por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 3 de julho de 2013

POR QUE O POVÃO VAI ÀS RUAS - por José Almino Pinheiro


Será que um tratado científico poderia explicar o fenômeno? Onde está ou qual seria o estopim para o início das revoltas? As justificativas tradicionais indicam que as manifestações populares, pacíficas ou não, ocorrem pelos mais diversos motivos: corrupção, exploração, injustiças, roubalheiras, más governanças, são sempre citadas. Acontece que  esses fatos convivem com os homens deste que eles se organizaram em sociedades, e nem por isso, todo dia tem manifestação. A escravidão, por exemplo, símbolo de todos esses males era tolerada e admitida nas sociedades. Mesmo repudiada por muitos e terrível para os escravos, que apesar de terem todo direito, raramente se revoltavam, as mais conhecidas revoltas, entre nós, são a de Espártaco em Roma e a de alguns poucos quilombos. Na carnificina nazista da Alemanha, os prisioneiros dos campos de concentração, apesar de saberem o que os esperavam, que em muitos campos a vigilância era precária, poucas vezes se revoltavam. A mais famosa revolta foi a do gueto judeu de Varsóvia. A grande manifestação popular que culminou com a queda da Bastilha, símbolo da revolução francesa foi creditada ao desgoverno do Rei, privilégios e roubalheiras da nobreza e injustiças. As grandes manifestações populares contra a guerra do Vietnam ocorridas nos anos 60 e 70 do século passado eram obviamente pela paz. As grandes manifestações pela independência da Índia, a derrubada do Xá Mohammed Reza Pahlevi da Pérsia, em 1979,  como a do Czar Nicolau II, este, ao mesmo tempo, Imperador da Rússia, rei da Polônia e grão-duque da Finlândia, em 1917, como a da Bastilha, tem em comum o fato do desgaste do governo, desordem econômica, social e administrativa e, claro, grande corrupção e mudança radical nos regimes políticos. Nos três países o ato final da queda das respectivas monarquias foram as imensas manifestações populares onde a multidão enfrentou a polícia e parte do exército. De peito aberto, e recebidos à bala, os manifestantes que vinham atrás pulavam sobre os cadáveres dos caídos e seguiam em frente até dominarem os contingentes armados.
Os exemplos são muitos, as lutas justas. Aqui tivemos grandes manifestações populares e muitas pacíficas, como as campanhas O Petróleo é nosso, Contra a ditadura, Pela anistia, Diretas já, Fora Collor e essas atuais são exemplos marcantes. 
Mas a resposta à pergunta inicial fica em aberto. Nesse momento por que vamos às ruas? Além dos tradicionais motivos, será, também, porque desejamos encontrar um culpado real, no caso o governo, que incentivou o consumo e consequente endividamento da classe média sem o respectivo incremento salarial para cobrir os custos extras?  Será que deixamos a resignação de lado quando vislumbramos alguma possibilidade de sucesso, quando compreendemos que não dependemos do governo, para pelo menos sobreviver, e aí sim vale a pena ir à luta por um presente e futuro melhores?