por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 19 de março de 2012

Conflito de "irmãos" - José Nilton Mariano Saraiva

Em razão da sua comprovada facilidade e habilidade de manipulação das palavras e conseqüente persuasão de analfabetos e ignorantes (visando extorquir-lhes até o último centavo), o “apóstolo” Valdomiro Santiago foi, durante muito tempo, o “queridinho” do “bispo” Edyr Macedo, o todo poderoso proprietário da Igreja Universal do Reino de Deus.
Para tanto, no entanto (sem trocadilho) era regiamente remunerado, em reconhecimento ao seu “gogó-de-ouro”, à sua desfaçatez, à sua falta de vergonha na arte de convencer e enganar o povão.
Mas, aí, a inveja e a cobiça pintaram no pedaço: presenciando no dia-a-dia a extrema facilidade com que o patrão progredia financeira e materialmente, nada mais natural que o “empregado” partisse pra botar o próprio “negócio”, já que conhecedor de todos os labirintos, atalhos, mumunhas, veredas e subterfúgios capazes de, também, como num passe de mágica, o elevar ao “reino dos céus”. E assim deu bye-bye ao “chefe” e fundou uma igreja só pra ele, particularíssima, a Igreja Mundial do Poder de Deus.
Tudo indica que o “cruzado no queixo” foi sentido, que o “baque” provocou certo desconforto, já que o antigo “manda-chuva” (Edyr Macedo), hoje dono de um “brinquedinho” capaz de manipular mentes e corações desavisados, a forte Rede Record, botou seu exército de experientes repórteres pra escarafunchar a vida do antigo aliado.
E a “coisa” (e não há porque duvidar dos documentos autenticados apresentados pela TV) é realmente de assombrar: só no coração do Pantanal, no Estado do Mato Grosso, o “apóstolo” Valdomiro Santiago comprou várias fazendas (conjugadas), que ocupam uma área de 26 mil hectares (o correspondente a 13.400 estádios do Maracanã), onde cria dezenas de milhares de cabeça de gado, tem pista de pouso própria, avião particular e mansão com piscina (vídeos foram mostrados). E tudo adquirido com o suado dinheirinho doado pelos miseráveis que freqüentam a sua Igreja Mundial do Poder de Deus.
Segundo avaliação de “experts”, somando tudo, gado, terras, aviões e benfeitorias, o investimento total de Valdomiro Santiago chega a “irrisórios e desprezíveis” R$ 50 milhões, em dinheiro vivo (mais do que a maioria dos prêmios da Mega-Sena acumulada). O valor seria suficiente para comprar vinte Ferraris 0 km, ou dez coberturas em Nova York (EUA), a cidade mais cara do mundo.
Pena é que nesse autêntico “conflito de irmãos” a Rede Record não faça nenhuma menção ao espetacular patrimônio acumulado do “bispo” Edyr Macedo, e quais os meios utilizados para consegui-lo. Pra você, aí do outro lado da telinha, estaria caracterizada aqui a célebre situação do “sujo-falando-do-mal-lavado” ???

Afasta de mim esse cálice! - José do Vale Pinheiro Feitosa

Reconheço a barra pesada que seria revelar o nome da cidade ou identificar a secretaria municipal onde estas cenas ocorreram. Nada de bom para minha saúde.

Posso dizer que não foi na Paraíba ou mesmo num vale qualquer que forme uma região. Se me perguntarem se os fatos aconteceram no Rio de Janeiro, o Estado, isso lá não garanto.

Aos fatos!

Esta coisa que balança entre o público e o privado. Que gera uma corrida de aventureiros pelos fundos das verbas do povo que deveria ir para o povo. E não vão. A ganância é tanta que sempre se pretende ganhar mais por menos feito. Aí o déficit do que já é pouco se amplia ainda mais. Escoa para os “esquemas” que criam “riquezas” para ganhar “eleições” e deixando um número de “sócios” com os “bolsos” abarrotados.

Pois é: o grande sonho de uma geração de sanitaristas, educadores, humanistas e outros mais, de uma sociedade democrática e protegida pela municipalização virou a “vantagem” da espertaria que privatiza os bens públicos.

Como diz a grosseria popular: a “sacanagem” se municipalizou. Então estão explicados, em princípio, como os fatos se sucederam: sem respeito humano, sem ética, uma esculhambação que derruba todos os limites da honra das pessoas.

O primeiro personagem é o típico homem de “negócio”. Conhece os “trâmites” das licitações, carrega na algibeira os “fornecedores” por onde anda e por aí “faz” grana que financia a “política” e então fica de município em município fazendo “negócio”. Sanitarista ou professor assalariado para eles é um esquerdista “dinossáurico” e eles se agarram às maçanetas do poder como uma craca ao casco de um navio.

O segundo personagem é uma mulher bonita, técnica, com curso superior, ambiciosa e que pelas “qualidades” ocupa cargo de chefia. O marido também foi um secretário só que de outra pasta e agora não mais exerce função nenhuma no novo governo.

É neste ambiente que o homem de “negócio” e a mulher de “qualidades” se encontram, só que ele é o chefe. Mas isso não é tão a seco assim. Há que lubrificar o choque de interesses, piadas, encontros públicos e almoçarem juntos numa repartição junto com outro terceiro personagem de importância relativa.

Enquanto a mulher se esquiva entre uma piada e outra, põe gelo no fervor dos olhares do homem, as coisas vão para um desfecho em que ele já se imagina vencedor do certame. Ele ganha todas as licitações em que participa. Só que ela é casada e o marido um homem acima do desenvolvimento estatural e alguns excessos ponderais para a média nacional, sem contar para um “nanismo” relativo do homem de “negócio”.

Interpretado os fatos, ponderamos que a grosseria típica desta época, somada à arrogância do poder e da vitoriosa “carreira” nas verbas públicas, levou o baixinho a uma escorregadela indevida. Não foi a única, talvez nem a primeira e certamente não será a última. A não ser a respeito desse assunto especificamente quando seria melhor que ele se tornasse monge.

Este negócio de e-mail a nossa avó bem que disse que tivéssemos cuidado: o bicho é viral e se espalha feito epidemia. E não foi aí que o cara, “tomado” da sutileza com que as percentagens são negociadas nas licitações, veio para cima da mulher com muitas “qualidades”.

Para Cc.: “eu sei que você saiu com o fulano. Agora tem que ser comigo.” O bisavô de qualquer um já avisara: a chantagem funciona até certo limite, a partir daí se declara guerra. No estilo “mafioso” da “negociação” o malandro pretendia ganhar a mulher de outro com mais de um metro e oitenta e que já fora secretário e até mais do que este que era o famoso vice de “negócio”.

Até aí ela segurou a barra, mas a arrogância é assim: não tem um limite em razão do outro. Avança de qualquer modo e naquela grosseria que lhe cabe disse por e-mail que já tinha praticado cinco atos solitários só pensando nela. Isso, convenhamos, não é sedução e nem objetividade: é puro desperdício. Todo desejo é apenas para o outro e como o outro. Uma fantasia já resolvida em si mesma, com o outro apenas na imagem, se torna uma traição da própria essência que é o desejo que ela despertou no homem.

O marido foi instado a tomar providências. Os verdadeiros móveis da convocação ele jamais o saberá, pois se sobrepõe, a qualquer um, a honra matrimonial. Não interessa a interioridade do orgulho feminino ferido, apenas a honra familiar traída. E o marido se tornou um gigante de ódio.

Mas aí surge a contradição máxima. Ir para cima do conquistador “internético” e dar-lhe uns merecidos safanões se tornaria a vingança do corno. E o baixinho ainda sairia com os roxos da face como medalha do conquistador que levou ao desespero um homem daquele tamanho. Então foram enormes noites solitárias a pensar numa solução para a ação. O segundo ato foi preparar a munição para a vingança uma vez concluída qual arma seria mais eficiente.

Tudo pronto. Ação!

Sete horas da manhã o “marido” furioso se encontra na porta da secretaria. A vida segue normal: funcionários com ar de enfado da rotina entrando e assinando o ponto. O guardador de carros arrumando vagas na rua. Pessoas em busca de recursos. No outro lado da calçada a vida normal, especialmente do café onde as pessoas vão tomar conhecimento das novas fofocas do mundo e da cidade.

Aí o homem de “negócio”, já pelas nove horas da manhã estaciona tomando de pronto duas vagas sem necessidade. Só para mostrar poder. Desce do seu carro e naquele andar rapidinho de quem tem pernas curtas, com o corpanzil acima do peso como é devido a todo mundo que ganha bem, vai em direção de sua sala.

Encontra o “maridão” acumulado de fúria pela espera. O homem de “negócios” o cumprimenta e o outro diz que precisava conversar com ele no gabinete de “negociações”. Ambos sobem uma escada, passam por uma guarda de segurança que se posta ali para proteger as autoridades. O baixinho nem se aproveitou do descanso ao colocar sua pasta cheia de processos em sua de sua mesa. Não deu tempo e a tempestade vociferante despejou-se sobre sua honra, sua covardia, sua inação.

Os decibéis da voz do “gigante” ferido inundaram o espaço inteiro do quarteirão. O pessoal que estava no café saiu de lá e se aglomerou na calçada com os olhos espiando as janelas abertas por onde vazavam “elogios” dantescos. Os funcionários que estavam nas salas, em todos os andares, se agitaram com a gritaria. A secretária do indigitado homem de “negócio” usou os arquivos de ferro como casamata de proteção.

E a coitada da guarda de segurança? Pois é: o gigante começou a vociferação ainda com a porta aberta. A segurança que estava sentada numa mesa próxima à porta deu um pulo tão logo soaram as primeiras sílabas e postou-se após o verbo em posição de ênclise. E dali agiu com a voz sumida na audioamplicação presente: gente, por favor, pare com isso. Gente pelo amor de Deus!

O escândalo tomara o coração da cidade. Não foi uma simples audiência localizada: foi um verdadeiro comício. Seu filho disso, daquilo e daquilo outro. Seu isso e seu aquilo. Vai querer minha mulher, mas não vai levar. Mas eu vou te dar o que você quis dar para ela. Tome aqui! Tome! É todo meu! Leve o que é meu!

E abrindo um vidro jogou um líquido gosmento sobre o rosto do baixinho pálido e estático com os costados sobre um forte armário de aço. O coitado ainda se protegeu levando a mão em defesa do rosto e aquela gosma ficou pingando na ponta dos dedos como uma cópula de sucesso.

Leve! Leve o que é meu! O gigante finalizava sua ação e começava a se retirar deixando um homem empalidecido ao extremo, as pernas bambas e um grande alívio. Ele esperava que daquele vidro saísse um ácido com poder de corroer até as madeiras daquelas famosas caras. Ele limpou alguns dedos nas bordas do armário, buscou papéis para recompor-se dos excessos de gosma logo ao amanhecer.

A guarda de segurança, com a boca escancarada, os olhos esbugalhados, afastou-se para que o marido refeito e vitorioso de seu ato seguisse em frente sem que o corpo dela serviço de empecilho ao livre ir e vir daquela ira. Tão logo conseguiu soltar a respiração, pensou em ir arrumar um pacote de papel toalha para limpar os excessos do chefe.

A rua inteira só comentava o ocorrido e as versões se multiplicaram na rosa dos ventos da cidade. Alguns dias depois um amigo perguntou ao marido sobre a natureza da vingança. Ele respondeu: matutei muito o que deveria fazer até tomar a decisão. Então passei cinco dias juntando e misturando com um pouco de soro para se manter aquoso. Agora o mais gostoso de tudo é que todos os dias eu recebo a oferta de sêmen para ampliar o volume sobre aquele desgraçado. Tamanho é o número de desafetos do homem.

A história, dizem, não terminou aí. Alguém viu o baixinho, que por conta da exposição e do lava rosto em sêmen terminou sendo exonerado, indo, em segredo fazer um exame de sangue. Dizem que é prevenção primária do HIV. Afinal foi uma chuva de esperma sem camisinha.

Por Stela Siebra



Chego já, vai dar tempo de ir acompanhar a procissão. E tomar banho de bençãos e de chuva.
Agradecer ao santo pelas infinitas bençãos e graças que sempre derramou sobre minha família. Meus avós já reverenciavam São José; meus pais também. E eu também.
São José é o santo padroeiro da Ponta da Serra. E ainda lembro-me das novenas e festas que havia todo ano.
Uma novena, procissão com velas acesas, leilão (ocasião em se arrematava galinha assada e se bebia guaraná) Essas coisas tinham um grande valor, representavam um acontecimento significativo.
Havia a festa profana, mas era carregada de louvações ao sagrado.
Essas lembranças são parte da minha história, da história da minha família na Ponta da Serra. É bom lembrar e me deixar inundar de gratidão e reverenciar a serra do Juá (que trazia um friozinho bem grande e que, qual mãe, oferecia sua sombra e suas lajes derramando água para inesquecíveis banhos).
Vejam, quantas lembranças boas o dia de São José me trouxe. E tem mais... A Ponta da Serra é o meu Sertão, é o espaço onde meu silêncio encontra as palavras melhores, porque mais antigas, mais impregnadas de infinito. A Ponta da Serra foi onde pela priveira vez eu vi o Cosmos.

Stela Siebra



José Zumba, ou simplesmente Zumba

  Segundo o pesquisador Antônio Romeiro de Lima (2008), Zumba era um artista plástico brilhante, descendente de africanos, nasceu em Santa Luzia do Norte,  no dia 30 maio de 1920. Com a morte de sua mãe, aos dez anos, fora levado a Pernambuco, aos doze anos, já se encontrava na Escola de Belas Artes, sob a  orientação do professor Edson Figueredo, dava os primeiros passos na aprendizagem das artes. Retornou a Alagoas para servir o Exercito.

 A maioria de suas pinturas retrata as figuras de negros velhos, escravos, cenas de trabalho, belas negras, dentre outras gravuras. Foi agraciado com o diploma de Cidadão de Maceió, do Ordem de Mérito dos Palmares, diploma da Escola de Belas Artes, Comenda Desembargador Mário de Gusmão.

Zumba chegava a afirmar que o Brasil é um país anticultural. ’Não vendo os meus quadros. Troco-os por dinheiro para não morrer de fome’ (LIMA, 85-6). É com certa magoa, por ser negro, por ser de “Cor”, mesmo diplomado com todos os méritos não recebeu os louros da sociedade alagoana, mas sim,  foi quase esquecido com sua genialidade.

Este alagoano de Santa Luzia do Norte foi um grande batalhador. Sustentou esposa e filhos com sua arte, pintando diariamente e saindo para vender as telas pelas ruas da cidade, repartições públicas e casas de colecionadores. (Gazeta de Alagoas, 2011)

O sociólogo e político Floretan Fernandes, coloca essa questão de “preconceito de cor”, como um elemento categórico de pensamento.  Para ele, essa categoria foi criada para assinalar, vários tipos de elementos, no que se refere, por exemplo, as questões emocionais e cognitivamente a todo o modelo tradicional de relação racial. Assim sendo, quando se fala de “preconceito de cor”, tanto mulatos quanto negros, não se fazia qualquer distinção entre ambos no momento de preconceito, ou melhor, não distinguiam o preconceito propriamente dito da descriminação. Tanto um quanto outro estão elencados em um mesmo bojo conceitual. Todavia, estas apreciações forjadas pelos negros possuíam integral consciência, no tocante, ao contexto sócio-histórico pátrio. O preconceito sempre ofereceu um leque de alegações emocionais, como também morais e racionais, para o processo de distinção e formação de camadas sociais hierarquizadas. No entanto, a partir da ocasião em que o negro começou a se compreender, conseguiu explicar a situação posta, sendo esta conseqüência ou reflexo deste “preconceito de cor”.Eles começam a se notar como sujeitos históricos iguais aos demais. E entenderam que todas as discrepâncias socioeconômicas e políticas não eram frutos de questões psicológicas ou biológicas, mas sim, por conjunturas exteriores, produzidas pela atuação coletivista dos homens. Esta categoria de preconceito, no caso brasileiro, devia ser encarada como fator da desigualdade racial e devia ser combatida ferrenhamente.  (IANNI, 44-5)

Em entrevista dada ao escritor Tancredo Moraes, pelos entremeios dos anos de 1940-60, Zumba falou de sua vida sofrida na década de 1930, quando na ocasião perdera seu pai. Relembrou os estudos em Garanhuns e Gravatá e da consideração ao arquiteto Edson Figueiredo que  sempre acreditou em seu talento. De sua terrinha natal (Santa Luzia do Norte, Alagoas), solveu a secular  tradição das festas populares, e a cultura lagunar – as margens da lagoas Mundaú.

O arruado, a vegetação nativa e exótica, a igreja, a história, as pessoas e as águas do Mundaú serviram de inspiração a esse artista que nasceu vocacionado para as artes e que fez da pintura a sua principal profissão. (Gazeta de Alagoas, 2011)

No dia 30 de outrobro de 1996, veio a falecer levando para a eternidade à tristeza e a frustração por não ver seus projetos realizados.

Referência bibliográfica

IANNI, Octavio (org) Florestam Fernandes. In: col. Sociologia Grandes Cientistas Sociais. 2ª ed. São Paulo Ática, 2008. 


LIMA, Antonio Romeiro de. Santa Luzia do Norte: um pouco de sua história. Maceió: Esmal, 2008. 


Referência Eletrônica 

Gazeta de Alagoas. José Zumba: o homem que marcou a história das artes plásticas em Alagoas. VIEGAS, Osvaldo, 2011. Disponível em: http://www.interjornal.com.br/noticia.kmf?cod?=12755562


autor: Dário Augusto

por socorro moreira


Esbarrei no velho mandacaru, "que só flora na seca , quando a chuva chega”.

Nas voltas, a tarde se despedia
Barulhos urbanos não se ouviam
A paz dos feriados
deslizava, se infiltrava, e corria...
Como um rio, em tudo que se via
Banhei-me nessas águas,
e fechei o dia com uma noite morna,
serena e sem curvas tortuosas...
Respirei no alívio de um pesadelo findo,
e de um sonho colorido
com frutos do mandacaru,
ainda inteiros, vivos!

Desenredo por José do Vale PInheiro Feitosa


E foi por volta da meia noite. Ali quando o 1 deixa de ser e não se torna 2. É outro. Com as mesmas horas do canto do galo. As mesmas matinas e já não é o mesmo. Quando as alterosas deitam sombras nos vales a lembrar-lhes que apenas os são pelos píncaros que ali se ergueram. E neste deixar de ser para dar vazão àquele dos primeiros segundos, um riacho serpenteia, entre morros, das Gerais, no Desenredo de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro.

Por toda terra que passo,
Me espanta tudo que vejo,
A morte tece seu fio,
De vida feita ao avesso,
O Olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso,
Mas quando chego eu me enredo,
Nas tramas do teu desejo.

Pois nas trilhas de um continente que começa nas franjas do semi-árido e termina nas torrentes tropicais, meu coração desejava tal amplitude. E apenas em Minas iria entendê-lo. O segredo de tudo que acontece ou acontecerá em Outubro se encontra nas Gerais.

O mundo todo marcado,
A ferro, fogo e desprezo,
A vida é o fio do tempo.
A morte é o fim do novelo.
O olhar que assusta anda morto,
O olhar que avisa anda aceso
Mas quando chego eu me perco,
Nas tramas do teu segredo.

Rompendo a selvageria destrutiva das máquinas. A volúpia criativa das finanças em busca de saldos que assim os perpetue. Que chora o atropelamento que a vida não promete. Que se embriaga de vinhos numa enoteca como se executasse uma obra de arte.

Eh! Minas,
Eh! Minas
É hora de partir,
Eu vou,
Vou me embora prá bem longe. (BIS)

O segredo de tudo está em Minas Gerais. Os demais campos já estão conquistados. Apenas Minas tem meandros que a hegemonia viciada não penetra. Não procurar as retas, as curvas dominam. Encontrar ladeiras que se desdobram, becos que levam a uma minúcia que tanto pode ser a essência como um arranjo barroco.

A cera da vela queimando,
O homem fazendo seu preço,
A morte que a vida anda armando,
A vida que a morte anda tendo,
O olhar mais fraco anda afoito,
O olhar mais forte indefeso,
Mas quando eu chego eu me enrosco,
Nas cordas do teu cabelo.



. A Semana SESC de Artes Cênicas do SESC Juazeiro, terá início no dia 22 de março e vai ter em sua programção o OVERDOZE, onde acontecerá várias apresentções teatrais e musicais, que se iniciaram às 17h do dia 31 de março e seguirá pela madrugada, terminando ás 05h da manhã do dia 01 de abril. ENTRADA FRANCA Mais informações: (88) 3587.1065