por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 19 de março de 2012




José Zumba, ou simplesmente Zumba

  Segundo o pesquisador Antônio Romeiro de Lima (2008), Zumba era um artista plástico brilhante, descendente de africanos, nasceu em Santa Luzia do Norte,  no dia 30 maio de 1920. Com a morte de sua mãe, aos dez anos, fora levado a Pernambuco, aos doze anos, já se encontrava na Escola de Belas Artes, sob a  orientação do professor Edson Figueredo, dava os primeiros passos na aprendizagem das artes. Retornou a Alagoas para servir o Exercito.

 A maioria de suas pinturas retrata as figuras de negros velhos, escravos, cenas de trabalho, belas negras, dentre outras gravuras. Foi agraciado com o diploma de Cidadão de Maceió, do Ordem de Mérito dos Palmares, diploma da Escola de Belas Artes, Comenda Desembargador Mário de Gusmão.

Zumba chegava a afirmar que o Brasil é um país anticultural. ’Não vendo os meus quadros. Troco-os por dinheiro para não morrer de fome’ (LIMA, 85-6). É com certa magoa, por ser negro, por ser de “Cor”, mesmo diplomado com todos os méritos não recebeu os louros da sociedade alagoana, mas sim,  foi quase esquecido com sua genialidade.

Este alagoano de Santa Luzia do Norte foi um grande batalhador. Sustentou esposa e filhos com sua arte, pintando diariamente e saindo para vender as telas pelas ruas da cidade, repartições públicas e casas de colecionadores. (Gazeta de Alagoas, 2011)

O sociólogo e político Floretan Fernandes, coloca essa questão de “preconceito de cor”, como um elemento categórico de pensamento.  Para ele, essa categoria foi criada para assinalar, vários tipos de elementos, no que se refere, por exemplo, as questões emocionais e cognitivamente a todo o modelo tradicional de relação racial. Assim sendo, quando se fala de “preconceito de cor”, tanto mulatos quanto negros, não se fazia qualquer distinção entre ambos no momento de preconceito, ou melhor, não distinguiam o preconceito propriamente dito da descriminação. Tanto um quanto outro estão elencados em um mesmo bojo conceitual. Todavia, estas apreciações forjadas pelos negros possuíam integral consciência, no tocante, ao contexto sócio-histórico pátrio. O preconceito sempre ofereceu um leque de alegações emocionais, como também morais e racionais, para o processo de distinção e formação de camadas sociais hierarquizadas. No entanto, a partir da ocasião em que o negro começou a se compreender, conseguiu explicar a situação posta, sendo esta conseqüência ou reflexo deste “preconceito de cor”.Eles começam a se notar como sujeitos históricos iguais aos demais. E entenderam que todas as discrepâncias socioeconômicas e políticas não eram frutos de questões psicológicas ou biológicas, mas sim, por conjunturas exteriores, produzidas pela atuação coletivista dos homens. Esta categoria de preconceito, no caso brasileiro, devia ser encarada como fator da desigualdade racial e devia ser combatida ferrenhamente.  (IANNI, 44-5)

Em entrevista dada ao escritor Tancredo Moraes, pelos entremeios dos anos de 1940-60, Zumba falou de sua vida sofrida na década de 1930, quando na ocasião perdera seu pai. Relembrou os estudos em Garanhuns e Gravatá e da consideração ao arquiteto Edson Figueiredo que  sempre acreditou em seu talento. De sua terrinha natal (Santa Luzia do Norte, Alagoas), solveu a secular  tradição das festas populares, e a cultura lagunar – as margens da lagoas Mundaú.

O arruado, a vegetação nativa e exótica, a igreja, a história, as pessoas e as águas do Mundaú serviram de inspiração a esse artista que nasceu vocacionado para as artes e que fez da pintura a sua principal profissão. (Gazeta de Alagoas, 2011)

No dia 30 de outrobro de 1996, veio a falecer levando para a eternidade à tristeza e a frustração por não ver seus projetos realizados.

Referência bibliográfica

IANNI, Octavio (org) Florestam Fernandes. In: col. Sociologia Grandes Cientistas Sociais. 2ª ed. São Paulo Ática, 2008. 


LIMA, Antonio Romeiro de. Santa Luzia do Norte: um pouco de sua história. Maceió: Esmal, 2008. 


Referência Eletrônica 

Gazeta de Alagoas. José Zumba: o homem que marcou a história das artes plásticas em Alagoas. VIEGAS, Osvaldo, 2011. Disponível em: http://www.interjornal.com.br/noticia.kmf?cod?=12755562


autor: Dário Augusto

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