por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Deixa Falar - José do Vale Pinheiro Feitosa



A terceira Copa do Mundo aconteceu no ano de 1938 e foi na França. Dezesseis países participaram da Copa com a participação de 36 seleções durante as eliminatórias. Foi uma Copa no portal da Segunda Grande Guerra, que começaria um pouco mais de ano após.   

Hitler já fazendo das deles, retirou a Áustria que tinha se classificado e por conta da anexação do país levou a Seleção Alemã para jogar.

Pela primeira vez o Brasil entrou numa copa de modo organizado, tendo superado as grandes divergências entre Rio e São Paulo de modo que a seleção era uma apanhado nacional, mas claro dos grandes clubes das duas cidades. Por isso a nossa seleção estava cotada entre as quatro principais seleções do mundo junto com a Itália, Hungria e a Tchecoslováquia.

Ali o Brasil apareceu com um dos primeiros ídolos de suas participações nos mundiais. Era o chamado Diamante Negro, o grande Leônidas que no jogo contra Itália estava contundido e foi acusado de ter entregue o jogo.  Mesmo assim Leônidas foi o artilheiro do campeonato.

O Brasil jogou duas vezes contra a Tchecoslováquia, uma deu empate e noutra ganhou e é esta partida que é cantada por Carmem Miranda aqui neste samba de Nelson Petersen com a voz de Ary Barroso narrando a partida de brincadeira.

A Itália derrotou o Brasil e depois sagrou-se campeã num jogo contra a Hungria que teve uma das maiores seleções dos Mundiais.

A outra lembrança é que no dia de hoje, em 1955, morria em Hollywood a cantora e atriz Carmem Miranda.


Minhas Tias High-Tech e a Perfeição - José do Vale Pinheiro Feitosa

Hércules!

Uma brilhante estátua grega masculina!

O amor!

Mas poderia ser a força arrebatadora, a beleza pura ou o fogo humano rasgando os limites da conveniência temporal. Não do espaço, pois nele tudo é possível, o tempo é que é o senhor da razão e dos cercados.

As três tias Raimunda, Rosa e Maria tiveram sentimentos paralelos enquanto viam o corpo perfeitamente musculoso de Sebastião, brilhando ao sol como se secretasse feromônios com uma força atratora universal. Naquele instante, dos movimentos de Sebastião enchendo com uma pá um caminhão de areia, os olhares das três não puderam mais se cruzarem. A denúncia estaria anunciada nas duas janelas da alma.

Mais tarde na varanda, durante um café acompanhado com beiju recém saído da Casa de Farinha, pleno, mas não encharcado, na medida, de uma saborosa manteiga da terra. Daquelas manteigas que só existem posto que artesanais assim como o queijo de coalho. A pasteurização roubou a essência histórica destes dois derivados do leite. As bactérias que lhes emprestavam a alma nordestina foram dizimadas entre o calor e o frio.

E foi naquela ocasião, que o tom de reprovação para a degeneração sensual dos povos veio à voz do coletivo na forma de um reparo de tia Rosinha:

- Esse mundo anda mesmo desgarrado pois não é que já inventaram que o dia 31 de julho é dia Internacional do Orgasmo.

Claro. O teatro. Primeiro o espanto reprovador. Depois a ansiosa busca da fonte para também pesquisar a notícia na internet pela voz de Tia Maria.

- Menina, não tem mais como segurar este pecado! O mundo está perdido mesmo. Na verdade isso não é brincadeira para nos espantar nesta hora amena da nossa merenda.

- Não mulher. É merenda mesmo, ô, ô, ô, peraí, é mesmo, eu vi naquele site que todas costumamos ler logo que terminamos a nossa dormida da tarde. - Tia Rosinha confirma a notícia. 

- Mulher avé Maria. Eu agora acredito que ela diz a verdade – Tia Mundinha carimba o anunciado.  
Mais que café mais rápido desta vez para tia Maria e Mundinha. Por um motivo de extrema força maior as duas tiveram que ir aos seus respectivos quartos para ultimar coisas pessoais. Até deixaram tia Rosinha nos pedaços finais do beiju e do café torrado com rapadura, tornado pó na velha moedora movida a músculo humano. Assim como aqueles de Sebastião.

O resumo da notícia. Tratava-se do orgasmo perfeito. E o mais importante do mundo ele é feminino. Os homens foram esquecidos destas considerações sobre a perfeição. O objeto do prazer não é mais o corpo da mulher, ao contrário, é do corpo da mulher que o prazer se torna objetivo como parte de estar no mundo.

Um duplo orgasmo: vaginal e clitoriano ao mesmo tempo. Eis o corpo, ou melhor a forma dos elementos se articularem numa força corporal, não trata de isolar um orgasmo do outro, ao contrário apenas se juntos são o que são e serão como expressão no tempo, uma vez que o espaço já é dado.

O êxtase como uma síntese entre os sentimentos pelo corpo de Sebastião (no caso das tias, mas bem poderia ser de Sebastiana ou até de estímulos criados) e o exercício realizado no corpo das mulheres. Com preliminares, estímulos visuais e uma aliança de jornada pela breve eternidade que flui no êxtase, mas que se prolonga como a real possibilidade de tantos êxtases atingidos no tempo. Em outras palavras é a conquista do tempo, este mensageiro do fim.

Eu soube por Chico Véi e até me preocupei que a sólida aliança havida entre as três tias estivesse com alguma ruptura. Mas foi apenas uma possibilidade. As três continuam as mesmas como força de união. É o que me disse a estranheza de Chico Véi, em razão de por três semanas seguidas, cada tia ter ido até aos Correios de Potengi buscar pequenas caixas de encomendadas. Foram separadamente e pelo que Chico depreendeu enganavam as outras dizendo que iam fazer coisas diferentes do havido.


Ao final dos noticiários. Das conversas na varanda até a noite esfriar, cada uma se dirige para seus respectivos quartos com a pressa de pesquisarem seus sites preferidos antes da perfeição ao deitar-se.