por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 25 de novembro de 2012

O ódio (singular absoluto) a Lula

Lula é um político brasileiro com defeitos e virtudes. Se você não conseguir ver uma coisa ou outra é porque, certamente, a cegueira da paixão ou do ódio está tomando o seu corpo como um câncer.

O que se percebe no caso de Lula é que o ódio intenso tenta, sobremaneira, vencer o amor intenso. É uma luta. A luta entre o amor e o ódio a esse personagem da história brasileira.

Outros já experimentaram do mesmo fel. Mas não sei se há concorrentes para Lula. Talvez nem Getúlio.

Quantitativamente, Lula está em vantagem. Mas os odiadores acreditam que seu ódio seria de melhor qualidade, uma espécie de crème de la crème do ódio - um ódio insuperável por qualquer amor de multidões.

É um ódio cultivado com gotas de ira diárias nas páginas dos jornais. E de revistas. Cultivado com olhos de sangue, faca entre os dentes, espinhos nas pontas dos dedos.

Só nos últimos meses, Lula já "esteve" por trás do relatório do CPI da Cachoeira, teve caso com a mulher presa na última operação da PF, já tentou adiar o julgamento, já produziu provas para se vingar de Perillo (porque ele teria sido o primeiro a avisá-lo do mensalão), já tentou subornar Deus para que terminasse a obra no domingo.

A paixão amorosa conhecemos bem. Vem daqueles que se identificaram com ele e com ele conseguiram ser lembrados pela primeira vez na história da política brasileira: seja pelos programas sociais, seja pela ascensão econômica, ou até simplesmente pelas características pessoais, culturais e linguísticas. Vem também do louvor à camisa, ao vermelho da camisa do PT.

Mas encontrar representantes do ódio não é tão difícil também. E, como qualquer sentimento que desafie a racionalidade, eles encontrarão justificativas em qualquer coisa.

Mesmo que o ódio se disfarce de termos falsamente conceituais (lulo-petismo, lulo-comunismo, lulo-qualquercoisismo), o ódio a Lula não é um ódio-conceito. Não é abstrato. É material. Corpóreo. Figadal. Biliar. Visceral.

Também não é ódio consequência. Não é um "ódio, porque..." É um "ódio ódio", um ódio em si mesmo, um ódio singular absoluto, que se disfarça de motivos: linguísticos, culturais, morais, econômicos, etc, mas sempre ódio.

Lula já foi acusado de trair a mulher, de violentar o companheiro de cela, de roubar o Brasil, de pentecostalizar a África, de fortalecer "ditaduras" latino-americanas, africanas, asiáticas, de se curar do câncer em hospital particular (sim, uma acusação), de assassinar passageiros de avião, de dar o título à Vila Isabel, de provocar a fuga do vilão no final da novela das oito; já foi acusado de dançar festa junina, de beber vinho caro, de torcer para o Corinthians, de comer buchada de bode, de ter amputado o próprio dedo para receber pensão, de ter a voz rouca, de ser gente, de estar vivo, de ter nascido...

Só um conselho para os odiadores: o inverso do amor não é o ódio, mas a indiferença. No caso em questão, o ódio só acentua e inflama a paixão daqueles que, em maioria dos votos, acabarão levando vantagem.

Sejam indiferentes a Lula, e a história se encarregará de fazer o resto.
(Transcrito do blog do Luis Nassif).

Por todas as vezes com Vieira, Cabral e Parente - José do Vale Pinheiro Feitosa

Castigo - Dolores Duran

Por todas as vezes que a facilidade de tê-lo como uma extensão do conteúdo natural, por isso mesmo equalizado e deste modo reduzido os altos do que era, simultaneamente, o mais agudo ou grave de sua personalidade. Quando somos parte da vida de um personagem assim só algum tempo depois, mas nem sempre, percebemos as verdadeiras dimensões daquele ser em plenitude. Falo do Padre Antonio Vieira, irmão de Manoel Baptista Vieira e tio do José Flávio.

Se soubesse o que sei agora, seria mais substancial tê-lo tão próximo e daí tecendo a vida ao invés de deixar simplesmente o tempo correr.

Por todas as vezes que brincava com a sua locução apressada, suprimindo sílabas, e desse modo fazendo o que toda cidade do interior costumava fazer ao criar personagens nas quais se reflete. E, no entanto, apesar de ser uma locução que fugia a todos os parâmetros daqueles tempos de impostação, não fora somente ali que sua substancial contribuição se dera. Foi no conteúdo informativo, na base constitutiva da uma história. Foi no tratamento incansável desse conteúdo, sem jamais aposentar-se do que considera o processo de viver. Falo de Huberto Cabral, irmão de Bernadete e Sara, pai de Germana a discreta e substantiva jornalista entre aqueles que pontuam no jornalismo cearense.

Se soubesse naquele tempo o mundo que Huberto Cabral transporta no curso do tempo em nome do Crato, não teria perdido tantos dias e noites a compreender o tempo que ele, pelo tanto que passou, outro que acontece já formulando o futuro consegue limpar no cascalho do esquecimento.

Por todas as vezes que não o considerava maior do que o anonimato, apesar do seu talento musical, simultaneamente surgindo e sendo posto como detalhe de um nome solar da Música Popular Brasileira. Por verdade que a posição de um emprego estável e de boa referência social o tenha relativamente acomodado enquanto Luiz Gonzaga vivia o remanso de seu caudal de sucesso num semiexílio em sua Nova Exu. De qualquer modo Hildelito Parente, no seu mundo particular, sem ter sido um músico profissional, é a força da música nordestina no que ela tem de muito verdadeira.

Se soubesse como já naquele tempo Hildelito Parente tinha a força que tinha, por certo que não o veria como um personagem da vida social na AABB ou na praça em conversa amena. Hildelito representa a ousadia que ultrapassa todas as maneiras de classificar as pessoas: é apenas aparente aquela timidez quase humilde, ele tem uma Chapada inteira a expressar sobre o tempo e o espaço.

Mas sabemos que os personagens não maiores pelo que são em igualdade sincera ao que tentamos ser e somos verdadeiramente.  

Quando eu me Chamar Saudade - Elizeth Cardoso e de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito