por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

LUIZ GONZAGA EM PARIS, DURANTE A DITADURA, VISITA VIOLETA ARRAES - José do Vale Pinheiro Feitosa

A ditadura mais duradoura do Brasil, com maior número de vítimas fatais e grande número de torturados e desaparecidos foi engendrada como uma luta contra o comunismo. Este pintado com todos os ingredientes semióticos da visão negativa da cultura brasileira de então. Ser comunista no Brasil, era igual à prisão, tortura e até morte. Era como ser acusado de bruxa pela Inquisição Medieval.

Como os comunistas brasileiros não eram tantos, o suficiente para fazer face ao arbítrio, o linguajar da ditadora, inclusive em atos institucionais e notas de imprensa ameaçadoras, adotou um estilo do tipo chocolate sonho de valsa. Usaram a palavra subversivo contra todos os opositores (inclusive liberais e ex-aliados como Lacerda) subentendendo que no núcleo duro estava o comunismo.

Entendido que ser comunista no Brasil era ser usurpado de todos os direitos humanos e políticos.

Ai vem a história que me contou ontem José Almino, o filho mais velho do grande político Miguel Arraes, uma vítima de destaque da perseguição do golpe militar de 64. A história aconteceu com Violeta Arraes e Luiz Gonzaga.

Seu Luiz era um sertaneja muito esperto, nunca foi de muita leitura, enquanto serviu no Exército, por mais de 10 anos, nunca prestou sequer um concurso para cabo. Foi soldado a vida inteira e ligado aos músicos dos quartéis. Mas isso não impediu de ser um dos homens mais reconhecedores da própria situação, que tinha um criatividade sem igual e que sozinho criou o estilo de música nordestina que pontuou nas cidades e ocupou as mídias fonográficas, o rádio e os shows.

Seu Luiz inventou o regional nordestino com uma oportunidade sensacional. Não podia correr as estradas carregando um bando de músicos. Inventou a formação da sanfona, o bumbo e o triângulo. Este último sendo um músico achável em qualquer canto do nordeste. Era a formação que poderia levar num automóvel de passeio.

Um gaúcho se apresentou, com sucesso, a caráter, num programa de auditório. Seu Luiz mandou comprar no Juazeiro a roupa de couro mais enfeitada que tivesse. Daquelas que os vaqueiros não usam. Fernando Lobo (pai do Edu Lobo) que tinha programa de auditório até proibiu seu Luiz de usá-la. Mas assim ele criou o estilo.

Seu Luiz se juntou à melhor safra de poetas com temática nordestina, com aquele estilo matuto, assim como já fizera Catulo da Paixão Cearense. Eram letristas da cidade e educados, mas criaram o estilo de qualidade. Um Patativa do Assaré seria mais autêntico que estes doutores da letra nordestina? Difícil dizer, tal foi a dimensão que a música de Luiz Gonzaga cobriu a cultura nacional.

A verdade é que seu Luiz sempre esteve junto aos políticos e os adulava mesmo. Como vinha da terra dos coronéis, ao político da linha ideológica de direita ele era mais próximo. Elogiou o golpe de 64 e os militares por trás dele. E participou de campanhas eleitorais contra Miguel Arraes, inclusive tirando frases da própria lavra.

Aí vem a história com Violeta Arraes. Gonzaguinha foi para a Europa e levou seu Luiz a tiracolo. Em Paris, na companhia de outro músico amigo da Violeta, quis visita-la. E foram os três, incluindo seu Luiz até a casa de Violeta. Quando chegaram a Violeta os recebeu com agrado mas pontuou que antes de tudo gostaria de lembrar a seu Luiz a campanha dele contra Miguel Arraes que era um político que representava os interesses do camponês nordestino. A mesma origem de Seu Luiz.

Seu Luiz com muita calma. Disse mais ou menos assim: Dona Violeta, eu sou um matuto pobre, de família pobre, nasci num lugar perdido do mundo chamado Exu, toco um instrumento que pouco valor tem no meio dos ricos e a senhora ainda quer eu seja comunista?

Ou seja, levar porrada da ditadura!

Todos riram da tirada de seu Luiz.


Naqueles idos Gonzaguinha fazia parte da música de protesto, à esquerda do regime, com o Movimento Artístico Universitário (MAU) e seu Luiz foi seu padrinho em alguns festivais. Acontece que seu Luiz tinha caído num ostracismo artístico tremendo nos anos 60 e quem os recuperou foram os músicos da geração de Gonzaguinha como Caetano, Chico, Gil, Alceu entre outros.   

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Nunca mais ouvi uma seresta...!



Hoje tem show de Luis Melodia no SESC Juazeiro.Muito bom!



Músico/Banda
Luiz Carlos dos Santos (Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1951), mais conhecido como Luiz Melodia, é um cantor e compositor brasileiro de MPB, rock, blues, soul e samba. Filho do sambista e compositor Oswaldo Melodia, de quem herdou o nome artístico, cresceu no morro de São Carlos no bairro do Estácio.
Luiz Melodia foi muito influenciado pela Jovem Guarda, sobretudo Roberto Carlos.
Começou sua carreira musical em 1963 com o cantor Mizinho, ao mesmo tempo em que trabalhava como tipógrafo, vendedor, caixeiro e músico em bares noturnos. Em 1964 formou o conjunto musical Os Instantâneos, com Manoel, Nazareno e Mizinho. Lança seu primeiro LP em 1973, Pérola Negra. No "Festival Abertura", competição musical da Rede Globo, consegue chegar à final com sua canção "Ébano".
Nas décadas seguintes Melodia lança diversos álbuns e realiza shows, inclusive internacionais. Em 1987 apresenta-se em Chateauvallon, na França e em Berna, Suíça, além de participar em 1992 do "III Festival de Música de Folcalquier" na França e em 2004 do Festival de Jazz de Montreux à beira do Lago Lemán, onde se apresentou no Auditorium Stravinski, palco principal do festival.
É um ilustre torcedor do Vasco da Gama, tendo participado do Megashow comemorativo dos 113 anos do clube, onde apresentou as músicas "Estácio, Eu e Você" e "Congênito".


Memórias de chuvas, sertão, rio e mar, silêncios, poesia - por Stela Siebra




Essa imagem (que encontrei na internet) me comove, me traz memórias de chuvas, de águas, de sentimentos, de cumplicidade, de amizades. Irmãs, primas, amigas. Poesia.
Uma memória mais remota me leva à Ponta da Serra:
Noite de trovões e relâmpagos: chuva farta.
Manhã inundada de luz:
cheia no rio Carás
terreiros inundados com poças d’ água
ou então, nas margens dos caminhos,
riachinhos que corriam entre pedras
e iam do terreiro da nossa casa ao terreiro da casa de vovô Valdevino.
Eram nossos pequenos rios pessoais.
Outra memória, quase que bem recente, pois é do final dos anos 97 ou 98, é de uma certa tarde de chuva fina na praia de Ponta de Mangue. Eu e minha amiga Cris Aragão protegemos nossas cabeças com um plástico e fomos andar na beira mar.
A maré estava baixa, havia uma quietude na natureza, quase silêncio, quase felicidade.
                         Compartilhar silêncio é entender-se numa linguagem maior.
                        - Stela Siebra -

LAMPIÃO FEZ PROPAGANDA DA ASPIRINA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma das gerações mais ricas culturalmente do Cariri foi aquela que envolveu entre outros o Rosemberg Cariry, o Luiz Carlos Salatiel, Zé Flávio, o Jackson Bantim, apenas para localizar esta geração pois a lista de nomes de igual peso não é pequena. Inclusive o Ronaldo Brito e o artista Plástico Bruno Pedrosa, um pouco antes, também se incluem nesta riqueza.

Riqueza em quê? No soerguimento e na releitura quase mítica (próximo ao místico) da cultura do interior nordestino. Aquele com base econômica na pecuária, na agricultura de sobrevivência e no algodão (o “ouro branco”). A cultura que arrastava consigo um catolicismo quase primitivo junto com elementos indígenas. Aliás a proliferação de “pastores neo e pentecostais” não é outra coisa que não a mesma base não institucional da religião popular, embora muito vista como mera exploração como era visto o catolicismo popular nordestino.

Valores icônicos dessa geração: a família patriarcal e da fazenda sertaneja, os poetas populares (Patativa, Zé de Matos), as danças de raiz (reizados, coco etc.), beatos e a dinâmica religiosa acumulada em Juazeiro, o cangaço e a música popular nordestina. Isso incluindo mitos, músicas e textos que pessoas com o nível de educação desta geração tão bem soube levantar. Incluindo aí a história regional do interior nordestino (não praiano e não cana de açúcar).

Mas eles tiveram uma grande vantagem comparativamente aos tradicionalistas que realizaram grandes pesquisas sobre o passado do interior nordestino. Aqueles seguiam a esteira ideológica dos Instituto de Geografia e História, em seu tradicionalismo se tornaram, assim, conversadores com tendência ao refúgio no passado. Já a geração que cito deu novo significado à história interiorana nos termos da modernidade. Da transformação de natureza crítica, significando refazer um campo mítico que substancie o deserto pragmático burguês com sua individualidade consumista.

O Luiz Carlos Maciel mantém um blog (ou mantinha acho que chamava-se Cariri Encantado) como evidência do que digo. De vez em quando ele e o Carlos Rafael dão significado territorial ao “movimento” desta geração (esqueci o nome exato). A filmografia do Rosemberg é uma prova eloquente do que digo. Os livros do Zé Flávio. Os espetáculos de teatro anunciados pelos blogs representam este momentum da nossa cultura.

Agora ao título não é? Isso encontrei no livro “Benjamin Abrahão Entre Anjos e Cangaceiros” de Frederico Pernambucano de Mello. As filmagens feitas por Benjamim não teriam sido financiadas apenas pela Aba Film, mas pelo esforço do governo Nazista Alemão em sua aproximação com a América Latina. E esse esforço traduzido pela empresa alemã Bayern fabricante da famosa Aspirina.
Lembram do filme Cinema, Aspirina e Urubus? Acho que de cineastas pernambucanos. Ele mostrava exatamente o esforço da Bayern em divulgar seu principal produto com uma camionete nos anos 30 pelas estradas precárias do sertão, levando filmes e um projetor de cinema que ia de pequena em pequena cidade carregando nela um pequeno gerador movido pela camionete.

De modo que a proeza de Benjamin Abrahão ao filmar e fotografar Lampião teria sido financiada, também, pela Bayern. Inclusive todo o equipamento cinematográfico e fotográfico era da Zeiss alemã. As provas de Frederico são imagens de Lampião apontando para um cartaz de propaganda da Aspirina de falando palavras e outra imagem dele distribuindo sachês de aspirina para o seu bando.

Não quero com isso apenas dizer que a pesquisa histórica do interior nordestino, empreendida pelos tradicionalista, ressaltando grandes figuras patriarcais e da igreja católica, não tenham grande importância para nosso autoconhecimento. O que pretendo apenas é apresentar que mesmo Lampião já não era aquele cangaceiro medieval que tantos pintam. Assim como a geração que soube dialogar com a história entre o passado e o presente.

Mesmo quando o diálogo desta geração, numa ou noutra obra, por vezes se congele de modo não dialético, a verdade é que esta geração deu movimento e criou uma ponte icônica que nos valoriza frente ao “estrangeiro”. Aliás, lembro muito bem do cronista e poeta Airton Monte espinafrando na sua coluna em jornal de Fortaleza o tratamento “mítico” dado a Patativa do Assaré (conheci muito bem a vaidade de Airton e isso pode ter sido a manifestação de algum ciúme com Rosemberg que passou a influir na Capital). Em que pese que a poesia é um coletivo além de Patativa, o que se passava com Airton era um certo mal-estar com os valores do sertão em relação ao suposto universalismo do litoral.

Ou seja, a velha luta entre Franco Rabelo (Litoral) e o Padre Cícero (Sertão). O que o pessoal da cultura litorânea nunca compreendeu é que o lugar no mundo atual é aquele da recriação do nosso próprio mundo. Por isso meu abraço a esta geração do mundo caririense. 

Um poema de Socorro Moreira (de quem estamos com muitas saudades!



Nos tempos do verbo

        Socorro Moreira

Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso, mimo...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares, bocas...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis
O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada!
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais...
num jogo comum
E se todos chegassem,
num apelo coletivo?
- Eu ficaria contigo!
Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras...
E naquele trem, naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa, naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite, naquela praça
te entregaria os meus olhos.
Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos, em dias de prova
Disparos no coração, quando recebiam nota
A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir
o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou!
Senhora - vó
Querendo comer maçã
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

"GEORREFERENCIAMENTO" - José Nilton Mariano Saraiva

Você, refestelado na poltrona aí do outro lado da telinha, por acaso já ouviu falar em GEORREFERENCIAMENTO ??? Não ??? Despreocupe-se, a palavra parece não constar em nenhum dicionário. No entanto, saiba que além de complicada, aqui traduz e traz embutida mais uma grande sacanagem que querem perpetrar contra o Crato e o sue povo, tendo, como não poderia deixar de ser, Juazeiro do Norte como principal, “inocente” e privilegiado beneficiário (como o foi com a tal Região Metropolitana do Cariri, lembram ???).

Agora, entretanto, há que se atentar para a gravidade do problema que, embora de uma cretinice sem tamanho, materializar-se-á em curto espaço de tempo se a população e as diversas autoridades constituídas do município (Prefeitura, Câmara de Vereadores, Associações Comunitárias, Clubes de Serviço e por aí vai) não tomarem desde já uma providência enérgica, séria e urgente (mesmo ao custo de sublevar-se contra a ordem estabelecida).

Fato é que, como já não têm nada para nos tomar (porquanto através de manobras políticas pra lá de desonestas – vide a relacionada ao campus da Universidade Federal do Ceará  - conseguiram nos tirar tudo), agora a cambada de Juazeiro do Norte resolveu ser chegada a hora de nos tomar, simplesmente... parte do nosso território. Sim, senhores, é vero, acreditem e façam fé: um pedaço do nosso município, com tudo que lhe estiver sobre, poderá ser agregado a Juazeiro do Norte (via componente político).

Evidente que inconfessos interesses permearam tal situação. Assim, aproveitando que as nossas fronteiras municipais são imaginárias (assim como o são as estaduais), deu-se a articulação política via Secretaria de Planejamento do Estado do Ceará, Assembléia Legislativa, Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Associação de Prefeitos do Ceará e União dos Vereadores do Ceará, e tendo como cabeça o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), chegou-se ao plano de se partir para uma tal “redefinição das fronteiras municipais” (objetivando o quê, mesmo ???).

Que, no caso específico, nada mais será do que “fatiar”, “dividir” ou “repartir” o nosso município entre Juazeiro do Norte, Barbalha, Farias Brito e Caririaçu. Claro que o maior quinhão – o distrito Santa Rosa, - onde futuramente seria instalado o nosso parque industrial, será destinado a Juazeiro do Norte.

A conseqüência disso tudo ??? A se concretizar tamanho golpe, nossa população decairá, os eleitores do município decrescerão e, por via de conseqüência, a nossa cota do Fundo de Participação dos Municípios será reduzida (pois é, além de queda...coice).

Assim, clamando para que as nossas autoridades acordem, saiam do marasmo, não se acovardem e atentem para a gravidade e o perigo que corremos (mesmo que tenham que botar a boca no mundo), e dada à similitude das situações, tomamos a liberdade de anexar o oportuno...

No caminho com Maiakóvski

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam nosso cão, E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada”.


Senhor prefeito, senhores vereadores, povo do Crato: vergonha na cara e vamos à luta.

A CRISE VEM PELA CORRIDA DA MOEDA - José do Vale Pinheiro Feitosa

O mundo é assim. Já foi diferente. Será outro.

A SERASA EXPERIAN como é da natureza do seu negócio fez uma pesquisa com um recorte sociológico com base na capacidade de consumo. Desprezou o território e seu processo socioeconômico. Vamos tomar este caminho.

Antes uma explicação. Os limites do território processo é o espaço e a atividade humana (política e cultura). Os limites do recorte de consumo não é a produção e nem a circulação da mercadoria, mas o seu consumo. E no caso a capacidade de consumo.

Esta capacidade de consumo é controlada por outros fatores que não apenas a base econômica, por exemplo o poder do Estado, as máfias, as corporações, as multinacionais, os grupos de interesses ou as elites organizadas e mais outras organizações culturais como igrejas e tantas outras. Temos aí o efeito da concentração de poder de poucos repercutindo sobre todos.

Na verdade tal concentração tende a criar uma organização geral confluente no interesse do poder concentrado e marcar a vida das pessoas desde as opções de gravidez, passando pelo parto, os cuidados com a criança, a escolaridade, a inserção no mercado de trabalho e por último a capacidade de consumo.

Eis que o mundo todo funciona como este todo concentrado. Por isso vamos sofrer aperto no que se chama crise cambial. O desequilíbrio geral das moedas, especialmente dos países emergentes. A Argentina e Venezuela, por exemplo. O big brother americano vai elevar os juros e os dólares especulativo que faziam a festa dos emergentes vão fugir deles.

A estimativa é que esta corrida vá cair na jugular, extravasando os dólares que irrigavam as economias emergentes. Com a crise do país concentrador de riquezas estes dólares estavam na especulação de commodities e corriam para as economias emergentes para tirar melhores lucros do que na estagnação econômica americana.  

Eles estariam retornando ao leito seguro do poder imperial e os emergentes em crise cambial. Todo mundo. Inclusive o Brasil, Chile e México aqui na América Latina. Segundo estimativa o país com menor vulnerabilidade seria e própria Argentina que já dar cambalhotas.

A crise cambial, se acontecer com a força que se imagina, será a grande bandeira dos candidatos de oposição: Aécio Neves e Eduardo Campos. Este é o cenário.


Como todo cenário vejamos as cenas que nele se desenrolarão pois certamente na história não existe um escritor que defina o enredo todo. Muito é da percepção social e política. E aí na hora da onça beber vale a política, as alianças, os sacrifícios aceitáveis, a capacidade de luta e assim por diante. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A ESTÉTICA NAZISTA NA MÚSICA - José do Vale Pinheiro Feitosa

O domínio do partido nazista no governo da Alemanha durou 12 anos. Mussolini governou a Itália com o regime fascista por 21 anos. Ambos os regimes foram derrotados pelas hostilidades externas com guerras entre nações. 

Mussolini perdeu o governo com a invasão dos Exércitos aliados e depois foi fuzilado pelos partisans tentando fugir com a mulher numa localidade perto de Como. Seu corpo, da mulher e outros membros da hierarquia fascista ficaram expostos por vários dias em Milão. Hitler teria se suicidaria num banker militar já com Berlim tomada pelos exércitos soviéticos.

O Estado Novo de Getúlio Vargas durou 8 anos. Foram estas as ditaduras que nasceram na esteira das crises do liberalismo econômico na primeira parte do século XX. Na segunda parte as ditaduras tiveram caráter imperial em função do domínio bipolar do mundo entre os Estados Unidos e a União Soviética que foram as verdadeiras forças vencedoras da segunda guerra mundial. Aliás no continente Europeu o grande vencedor foram os russos.

Estes intervalos de ditadura têm tempo para montar uma estética? Fazer tal pergunta até parece primário, pois é claro que toda ditadura precisa de símbolos e estes são melhor entendíveis pelos rituais e pelas artes. E no caso do Nazismo, de tão curta duração, mas tão nefasto a ponto de se tornar mais evidente do que seu tempo de história de governo, o centro foi a música.

Mas nenhum governo, mesmo que violento, mesmo que agressivo é capaz de criar uma estética (ou toda a simbologia) que necessariamente cresce nos mitos lentos e ardentes do povo. Por isso, além das canções tipicamente compostas para as instituições nazistas tantas outras foram apanhadas do gosto popular histórico do povo alemão.


A canção mais marcante da estética nazista é o próprio hino do partido composta por Horst Hessel, membro ativo da SA e que foi assassinado por um militante do partido comunista e assim transformado em herói por Goebbels. 
Hino do Partido Alemão - Die Fahne Hoch – numa gravação de 1933 (ela também é conhecida por Horst Hessel Lied em homenagem ao compositor.

Outra canção tipicamente nazista é esta Sieg Heil Viktoria que era a canção da SS.


Outra típica é uma canção militar chamada de Alte Kamaraden Marsch.



Mas aí temos o que falamos. Canções vindas do século XIX e mesmo do Século XX que nada tinham com a guerra nem com o partido nazista, mas se prestavam à exaltação. É o caso do Wester Wald Lied, que foi composta por Joseph Neushäuser, que se referia a uma cadeia de montanha que fica na região oeste da Alemanha. O compositor inclusive chegou a ser perseguido pelos nazistas. 


Estas canções servem para levantar o papel da música e das artes na relação humana e em sua organização política e social. Isso é muito importante pois nem sempre quando ouvimos uma melodia e ela nos remete ao passado isso seja apenas reflexão da memória entre ela e o momento. Na verdade ela representa a estética de uma época.

A estética é uma forma de entendermos, também, de onde viemos e para onde vamos.   

Olha quem está falando! - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

João Viana era um tipo popular cratense que viveu aí pelos idos dos anos de 1920 trabalhando nos engenhos de rapadura dos pés de serra do Crato, principalmente nos Sítios Belmonte, Bebida Nova e Guaribas. Além de boêmio era um exímio mentiroso. Quando o patrão reclamava por haver faltado a um dia de trabalho, ele respondia que tinha ido à São Paulo visitar um irmão doente. Mas como ir à São Paulo e voltar no mesmo dia? Coisa impossível, naquela época, quando nem automóveis existia no Crato. E ele, na maior cara de pau, respondia: "Descobri um caminhozinho por trás do Seminário do Crato, que saí de manhã cedo e voltei à tardinha".

Nos dias atuais, com o desenvolvimento das modernas tecnologias, histórias como as de João Viana podem ser verossímeis. Recentemente, eu li numa reportagem da Revista Carta Capital do último dia 22, enviada de Las Vegas, nos Estados Unidos, pelo jornalista Felipe Marra Mendonça, que aconteceu naquela cidade no início deste mês ainda em curso, a Feira Internacional de Tecnologia. E a grande novidade dessa feira é que as gigantes coreanas Samsung e LG lançaram produtos eletrodomésticos que se comunicam entre si e também com seus usuários. Tanto eles falam para o dono, como entendem o que lhe dizemos.

Já  imaginaram avisar à nossa geladeira: "hei, vou hoje ao Crato, passarei uma semana fora." E a geladeira responder: "Boa viagem! Vou baixar o nível de refrigeração para economizar energia". E o aparelho de televisão, além de receber ordens para mudar de canal, gravar nosso programa favorito ou ligar no inicio de um telejornal, também poderá gravar tudo que está à sua frente na sala.
Já imaginaram os estudantes mandando o computador resolver o "dever de casa?" Pois agora tudo isso poderá ser verdade. Não precisamos duvidar mais do João Viana!

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O CAOS DA MÍDIA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Em 29 de setembro de 2006 um Boeing 737-800 SFP da Gol Transportes Aéreos, num voo entre Brasília e Manaus, foi praticamente jugulado caindo feito uma pedra após receber o choque de uma aeronave bem menor. Era o voo 1907 e nele morreram 154 pessoas.

O acidente gerou uma insegurança geral a respeito da qualidade do controle aéreo brasileiro. A grande mídia partiu para cima e fez o diagnóstico de um caos aéreo no país, com má fé, misturando então os frequentes atrasos decorrentes do boom de passageiros que antes não haviam subido numa avião e agora embarcavam em passagens mais baratas e financiadas.

A mídia criou um clima de desestabilização política quando em 17 de julho de 2007 um Airbus A320-233 da TAM, pousando em Guarulhos, que não conseguiu parar e foi terminar em tragédia matando todos a bordo. Na época o repórter da Globo Rodrigo Bocardi (atualmente na bancada do Bom Dia Brasil) foi até a pista de Guarulhos para mostras que não existiriam nela as tais ranhuras que serviriam para frenar o avião.

Era uma tese descida como um julgamento político. O Movimento Cansei pegou carona carregando na passeata senhorzinhos e madames globais na ação política. Mas aí a avaliação técnica mostrou outra coisa e quando houve o desmentido, a Televisão Globo manipulou uma imagem de uma janela do Palácio do Planalto quando um Assessor do Governo fez um gesto de alívio com o problema, então, politizado pela própria Globo.

Não se tratava de notícia. Tudo era a velha técnica do marketing político, era a velha forma de atacar os inimigos com as técnicas inovadoras da mídia. Ai nós que não somos idiotas, mas que fomos soterrados por uma avalanche que mostrava o caos no controle aéreo brasileiros estamos defronte de uma nova notícia negando todo o clima.

A Civil Air Navigation Service Organization (CANSO), sediada na Holanda publicou em sua revista Airspace Magazine uma matéria de capa sobre o bem sucedido controle do espaço aéreo do Brasil durante a RIO +20, a Copa das Federações e a Jornada da Juventude. Todas são ocasiões em que o controle brasileiro estava preparado para uma elevação no tráfego aéreo em até 30%. No entanto o crescimento foi de 18%.


Importante, a Rio +20 aconteceu em Junho de 2012, portanto entre cinco e seis anos após os referidos acidentes. Se houvesse um caos no controle aéreo esse necessariamente seria de infraestrutura e de recursos humanos e nesse intervalo não haveria mudanças entre o caos e um controle sobre stress de aumento de voos.    

domingo, 26 de janeiro de 2014

Veronika, a Primavera Chegou! - José do Vale Pinheiro Feitosa

Todos temos disto. Fiquei amarrado numa canção que ouvi na trilha sonora do filme Lili Marlene do diretor alemão Reiner Werner Fassbinder. Não me contive enquanto não encontrei seu nome e a ouvi. Chama-se Veronika, der lenz dar is.

Veronika, der lenz dar is - Max Raabe & Palast Orchester

Veronika, der lenz dar is, que se traduz por “Verônica, a primavera chegou”, é uma canção dos anos 20 de Walter Jumann e letra de Walter Borchert.

Walter Jumann, nasceu na Áustria, abandonou o estudo de medicina para se dedicar à música, sendo um dos grandes compositores alemães. Recebeu enorme influência da música americana e nos anos 20 e bem no início dos 30 viveu em Berlim onde o seu maior sucesso foi Veronika, der lenz dar is.
Com a ascensão do nazismo e início da guerra, vai para Paris e depois para os Estados Unidos onde compõe para vários filmes. Uma das mais marcantes foi San Francisco do filme do mesmo nome de 1936.
Veronika, der lenz dar is, é um foxtrot e teve muito sucesso na Alemanha com o conjunto vocal Comedian Harmonist que era um conjunto vocal alemão que também sofreu perseguição nazista em razão de três membros serem descendentes de judeus. Terminou por se dissolver, com parte do grupo indo viver nos Estados Unidos. 


 
Veronika, der lenz das is - Het Fluitekruidt

O mais interessante é que o radicalismo do nacionalismo nazista não conseguiu impor integralmente seu novo estilo. Especialmente o marcial. O exemplo clássico é o Lili Marlene gravado por Lale Andersen que era uma canção suave e amorosa na contramão da marcha de guerra.

Goebbles em uma das suas famosas idiotices (era genial em propaganda mas curto em sabedoria) chegou a proibir Lili Marlene e pôs Lale Andersen na geladeira. Mas os soldados queriam Lili Marlene  e na voz dela e ele teve que dar vida à cantora e até mandou fazer uma nova gravação com cornetas e tambores.

Enfim, o que quero dizer é que mesmo com o clima do nazismo, se misturou o mundo nele e no filme Lili Marlene de Fassibinder com trilha sonora de Peer Raben, apareceu esta bela Veroniza, der lenz dar is. Vejam que as cenas e acompanhem um pot-pourri formado por Polestädtchen, Westerwadlied  duas músicas realmente militares e finalmente Veronika.

Mesmo que só orquestrada, a primavera sempre vem com o verde e a esperança que se multiplica em vida.

Polestädtchen, Westerwallied e Veronika - cenas do filme Lili Marlene trilha de Peer Raben

A partir da tradução para o inglês da letra original em Alemão cheguei a esta em português que segue de Veronika, a primavera chegou:

Verônica, a primavera chegou,
As meninas estão cantando trá lá  lá
Todo o mundo está enfeitiçado
Verônica, o aspargo cresce,
Oh, minha Verônica, o mundo é verde.
Então vamos nos soltar nas florestas,
Mesmo o avô diz para vovó,
Verônica, a primavera chegou.

As moças riem, os rapazes falam,
Mocinha, você quer ou não sabe
Lá fora temos primavera,
O poeta Otto Licht,
Diz que é seu dever,
Escrever este poema.

Verônica,....

Eles se regozijarão, a primavera chegou,
Todo mundo foi enfeitiçado,
Veronika, o aspargo cresce,
Oh minha Veronika, o mundo é verde
Então vamos andar na floresta,
Meu caro, bom, o grande vovô,
Diz à minha querida, boa, avó
Veronika, a primavera chegou.

Veronika, der lenz is da - Comedian Harmonist - versão que deu sucesso à melodia








sábado, 25 de janeiro de 2014

A BOMBA DEMOGRÁFICA DE BILHÕES DE MEGATONS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Pronto! A demografia voltou aos calos dos conservadores. Lembram das famosas previsões de Thomas Malthus? “As bombas demográficas” estão de volta. A catástrofe que assusta aos bens estabelecidos do Império (então o Inglês) e hoje das Multinacionais (que formam um todo orgânico a dirigir a humanidade).
As ditaduras são regimes que procuram eternizar os privilégios de classe. Ou quando nascidas no corpo de uma revolução, para estabelecer os privilégios da classe que a fez. As multinacionais (o organismo do 1% que carrega o desastre humano) têm horror a mudanças demográficas.
O que significarão para o consumo, o investimento e a acumulação subsequentes?
Olhem estes dados: daqui a cinco anos existirão 1 bilhão de pessoas com 60 anos e mais. Uma marca central do século XXI: o envelhecimento da população.
Enquanto no atual século a população mundial duplicará (passando de 6 para 11 bilhões) a população com 60 anos e mais aumentará 5 vezes, passando de 610 milhões para 3 bilhões. Isso quer dizer que em 2100 um quatro da população estará nessa faixa etária.
Três coisas contribuem para a velocidade e o resultado desses números: no passado recente houve uma alta taxa de fecundidade (exatamente por razões opostas a Malthus ou seja, por aumento da produtividade na produção de alimentos), agora houve uma redução drástica nas taxas de fecundidade e um aumento da esperança de vida ao nascer (a probabilidade da maioria das pessoas atingir uma certa idade).
Para se ter uma ideia do que significa o aumento da esperança de vida: no ano 1000 DC ela era de 24 anos, em 1820 na Europa Ocidental e nos EUA ela era de 26 anos. Atualmente no Japão e Coreia essa taxa é de 81 anos, a dos EUA 79 e a América Latina atingirá 75 anos. A África nestes termos tem o mais baixos resultados.  
A manutenção do quadro econômico de privilégios e sob a tutela de jogo capitalista das multinacionais e do sistema financeiro se torna instável. Muitos velhos significa menor produtividade por redução de atividade e aumento de gastos com cuidados de saúde e gerais. Isso desvia o jogo completamente.

Poderia haver uma face otimista. Sim. Mas com uma revolução histórica, com sistemas mais igualitários, onde conquistas científicas não sejam negócios exclusivos e mediados apenas por renda e salários, onde a solidariedade, o amor e humanismo prevaleçam sobre os individualismo do grande acumulador de grana. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Grande Forró - Aloísio

O Grande Forró

O céu todo estrelado
De balão está bordado
Pois hoje vai ter festa
Desculpe não é modesta
Os artistas preparados
Vem gente de todo lado
De Bodocondó a Caicó
Pra dançar nesse forró

Sem ter beijado a lua
Zé do Norte desceu a escada
Com uma nova namorada
Pra da festa participar
Encontrou-se com Abdias
e sua sanfona de 8 baixos
Também já indo pra lá
Pra festa poder animar

Chegando lá da Saúde,
Um bairro de Salvador
Gordurinha, sim senhor
Na festa ele adentrou
Lembrou Belém do Pará
Trouxe Ary Lobo de lá
Que descansava na lua
Pra do forró participar

De São Vicente Férrer
Chegou a grande Marinês,
Jacinto veio das Palmeiras
dos Índios das Alagoas
Com todas as tribuzanas
Sivuca de Itabaiana
De Pedreiras, Maranhão,
do Vale, que é João

De Alagoa Grande
Nas terras da Paraíba
Chegou Jackson do Pandeiro
Com seu ritmo por inteiro.
Do alto do seu reinado
De Exu bem preparado
Luiz Gonzaga chegou
Mas uma ausência notou

Então ele foi falando
Com sua voz de trovão
Vamos até Garanhuns
Pois está faltando um
Pra esta festa completar
Aproxime Dominguinhos!
Com a sanfona direitinho
Que o forró vai começar.

Então nessa grande folia
Sem hora para acabar
Juntos tocaram e cantaram
Xaxado, coco e baião
E eu, que pude participar
Do sonho fui despertando
E o coro entoando inteiro:
– Desperta este brasileiro.

ESTRELA SIEBRA - José do Vale Pinheiro Feitosa

As estrelas são luzes. Por luzes são tempo. São mudanças.

Há muito tempo os Astures, 22 tribos dos clãs Pésicos viviam na Galícia, no noroeste da Península Ibérica.

As estrelas impressionam pela humildade de esconder-se às luzes da cidade.

Os Romanos dominaram e a Astúria se fez Hispânia e sua capital Urbs Senabrie.

Estrelas em constelações, em nebulosas tão imensas que a imensidão se torna minúscula.

Os tempos bordam novas imagens e os bárbaros engoliram o império Romano, o Catolicismo dominou os bárbaros e tudo se tornou Paróquia de Sanabria ou Povo de Sanabria.

Estrelas que assustam e este cego pelas luzes da cidade, qual formiga no nos ductos do formigueiro, nunca enxergam o universo além dos restritos fardos da civilização.

Mem Rodriguez de Sanabria, herdou estas terras, tentou salvar um rei e foi traído por outro e se aliou ao reino de Portugal para retomar suas terras.

Estrelas que fluem no ser como aquelas ladainha ao pé do oratório, à luz de vela a dizer: stella matutina, ora pro nobis.

Na Vila da Feira, na cidade do Porto, a família Sanabria começa sua saga na colonização do Brasil. Especialmente no nordeste. E nesta história se tornaram Seabra. Se tornaram SIEBRA.

Estrelas do feto, estrelas do nascimento, estrelas do filho e da mãe, estrelas da infância, da adolescência, do avô, do avô, do avô das estrelas.

Avô das Stelas.