José Zumba, ou simplesmente
Zumba
Segundo o
pesquisador Antônio Romeiro de Lima (2008), Zumba era um artista plástico
brilhante, descendente de africanos, nasceu em Santa Luzia do Norte, no
dia 30 maio de 1920. Com a morte de sua mãe, aos dez anos, fora levado a
Pernambuco, aos doze anos, já se encontrava na Escola de Belas Artes, sob
a orientação do professor Edson Figueredo, dava os primeiros passos na
aprendizagem das artes. Retornou a Alagoas para servir o Exercito.
A maioria de
suas pinturas retrata as figuras de negros velhos, escravos, cenas de trabalho,
belas negras, dentre outras gravuras. Foi agraciado com o diploma de Cidadão de
Maceió, do Ordem de Mérito dos Palmares, diploma da Escola de Belas Artes,
Comenda Desembargador Mário de Gusmão.
Zumba chegava a
afirmar que o Brasil é um país anticultural. ’Não vendo os meus quadros.
Troco-os por dinheiro para não morrer de fome’ (LIMA, 85-6). É com certa magoa,
por ser negro, por ser de “Cor”, mesmo diplomado com todos os méritos não
recebeu os louros da sociedade alagoana, mas sim, foi quase
esquecido com sua genialidade.
Este alagoano de Santa Luzia
do Norte foi um grande batalhador. Sustentou esposa e filhos com sua arte,
pintando diariamente e saindo para vender as telas pelas ruas da cidade,
repartições públicas e casas de colecionadores. (Gazeta de Alagoas, 2011)
O sociólogo e
político Floretan Fernandes, coloca essa questão de “preconceito de cor”, como
um elemento categórico de pensamento. Para ele, essa categoria foi criada
para assinalar, vários tipos de elementos, no que se refere, por exemplo, as
questões emocionais e cognitivamente a todo o modelo tradicional de relação
racial. Assim sendo, quando se fala de “preconceito de cor”, tanto mulatos
quanto negros, não se fazia qualquer distinção entre ambos no momento de
preconceito, ou melhor, não distinguiam o preconceito propriamente dito da
descriminação. Tanto um quanto outro estão elencados em um mesmo bojo
conceitual. Todavia, estas apreciações forjadas pelos negros possuíam integral
consciência, no tocante, ao contexto sócio-histórico pátrio. O preconceito
sempre ofereceu um leque de alegações emocionais, como também morais e
racionais, para o processo de distinção e formação de camadas sociais
hierarquizadas. No entanto, a partir da ocasião em que o negro começou a se
compreender, conseguiu explicar a situação posta, sendo esta conseqüência ou
reflexo deste “preconceito de cor”.Eles começam a se notar como sujeitos
históricos iguais aos demais. E entenderam que todas as discrepâncias
socioeconômicas e políticas não eram frutos de questões psicológicas ou
biológicas, mas sim, por conjunturas exteriores, produzidas pela atuação
coletivista dos homens. Esta categoria de preconceito, no caso brasileiro,
devia ser encarada como fator da desigualdade racial e devia ser combatida
ferrenhamente. (IANNI, 44-5)
Em entrevista dada ao escritor Tancredo Moraes, pelos entremeios
dos anos de 1940-60, Zumba falou de sua vida sofrida na década de 1930, quando
na ocasião perdera seu pai. Relembrou os estudos em Garanhuns e Gravatá e da consideração
ao arquiteto Edson Figueiredo que sempre
acreditou em seu talento. De sua terrinha natal (Santa Luzia do Norte, Alagoas),
solveu a secular tradição das festas
populares, e a cultura lagunar – as margens da lagoas Mundaú.
O arruado, a vegetação nativa e exótica, a igreja, a história,
as pessoas e as águas do Mundaú serviram de inspiração a esse artista que
nasceu vocacionado para as artes e que fez da pintura a sua principal
profissão. (Gazeta de Alagoas, 2011)
No dia 30 de outrobro de 1996, veio a falecer levando para a
eternidade à tristeza e a frustração por não ver seus projetos realizados.
Referência bibliográfica
IANNI, Octavio (org) Florestam Fernandes. In: col. Sociologia Grandes Cientistas Sociais. 2ª ed. São Paulo Ática, 2008.
LIMA, Antonio Romeiro de. Santa Luzia do Norte: um pouco de sua história. Maceió: Esmal, 2008.
Referência Eletrônica
Gazeta de
Alagoas. José Zumba: o
homem que marcou a história das artes plásticas em Alagoas. VIEGAS, Osvaldo,
2011. Disponível em: http://www.interjornal.com.br/noticia.kmf?cod?=12755562
autor: Dário Augusto
Disponível em: http://santaluziadonorteal.blogspot.com.br/
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