por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 14 de abril de 2014

NA MINHA RUA CABEM TODOS OS SONHOS URBANOS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Com alguma dúvida vou meter minha colher nos textos dos queridos Zé Flávio e Carlos Eduardo. A dúvida parte da própria ausência na maior parte da história da minha cidade. Saí daí para estudar fora e nunca mais voltei para ficar mais do que uma semana. Portanto sou uma peneira incapaz de reter a realidade do território da minha própria natalidade.

Mas eles mesmo me deram elementos. Deixaram-me a impressão que a chamada conurbação implica em aprofundar mais do que um conflito histórico. Na cara que até hoje pairam lembranças da guerra entre Juazeiro e Crato ainda no início do século XX. Mas esse conflito pode implicar outra questão.

Ao invés de um conflito explícito, há implícito a negação de que uma única cidade não é suficiente para representar o que o território conurbado é. Inclusive é muito interessante esses aspectos pois as regiões metropolitanas trazem espaços dedicados como zonas comerciais, industriais, parques e lazeres, regiões dormitórios, zonas ricas e zonas pobres.

Mesmo assim os espaços dedicados estão cada vez mais se desfazendo por um processo de integralidade urbana em que se misturam todas as funções necessárias na vida urbana. Quer dizer no mesmo território se mesclam comércio, empregos, moradias, lazer e assim por diante.  

Quero dizer que a conurbação leva consigo o desejo da integralidade urbana. As cidades que a compõem serão interpenetradas pela mobilidade urbana, dependerão de suprimentos essenciais na escala conjunta e a vocação nunca será um fenômeno per si. Ela sempre dependerá das necessidades e demandas conjuntas.

Por isso mesmo o próprio conceito de metropolização e conurbação se deita na capacidade de se compor a realidade conjunta através da identificação, do planejamento e consecução da integralidade de serviços e necessidades onde as pessoas vivem e trabalham. Essa é a grande questão.


A grande questão é descentralizar, espalhar equipamentos urbanos em todas as cidades e bairros. Romper concentrações, especializações e vocações. Todos os sonhos urbanos cabem na rua em que as pessoas vivem. Quem na minha cidade não tem consciência da situação desigual entre o Bairro Gisélia Pinheiro quando comparado um bairro de classe média?