por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 26 de fevereiro de 2011

Linguagem de Internauta - Altina Siebra



Não é fácil realmente, acompanhar este avanço tecnológico contínuo. Mal aprendo uma inovação e logo me deparo com outra. Mais fácil era usar a velha máquina de datilografar, mais romântico era esperar o carteiro com uma cartinha, mas a gente tem que aproveitar e usar o que de melhor nos proporciona este desenvolvimento, não é verdade?
Só sinto falta de não usarmos a nossa língua pátria, para nos comunicarmos melhor. O brasileiro sempre gostou destes estrangeirismos, parece que dá charme, sabedoria. Esta luta dos professores de Português é antiga. Até que a vendedora se saiu bem nas explicações!.
Vou tentar aprender mais, afinal tem uma fila de netos esperando as histórias infantis contadas pela vovó internauta (rs)

Abraços!


Tininha

O olhar de cada um - Nívia Uchôa


Na fotografia o presente, o passado e o futuro andam juntos.

Falar em fotografia é falar em luz, escrita da luz, melhor dizendo; foi assim que comecei a ensinar a adolescentes da SOAFAMC, curiosos pela nova linguagem.
Lembro das suas faces admiradas pelo novo estilo de ver o mundo de outra forma, pois a fotografia é uma escolha de vida e, sobretudo, a escolha de um olhar próprio. Pode ser a busca pela sua identidade, seu lugar, o lugar do outro.
Recordo ainda, que no primeiro dia de aula, expliquei para eles que íamos fotografar algumas manifestações culturais, através de crenças, comportamentos, atividades artísticas, intelectuais, adquiridas espontaneamente ao longo do tempo, as quais são peculiares ao lugar e as pessoas.
Fomos documentar as manifestações de tradição oral, ou seja, reisados, lapinhas, coco, o cotidiano de grupos que deixam um legado histórico-cultural à nossa e as futuras gerações.
Juntos, elaboramos formas e fórmulas que garantissem resultados, os quais fossem entendidos por todas (os) na hora de fotografar, através do mundo digital, a tradição oral, suas danças, seus estilos, suas roupas, enfim, um complexo de cores que desnudaram o olhar de cada um.
Fiquei perplexa ao perceber os resultados das fotografias, pela beleza e profunda vontade que esses adolescentes tinham em mostrar para eles mesmos o que o olhar pode captar através da luz, uma captura de instantes, a que a fotografia se destina, através de uma simples câmera digital.
Ajustar a luz, o foco, buscar a precisão, tornar a visão como um tiro ao alvo foi para elas (es) tarefa fácil de realizar, talvez pela afinação de longas conversas sobre fotografia, ou pela exposição de fotos minhas e de outras (os) fotógrafas (os), ou por mera vontade, intrínseca a cada adolescente, de deixar também seu legado, um recorte do real.
A cada aula uma conversa, a cada foto uma crítica, a cada olhar um elogio pela busca da magia da visão, a cada atitude de erro um desafio, a cada pergunta uma resposta à altura, a cada modo de ver um encontro com o diferente, enfim, uma escolha sem volta, sem arrependimento, mas com muita alegria a cada viagem, a cada visita.
Nesse instante, a fotografia, que era pessoal, torna-se histórica para a memória coletiva, o registro de um tempo que não volta mais, o que era futuro tornou-se presente e agora é passado.
Assim nasce uma fotografia, com a intenção de ela própria dizer, o que só ela pode contar sobre um dia, um lugar, um contexto histórico, pessoal e real.

Nívia Uchôa
Poesia da Luz

Um text ' ículo do Nicodemos


ME PERDOE SE DESACERTO
EU JURO QUE ME EMPENHO
ESTA FEIURA, POR CERTO
É TODA BELEZA QUE TENHO

Uma trovinha sem compromisso
enquanto esperava o ônibus
João Nicodemos

Eu fui ao Crato - por José do Vale Pinheiro Feitosa

12 de março de 2010


O Cariri continua lindo. Com seu verde hidratado, seus babaçus arrojados, quintais floridos e toda a curvatura que se posta respeitosa ao talude magno da Chapada do Araripe. Este vale é mais ainda, pois se abre sobre a planície das léguas tiranas dos sertões. Não é como aqueles vales acanhados, apertados entre saliências que estão ali para dizer-lhe: és vale pelo meu poder permissionário. O Cariri é vale a desafiar o semi-deus da caatinga circundante.

Logo no primeiro dia andei pelo centro da cidade do Crato. Fervilhante centro. Tão comercial como se reduziu tudo aquilo que antes fora sociedade e política. As famílias migraram, as praças perderam a ambiência do debate, confesso que senti certa vergonha de, na madrugada de uma sexta-feira, encontrar a Praça da Sé coalhada de copos descartáveis e sobre suas calçadas as varetas de ferro das barracas da “camelotagem”. Tudo só comércio.

Um comércio sem peias. Apenas propaganda e uma vontade imensa de vender. Uma espécie de “crack” fumado todas as manhãs ao se abrirem as caixas registradoras. Um vício a matar a cidade. A cidade se reconhece pelas suas ruas e suas ruas apenas existem pelas suas edificações. E as edificações? Estão escondidas, aprisionadas, humilhadas pelas placas um tanto imbecis da mercancia. A maior demonstração de que tudo anda sem medidas se vê por uma placa imensa “deletando” a visão do prédio do Coronel Antonio Luiz. A cidade foi adonada por uma volúpia que apenas pode ser controlada por fora, talvez pelo poder público se ele se manifestar. Pois não se manifesta. Como aquele biombo que esconde um dos prédios mais representativos da alma da cidade e que faz uma propaganda de uma coisa esdrúxula: DENTISTA POPULAR.

Dentista popular. Lembrou-me um incidente do grande Advogado Sobral Pinto com um coronel nos idos da ditadura militar. O Coronel: Dr. Sobral nós estamos inventando a democracia à brasileira. Ao que o mestre rebateu: não exista tal, o que existe é peru à brasileira. Não existe dentista popular, pois se é dentista apenas existe para atender ao povo. O comércio do centro do Crato parece que inventa a fachada colorida sem história e sem vida, apenas loucura de droga.

Neste mesmo centro não se precisa ir ao Chile e nem ao Haiti. O terremoto aconteceu ali mesmo. No que antes era a quadra central da vida social, política e histórica da cidade. Alguma decisão sem humanidade derrubou todo um quarteirão, deixando os escombros como prova cabal de que a propriedade privada sobrepõe-se a tudo, inclusive ao interesse histórico, social e, portanto, histórico. Mata-se a alma do Crato como os fumadores de “crack” fazem com a própria, em caráter particular.

À noite um grupo de pessoas da cidade me deu o sentido de que tudo existe, tudo ainda acontece. Na casa de Roberto Jamacaru, tive inveja de quem lá não esteve. O Crato ainda existe. O Cariri é lindo. Esta beleza é mais que a fugacidade “daqueles fumos inebriantes”.

 por José do Vale Pinheiro

Dexter Gordon



Dexter Gordon (27 de Fevereiro de 1923 – 25 de Abril de 1990) foi um músico de jazz estadunidense, considerado um dos pioneiros do bebop. Entre 1940 e 1980 tocou com grandes nomes, tais como Lionel Hampton, Tadd Dameron, Charles Mingus, Louis Armstrong e Billy Eckstine. Também tocou, durante alguns meses de 1947, com a banda de Fletcher Henderson.


Carnaval da SAaudade, no Crato Tênis Clube


Hoje acontece no Crato Tênis Clube o Carnaval da Saudade. Sem dúvidas será uma festa sensacional. Hugo e seu conjunto, e a participação especial do cantor baiano Moraes Moreira. Momento de encontro de várias gerações, num clima de euforia.
È fácil imaginar o sucesso da festa.
Desejo a todos os foliões uma noite de pura alegria!

ISAURINHA GARCIA- Por Norma Hauer


No dia 26 de fevereiro de 1919, nasceu, no bairro do Brás, em São Paulo, Isaura Garcia, que ficou conhecida, artisticamente, como a cantora ISAURINHA GARCIA.

Ela foi uma das poucas artistas que, em sua época, fizeram sucesso em todo o Brasil, sem nunca deixar sua cidade natal.
Naquele tempo, artistas vinham morar no Rio de Janeiro, então Capital da República, para se tornarem conhecidos em todo o país. Isaurinha Garcia jamais residiu fora de São Paulo.

Isaurinha começou sua carreira na Rádio Record em 1941. Tornou-se conhecida através do rádio e, já no mesmo ano, gravou, na Colúmbia: “Chega de Tanto Amor" (Mário Lago), "Pode Ser” (Ataúlfo Alves) e "Eu Não Sou Pano de Prato", de Roberto Martins e Mário Lago, música esta que lhe "abriu as portas" para o sucesso e a tornou conhecida aqui no Rio de Janeiro.

Em 1941 lançou "Teleco Teco", ainda na Colúmbia.

No ano seguinte passou à gravadora RCA Victor, quando firmou seu nome gravando "Quem Paga o Pato Sou Eu"; "Duas Mulheres e um Homem" (esta foi uma resposta aos sambas "Amigo Leal" e "Amigo Infiel", gravados por Orlando Silva).

Regravou, de Noel Rosa, "Último Desejo" e "Século do Progresso" (1946).

Neste mesmo ano, lançou seu maior sucesso a música de Aldo Cabral e Cícero Nunes: "Mensagem".
Esta composição recebeu inúmeras regravações, mas foi Isaurinha Garcia a primeira a espalhá-la por todo o Brasil, assim:

"Quando o carteiro chegou,
E meu nome chamou,
Com uma carta na mão...
Ante franqueza tão rude,
Não sei como pude
Chegar ao portão...

Vendo meu nome escrito
Em seu subscrito
Eu reconheci,
A mesma caligrafia,
Que me disse um dia,
Estou farto de ti.

Porém não tive coragem
De abrir a mensagem
Porque na incerteza,
Eu meditava e dizia:
Será de alegria ?
Será de tristeza ?
Tanta verdade risonha
Ou mentira tristonha, uma carta nos traz...
Assim pensando rasguei, tua carta
E queimei, para não sofrer mais.

Marcou, ainda depois, outros grandes sucessos como:"De Conversa em Conversa" e "O Sorriso do
Marcou, ainda depois, outros grandes sucessos:"De Conversa em Conversa" e "O Sorriso do Paulinho".Esta da autoria de Gastão Viana e Mário Rossi

O SORRISO DO PAULINHO
Não é possível viver assim desse jeito
Chegando de madrugada sujo de luxo e de pó.
Parece incrível você perdeu o respeito
Não tem amor a mais nada me deixa em casa tão só.

O meu consolo é o sorriso do Paulinho
Quando pergunta mamãe onde andará meu paizinho.
Então eu choro e você sabe por que
Nosso filho desconhece o que dizem de você.

Quando vinha ao Rio apresentava-se no então famoso programa César de Alencar, que "abriu as portas" para muitos cantores que se tornaram famosos.

Foi eleita a primeira e única "Rainha do Rádio Paulista", sem ninguém para sucedê-la.

Faleceu em 30 de julho de 1993.

10 anos depois, em 2003, foi homenageada com um espetáculo de nome "Isaurinha-a Personalíssima", estrelado por Rosa Maria Murtinho, no Teatro João Caetano.

Norma

Solta no azul- Por socorro moreira




Poeta insone
(para Domingos Barroso)

Coração desentendido
Olhos amorosos
Madruga nas estrelas
Seus versos pulam e dançam
Com baratas e pernilongos

É nome de santo
Tem qualquer coisa de anjo
Asas emplumadas de rimas
Profana( mente) desmente:
Todo poeta é sozinho!



Mais um dia pintado de azul

Quem não chora tem o coração seco
Vivo os meus estios
sem cios
-Deveria chorar porisso ...

A pele rasgada
o olhar cansado de esperar a noite
e o dia brincando com a minha paciência
Às vence vence o meu tédio
mas deixa a nostalgia

Começou a nublar
sinto um cheiro de manga no ar
Zoadas diurnas nos quintais
chaleira fervendo...
Mais um café com pão
No trem da vida.

Pensamentos noir - por socorro moreira


As lembranças escapam
quando tiramos a poeira das mágoas.
A saudade carrega um samba no pé
A vida pode durar um só verso
que às vezes se imortaliza!



Se você chegasse...Nem me despedia!


Palavras são como flechas ou bombas
quando atiradas provocam estragos!


Preciso encontrar meu olhar perdido na menina dos teus olhos!


Preciso do teu silêncio
que tudo entrega,
no escuro da tenda!


Busco um sinal
um arco-íris!
Chuva molha, estraga ou viça
o que há fora de mim!


Ninguém trafega, impunemente, nas curvas de uma mulher!

Elos e Elas- socorro moreira



Nos fazemos nos silêncios
nas ruas sem esquinas
nos poemas e pensamentos!



Nesta manhã distante de nós
Nós desatáveis
Querem ficar cegos

Solta no ar,
quero te caçar!
Depois te amassar...
folhinha por folhinha!


É normal esse desalento?
Esta incapacidade de salpicar estrelas
nos meus escuros?


Gotas nos olhos da cara
salpicam folhas...
(de papel e flores)
vento não apaga
a tinta borrada
Folha se gasta
e a lagarta pinta!


A vida é um tapete
feito por nossas mãos
pode ser de luz
estrelas, pedras, flores
de sonhos imaturos
como o rio que afoga enganos
como a estrada que não finda
como o sono que esconde o vinho...


Meu portal está aberto
Vou longe e alto
com todos elos e elas!

Versos com rosas - socorro moreira

Impossível ser zen
numa noite profana
impossível expulsar
o anjo que me acompanha!


as vezes deixo todas as velas ao vento
perco controle e velocidade
e deixo o mundo pensar
que ganhou a guerra!


Meu amor é teu
eco de todos os narcisos
ensina-me a dizê-lo
ensina-me a tê-lo!

Se a noite está do lado de fora
ela que cuide das estrelas
não sei olhar o céu
enquanto você não chega...


Apresento-lhes duas crianças lindas : Lourenço e Pedro !

Netos da nossa amiga Walda Arraes , que acompanha com atenção e carinho as nossas postagens diárias.

Entre o som e o silêncio - Emerson Monteiro


No enquanto da tarde imensa, buscava, no sono, o conforto, quando trovões sacolejaram de ribombos vagas distantes, entrecortando o canto intermitente de um sabiá na mata. Por dentro, porém, calma não veio, deixando apenas de si perguntas e a vontade de escrever, atender ao instinto da sintonia de pensamentos e frases, resposta prudente. Sem alternativas, deixei a rede e cheguei neste porto de papel.
Diante das muralhas intransponíveis das realidades em cada minuto, os dramas e as comédias. Velórios e folias, cascalhos e flores. Os verdes lodos, a crescer dos tijolos, brilham intensos das folhas, no verde das construções antigas. Luzes veludosas prorrompem as faixas de cor suave, em volteios de alegres pássaros nos arvoredos ainda molhados, penetrando curvas e caminhos de seus perfumes silvestres.
Aparências de matéria se acalmam, e, com isso, a fome preguiçosa das respostas e os gritos das farpas e do coração. Só o trilho e as peças do movimento agitando as entranhas. Trocar de passo no sabor dos ventos. Apreciar a paisagem de desenhos multiplicados, que chegam pelo sempre de toda vez que aparece. Agitação, tecnologia de janelas inúmeras, matemáticas, e pessoas chorosas ou sorridentes, nas ruas da lembrança. Enredos, montagens de espetáculos efetivos através das galerias acesas, nos finais de tardes transcendentes. Portas abertas da feroz imaginação; ubres espaçosos e leite derramado. Filhos nascendo e naves partindo a todo o momento.
Com isso, bruxos ou sacerdotes desfibram velas nas catacumbas, ao som de monótonas cantigas espalhadas no amplo firmamento. Catedrais dadivosas envolvem de mistério as maiores dimensões, na possibilidade arquitetônica das divinas ofertas. Natureza reluzente, e o pátio do infinito, onde, azuis, homens e feras vadias, envoltos em flores, amor e prudência, pastam felizes, silenciosos. Um paraíso de sonhos aberto aos viventes, que lhe sobrevoam e descem de olhos atentos ao segredo das árvores, dos rios, florestas e mares, calmos e fiéis ao Ser Supremo.
Nenhuma dúvida mais atiça o desejo realizado, de tudo, o nada absoluto, agora pleno de fragor, arfa satisfeito. Entregam-se, pois, das ondas às areias, guerreiros livres de tribunais e prisões; ausentes das abandonadas conquistas; o prazer completado no fastio. Dali, a convergência no ponto único da plenitude.
Após reunir tais palavras em sentimentos, vórtice impetuoso de energia sacudindo os anéis da garganta chegou cá fora, nessa colagem de versos, pelas cordas sonantes dos dedos nas teclas. Fluir das histórias de dentro em imagens presentes nos céus.
Ribombam trovões, nessa tarde, e um sabiá alimenta de chilreios o ar, maestro exclusivo, na vegetação sertaneja.

Curtas. Liduina Belchior.

Rosa no cabelo
sinaliza alegria,
bem estar, efervescência,
eventualmente harmonia.

ERMANO MORAIS: O SER DE SER UM MANO - por Ulisses Germano


Poeta que é poeta
Nasce feito, nasce pronto
Tem no peito uma seta
Que indica o confronto
Entre a idéia e o sentimento
No rimar do batimento
Zabumbando no desconto

Tem gente que nasce feito
Tem gente que nasce pronto
Tem gente que tem no peito
Um ponto que aumenta um conto
Ermano tem no tutano
O ser de ser um humano
Versejando sem confronto

Ulisses Germano 
Crato, 02/08/2010


Fazendo uso-Por Rosemary Borges Xavier

Gosto de gastar meu pensamento. Redigir umas palavras. Penso que assim refaço o caminho; antes que o dia seja breve.

Governos de conveniência - Emerson Monteiro

A onda que varre dos comandos governantes de países árabes deixa no ar uma séria lição, qual seja: o capitalismo ocidental brincou em serviço quando apoiou a maioria desses ditadores que o próprio tempo se encarrega de eliminar, atitude que demonstra por demais a irresponsabilidade das democracias ricas em relação aos países atrasados deste mundo. Ninguém avalie, portanto, sua posição acima do mal e do bem, como agem detentores da riqueza, nas poderosas economias nacionais.
Depois da crise do petróleo, verificada com a Guerra dos Seis Dias entre árabes e judeus, no ano de 1967, os países detentores das reservas decidiram aumentar o preço do barril do ouro negro a níveis pouco imagináveis. As nações árabes descobriam, enfim, o quanto vale o subsolo nesta civilização contemporânea. O Ocidente, principal consumidor, instalava, naquelas economias crescentes, através dos ardis de bastidores, líderes que lessem nas suas cartilhas, para, mais adiante, dado o despreparo da maioria deles, haver de exterminá-los ao preço das dores civis, notícias que, antes, vieram do Afeganistão, do Iraque, e, agora, num rastro de pó e sangue, das ditaduras de conveniência que afundam, impostas que foram às nações em crise pela barganha dos potentados capitalistas.
Eis uma história marcada, programada de longo prazo. Nas décadas de 60 e 70, as Américas sofreram da mesma fórmula, que serviu, durante 20 ou mais anos, ao pretexto de manter a ordem nesta parte do chão. Os custos disso, atraso na maturidade dos povos, taxa elevada em termos de aperfeiçoamento histórico negativo, subserviência e alienação de gerações inteiras.
Tais exercícios de intervenção alimentaram elites reacionárias e corruptas, ocasionando consequências perversas de vazios profundos no futuro, visando o lucro das conquistas do mercado imperialista.
Essa crise fenomenal que ora elimina titulares carimbados no Egito, na Tunísia, e se espraia pela Líbia, pelo Iêmen e outros países, representa, pois, a derrocada dos esquemas absolutistas impostos pelos ocidentais a povos do Oriente, engordando famílias e governos ilegítimos, quais novos cônsules da Antiga Roma dos césares.
Os resultados da ação equivocada sujeita, com isso, perder a humanidade, expondo conquistas democráticas, devido à injustiça que contagia vizinhanças e domínios equilibrados, pondo risco, por exemplo, na estabilidade da Europa, comunidade que, através dos séculos, ficava distante das convulsões da Ásia e da África. Já que existem, porém, nos tempos atuais, o excesso populacional e as facilidades do deslocamento das massas humanas, o Velho Continente sofre com as angústias do futuro., nuvens escuras crescem das bandas do Nascente, na geopolítica internacional, e, queira Deus, uma autocrítica honesta de quem responsável motive rumos novos aos tristes acontecimentos verificados.

Música na madrugada

"More" - Por Socorro Moreira




O sono está na rua.
Vadiando numa mesa de bar
Escreve em guardanapos, e amassa...
Não consegue dizer o que sente
Não sabe!
Teu sono está conciliado com o teu corpo.Eles sonham!
Vidas paralelas vivem o amor sem licença pros batismos.
E eu com isso?
Se me inspiro, se faço disso um ofício...?
Imagino as confissões juvenis, como se eu estivesse na puberdade, e catasse borboletas, colhesse  flores pra enfeitar o cabelo.
Quero este presente que não desiste da embriaguez amorosa.Que nada cobra do tempo, a não ser um arrepiar-se. É quando chegas; é quando soltas um panfleto poético, e eu cato nas entrelinhas um sinal vermelho ou verde... Mas a cor amarela ordena a espera. A espera por uma próxima visita, que vem lá do mar.
Canto um bolero. Tem coisa mais brega?
“Alguém me disse...”, “Ninguém é de ninguém!”.
Pra completar, eu relembro “Doce Amargura...”
“Provo do favo do teu mel”, sem conhecer o teu beijo.Ele fala comigo, quando é teu o meu desejo.

Mais que uma simples foto...

Achei linda essa foto. Peguei no orkut de uma grande amiga e comadre, Darineia (todos os créditos para ela).
Parece o vazio de pessoas [duas] diretamente ligadas, ou perdidas na imensidão do infinito. É uma imagem reflexiva... Um vazio nostálgico, sei lá...
Preste atenção...
E você, o que também sente ao ver essa imagem?
Mara

Eu acredito em Deus - Martha Medeiros

Esse é o Meu Deus...
Lindo texto!


EU ACREDITO EM DEUS
Eu acredito em Deus. Mas não sei se o Deus em que eu acredito é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro. O Deus em que acredito não foi globalizado. O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém. É uma idéia, uma energia, uma eminência. Não tem rosto, portanto não tem barba. Não caminha, portanto não carrega um cajado. Não está cansado, portanto não tem trono. O Deus que me acompanha não é bíblico. Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova. O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros, mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade. O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos. Não distribui culpas a granel: as minhas são umas, as do vizinho são outras, e nossa penitência é a reflexão. Ave Maria, Pai Nosso, isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo. Para o Deus em que acredito só vale o que se está sentindo. O Deus em que acredito não condena o prazer. Se ele não tem controle sobre enchentes e violência, se não tem controle sobre traficantes, corruptos e vigaristas, se não tem controle sobre a miséria, o câncer e as mágoas, então que Deus seria ele se ainda por cima condenasse o que nos resta: o lúdico, o sensorial, a libido que nasce com toda criança e se desenvolve livre, se assim o permitirem? O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha. Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz gigante nos ombros. A cruz pesa onde tem que pesar: dentro. É onde tudo acontece e tudo se resolve. Este é o Deus que me acompanha. Um Deus simples. Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê-tudo. Meu Deus é discreto e otimista. Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso: um abraço numa amiga, uma música na hora certa, um silêncio. É onipresente, mas não onipotente. Meu Deus é humilde. Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri. Quem não te sorri não é cúmplice."

Martha Medeiros

MANÉ DE JARDIM - ALÉM DA LENDA CONTADA...


 
Conheço um tal de Mané
Que nasceu lá em Jardim
Vivente como ele é
Talvez se lembre de mim
Prá ele compus um samba
Do viver da corda banba
Nas cordas do bandolim

        Fiquei sabendo que o Mané de Jardim costumava fazer uma pergunta para deixar algumas  pessoas aqui do Crato meio que embaraçadas. Com seu jeito elétrico de pirlimpimpim, indagava:
           -Você sabe o que é idiossincrasia?
           -Não - respondia o incauto. 
           Então, imediatamente o Mané revidava:
          -Vá estudar!!!
 
Mané de Jardim, pra quem não conhece,  faz parte do panteão dos grandes músicos que nasceram nas tocatas das noites cratense.