por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 19 de julho de 2012

O futebol no Brasil - Por José de Arimatéa dos Santos

No dia do Futebol, mesmo a saber que todo dia tem futebol seja no PV ou no campinho ali da esquina ou na rua mesmo...
Todos nós somos sabedores dos graves problemas sociais causados pela grandiosa desigualdade social no Brasil, porém o escape da maioria dos brasileiros é o futebol que faz a alegria de todos nós com o futebol arte e as jogadas de encher olhos dos amantes do futebol.
O futebol no Brasil significa alegria e muito brasileiro acompanha seu time diariamente através dos vários noticiosos esportivos que jorram informações futebolísticas. Quem não sabe o jogador que fez o gol da rodada ou o goleiro que fez uma defesa espetacular?
E quanto a seleção brasileira, por enquanto em baixa, significa o futebol arte em que o espetáculo todo brasileiro espera ver sempre. A seleção mais estrelada no mundo do futebol campeã em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 sempre brilhou nos campos e com grandes jogadores como Pelé, Garrincha, Rivelino, Romário, Ronaldo Fenômeno e muitos mais como Zico, Rivaldo, Bebeto,... E quem sabe Neymar em 2014 entre nesse time cheio de monstros sagrados do futebol mundial.
Futebol a alegria do brasileiro e orgulho de todos nós. Verdadeira arte que integra todo um país. E transforma cada brasileiro em um técnico que sabe escalar seu time e cheio de esperança de mais um caneco aqui no Brasil.

MARINO PINTO-Por Norma Hauer


Foi aqui no Rio de Janeiro que ele nasceu em 19 de julho de 1916. Seu nome: MARINO PINTO, um compositor que obteve grandes sucessos em nosso cancioneiro.
Começou compondo em 1938, com Ataúlfo Alves, sendo que sua primeira gravação, na voz de Aracy de Almeida, já "estourou" . Foi o samba "Fale Mal, Mas Fale de Mim".
No ano seguinte,conheceu Wilson Batista e com ele compôs um dos sucessos, no ano seguinte, de Carlos Galhardo:"Deus no Céu e Ela na Terra".
Já um nome consagrado, passou a conhecer vários sucessos, com parceiros e cantores diversos.

Com Alberto Ribeiro, em 1941, compôs para Orlando Silva, o samba "Preconceito". Também com Alberto Ribeiro, um grande sucesso no carnaval de 1941, nas vozes dos "Anjos do Inferno":"Nós os Carecas"...

"Nós,nós os carecas,
Com as mulheres somos maiorais,
pois na hora do aperto
É dos carecas que elas gostam mais".

Foi um carnaval que os carecas ADORARAM.

No ano seguinte, em uma excursão pelo Norte e Nordeste, Orlando Silva lançou um samba de Zé da Zilda,com Marino Pinto, até hoje regravado por vários cantores:"Aos Pés da Cruz".

Luiz Vieira, quando comenta esse samba, gosta de dizer que a cruz não tem "pés"e sim um único pé.

Nesse mesmo ano, Isaurinha Garcia gravou "Teleco-Teco" e Carlos Galhardo, o samba "Largo da Lapa".

"Foi na Lapa, que eu nasci
Foi na Lapa que eu aprendi a ler.
Foi na Lapa que eu cresci
E na Lapa eu quero morrer".


Nos anos seguintes, novamente Carlos Galhardo gravava Marino Pinto, com "Seis Meses Depois" e "Desacordo", ambos Marino teve Waldemar Gomes com parceiro.

Mais uma vez com Wilson Batista, agora na voz de Déo "O Ditador de Sucessos", como foi designado por César Ladeira, gravou "A Morena que eu Gosto". Este samba projetou bem o nome de Déo.

Um grande sucesso de Dalva de Oliveira, foi composto com Herivelto Martins, de nome "Segredo"
. Este samba foi explorado por Dalva durante seu "affaire" com Herivelto, apesar deste ser co-autor da composição.

Nessa época da separação de Dalva e Herivelto, os compositores apoiaram um ou outro. David Nasser, por exemplo, apoiou Herivelto e foi cruel com Dalva, em uma coluna que escrevia no "Diário da Noite".

Já Marino Pinto ficou ao lado de Dalva e, com Paulo Soledade, compôs outro grande sucesso, que também marcou o "affaire" : "Calúnia".

Este foi "forte"..."deixe a calúnia de lado se de fato és poeta...". Mais outro, este com Mário Rossi:"Que Será?", que também foi sucesso na voz de Dalva.

Em 1951 Getúlio Vargas regressou ao poder eleito que fora no final de 50 e Marino Pinto, seguindo a onda, compôs para Francisco Alves gravar, o samba "O Retrato do Velho"

"Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar..."

Marino Pinto ainda fez parceria com Haroldo Lobo e Dalva gravou "Foi Bom"; com Tom Jobim "Aula de Matemática", gravação de Carlos José; outra com Paulo Soledade "Cidade de São Sebastião", gravação dos Anjos do Inferno e com Mário Rossi, gravação de Jorge Goulart, "Quem ainda não Pecou" e "Decisão".

Em 1959, João Gilberto "redescobriu" e regravou "Aos Pés da Cruz".

Encerrando, com chave de ouro, sua carreira, em 1965, Marino Pinto compôs uma obra-prima "Valsa de Uma Cidade", em mais uma parceria com Mário Rossi.

Nesse mesmo ano faleceu, no dia 28 de novembro, deixando uma grande bagagem musical.

Lições de Tsunamis e Maremotos


Diante de todas as críticas, ante tantos detratores, temos que concordar, amigos: a EXPO/Crato  tem demonstrado uma pujança impressionante nos seus mais de sessenta anos de existência. Encravada estrategicamente  nas férias de meio de ano, quando incontáveis filhos da terra acorrem com saudades do Cariri, a Exposição  tem se fortalecido ano a ano,  batendo todos recordes de público , se comparada com outros eventos do Sul Cearense. Falar mal da Expocrato já se tornou quase um divertimento por estas bandas , já faz parte do cotidiano da nossa cidade e, a história tem demonstrado, apesar do olho de seca pimenta dos nossos conterrâneos, a Expô só tem prosperado. Sendo assim, diante da imunidade absoluta aos impropérios da população, me sinto à cavaleiro para também pinicar o oratório da nossa mais tradicional festa. Sei que pouca coisa há de mudar, que a festividade continuará com um público invejável e que os organizadores estarão se lixando para minha visão pessoal e realista. Mas que jeito, né? De tanto gritar no deserto a gente termina por se acostumar ao monólogo  e  a perceber miragens de  um tempo mais bonito e menos caótico.Pois aí vão algumas elucubrações de um velho meio ranheta—a quem interessar possa -- e que nas duas últimas Exposições se recusou a participar da pantomima.
                                               Continuo visceralmente contrário às terceirizações dos shows do Palco Principal.  Parece-me de uma imensa preguiça política a terceirização. Sob o pretexto de baratear a programação ao Estado, se obriga a população a engolir shows de péssima qualidade e a preços abusivos . E mais, o  estado se imiscui da sua função básica  de promover Política Cultural. É possível sim, trabalhar com projetos e fazer uma grade gratuita de shows de ótima qualidade como o Festival de Inverno de Garanhuns vem fazendo há vários anos. O que há por traz das negociatas das terceirizações ?
                                               Não existe nenhuma justificativa plausível para a total exclusão dos artistas caririenses na programação principal da Exposição do Crato. Quem decide pela imolação de tantos valores ? Os mesmos que nos palanques enchem a boca chamando  “Cidade da Cultura ? Que homenageiam o grande Gonzagão com o Forró de Plástico: sem Dominguinhos, sem Flávio Leandro , sem Waldonis, sem Flávio José ?  
                                               A mais popular das festas caririenses loteia o Parque Estadual  a preços caríssimos e que termina sendo bancados pelo povo.  Houve shows em que os ingressos chegaram a ser vendidos a mais de cem reais. As barracas do Palco principal cobravam mesas a cinqüenta reais, fora o consumo normal, um pratinho de petiscos vendia-se a quarenta e cinco pilas. Alguns visitantes propunham inclusive  trocar o nome do evento para Explora/ Crato. Espaço público utilizado numa festa pública com tantos envolvimentos do setor privado, como é feita a prestação de contas ?
                                               É de  uma total irresponsabilidade a sujeira do Parque. Sem depósitos adequados e sem a educação necessária, o lixo é jogado no chão e vai se acumulando dia após dia. No sábado aquilo já parecia um grande Lixão. Por que não há coleta sistemática e diária? A higiene da maior parte das barracas era de fazer engulhar. Quem deu o alvará para o funcionamento? Quem fiscaliza o uso e manuseio dos alimentos a serem preparados?
                                               Ficou para mim mais que provado que o atual Parque de Exposição não tem mais estrutura nenhuma para abrigar um evento de tamanha magnitude. O trânsito ficou extremamente caótico, o fluxo no próprio local , no penúltimo dia, estava praticamente impossível e o som das bandas infernizou a vida de toda uma população circunvizinha. A cidade cresceu muito nos últimos sessenta anos, é preciso sim, repensar o espaço. Vamos construir um outro fora da Cidade e pensar em utilizá-lo durante todo o ano em outras atividades. O atual pode se transformar num parque florestal urbano para os deleites de lazer do nosso povo e continuará, sim, presente nas nossas vidas e nas nossas tradições.
                                               Sei perfeitamente que escrevo essas palavras  sobre as águas. Têm a força de um instante líquido e fugaz. Mas deixem-me sonhar que terão o poder de chegar aos tímpanos do tempo com lições de tsunamis e de maremotos.


J. Flávio Vieira

Colaboração de TL- Teka L Maia




A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia. Coisas do português.

A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.

Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.

Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.

Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".

Devido lugar: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas..

Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".

Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico Buarque ("Pra  ver a banda passar / Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou.         Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava
nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".

Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer  coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa.. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Coisa à  toa. Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".
ENTENDEU O ESPÍRITO DA" COISA"  ? 

(autor desconhecido)

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Carrossel - Emerson Monteiro

Há paz, paz definitiva, no olho do furacão, conceito de religiões orientais. Esta paz existe dentro de tudo, inclusive no coração das pessoas. Há inércia absoluta no centro dos eixos em circunvolução. O carrossel e o carrossel deste chão em movimento guardam em si a Paz.

Qual nos acontecimentos fervilhante dos dias, quem gira e passa são as coisas. As dez mil coisas, que vêm e vão rumo do monumental desconhecido. O tempo, esse ente abstrato, permanecerá indeclinável, eterno. O desejo da perpetuação mora, sim, nos objetos e nos sujeitos. Apelos em forma de vontade ainda para permanecer vive no âmago das peças que somos em atividade constante, que vagueiam pelos ares em torno dos eixos, dos centros, das ilusões lá de fora.

O Amor, por exemplo, equivale, com isso, à completa ausência do ódio, da antipatia. O Silêncio, à inexistência dos ruídos. Paz, à exclusão absoluta das guerras, dos conflitos, querelas, desavenças.
Esse mergulho ao fundo último da gente representa a ação que salvará o princípio original, continuação da espécie através da descoberta providencial do Eu verdadeiro. Envolvimentos outros com estilhaços que voam nos territórios em permanente queda livre arrastam a desfiladeiros mortos do passado.

A presença de tudo que se esvaia fala do prazer dos perdidos desesperos, conquanto o expresso da sequidão invade vales de solidão, ressacas, saudades imensas, doses que sucedem alegrias, nos instantes seguintes do gozo físico. 

Portanto o ritual da salvação significa o respeito das leis do firmamento, da Lei. Domar o touro bravo da fome de carregar cacarecos ao lombo, escolher o pólo inefável das emoções, do melhor para nós sempre. Conter o infinito em Si, a chave, a porta.

Pisar devagar, concentrar o pensamento e fustigar as alturas. Viajar ao País dos Mistérios através do longo tempo eterno, inevitável, que nos contém perpendicular, frontal, a escorrer cá bem dentro a subjetividade. E sair pelas vaidades, quando quiser abandonado aos ventos o calendário.

Assim, no foco quente do presente queima o carvão aceso do futuro e forma fogueiras de brasas apagadas no passado aqui junto dos pés, horas mal digeridas, inaproveitadas, matérias orgânicas em matérias inorgânicas dos ponteiros dos relógios que não param, oxigênio em carbono, todo tempo até os estertores da máquina da vida na carne; vidas que voam, que voam em busca de novas vidas.

Nessa lenda de que o tempo passa, quem passa são os objetos e as pessoas. Nem o piso onde pisa desliza, pois o palco do Universo habita o âmago do permanente no tudo com destino ao Nada finalmente.

Clementina de Jesus da Silva



Clementina de Jesus da Silva (Valença, 7 de fevereiro de 1901 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 1987) foi uma cantora brasileira de samba. Também era conhecida como Tina ou Quelé.

Olinda é só para os olhos.- fotos de Stela Siebra !



O BRASIL AINDA TEM MAIS PÚBLICO DO QUE POVO!

       Em 2003 o Ceará era o terceiro Estado com maior número de analfabetos. Lembro que ao ler esta triste estatística fiquei muito triste, mas como não conseguia dimensionar o estrago que isso representava para o nosso Estado pensei, cá com meus botões: A conivência é para a corrupção, o que a compaixão é para o amor. Meu sendo prático-político hoje não mais aceita apontar culpados, embora a polêmica em torno da educação seja inevitável. Sei que não tenho tempo de vida suficiente, nem os responsáveis por essa bagaceira pedagógica, para um dia ver meus irmãos brasileiros lendo estampado nas manchetes de primeira página: AGORA TODOS OS BRASILIANOS SABEM LER E ENTENDER. Nossa utopia invalidará nossas ações? O cio de ensinar vencerá o cansaço? 
      O fato é que as estratégias neoliberais fracassaram. Foi uma ação inconscientemente intencional? Esse desprezo pelo pobre, pelo suburbano, pelo favelado, enfim, esse abandono total em relação as pessoas que vivem à margem e abaixo da linha da pobreza está documentado e evidenciado em outra estatística entristecedora: 8 milhões de analfabetos funcionais no Nordeste.
     Qual a estratégia de ação? Sim, pois agora vamos ter que repensar tudo! Bem que o governo federal poderia adotar o slogan: BRASIL, TUDO POR FAZER! Seria bem mais honesto com todos nós professores e educadores. Acho que nenhum professor deveria ter medo de falar. É preciso dar voz e vez para os educadores, já que o sujeito da educação é uma entidade coletiva, ou pelo menos deveria ser.
       Não quero mais falar sobre educação, o que já foi escrito sobre esse tema já é o suficiente para resolver uma boa parte dos problemas. O que cabe agora é agir! Mas como agir se tudo está fragmentado? A greve dos professores das universidades federais do Brasil inteiro está passando  completamente desapercebida pela mídia e boa parte da população sabe que o Corinthias é campeão e que um tal de Cachoeira é um corrupto convicto. Afora esses fatos corriqueiros, tudo continua seguindo o ritmo de Abrantes que as classes dominantes querem em relação as mudanças essenciais e pertinentes. A coisa é tão ridícula que hoje temos em no Ceará dois sindicatos de  professores. Existe atualmente um sindicato que é visivelmente ligado ao governo do Estado, e o outro atrelado a outra corrente dos gritos de protesto do tipo "o povo unido jamais será comido!". Tudo que é fragmentado se tranforma em uma anomalia.
       Parei! Não falarei mais desse assunto. Quando observo a paisagem política de meu país dá vontade de elouquecer. Paulo Freire morreu triste, Dom Helder morreu triste! Eu os vi e senti na pele o quanto foi pesaroso para os dois que tanto amavam nosso país e que tinham a exata medida de tudo o que se passou e se passava com a nossa gente que inventou o samba, o baião, o chorinho, o maxixe, enfim, essa gente humilde das peladas que reinventou o futebol.
       O certo é que temos que investir na nova geração para que ela não venha a ser corrompida. Só tenho fé na juventude. É preciso entender Paulo Freire e superar, como ele mesmo disse, a nossa raiva frustrando nossos inimigos na dominação que eles estabeleceram sobre nós.
        Mas como "frustrar nossos inimigos" diante de tanta corrupção institucionalizada? A solução que eu encontrei foi criar um partido político em que eu pudesse me filiar. Um partido político muito parecido com o espírito de nossa Padaria Espiritual, a Constituição Federal desconcertante de Capistrano de Abreu, o humor nordestino de Quintino Cunha misturado com Barão de Itararé, Henfil... Foi assim que surgiu em Fortaleza no ano de 1996 o PARTIDO DAS QUESTÕES PERTINENTES (P.Q.P). Um partido humorístico mais sério até hoje criado no Brasil. Um partido político que luta pela sua clandestinade, já que apoia publicamente o VOTO NULO como ação revolucionária para reverter este quadro absurdo que dá voz e vez a um Maluf, um Collor e tantos outros ícones de nossa falta de vergonha que eu não tenho como listar.  Um partido político que não tem filiados e sim engredientes, pessoas pensantes  numa composição para o preparo de nossas utopias. 
      O dia 9 de julho de 2012 na cidade do Crato-CE. (só no Crato, mesmo) aconteceu a primeira reunião não oficial do Partido das Questões Pertinentes que gerou esta ata fresquinha que segue abaixo.


“O BRASIL NÃO TEM POVO, O BRASIL TEM PÚBLICO”       Lima Barreto

            Aos dias nove de julho de 2012 DC, em Crato de Açúcar - Ceará, por volta de 15:38, lua minguante, a diretoria do Partido das Questões Pertinentes (P.Q.P.) sem atas, só com caqui, nós da confraria novo sol temos pressa, pouco como nós , matutamos as implicações jurídico constitucionais a cerca do voto nulo, que tem como estofo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Escorçamos aqui a democracia como cerne da facultabilidade votal nos dando suporte para proclamarmos legitimamente o voto nulo.
            Em segundo momento dessa reunião ponderamos sobre as cores do símbolo maior do Partido das Questões Pertinentes (P.Q.P.). O fundo amarelo ovo representa, veementemente, os que estão nos acentos do Congresso brasileiro. O losango, ostentando a cor azul turquesa molhada, representa a fragilidade dos elementos vitais da subsistência humana. As letras que compõem a sigla do P.Q.P. tem como cor frontal o vermelho desbotado, representando a falácia ideológica, e nos seu contornado o verde musgo ressapiado, representando a não dimensão cuidante do homem com sua casa ou planeta Terra.  A úvula palatina representando o grito que deve ser gritado e a seu lado o siso careado representado a Antropofagia Banguela.  
            Sobre a confecção da camisa flâmula terá os seguintes destaques no seu anverso e verso. No anverso a bandeira do Partido das Questões Pertinentes, e no verso a citação do filósofo brasileiro Lima Barreto: “O Brasil não tem povo, o Brasil tem público”, e a nossa proposta da campanha eleitoral de 2012 – VOTE NULO.

Crato de Açúcar, 09 de Julho de 2012.

            Presentes nesta reunião Ulisses Germano Leite Rolim (Presidente Vitalino – Educaducador); Ezelita Girão de Menezes Magalhães (Professora BR.); Beethoven Simplício Duarte (Secretário de missões especiais do partido).


O BRASIL AINDA TEM MAIS PÚBLICO DO QUE POVO!

     
       Ulisses Germano