por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

FUZILAMENTOS GLOBALIZADOS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não é apenas por proximidade no tempo. Se bem que a contemporaneidade dos fatos nos façam automaticamente raciocinar assim. Qual a questão?

A relação entre o fuzilamento dos jornalistas do Charlie Hebdo e o fuzilamento do brasileiro, traficante de drogas, na Indonésia. Embora de natureza distinta os dois fatos parecem guardar uma relação implícita.

A relação é sobre quais valores a civilização contemporânea, de natureza globalizada, vai implantar em suas diretivas históricas. E aí despontam alguns destes valores: democracia e liberdade; direitos sociais e humanos, governança mundial e fases de desenvolvimento do capitalismo globalizado com as suas instituições e regras.

Aliás, valorizar atributos de uma civilização já é um problema pois a rigor não se trata de precificação de bens. O que se discute são os fundamentos de uma civilização, numa fase histórica sui generis: há um continente universal a conter os conteúdos de todas as culturas.

Bem ou mal este continente está em evolução, especialmente pela natureza de conter no mesmo “espaço” da história tantas e diversificadas experiências humanas. E, particularmente, no momento histórico, quando nosso raciocínio bem poderia ser: ora como existem grandes linhas culturais cobrindo enormes segmentos da humanidade – islamismo, cristianismo, budismo, confucionismo, iluminismo, racionalismo, materialismo, etc. – este continente será mais fácil.

Mas, ao contrário, são estas grandes extensões culturais que mais se chocam na ideia de uma democracia, liberdade, direitos, governança e crítica ao capitalismo. Como vigas a sustentar esta ordem-desordem mundial, as grandes culturas têm força suficiente para sabotar, apagar, acender, destruir e confundir a síntese de diretivas históricas globalizadas.

De qualquer maneira como a estrutura básica, que sustenta o futuro planetário da humanidade, é o modo de produção, distribuição e consumo, incluindo seus “avatares” financeiros, que se encontra numa crise de modelo, isso implicará no deslocamento de forças globalizadas (as grandes vigas da cultura mundial). Outra questão é a própria condição material do planeta terra incluindo aí seus mares; o solo e a biota; o ar e o clima e grandes desastres provocados pela própria ação humana (como explorações e guerras, especialmente a nuclear).  

Ontem passou o dia aqui na minha casa um grande artista brasileiro que mora na Europa. A visão dele, mesmo incluindo as suas particularidades, é de uma região inteira sob enorme impacto econômico, social e político prestes a viver um grande desastre. Uma terceira guerra mundial.


E concluo como tese: a guerra do neoliberalismo (consequente) e enormes dores da globalização assimétrica, mas mesmo assim de natureza universal.