por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 19 de julho de 2012

O BRASIL AINDA TEM MAIS PÚBLICO DO QUE POVO!

       Em 2003 o Ceará era o terceiro Estado com maior número de analfabetos. Lembro que ao ler esta triste estatística fiquei muito triste, mas como não conseguia dimensionar o estrago que isso representava para o nosso Estado pensei, cá com meus botões: A conivência é para a corrupção, o que a compaixão é para o amor. Meu sendo prático-político hoje não mais aceita apontar culpados, embora a polêmica em torno da educação seja inevitável. Sei que não tenho tempo de vida suficiente, nem os responsáveis por essa bagaceira pedagógica, para um dia ver meus irmãos brasileiros lendo estampado nas manchetes de primeira página: AGORA TODOS OS BRASILIANOS SABEM LER E ENTENDER. Nossa utopia invalidará nossas ações? O cio de ensinar vencerá o cansaço? 
      O fato é que as estratégias neoliberais fracassaram. Foi uma ação inconscientemente intencional? Esse desprezo pelo pobre, pelo suburbano, pelo favelado, enfim, esse abandono total em relação as pessoas que vivem à margem e abaixo da linha da pobreza está documentado e evidenciado em outra estatística entristecedora: 8 milhões de analfabetos funcionais no Nordeste.
     Qual a estratégia de ação? Sim, pois agora vamos ter que repensar tudo! Bem que o governo federal poderia adotar o slogan: BRASIL, TUDO POR FAZER! Seria bem mais honesto com todos nós professores e educadores. Acho que nenhum professor deveria ter medo de falar. É preciso dar voz e vez para os educadores, já que o sujeito da educação é uma entidade coletiva, ou pelo menos deveria ser.
       Não quero mais falar sobre educação, o que já foi escrito sobre esse tema já é o suficiente para resolver uma boa parte dos problemas. O que cabe agora é agir! Mas como agir se tudo está fragmentado? A greve dos professores das universidades federais do Brasil inteiro está passando  completamente desapercebida pela mídia e boa parte da população sabe que o Corinthias é campeão e que um tal de Cachoeira é um corrupto convicto. Afora esses fatos corriqueiros, tudo continua seguindo o ritmo de Abrantes que as classes dominantes querem em relação as mudanças essenciais e pertinentes. A coisa é tão ridícula que hoje temos em no Ceará dois sindicatos de  professores. Existe atualmente um sindicato que é visivelmente ligado ao governo do Estado, e o outro atrelado a outra corrente dos gritos de protesto do tipo "o povo unido jamais será comido!". Tudo que é fragmentado se tranforma em uma anomalia.
       Parei! Não falarei mais desse assunto. Quando observo a paisagem política de meu país dá vontade de elouquecer. Paulo Freire morreu triste, Dom Helder morreu triste! Eu os vi e senti na pele o quanto foi pesaroso para os dois que tanto amavam nosso país e que tinham a exata medida de tudo o que se passou e se passava com a nossa gente que inventou o samba, o baião, o chorinho, o maxixe, enfim, essa gente humilde das peladas que reinventou o futebol.
       O certo é que temos que investir na nova geração para que ela não venha a ser corrompida. Só tenho fé na juventude. É preciso entender Paulo Freire e superar, como ele mesmo disse, a nossa raiva frustrando nossos inimigos na dominação que eles estabeleceram sobre nós.
        Mas como "frustrar nossos inimigos" diante de tanta corrupção institucionalizada? A solução que eu encontrei foi criar um partido político em que eu pudesse me filiar. Um partido político muito parecido com o espírito de nossa Padaria Espiritual, a Constituição Federal desconcertante de Capistrano de Abreu, o humor nordestino de Quintino Cunha misturado com Barão de Itararé, Henfil... Foi assim que surgiu em Fortaleza no ano de 1996 o PARTIDO DAS QUESTÕES PERTINENTES (P.Q.P). Um partido humorístico mais sério até hoje criado no Brasil. Um partido político que luta pela sua clandestinade, já que apoia publicamente o VOTO NULO como ação revolucionária para reverter este quadro absurdo que dá voz e vez a um Maluf, um Collor e tantos outros ícones de nossa falta de vergonha que eu não tenho como listar.  Um partido político que não tem filiados e sim engredientes, pessoas pensantes  numa composição para o preparo de nossas utopias. 
      O dia 9 de julho de 2012 na cidade do Crato-CE. (só no Crato, mesmo) aconteceu a primeira reunião não oficial do Partido das Questões Pertinentes que gerou esta ata fresquinha que segue abaixo.


“O BRASIL NÃO TEM POVO, O BRASIL TEM PÚBLICO”       Lima Barreto

            Aos dias nove de julho de 2012 DC, em Crato de Açúcar - Ceará, por volta de 15:38, lua minguante, a diretoria do Partido das Questões Pertinentes (P.Q.P.) sem atas, só com caqui, nós da confraria novo sol temos pressa, pouco como nós , matutamos as implicações jurídico constitucionais a cerca do voto nulo, que tem como estofo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Escorçamos aqui a democracia como cerne da facultabilidade votal nos dando suporte para proclamarmos legitimamente o voto nulo.
            Em segundo momento dessa reunião ponderamos sobre as cores do símbolo maior do Partido das Questões Pertinentes (P.Q.P.). O fundo amarelo ovo representa, veementemente, os que estão nos acentos do Congresso brasileiro. O losango, ostentando a cor azul turquesa molhada, representa a fragilidade dos elementos vitais da subsistência humana. As letras que compõem a sigla do P.Q.P. tem como cor frontal o vermelho desbotado, representando a falácia ideológica, e nos seu contornado o verde musgo ressapiado, representando a não dimensão cuidante do homem com sua casa ou planeta Terra.  A úvula palatina representando o grito que deve ser gritado e a seu lado o siso careado representado a Antropofagia Banguela.  
            Sobre a confecção da camisa flâmula terá os seguintes destaques no seu anverso e verso. No anverso a bandeira do Partido das Questões Pertinentes, e no verso a citação do filósofo brasileiro Lima Barreto: “O Brasil não tem povo, o Brasil tem público”, e a nossa proposta da campanha eleitoral de 2012 – VOTE NULO.

Crato de Açúcar, 09 de Julho de 2012.

            Presentes nesta reunião Ulisses Germano Leite Rolim (Presidente Vitalino – Educaducador); Ezelita Girão de Menezes Magalhães (Professora BR.); Beethoven Simplício Duarte (Secretário de missões especiais do partido).


O BRASIL AINDA TEM MAIS PÚBLICO DO QUE POVO!

     
       Ulisses Germano


      
      

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