por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 19 de junho de 2014

Perigosa "depen(neimar)dência - José Nilton Mariano Saraiva

Ainda no alvorecer da competição, não mais que de repente uma nesga de decepção, desconfiança e pessimismo tomou de conta de boa parte da apaixonada torcida brasileira, depois da extrema dificuldade que a nossa seleção de futebol encontrou para suplantar o “ferrolho” da Croácia e, principalmente, do insosso empate sem gols com os aguerridos mexicanos.

E é fácil detectar que tal estado de espírito deu-se em razão do “óbvio ululante”: a dependência quase que visceral do bom time brasileiro, nesses dois jogos, ao tal Neimar, tido como o principal jogador do nosso selecionado (é que, mesmo jogando em casa, inexplicavelmente outras peças ainda não renderam o que podem).

No duro no duro, parece até que a partir do instante em que a mídia nacional “endeusou” o tal jogador de uma forma até que irresponsável, porquanto o ungindo e colocando-o no panteão de “salvador da pátria”, isso serviu de material de alta combustão para insuflar os torcedores, daí essa expectativa irracional e desmedida de que o tal jogador será capaz de decidir tudo, a toda hora e quando quiser. E, definitivamente, a coisa não funciona assim, como agora estamos a constatar. Até porque, se bem marcado ou mesmo se num dia não muito inspirado, temos que ter um plano B, encontrar alternativas outras que nos permitam avançar.

Assim, antes que a vaca vá pro brejo, o técnico Felipão, macaco velho no trato de questões sobre, ao tempo em que pedia paciência à torcida destacou exatamente isso: que o tal jogador não é um “astro-rei” ao redor do qual orbitam satélites inexpressivos, que o time tem que priorizar o coletivo em detrimento do individual, tem que remeter tal aura de dependência às calendas gregas e, enfim, tem que aprender a se virar nos momentos de dificuldades.

Afinal, temos, sim, outros jogadores que ainda não renderam o esperado, mas que, numa simples mudança de posicionamento durante os treinos ou até depois de uma conversa mais séria com o comando, se conscientizem que estão em débito com a nação e tratem de corresponder o que deles se espera (vide Daniel Alves, Paulinho e Fred, principalmente, jogadores passados na casca do alho, mas que até agora decepcionaram). O recado foi curto e grosso: se não atingirem o desejado, serão sacados (e já na partida seguinte).

No mais, a história está aí por testemunha: evoluindo para a segunda fase nosso time naturalmente encorpará, ganhará a consistência, solidez e confiança necessárias pra deslanchar rumo ao tão sonhado HEXA.

Até porque, queiram ou não os pessimistas de plantão (e/ou os eternamente do contra), a nossa camisa ainda impõe respeito, aqui e alhures e, apesar da exuberância e excelência do futebol que estão a praticar esquadrões como a Alemanha e Holanda, eles ainda tremem quando enfrentam o Brasil.

Portanto, a partir do “jogo da classificação’ (contra a seleção de Camarões) teremos que nos livrar dessa “depen(neimar)dência”, a fim de, no crepúsculo da competição, nos habilitarmos a disputar a finalíssima com as poderosas Alemanha e/ou Holanda (que num certo momento baterão de frente, sobrando uma delas).


Alguém tem dúvida ??? 



Minha mãe gostava de borboletas. Se uma delas entrasse lá em casa, ela nos dizia com voz de mando, quase ameaçadora: cuidado, não se espanta borboletas, elas são abençoadas, dão sorte. Minha mãe gostava de todas, mas especialmente de borboletas de asas quase translúcidas, delicadas, de um amarelo pálido. Talvez achasse que não merecíamos uma borboleta assim, feito esta, aí embaixo, harmoniosamente colorida, bordada com tantos desenhos, envolta em vários tons, ou quem sabe fos...se apenas o medo de não saber lidar com uma sorte tão avassaladora, trazida por uma borboleta tão ricamente vestida. Melhor as simplesinhas que entram aqui muito de vez em quando.
Minha mãe deixou-me por herança o gosto pelas borboletas, especialmente as simplesinhas, igual a esta de um amarelo anêmico, quase morto, que voa (agora) a esmo pela minha sala, num voo desgovernado, como se quisesse (mas) não soubesse sair. Faz tempo que a acompanho, meu olho corre de uma lado para o outro muito rápido; dou com ele no teto, pregado na porta, beirando o chão. Estão cansados, meu olho e a borboleta simplesinha. Pensei em espantá-la, em persegui-la de um canto a outro: venha, pequena, o caminho é por aqui. Mas minha mãe me disse que não se tange a sorte, não se espanta borboletas. Estou numa situação terrível, de pés e mãos atados. Se tanjo essa criatura por demais delicada, posso, num gesto desajeitado, despedaçá-la, aniquilar a sorte que ela me traz, além de desobedecer à severa ordem de minha mãe, que já faz muito tempo eu não vejo, ela não mora mais aqui. Por outro lado, se deixo que essas asas descoradas se encarcerem a si mesmas, que sorte posso eu pretender dessa borboleta simplesinha que vai morrer de tanto
voar?
(rejane gonçalves)
  •