por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

On the Avenue - quarto capítulo - José do Vale Pinheiro Feitosa

Conte aí. On the Avenue, filme musical de 1937. Os Estados Unidos da América estavam no centro da recessão. Os ricos eram o móvel do sofrimento dos desempregados e, ao mesmo tempo, os especuladores de Wall Street os grandes responsáveis por dramáticas histórias.

Então o que acontece após Mimi Carraway e sua família serem alvos do esquete, especialmente mais agressivo, cuja suposição era responsabilidade de Gary Blake? E considere que tudo isso aconteceu após um idílio amoroso, no banco mais procurado pelos namorados do Central Park. Aquele banco onde se via a lua melhor.

Mimi Carraway arquiteta a vingança e revela a sua intenção, sem dizer como, para a tia. Enquanto isso no escritório do produtor principal do show corre um nervosismo consequente. Os produtores agora sabem que podem ser processados pela família Carraway. Podem perder tudo e este fora o melhor show da produtora. O advogado da produtora chega e aumenta mais ainda a angústia da ameaça iminente.

A porta do escritório se abre e a secretária entra nervosa. Avisa ao chefe que Mimi Carraway está entrando. E ela entra com a energia de quem pode tudo. Ele, mesmo sem que ela pergunte, diz que não os pode processá-los. Ela diz que sim e que pode arrancar até o último centavo. Eles sabem que sim. Começam a falar sobre acordos.

Ela diz que não tem acordo e o que vai fazer é comprar o show. Imediatamente passam à composição do preço, o cheque é assinado, os chefes saem e o restante da produção fica trabalhando para Mimi. Que imediatamente começa a tomar providências.

Manda contratar trezentas pessoas entre o povo, recebendo ingressos para o show. Telefona a todas as colunas de jornais para que cheguem ao show pois haverá novidade. Convoca os Ritz Brothers ao escritório. Toma mais algumas providências subentendidas e parte para a noitada especial. Especial para os produtores pois nenhuma alteração do show foi anunciada aos atores (a não ser aos Ritz Brothers).

O show começa com Mona Merrick (Alice Faye) cantando Slumming on Park Avenue. Prestem atenção ao molho no canto de Mona e à coreografia. Ela toda é uma gozação aos ricos. Especialmente acompanhem a sequência em que Alice Faye dá uns passos de dança todos desengonçados, sem estilo de classe e mais à frente estes mesmos passos se tornam um belíssimo movimento.

Slumning on the Park Avenue - Alice Faye

Vamos lá favelizar, tome-se uma favelização
Vamos favelizar na Park Avenue.

Vamos nos esconder atrás de óculos extravagantes
E fazer caretas quando um membro das altas rodas passar.
Vamos cheirando o caminho onde eles andam
Farejando tudo que eles fazem.

Vamos adiante, eles fazem isso, por que não podemos também?
Vamos favelizar, nariz pedindo carona na Park Avenue

Vamos cheirando onde eles estão habitando
Farejando tudo do jeito que eles fazem

Vamos lá, eles fazem isso, por que não podemos fazê-lo também?
Vamos favelizar, nariz empinado na Park Avenue.

Como aconteceu com todas as músicas de On the Avenue, a Slumming on Park Avenue também foi gravada por muita gente. Em vários ritmos: fox-trott, swing, um tom mais jazzístico.
Escute esta versão em fox-trot com Ray Noble and his Orchestra.

Slumming on Park Avenue - Ray Noble and His Orchestra

Agora uma versão swing:

Slumming on Park Avenue - Charlie and His Orchestra 

E por último esta versão de Pegy Lee e do ator americano Jeff Chandler, uma surpresa ao cantar, sempre fazendo papel de homem durão, como cowboy, militar na segunda guerra, embora tenha feito comédias também.

Slumming on The Park Avenue - Pegy Lee e Jeff Chandler 

Então, retornando ao roteiro do filme musical On the Avenue. Agora entra a primeira maldade de Mimi Carraway com Gary Blake. Assim que Mona Merrick sai do palco, os Ritz Brothers fazem uma versão debochada do Slumming on Park Avenue. Acompanhem.


Slumming on the Park Avenue - Performance Ritz Brothers

O clima de mudança no show está construído. Gary Blake entra numa paisagem parecida com os alpes europeus, com uma linda mulher e canta para ela aquela mesma canção que cantou no Central Park para Mimi Carraway (You´re Laughing at Me e até no título da canção já tem ironia). Gary todo embevecido em seu número quando a atriz começa a demonstrar ares de preocupação.

Quando Gary olha para a plateia, parte substantiva está deixando o teatro (aqueles trezentos contratados por Mimi). O clima vai ficando pesado para a performance de Gary e ele vai se perdendo. O clima vai ficando pesado para a performance de Gary e ele vai se perdendo. A câmara foca Mimi Carraway com seu assistente, acompanhando espetáculo no balcão e o que se vê são olhares tristes e arrependidos. Afinal tudo é encerrado, grosseiramente, com a entrada dos Ritz Brothers fazendo uma tremenda gozação com a música russa Olhos Negros.


You Laughing at Me - Dick Powell e Slumming on The Parke Avenue - Ritz Brothers

No dia seguinte Mimi Carraway se encontra no escritório da produtora quando entra Gary Blake, empurra a cadeira de Mimi, abre a gaveta da mesa do escritório, retira o seu contrato e o rasga. Criou-se, então, a ruptura final do amor entre os dois. Cada um para o seu lado. Nos jornais a grande notícia: Mimi Carraway irá se casar com o explorador.

No restaurante frequentado pelos artistas da Broadway, Mona Merrick, sozinha numa mesa, janta. Nisso olha para a porta e vê um Gary Blake, abatido, perdido sem saber bem o que fazer, mas procurando a companhia de alguém. Descobre Mona e se dirige até a mesa. Chega tentando fazer ares alegre, mas logo em seguida entra em depressão.

Para tentar mostrar o que não está sentido, desperta e pede um champanhe para os dois. Mona fica observando aquela triste cena. Logo que o dono do restaurante se afasta, Gary volta ao seu ar perdido, partido pequenos pedaços de breadsticks que acompanha o couvert. Mona olha aquela tristeza e diz: eu sempre soube que você não era um bom ator. Agora tenho certeza.

No dia seguinte, Mimi Carraway, com ar de enfado e sem vontade de prosseguir se prepara para a cerimônia do seu casamento que será na própria mansão. O noivo, com seu ar esnobe, diz para os amigos que gostaria que a lua de mel fosse no polo norte. Faz tipo para quem o rodeia. Mimi, se deita na cama e pede uma taça de champanhe. Atrapalha quem lhe arruma, mas não liga.

Nisso Mona Merrick invade seu quarto e ambas ficam face a face. Mimi desafia Mona a dizer o que viera fazer ali. Mona diz que fará algo que não gostaria. Revela que a piora do esquete foi tudo armado por ela, sem o conhecimento de Gary. Mimi pergunta a razão disso tudo. Mona responde: o que uma mulher não faz por amor. Mimi, então, angustiada percebe o seu erro. Mona vai embora.

Começa a cerimônia. O explorador entra rodeado pelos amigos e desfila entre os convidados. Em seguida vem Mimi com seu pai ao som da marcha nupcial. O ar de Mimi é de total inconformismo. Olha para os lados e para trás, parece querer fugir. Em seguida, a cena troca para a tia de Mimi, numa sala contígua à de cerimônia, com uma orquestra de Jazz. Dirige os músicos de Jazz e recomenda que toquem bem alto. Então eles tocam abafando a marcha nupcial.

Fica uma perplexidade no salão. O pai de Mimi se descuida e ela foge da cerimônia. Ele vai atrás. A tia abre uma porta e o pai entra. Em seguida ela fecha o irmão por fora e o deixa com os enormes cães de Mimi que os rasgam todo. Quando, finalmente, saí, todo rasgado, Mimi já havia fugido.

Entra no carro para a fuga. Logo em seguida Gary Blake, fantasiado como o pai dela, também senta-se ao lado. Ela pergunta para onde vão. E ele responde: para prefeitura casar-se. Mimi o reconhece e o romance se confirma.

Como é um romance com um tom de crítica. Leve, até mesmo doce e conciliador de classes, o filme termina com todo mundo comemorando o casamento no vagão de trem transformado em restaurante. Mimi e Gary Blake brincando com o dono do restaurante, a tia com seu professor de trapézio, os Ritz Brothers e Mona com o pai de Mimi. É a cena do famoso:


THE END


Célia - O amor de Flaviano Callou!

Fiquei triste  com a partida repentina  da esposa do meu amigo Flaviano Callou. Ele faz parte do grupo de músicos que toca aos domingos, na garagem da Rua Pedro II.
Às vezes pedia-lhe para tocar e cantar a valsa Célia, de Augusto Calheiros, que o meu pai tanto gostava, e são raros os músicos que a conhecem. Claro que ele a conhecia!
Como a maioria das valsas , ela tem um toque de nostalgia. Um sentimento  presente, nestes dias de luto.
Que a música nos salve das dores das perdas e nos faça reencontrar forças  pra , apesar da saudade, voltar a sorrir.