por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 9 de junho de 2011

Recebido por e-mail


Um celular de estimação - Emerson Monteiro

Ele possui a barriga estreita. Diariamente deverá passar algumas horas pendurado na tomada recebendo carga habitual, senão na rua logo me deixa na mão, de comum nas situações inesperadas. Acostumei com isso, indócil mania paraguaia de celular cuja carga dura pouco. De dois chips, atende com fidelidade às operadoras, mesmo sabendo que dormirá cedo, bem no início da noite. Segue comigo, acima e abaixo, nas pelejas dos comportamentos animais, dócil e inevitável. Mas sei que traz guardado nas estranhas o grave defeito de ter a bateria curta. Ainda assim cumpre seu papel de comunicador estratégico desta fase do tempo quando quase ninguém escapa de transportar, no bolso ou na bolsa, esse treco bisbilhoteiro, facilitador de circunstâncias e redutor das fronteiras.

O noticiário da semana passada, por exemplo, falou dos riscos e prejuízos à saúde do alienígena, quando usado com regularidade e maior intensidade, estudos ora desenvolvidos a confirmar, em face das ondas que emite e recebe. Maquininha familiar, depois dele mudaram costumes e medidas. Poucos passam impunes diante das artimanhas do monstrinho, que hoje, no Brasil, já ultrapassa o número de habitantes. Quanto crime sujeita incentivar. Quanta vida salvará, antes do pôr do sol. Misto de brinquedo traquina e lâmpada maravilhosa, o propulsor da civilização contemporânea desmancha os obstáculos ao progresso, artefato nunca visto com tamanha força de vulgarização nas classes sociais; e, máquina de tais proporções transformadoras, pois facilita que é uma beleza tudo em volta, conquanto demonstração do engenho humano às raias do infinitamente pequeno, sem fugir aos encantos que proporciona, estreitando amores apaixonados, monitorando filhos e sequenciando negócios. Aonde chegar ser humano, alguém buscará sinais abençoados dos equipamentos digitais.

Traçado que democratizou o poder da ciência, o celular serve de símbolo do quanto andaram os circuitos eletrônicos a serviço da sociedade, agora desenvolvida através de novos aparelhos dotados das inúmeras funções, espécies de computadores populares transpostos de mão em mão.
Daí a pergunta crítica de saber quem manda, se o homem ou a máquina, tabu da Era Industrial. Tipo fertilizador das emoções, pouco pesa saber a resposta do invasor que criou dependência e raros dele escapam.

No entanto armam-se paralelos. As recargas todo dia que humanos também necessitam, e no dormir carregamos a bateria. No sonho, na oração, na esperança, alimentamos a viva vontade dos sentimentos, neste frio das relações mecânicas para vencer as interrogações da existência, apesar dos muitos meios que o homem desenvolveu e quase nada melhorou em termos da própria fraternidade.

"Raridades" - José Nilton Mariano Saraiva

Depois de duzentos anos alguns meses e poucos dias morando em Fortaleza, eis que recentemente fomos surpreendidos agradavelmente, ao tomar conhecimento da existência de uma locadora (perto de casa, no Bairro de Fátima) onde literalmente qualquer um é capaz de “desenterrar” (ou “ressuscitar”), de acordo com o gosto do freguês, grandes e épicas produções cinematográficas “do tempo do bumba”, na perspectiva de desejar compor um respeitável acervo particular (tanto que já tomamos a iniciativa).
Ao razoável preço de R$ 10,00 a unidade, os CD/DVDs são entregues em sua própria casa e possuem uma qualidade muito boa (com alguns guardando as características originais, evidentemente, como a projeção em preto e branco), permitindo-nos empreender uma inolvidável “viagem de retorno” às origens (meninice/adolescência) e reviver momentos mágicos, via agradáveis “sessões nostálgicas”... e solitárias (os meninos e a mulher acham tudo isso muito “cafona”).
Fato é que, de posse de autênticas “raridades” (abaixo), adquirimos a propriedade de nos autotransportar às salas do Moderno, Cassino e Educadora, aí do Crato, onde tudo começou: No Tempo da Diligências (John Waine), Uma Rua Chamada Pecado (Marlon Brando), Gata em Teto de Zinco Quente (Paul Newman), Candelabro Italiano (Troy Donahue), A Bela da Tarde (Catherine Deneuve), A Piscina (Alain Delon), Crepúsculo dos Deuses (William Holden), Os Desajustados (Clark Gable), Bem Hur (Charlton Heston), A Face Oculta (Marlon Brando), Os Imperdoáveis (Clint Eastwood), Juventude Transviada (James Dean), Paixão de Fortes (Henry Fonda), Flechas de Fogo (James Stewart), Os Girassóis da Rússia (Sophia Loren), Doutor Jivago (Omar Sharif), Os Canhões de Navarone (Gregory Peck), Cidadão Kane (Orson Welles), A Ponte do Rio Hway (Willian Holden), A Escolha de Sofia (Meryl Streep), Fugindo do Inferno (Steve McQueen), Guerra e Paz (Audrey Hepburn), Casablanca (Ingrid Bergman), dentre outros.
Apesar de todas serem “jóias raras”, particularmente torcíamos e tínhamos uma verdadeira obsessão por rever dois “filmaços” que assistimos no Moderno e que ficaram como que “encastelados” em nossa mente: Sayonara (Marlon Brando) e 36 Horas (James Garner), aos quais teremos oportunidade de nos referir, a posteriori.
Acreditamos que tal tipo de resgate expressa com fidedignidade o “IR LONGE PRA FICAR MAIS PERTO”, porquanto, ao forçar a memória a ir procurar lá na sua parte mais recôndita (longe) a lembrança de momentos inolvidáveis, implicitamente estamos a querer manifestar o nosso desejo de ficar “mais perto” do Crato de outrora (de imorredouras recordações).
Haja coração !!!

No dia 10 de junho, comemora-se !



Amanhã  é o aniversário de Zélia Moreira.
Dos vivos sou a única testemunha da hora do seu nascimento. Tinha quase 5 anos. Sabia que algo estava acontecendo no quarto da minha mãe (assistida pela parteira Salvina). Colei meu ouvido na porta, até escutar seu primeiro choro.
Participei dos preparativos da sua festa de um ano. Próxima do S.João, a casa foi decorada com bandeirolas e balões. No movimento dos convivas, de repente ela escapuliu do colo da minha mãe e saiu andando. Foi demais. A comemoração da festa adquiriu mais um brilho.E haja sequilhos!

Feliz aniversário, Zélia!

Abraços.

REFLEXÂO. Por Liduina Vilar




O nosso futuro é o resultado das escolhas que fazemos a todo momento de nossa vida. Certamente você não pretende ser rígido como o carvalho oco que tomba na tempestade. Vai preferir, com certeza, ser flexível como o bambu ( que se curva sob a tempestade e sobrevive). Ninguém pode julgar os sentimentos humanos, mas oferecer aceitação e ajuda para que cada um possa se conhecer e se querer bem. Quando alguém pede socorro a um profissional ou amigo, em geral, necessita simplesmente da oportunidade de FALAR. Uma pessoa bem treinada é alguém que pode dividir seu sofrimento, sua raiva, seu medo, suas lembranças dolorosas, sua culpa e seus conflitos. Saibam que quanto mais reprimimos os nossos sentimentos menos energia acumulamos para a própria identidade. Para nos realizarmos,e dá sentido a nossa vida, necessitamos da autotranscendência, ou seja, viver para algo além de nós mesmos, que nos ultrapassa, nos sublima, como: lutar por um ideal, entregar-se a uma causa ou a uma pessoa. Na verdade, as formas mais poderosas de se entregar são imateriais. As doações de carinho, atenção, afeto, apreço e amor são preciosas e não custam nada. Assim, quanto mais você dá, mais recebe, porque mantém a abundância do universo circulando em sua vida.
Bom final de semana. Beijos mil.

Sonho ,saudade e realidade- por socorro moreira

Abrem-se cortinas
Dois mundos avizinham-se
Em cada um
a procura da paz,
no sorriso.
E as almas separadas,
se consomem na saudade ...

Fome do inusitado
Fios não ligam
nós que a vida desata ! 
(socorro moreira)


Sonhei com Nicodemos esbanjando alegria,brincando carnaval.
Lá fora escutei o frevo...Cá dentro eu dormi.

Estou aqui sem contatos, arrumando pensamentos, reprogramando a vida.

47 anos atrás eu vestia luto.Vovô Chiquinho havia falecido em Recife, e a minha mãe me trouxera de presente uma carteira de cédulas, em couro, vermelha. Foi um dos presentes recebidos que mais apreciei.
Naquela noite , namorei pela primeira vez.Namoro de coração pegando fogo, corpo trêmulo, pernas bambas.Namoro escondido de todos.
Dias depois, a bomba explodiu. Minha mãe chamou-me num canto e me fez prometer que eu acabaria tudo de imediato. Foi o que fiz pra livrar-me de uma surra. Eu tinha 12 anos.Eu era dócil, compelida a sê-lo.Imaginava que qualquer desgosto poderia matar a minha mãe A culpa se ameaçava, e eu obedecia.
Naquele mês de julho a turma da escola ganhou uma excursão para Salvador.Alguns permanecem na minha vida com o mesmo sorriso, principalmente Rosineide, Márcia, Joaquim, Stela,Ismênia,Walda,Vera,Francíria, Magali ...
Regina havia me emprestado um par sapato alto.Era lindo: preto de trancelim.Senti-me alta,elegante, crescida. Arranjei até um paquerinha baiano, moreno dos olhos verdes. Tão bonito, que nunca o esqueci.
Foi uma viagem fantástica: visita a museus, igrejas, jardim botânico, teatro, cinema, praia,mercado central...Mas o melhor era a entrada e saída, no colégio/hospedaria...Eu encontrava o olhar de Paulinho.
De volta, no trem, o encanto foi se quebrando, no sacolejo noturno. Entre papos e cochilos a gente foi chegando de volta, cheia de saudades e lembranças.

No álbum da minha história, imagens!

-meu primeiro natal
-minha primeira crise de garganta
-minha primeira queda
-minha primeira boneca
-meu primeiro velocípede
-meu primeiro livro de estórias
-meu primeiro aniversário
-minha primeira comunhão
-minha primeira irmã
-meu primeiro luto
- a doçuras dos meus avós
-meu primeiro dia de aula
-meu primeiro soutien
-minha primeira menstruação
-meu primeiro namorado
-meu primeiro amor
-meu primeiroo casamento
-meu primeiro emprego
-meu primeiro filho
-minha primeira viagem
-todos os diálogos com a minha mãe...

Ela esteve presente, em todos os momentos importantes da minha vida.Nas ausências, um simples alô nos reconectava.Eu tinha uma amiga próxima.Agora tenho uma alma amiga, sempre próxima!




Noturno- por socorro moreira




É assim que o ausente

entra em nosso sonho ...

Como Eros !


Chega energia amorosa

em penas , em pautas, em dó

Chega pela "vereda tropical",

assobiando " la mer "


O corpo todo a esperar ...

A cara recebe o pimeiro vento,

o primeiro raio


Traz no hálito

o cheiro do céu

Na madrugada

traz e deixa

o pó das estrelas.



A Poesia de Ana Cecília de Sousa Bastos










Uma poesia em tom menor, feita de impressões, miudezas, vestígios do dia. É desse modo que vejo a poesia da baiana Ana Cecília de Sousa Bastos. Ela mesma diz: "Acho que faço uma poesia assim, de um canto de jardim, de uma rede na varanda, não dos salões".

Nascida em Salvador, ela vem de uma família cearense. Por isso passou a infância, como diz, entre o mar da Bahia e o pé-de-serra da Chapada do Araripe, no Crato, Ceará. Quem sabe essa vivência entre o mar e o sertão tenha aguçado a observação da menina para ver e sentir coisas e pessoas e transfundi-las em versos, obedecendo "à doce tirania da palavra".

Psicóloga e professora da UFBa, ela escreve desde a adolescência. Fez uma edição de autor aos 22 anos e andou publicando textos esparsos. Em 1999, Ana Cecília conquistou o prêmio Copene/Fundação Casa de Jorge Amado, com o livro Uma Vaga Lembrança do Tempo.

Desse livro extraí os poemas ao lado. Em "Da Dor", a poeta procura entender e até localizar fisicamente o sofrimento moral. Mas, no final, em manobra bem drummondiana, foge para uma lembrança de infância. "Jugo" e "Vestígios" são poemas preocupados com o próprio ofício poético. É a mão do poeta mexendo no formigueiro das palavras. "Agenda", por sua vez, propõe indagações existenciais. "De todas as perguntas", afirma o poema, "só quero reter a centelha".

Carlos Machado




JUGO

Obedecer à doce tirania da palavra.
Anular censura, momento, lugar.
Deixar no papel o verso líquido,
esse pálido espelho da alma.
Enquanto deixo-me estar,
impressionada pela cor da palavra
"pálida".


VESTÍGIOS

Estranha pulsão, esta:
derramar no caderno porções de alma.
A mão, captando sinais invisíveis.
Lenta, no formigueiro em marcha.
Absolutamente só,
enquanto todos perseguem a sagrada hora do
[ trabalho
e dos compromissos bancários.

E depois, palavras escondidas em oculto caderno,
papel rasgado, para que delas não sobrem
vestígios.


AGENDA

Decididamente não me interessam as vãs soluções,
nem as posições corretas
— essas respostas que a gente busca na opinião
[ informada,
antes de conferir o próprio desejo;
nem os dados que o banco ou a polícia já guardam por ofício,
nem como envelhecemos igual
— por força não da idade, mas do hábito.

De todas as perguntas,
só quero reter a centelha.

Desejo saber a que horas do dia encontro no céu
[ este azul de agora.
Desejo saber a que horas da vida há este sorriso
[ nos olhos dos filhos.
Desejo saber quanto dura a paixão pela vida.



poesia.net
www.algumapoesia.com.br
Carlos Machado, 2004
Ana Cecília de Sousa Bastos
In Uma Vaga Lembrança do Tempo
Fundação Casa de Jorge Amado/Copene Salvador, 1999

Identidade( II) - Ana Cecília de Sousa Bastos



Somos oceano nas extremidades.
Contemplo minhas unhas,
conchas do mar.
Ver essas partes de nós que tanto brilham traz uma ilusão
de acabamento e completude.
Somos oceano,
peixe e cautela,
flutuação e peso em luta na água,
correnteza e vida.
Somos ave e liberdade.
E nada quero dizer do amor.
Alheio-me, abstraio-me,
ânsia e vertigem,
sonho de profundidades inauditas,
mergulho sem fim.



Ana Cecília de Sousa Bastos


P.S. Para quem não sabe, Ana Cecília é filha do estimado casal Dr. Jose Newton Alves de Sousa e Maria Rute Barreto de Sousa. Saudosos educadores , de suma importância , na formação educacional da geração cratense ( anos 60 e 70) . Diretores do extinto Colégio São João Bôsco ; Professores da Faculdade de Filosofia do Crato ( URCA).

Ele, Diretor fundador.

Devo-lhes o mérito de gostar , e viver a intimidade cultural com todos aqueles que se deliciam à  arte e a cultura.

Estou adentrando na poesia de Ana Cecília com verdadeira admiração !

Sem esquecer que, lembro-a, na meninice e adolêscência, colega de minha irmã Verônica, já destacando-se nas letras. Longe de surpreender-me , sinto-me orgulhosa por conhecê-la , e testemunhar a sua sensibilidade e competência, em todos os versos, que até hoje eram para mim silenciosos.

Socorro Moreira

Tenham medo dos contos de Luiz Arraes - por Everardo Norões



Luiz Arraes é um escritor pernambucano que conseguiu se desvencilhar do demônio do regionalismo. Sem despedir-se de nosso universo diário – pois é dele que desenraíza a matéria-prima de seus contos –, sua narrativa pode mover-se em qualquer espaço onde houver uma fresta para a travessia da luz. Luz que tem o vigor e a precisão de um laser, pois corta como bisturi e escolhe o lugar certo da ferida.
Ele também se livrou da influência de mestres, cuja obra, a cada passo e a cada estação, costuma arrebanhar discípulos entre os escritores mais jovens. Sua admiração por Augusto Monterosso, o contista guatemalteco, nada tem a ver com o tamanho de seus contos, nem com a estratégia de sua narrativa. Nos contos que escreve, Luiz Arraes adota dois elementos que o circunscrevem no rol dos contistas mais modernos: a brevidade de uma leitura que não expurga a forma e “aquela intensidade como acontecimento puro”, de que trata Julio Cortázar no ensaio sobre Poe. Uma intensidade em que cada palavra deve concorrer, segundo o escritor argentino, para fazer do conto “uma verdadeira máquina literária de criar interesse”.
Ao desviar-se daquelas limitações – a infecção regionalista e o estigma de algum antecessor –, Luiz Arraes não receou desbrenhar o caminho solitário da criação e soube permanecer arredio a essa espécie de mímesis tão pouco aristotélica.
Qual a chave do enigma? A decifração pode estar contida numa das frases do conto O tudo e o nada, publicado no livro O remetente (7Letras: Rio de Janeiro, 2003): “Eu, vocês notaram, não tenho medo das grandes palavras nem de lugar-comum”.
Pouco importa se o narrador é, ou não, o alter ego do autor. A linguagem objetiva, quase coloquial, não carece de floreios. As grandes palavras residem, primeiro, nas epígrafes, recorrentes em muitos de seus contos e saídas da pena do filósofo alemão Friedrich Nietzsche ou do escritor anglo-indiano Salman Rushdie, de um dito popular ou do filósofo brasileiro Gustavo Corção. Pouco importa. A grande palavra que serve de mote conduz à tessitura da fábula, à ilustração do preceito. No final de um texto em que o coloquial predomina, o leitor é duplamente surpreendido: tanto pela chave que fecha as portas da narrativa como pelo arremate sentencioso, que se nos afigura como uma frase de Montaigne ou o fecho de uma fábula. Porém, fábula que rompe com todos os cânones. Primeiro, a concepção aristotélica de nela só admitir os animais. Em seguida, a de La Fontaine, que as escrevia para “agradar e instruir”. Talvez seja melhor falar de apólogo, que pode ser definido como uma narrativa curta susceptível de ilustrar uma verdade moral.
Ocorre que nos contos de Luiz Arraes há uma subversão que nos dificulta defini-los de acordo com os preceitos de praxe. A “moral” ou a “verdade” que deles irrompe transtorna e incomoda. Revela a feiúra de nosso cotidiano. A feiúra se inscreve na soleira do que se costuma chamar a “modernidade”. “Pois o importante para a arte não é mais mostrar o que é apenas ‘belo’, escreveu Baudelaire – o poeta francês reconhecido como fundador da “modernidade” –, que não conseguia conceber um tipo de Beleza em que não existisse Infelicidade. E no conhecido ensaio A desumanização da arte, de 1924, Ortega y Gasset já observava, com propriedade, que a arte “obriga o bom burguês a sentir-se tal como ele é: bom burguês, ente incapaz de sacramentos artísticos, cego e surdo a toda beleza pura”.
O conto O remetente, que empresta o título ao livro, pode ser lido como uma alegoria sobre a própria condição do autor: o personagem envia cartas anônimas às pessoas de seu conhecimento, com o objetivo de criar situações incômodas, transtornar aqueles para quem a vida é “mais vazio do que plenitude”. Até que desiste do intento e resolve escrever para si mesmo, ao reconhecer que é melhor recebê-las do que se dar ao trabalho de enviá-las.
Os contos de Luiz Arraes são como essas cartas, incômodas, que gritam dentro de nós. Incômodo e emoção, como no conto O sonho da criança pobre: aquela que sonha com a mãe sem roxo na cara, com o pai sem bafo de álcool, com alguém capaz de lhe passar a mão na cabeça. Aquela que, finalmente, apenas aprendeu a sonhar cheirando cola e, desde então, “sonha acordada e, quando dorme, tem pesadelos”.
Tenham medo das narrativas de Luiz Arraes.
Não são amenas como as narrativas edulcoradas, que tratam de algum passado épico, ou de amores bem-sucedidos.
Tenham medo dos contos de Luiz Arraes.
Sobretudo se quiserem esquecer, no aconchego de vossos quartos congelados de um último andar, que existe uma outra cidade: a que sonha em assaltar nossos sonhos.
Como os colonizados de Frantz Fanon.
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A ilustração do fundo é de Francisco Toledo, pintor mexicano.
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O Fantasma da Ópera - Por Zélia Moreira



Bom mesmo seria ver direto da Broadway, mas se você não tem tempo , vontade e/ou grana, tenho aqui uma alternativa: vá às Lojas Americanas e adquira por R$12,99, o dvd do filme.
Chegue em casa, coloque no aparelho de DVD, acomode-se na cama ou na sua poltrona preferida, relaxe, e sinta o maior prazer, assistindo "O FANTASMA DA ÓPERA".
Vamos aos comentários :
A história, narrada pela primeira vez por Gaston Leroux, em 1908, mostra a solitária vida de um gênio musical desfigurado(Charles Dance), que "assombra" um imponente e misterioso teatro parisiense. No entanto, uma jovem soprano(Chistine ) , desperta seus sentimentos mais profundos(amor, ira, ciúme, ódio).
Sucesso absoluto nos palcos Britânico e Americano, tem uma versão para o cinema do ano de 2004(a melhor).
O compositor e produtor musical britânico, Andrew Lloyd Webber( Memory/ Cats, Don't cry for me , Argentina, Evita..), assina a trilha sonora(a mesma da versão para o teatro) e divide o roteiro com o diretor Joel Schmacher. Tem no elenco Gerard Butler(Fantasma) e Emmy Rossum(Chistine), como personagens principais.
O filme é muito bom até mesmo pra quem não gosta de ópera.
Vale a pena conferir!




Fotos de Pachelly Jamacaru


Ontem nos encontramos. Anunciou sua próxima  exposição, no Hotel Encosta da Serra, durante o mês de julho/2011. 
Aguardemos.
 Pensei de imediato , em  associar a este evento,um dos encontros comemorativos  de lançamento do nosso livro "No Azul Sonhado". 

Parabéns, Pachelly por todo seu acervo fotográfico até hoje registrado.

Pagu


Patrícia Rehder Galvão, conhecida pelo pseudônimo de Pagu, (São João da Boa Vista, 9 de junho de 1910 — Santos, 12 de dezembro de 1962 foi uma escritora e jornalista brasileira. Militante comunista, teve grande destaque no movimento modernista iniciado em 1922. Foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas.

wikipédia

Charles Dickens



Charles John Huffam Dickens, FRSA (Portsmouth, 7 de Fevereiro de 1812 — 9 de Junho de 1870), que também adoptou o pseudónimo Boz no início da sua actividade literária, foi o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana. A fama dos seus romances e contos, tanto durante a sua vida como depois, até aos dias de hoje, só aumentou. Apesar de os seus romances não serem considerados, pelos parâmetros actuais, muito realistas, Dickens contribuiu em grande parte para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa.

Entre os seus maiores clássicos podemos destacar "Copperfield"e "Oliver Twist"

wikipédia

Cole Porter


Cole Albert Porter (9 de junho de 1891 — 15 de outubro de 1964) foi um músico e compositor estadunidense de Peru, Indiana.

Seu trabalho inclui as comédias musicais Kiss Me, Kate (1948 - baseado na peça de Shakespeare The Taming of the Shrew), Fifty Million Frenchmen e Anything Goes. Também as músicas "Night and Day", "I Get a Kick Out of You" e "I've Got You Under My Skin". Ele é notório pelas letras sofisticadas (às vezes vulgares), ritmos inteligentes e formas complexas. Ele é um dos maiores contribuidores do Great American Songbook.

Cláudio Nucci



Cláudio José Moore Nucci, mais conhecido como Cláudio Nucci (Jundiaí, 9 de junho de 1956), é cantor, compositor, violonista e produtor musical brasileiro.

Integrou o grupo Boca Livre na 1ª formação oficial do grupo - sendo Zé Renato, Maurício Maestro e David Tygel os outros integrantes - tendo participado do 1º LP do grupo - homônimo - lançado em 1979 de forma independente. O disco foi recordista de vendas até então para um trabalho lançado e distribuído desta forma no Brasil.



Teus olhos castanhos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Na metade da década de 60 aconteceu uma febre inusitada no Brasil. Dou-me por conta de ter sido nacional sem muita certeza, mas com certeza no Crato ferveu. Tratava-se da canção portuguesa e, especialmente, de Francisco José. De quem os cantores das casas de fado de Lisboa lembram, até hoje, com carinho como um simples entre eles.

O natural das escolhas poderia cair sobre "Só nós dois", tantas vezes repetidas: é que sabemos. O quanto nos queremos bem, uma alegria de eu e tu e do alto das encostas para o atlântico dizer: como é bom gostar de alguém.

Pois ainda assim, com a leva de migrantes a defender o pão nas ruas de França, migrando com os meios que podiam, naqueles idos até mesmo fazer, sem alternativas, os 1200 quilômetros à pé. E aí melhorar de vida, a família educar-se e uma das filhas se tornar vendedora de uma loja de perfumes, na Rue Saint Honoré, tendo como clientes os brasileiros e com a melhora de vida comprar uma casa no Algarve. Como francesa de classe média passar as férias onde o pai jamais poderia.
O Chico José cantou Lisboa não sejas francesa, tu és portuguesa, tu és só prá nós. Naqueles tempos as frases musicais de Portugal, com os olhares vigilantes do conservadorismo salazarista, as guitarras tocavam baixinho. Mas não adiantou, veio a revolução dos cravos e Portugal fez-se União Européia. Agora se encolhe ante os dentes de sabre da crise que antes o unira ao domínio da Europa.

Agora que Portugal sofre as dores da Europa inquieta, retorno ao princípio dos anos quando não eram assim. Era Portugal um exportador de filhos para os mercados que os empregassem, inclusive o Brasil. De qualquer modo tive uma esperança.

Teus olhos castanhos davam destaque aos olhos castanhos leais e aquela menina jamais me foi.



Programação Oficial da I Mostra de Cinema e Video de Crato



HORA

DESCRIÇÃO

Duração

19h

Abertura Oficial

· Leitura Dramática “Os Primórdios do Cinema no Crato” - com Luiz Carlos Salatiel e Kelvya Maia”

· Homenageados com o Selo Cultural do Araripe – Troféu Vittorio di Mayo;

1. AVANT PREMIÈRE do tele-conto “O Cinematografo Herege” - de Jefferson de Albuquerque Jr, numa livre adaptação do conto homônimo de José Flavio Vieira;

· Coquetel

28´

14/06, Terça-feira


HORA

DESCRIÇÃO

Duração

19h

2. Exibição do curta: “As Sete Almas Santas Vaqueiras”- de Jackson Bantim

3. Exibição do Longa:“Ave Poesia”- de Rosemberg Cariry”



30’

82’

15/06, Quarta-feira


HORA

DESCRIÇÃO

Duração

9h

4. Exibição do Curta: “Dona Cíça do Barro Cru” – de Jefferson de Albuquerque Jr.;

5. Exibição do Curta: “A ordem dos Penitentes”- de Petrus Cariry;

6. Exibição do Curta: “Também sou teu Povo”- de Franklin Lacerda e Orlando Pereira;

7. Exibição do Curta: “Água pra que te quero?”- de Nívea Uchoa;

12’

25’

15’

16’


14h

8. Exibição do Curta: “Os Olhos da Chapada”- de Franciolli Luciano;

9. Exibição do Curta: “ Drama”- de Franklin Lacerda, Ana Rosa Borges (Roteiro);

10. Exibição do Curta: “DZU´NHURAE- O Filho das Águas ‘, de Pachelly Jamacaru;

11. Exibição do Curta: “Crato” – de Virgínia Soares – Produção IMAGO (URCA)

15’

20’

28’

50’

19h

12. Exibição do Curta: “O Auto de Leidiana”- de Rosemberg Cariry;

13. Exibição do Longa: “Fronteira das Almas” - de Hermano Penna;

26’

90’

16/06, Quinta-feira


HORA

DESCRIÇÃO

Duração

9h

14. Curta da ONG ” VERDE VIDA” I –

Mestres da Cultura de Genivan Brasil e Paulo Fuísca

15. Curta da ONG ” VERDE VIDA” II –

Box de Vídeos do Verde Vida

14h

´

15h10

16. Exibição do Curta: “Matando a Fome”, de Franciolli Luciano;

17. Exibição do Curta: “Músicos Camponses”- de Jefferson de Albuquerque Jr.;

18. Exibição do Curta: “Chapada do Araripe - Como foi, como será? (parte III)”, de Jefferson de Albuquerque Jr.;

19. Exibição de Curta: “Seu Mundô – O Guardião da Floresta” – de Laerto Xenofonte;

Roda de Conversa: “Estórias de Cinema- Colóquio com cineastas, produtores, atores e cinéfilos. Reativação do Cine-clube Crato”;

5’

12’

30’

16´

19h

20. Exibição do Média: “Formação Romualdo, o Milagre Paleontológico”- Documentário de Jackson Bantim e Álamo Feitosa;

21. Exibição do Longa: “Corisco e Dadá” -de Rosemberg Cariry;

22’’

90’

17/06, Sexta-feira


HORA

DESCRIÇÃO

Duração

9h

22. Exibição de Curta: “Caldeirão do Beato Zé Lourenço” – de Catulo Teles e Franciolli Luciano;

23. Exibição de Curta: “Cerca” – de Glauco Vieira;

24. Exibição de Média: “A Enchente do Crato”- de Joaquim dos Bombons;

15´

15´

1h

14h

25. Exibição de Média: “Lua Cambará” – de Ronaldo Correia de Brito;

26. Exibição de Curta:“Cabaré-Memória de Uma Vida”- Alexandre Lucas / Coletivo Camaradas;

27. Exibição de Curta:“Catadores de Pequi”- de Zuiglio Brito e LaislaYanael;

1h

15´

12´

19h

28. Exibição do Curta: Dez anos do Chá de Flor “- de Cristina Diogo e Maria Dias/Juriti Produções;

29. Exibição de Longa: “O Grão”, de Petrus Cariri;

15’

90´

18/06, Sábado


HORA

DESCRIÇÃO

Duração

17h

30. Exibição de Longa: “Sargento Getúlio“- de Hermano Penna;

90´

19h

31. Exibição de Longa: “Padre Cícero” – de Helder Martins;

90´

20h30

Encerramento