por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ao Carlos Eduardo Esmeraldo - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu li o seu comentário naquela postagem por você referida. Suas argumentações foram tão simétricas ao que penso de modo que nada mais tinha a acrescentar. A questão é esta mesmo: temos dois projetos de nação em disputa nesta eleição de modo que é legítimo que analisemos as duas posições e que nos posicionemos de modo a participar dela. 

Ontem mesmo um conterrâneo nosso, o Xico Sá, uma das grandes referências do jornalismo brasileiro, foi vítima da interdição de sua posição na coluna que escrevia no Jornal a Folha de São Paulo. Através de matérias e nas próprias colunas da Folha a opção por Aécio é a marca. Até o famoso antipetista Reinaldo Azevedo, que é da Veja, escreve e faz das deles. Mas o Xico não pôde se posicionar favoravelmente à Dilma. 

Aliás precisamos falar do Xico Sá em nossos blogs.

Hoje vi um texto muito interessante e fundamentado sobre a manipulação das mídias e o alvo social mais sensível a ela. Por incrível que pareça não são os mal informados do FHC, mas exatamente quem tem maior capacidade intelectual, estudou mais e tem mais recursos. Eles vão lendo a Veja, assistindo ao Jornal Nacional com seus projetos editoriais, tendenciosos, apuram o inimigo, protegem os amigos e criam um raio de extermínio sobre os adversário. Os mais afeitos à fórmulas intelectuais sofrem o efeito do raio porque são mais expostos a eles. Assim como os médicos radiologistas estão sujeitos aos efeitos da radiação. 

O que resultou do comportamento "militante" da mídia é uma escala de valor deturpada, que acirra posições por pretenderem incutir fórmulas acabadas numa mente que deveria estar aberta a contribuições. Por isso os comentários nos blogs se esvaziaram tanto. Com fórmulas acabadas as pessoas não debatem, elas se atacam. No Facebook e twitter há uma grande margem de pessoas quase de matando apenas porque alguém disse o que elas não gostam. Sem contar os preconceitos contra tudo e todos.  

O fenômeno não é de agora. Sempre existiram os provocadores que tentam desequilibrar debates, até mesmo acabando com ele. As provocações sempre buscam as pessoas e querem destruir sua imagem e deixá-las sem chances de defender o seu pensamento. Na internet o nome técnico é TROLL e o tal Batateira Original é isso. Um Troll.

Mas é um Troll nosso. Aqui dos nossos plagos. Escreve com seu nome original e posta. Há mais de cinco anos, ainda naquela primeira eleição do Obama, fiz um comentário sobre a linha conservadora da candidata Sarah Palin e para minha surpresa um dos nossos, usando o sobrenome feminino e se dizendo de Fortaleza veio com esta mesma atitude. Então, não é médico, é dos nossos, conhece algo a meu respeito e por isso usa a Batateira como senha. Se formos ler com calma o estilo e as imagens até dá para imaginar quem é. 

Com todo respeito a quem pensa diferente, é necessário testar nossas ideias na divergência. Agora não dar é para alimentar comentários daquele tipo. Este TROLL já fez comentários em postagens do Zé Flávio e minhas, desde que falei sobre a pintura de Picasso Guernica. 

Sobre comentários, hoje uma raridade nos blog's

ATENÇÃO JOSÉ DO VALE!
   
Em 08 de outubro corrente, o excelente e competente médico José do Vale Pinheiro Feitosa, um cratense radicado no Rio de Janeiro, mas desde criança  dedicado aos estudos, escreveu neste blog um texto tendo por título "O Rumo Norte é o nosso desatino." Nesse texto ele apresenta dados da política econômica  norte-americana e suas consequências por abraçar o liberalismo. Mostra índices sobre a educação norte-americana e outras considerações que vale a pena reler.
  
O texto mereceu dois comentários, abaixo transcritos, que acredito o Zé do Vale não tenha tomado conhecimento. Um é meu e o segundo de um cidadão que afirma ser médico formado nos Estados Unidos, mas não quis se identificar, valendo-se do anonimato através de um pseudônimo.
 
Preocupa-me ter médicos nesse país, que se vangloriam das muitas curas que executa. "devolvi a vista há muitos brasileiros...," 
   
Infelizmente há aqueles "que ficam olhando o cisco no olho do irmão, mas não presta atenção à trave que está em seu próprio olho." (Mt.7,3)
    
Caro Zé do Vale.
  
Excelente e muito oportuno comentário. Temos que construir o nosso próprio projeto de desenvolvimento e não importar políticas de exploração, como o "Estado Mínimo" e a desregulamentação do "Deus Mercado", como é o objetivo do PSDB, em contradição com o nome atribuído ao partido, que de "social democracia" nada possui, além do nome, erroneamente apropriado. Nesta eleição, o brasileiro corre o risco de tomar a decisão errada.
 
8 de outubro de 2014 19:29
  
Batateira Original disse...
    
O muro de Berlim caiu há muito tempo e o cara escrever isso só mostra a crosta irremovível que se impregnou na sua mente. Tudo que aprendi na Medicina foi nos USA, nunca tive emprego político, dedico as sextas-feiras para atender aos pobres. É um absurdo que um cara que é médico no Brasil vote em Dilma. Graças ao aperfeiçoamento nos USA devolvi a vista há muitos brasileiros...
As boas ações não têm partido, não têm nações, não têm ideologias...
Ser esquerdista burguês deixou de ser chique... Seja médico, só isso.

9 de outubro de 2014 18:20

A GINCANA REPUBLICANA DO MERITOSO CANDIDATO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ei você ai!

É!

Você mesmo!

Sabe tudo que você fez? Ralou no trabalho enquanto estudava. Pagou caro o curso superior. Virou noite para fazer uma “pós”?

Fez concurso com pesada concorrência? Foi aprovado e assumiu numa cidade diferente da que vivia? Que rala no trabalho, faz curso e tem muito cuidado com o seu papel e sua função? Inclusive aquela nomeação para um cargo de chefia?

Isso é meritocracia. Pelo menos no sentido funcional. Agora olhe a seguir a história de um garoto que como muitos “amava os Beatles e o Rolling Stones...”

Brincadeirinha. Nunca foi ao Vietnã. Viveu no conforto da família e por ela foi alçado ao “mérito”.
Papai virou deputado federal.

Lá em Brasília. Com 17 anos, o filhinho meritoso assumiu como secretário do gabinete parlamentar do papai. Papai fora eleito pela Arena. Lembram dela?

São quatro anos de mandato. O meritório, para ser meritocrata, precisava estudar.

E com muito sacrifício usava o teletransporte da Interprise para cumprir o expediente na Câmara em Brasília, enquanto fazia faculdade no Rio de Janeiro.

Menino aplicado terminou o curso.

Vovô é eleito Governador. Agora com um canudo na mão, aos 23 anos é nomeado como assessor do vovozinho. Nem a velha experiência de Vovô poderia dispensar os méritos do jovem netinho. 
  
Vovô é eleito, por eleição indireta, Presidente da República. Netinho carrega a pasta pesada de vovô, aparece na mídia e é uma das caras da morte precedente ao cargo para festa da mídia nacional. Antonio Brito, jornalista da Globo, suou para não perder a vez.  

O vice de vovô assume e num gesto de mérito nomeia o netinho, aos 25 anos, Diretor da Caixa Econômica Federal. E olhem que beleza de ato:

Ministério da Fazenda
Decreto de 14 de maio de 1985
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, de acordo com o artigo 11 do Estatuto da Caixa Econômica Federal, aprovado pelo Decreto nº 81.171, de 3.1.78, RESOLVE
NOMEAR o Dr. Aécio Neves da Cunha Diretor da Caixa Econômica Federal.
Brasília, 14 de maio de 1985, 164º da Independência e 97º da República.
                                                                                                           JOSÉ SARNEY
Francisco Neves Dornelles.

A segunda assinatura é do então Ministro da Fazenda do qual a Caixa Econômica se subordinava.

É priminho do netinho meritoso: AÉCIO NEVES DA CUNHA.    

O PAPA DESAPERTA PARAFUSOS ENFERRUJADOS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Sem considerar a fobia tão comum aos que se agarram à conservação dos costumes e das doutrinas. Sem levantar a questão da infalibilidade da santidade. Um Papa além do atoleiro da história.

Deixa ao relento a histeria Malafaia que se agarra aos conservadores na política, eis que o Papa Francisco convoca os bispos para uma assembleia. E na assembleia levanta assuntos espinhosos para os mantos conservadores.

Um documento, que certamente é uma declaração prévia de que o assunto devA ser tratado pergunta ao sínodo dos bispos: “Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã: seremos capazes de acolher essas pessoas, garantindo a elas um espaço maior em nossas comunidades? Muitas elas desejam encontrar uma igreja que ofereça um lar acolhedor”.

E continua: “Serão nossas comunidades capazes de proporcionar isso, aceitando e valorizando sua orientação sexual, sem fazer concessões da doutrina católica sobre família e matrimônio?”

Começamos pela linguagem clara, e sem metáforas, da pergunta. Afirma o valor da família e matrimônio como uma doutrina a ser preservada, mas joga a contradição da homossexualidade com a primeira pergunta. Quem tem capacidade de fazer tais perguntas se encontra muito adiante de toda interdição do tipo.


Sem necessitar da resposta. Só a realização da pergunta começa a tirar o bolor inerte de um conservadorismo que se enrosca nas engrenagens das doutrinas e ali enferruja agarrada ao bloco férreo de certezas de pés de barro. O papa jogou um “antigripante” sobre estes parafusos enferrujados e agora eles podem ser desapertados para que a igreja funcione consoante as pessoas reais, que fazem os costumes e as doutrinas.
Um poema bem oportuno à circunstância, do recente livro do amigo e poeta Ronaldo Costa Fernandes, O difícil exercício das cinzas (7Letras, 2014).



Os dois passos do homem
O homem tem apenas dois passos:...
um passo à frente
e um passo atrás.
O passo que se dá à frente
é um passo doble,
o passo que se dá atrás
é um passo em falso.
Há passos que parecem ser à frente
e levam ao pé do cadafalso,
à ira dos materiais em erosão
que morrem ao se devorar.

SOLDADOS CONTRA O VÍRUS EBOLA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Desde que se tomou conhecimento do primeiro surto do Vírus Ebola no Zaire e no sul do Sudão, em 1976, que de algumas coisas se tem conhecimento. Primeiro: é uma doença devastadora do ponto de vista clínico e dos cuidados necessários, com uma letalidade altíssima e um potencial de transmissão muito intenso (naquele surto um cientista inglês trabalhando em laboratório com material de pacientes foi contaminado). Segundo: os precários hospitais das missões religiosas foram uma fonte de disseminação da doença para toda a região. Terceiro: até hoje a melhor opção terapêutica continua a ser o soro hiperimune. Ou seja aquele que é retirado de pessoas infectados. Isso já fora usado em 1976 e depois os laboratórios com ações em bolsa de valores não se “interessaram.”

Agora estamos olhando que mesmo em países onde as técnicas dos profissionais de saúde são mais apuradas e que o material é abundante, casos estão ocorrendo entre profissionais de saúde. Na Espanha e no EUA. E agora é sabido que a contaminação da enfermeira do Texas decorre do despreparo dos profissionais de saúde para tratar com estes casos (85% dos profissionais não receberam treinamento).

A verdade é que os arbovírus são extremamente perigosos e que mais surtos virão pois o desmatamento, a mineração e o impacto ambiental tem aberto o acervo genético das florestas para o bem e para o mal. O próprio ressurgimento e a dificuldade de controlar o mosquito transmissor da febre amarela, o mesmo que transmite a Dengue, já diz algo de mudança climáticas e de mudança ambiental.

Já se passaram mais de 72 horas e o Centro de Controle de Doenças (CDC) não tem a menor ideia do que aconteceu com a enfermeira para que ela se contaminasse. Até agora não surgiu uma avaliação do caso espanhol. O CDC se encontrar neste nível de resposta diz muito bem dos efeitos das políticas neoliberais sobre instituições que já não conseguem responder às grandes questões.

Há pouco mais de uma semana soubemos que Cuba estaria enviando para os países africanos afetados um grande número de profissionais de saúde. Não se viu o mesmo dos EUA, mas eles mandaram três mil soldados. Mas qual o papel de soldados numa epidemia? Proteger patrimônio do interesse deles? Confinar populações inteiras? Servir de contenção para eventuais manifestações populares de insatisfações?


Enfim, se até os profissionais de saúde, em seus ricos e seguros países estão sendo infectados, que diabo pode fazer um soldado americano numa zona de transmissão ativa do vírus Ebola?