pela vinda para região de artistas como Moraes Moreira, Fagner, Kid Abelha, Lobão, Luiz Gonzaga e Bandas como Seu Chico (Recife), As Chicas (Rio de Janeiro), Black Dog (Rio de Janeiro), Blues Power (Rio de Janeiro), Cabruêra (João Pessoa), Os Transacionais (Fortaleza), Os Caetanos (Recife), Caco de Vidro (Fortaleza) e muitos outros, além de quase todas as bandas do Cariri. Kaika também  é um dos defensores da criação do percentual de 2% receita municipal ara cultura.  

Alexandre Lucas –  Quem é Kaika Luiz?

Kaika Luiz  - Existe uma música do Nilton César, das antigas, chamada EU SOU EU que acho me identifica bem, principalmente no trecho onde ele canta: “Eu sou eu, foi meu pai que me fez assim, quem quiser que me faça outro, se achar que eu sou ruim.” Ouvia muito essa música nos parques que vinham para o Crato fazer a festa da exposição e padroeira, principalmente o Parque Maia. Sempre achei que essa música diz um pouco de mim.

Alexandre Lucas –   O que é o Cariri para você?

Kaika Luiz  - Uma lindeza que tive a grande oportunidade de nascer. Certa vez ouvi da amiga Izaíra Silvino que “O cariri tem um artista em cada esquina”. Isso é o que vejo também: por onde você anda aqui no Cariri você esbarra com um artista. Então o Cariri é isso.  Arte pura.

Alexandre Lucas –   Como se deu seus primeiros contatos com a arte?

Kaika Luiz  - Dentro da minha própria casa, desde cedo. Tive várias influências culturais. Inicialmente com meu irmão mais velho Nacélio, conhecido por Veinho. Eu era criança e ele teve uma banda aqui no Crato. Era o THE TOPS que já tocava muita música bacana. Outro irmão, o Roncy, um pouco mais velho que eu, mas um grande apreciador de rock,  eu curtia junto. A banda Ases do Ritmo, outro grande ícone das décadas de 70/80 no Cariri. Tive o prazer de ver e ouvir muitas vezes essa moçada sob a batuta de Hugo Linard. Aí vem Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Beatles, etc. Na literatura veio do Colégio Diocesano, onde estudei todo o ensino básico. Lembro bem do meu primeiro livro que ganhei de presente da professora Almerinda Madeira no meu aniversário. Foi “As aventuras de Tom Sawer” de Mark Twain. Nunca esqueci esse presente. No cinema, desde cedo nós convivíamos com a arte do cinema aqui no Crato, pois como todos sabem, tínhamos três ótimas salas de exibição e eu garoto estava sempre antenado com o cinema. Então, eu convivi com algumas vertentes das artes desde cedo, música, teatro, cinema, literatura, pintura, tudo isso fez parte da minha vida infantil e continua até hoje.

Alexandre Lucas –  Fale da sua trajetória:

Kaika Luiz  - Nasci na Rua Teófilo Siqueira, esquina com a antiga Rua Pedro II (hoje é Rua Vicente Lemos). Ali onde hoje tem um prédio e funciona uma xerox. Minha primeira escola foi o grupo escolar Alexandre Arraes. Em seguida mudei para o Diocesano. Desde cedo já me interessava em ajudar o meu pai no seu comércio na inesquecível Cantina do Oliveira que, mais tarde, profissionalmente, comandei por 25 anos. Com o falecimento do meu pai em novembro de 2000, resolvemos fechar a empresa e a partir daí comecei a levar a minha profissão de produtor cultural com mais afinco. Na realidade eu já o fazia antes, mas só a partir do ano 2000 é que me voltei totalmente para a profissão. A minha produtora foi fundada desde 1996. Neste cenário também trabalhei e ainda trabalho com publicidade e turismo. Sou meio workaholic, sempre procurando me envolver com arte, cultura e turismo.

Alexandre Lucas –   Você tem contribuído para a produção cultural na região do Cariri. Fale desse trabalho:

Kaika Luiz  - Pois é, isso começou também muito cedo. Acho que nos tempos que fazia as “tertúlias” em minha casa. Minhas festinhas já eram conhecidas. Depois, quando fui trabalhar no comércio, fui convidado a integrar a diretoria do Crato Tênis Clube, o que fiz durante oito anos. Nesse período as festa da “Exposição do Crato” aconteciam nos salões do CTC. Minha profissão de produção se intensificou muito nesse período. Foi no Crato Tênis Clube, principalmente com alguns componentes da diretoria, principalmente o Ermano Américo, que a coisa detonou. Aí trouxemos pra tocar no clube artistas como Moraes Moreira, Fagner, Kid Abelha, Lobão, Luiz Caldas, Luiz Gonzaga, Beto Barbosa, e muitos outros. Em seguida fiz algumas produções locais com o artista Nonato Luiz, e uma mini turnê estadual com o Didi Moraes. Tenho conseguido ultimamente em parceria com a produtora Mônica Vitoriano, da MC2 Produções, realizar bons eventos aqui na região, sempre procurando buscar novas linguagens musicais em atividades em outras regiões, em sintonia com a produção local. Bandas como Seu Chico (Recife), As Chicas (Rio de Janeiro), Black Dog (Rio de Janeiro), Blues Power (Rio de Janeiro), Cabruêra (João Pessoa), Os Transacionais (Fortaleza), Os Caetanos (Recife), Caco de Vidro (Fortaleza) e muitos outros, além de quase todas as bandas do Cariri. Sempre procuramos colocar uma banda local nessas apresentações no sentido de haver uma interação entre os estilos e para o conhecimento entre artistas.

Alexandre Lucas –   Como você ver a produção cultural na região?

Kaika Luiz  - Apesar das dificuldades, sempre tem acontecido bons eventos na área cultural no nosso Cariri. Disso podemos nos orgulhar, porque não é fácil realizar esses trabalhos por conta da forte pressão que sofremos com a mídia de massa em eventos de gosto duvidoso, mas que arrasta multidões, infelizmente. Mas graças a Deus temos feito a diferença no Cariri e isso juntamente com outras produtoras, com o SESC, a Secretaria de Cultura do Crato, que sempre tem nos apoiado e a nossa luta na busca de patrocinadores que nos ajudam a viabilizar esse evento. O Centro Cultural do Banco do Nordeste também tem feito um trabalho belíssimo aqui no Cariri, o que nos dá ótimas oportunidades de ver trabalhos de grandes nomes do cenário cultural brasileiro. Em relação aos artistas, fica impossível citar a todos, mas o Cariri é destaque digo que até internacional, por conta de grandes nomes que estão produzindo trabalhos cada vez mais belos e originais.

Alexandre Lucas –   O que você propõe?

Kaika Luiz  - Além dos 2%, que a lei deveria funcionar, proponho uma maior interação entre os produtores, os artistas, o poder público e as empresas, seja comércio ou indústria, no sentido de conseguirmos parcerias fortes para a viabilização de eventos bacanas. Proponho  melhor organização da cadeia produtiva da produção cultural, a fundação de uma associação, sindicato, ou, enfim, que todos, juntos, procuremos nos organizar melhor para o nosso engrandecimento e maior participação de todos.

Alexandre Lucas –   Você também é poeta. Fale da sua poesia:

Kaika Luiz  - Pois é, a poesia também sempre fez parte da minha vida. Desde muito tempo que escrevo, mas como sou muito tímido, nunca as publiquei. De repente me deu vontade de fazer isso através das redes sociais, o que tem me dado um ótimo feedback das pessoas. Achei muito bom isso. A minha poesia é super simples, mas utilizo sempre uma linguagem bem direta e bastante forte. Às vezes utilizo da métrica, mas nem sempre. São vários temas, muitos deles de ordem pessoal, mas tem também a poesia absurda, fora de contexto e engraçada. Gosto de brincar com as palavras, as vezes uso travas-línguas, e outros recursos para torna-la única. Por conta disso algumas delas já viraram música: duas feitas pelo grande músico Pantico Rocha e outro pelo baixista Gustavo Portela de Fortaleza. Estou feliz por isso e pela repercussão do que tenho escrito.

Alexandre Lucas –   Tem planos de publicar um livro com essas poesias?

Kaika Luiz  - Tenho sim, inclusive já recebi um convite para fazer isso através da amiga Eliza Mariano, uma cratense que mora em Fortaleza, proprietária da livraria Lua Nova, um ótimo espaço cultural da nossa capital. Estou organizando tudo isso, inclusive à procura de patrocinadores para viabilizar a impressão.

Alexandre Lucas –   Quais os seus próximos trabalhos?

Kaika Luiz - Estou  organizando para este segundo semestre. Dia 5 de outubro estamos viabilizando a vinda do artista Nigroover de Fortaleza e estamos procurando apoios pra fazer novamente o Reveillo’n’roll, com bandas de rock. Tem também a realização do meu maior sonho que é o FICA – Festival de Inverno do Cariri que estou na luta pra realizar no próximo ano. O FICA já tem projeto há uns 4 anos, já está registrado, só falta o principal: apoio, mas estou sempre procurando e nunca vou me cansar disso.

O "seresteiro do Planalto" - José Nilton Mariano Saraiva

Como ninguém é de ferro, em determinadas ocasiões o então Presidente da República Lula da Silva reunia nos fins de semana alguns membros do governo, na Granja do Torto (uma das residências oficiais do Presidente da República), a fim de confraternizar e jogar conversa fora.

Evidentemente, predominava a informalidade (nada de agenda, assuntos sérios, paletó, gravata e por aí vai), até porque o objetivo era esquecer por algumas horas os grandes problemas da nação, a pressão diuturna e... se reoxigenar para a batalha da semana seguinte.

Alguns dos freqüentadores, entretanto, intimamente miravam mais à frente, porquanto já se falava abertamente, àquela altura, sobre a sucessão presidencial, vez que Lula da Silva se achava impossibilitado de concorrer mais uma vez (já houvera sido reeleito). E isso, claro, mexia com o ego e a vaidade de uns, que sonhavam ostentar o “passaporte” homologatório da candidatura sucessória das mãos do todo-poderoso chefe.

Para tentar viabilizar-se como tal (candidato indicado pelo presidente, sim senhor), alguns fugiam do lugar-comum e adotavam a heterodoxia plena, naturalmente partindo do pressuposto de que “não importam os meios empregados, conquanto o objeto de desejo seja alcançado” (nem que tivessem que se expor ao ridículo e à chacota de muitos, no decurso da engenharia política afeta).

Um dos freqüentadores assíduos de tais noitadas, Ciro Gomes (um megalomaníaco que se julgava uma espécie de “messias”) bolou um jeito todo peculiar de se chegar ao chefe ainda mais e agradá-lo mais que todos, na perspectiva de ser o escolhido: assim é que, sabedor da preferência musical do chefe, deu um jeito de colocar no “cardápio-noturno”, da Ganja do Torto, o “momento musical”: e aí, em plena madrugada do cerrado do planalto central, ecoava a sofrível voz do “seresteiro do planalto”, tanto melosa quanto interesseira.

O resto todo mundo já sabe: Lula da Silva não se deixou levar pela “puxação-de-saco”, preferindo privilegiar a competência, daí ter escolhido Dilma Rousseff para concorrer (com sucesso), à sua sucessão.

Cartas postas à mesa, Ciro Gomes, preterido e sentindo-se injustiçado, procurou as televisões para, em horário nobre, afirmar em alto e bom som que entre a candidata de Lula da Silva e a de José Serra (seu arquiinimigo), este seria muito mais preparado, porquanto, como ele, Ciro Gomes, já houvera sido governador, ministro e tal, enquanto Dilma Roussef não tinha nenhum atrativo em seu currículo.

Foi então que, orientada pelo mentor, Lula da Silva, a candidata a presidente ofereceu-lhe uma simples “coordenação de campanha”, no Nordeste. Foi o suficiente e bastante para emudecê-lo de vez. Tanto é que trocou de novo de posição: voltou com malas e bagagens para a candidatura Dilma Rousseff.


A pergunta, então, é: um cara desses, sem qualquer consistência programático-ideológica, é confiável ???