por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 2 de maio de 2012

No aniversário de Victor...( 29.04.2012)

 

Hugo e família: presente musical!
Só alegria!

Filomena e Maria Rita

Leninha e Maria Rita
Hugo, Rogério...


Estou quase voltando... Tanta coisa pra contar, e a terna saudade deste pedaço de céu, extensão da minha casa, que  reúne pessoas amigas, queridas!
Estou visitando o  Crato e arredores, com olhos de turista e coração de cratense .
Nunca senti tanto o nosso verde e a força das nossas águas. Clima agradabilíssimo.
Eita Crato lindo!


Feliz pela manutenção do Blog... Beleza !
A proposta do coletivo é exatamente esta. Surpresa feliz, na leitura de textos dos colaboradores diversos, sempre  bem-esperados!
Chagas, Marcos Barreto, Zé  Flávio, Liduína, Stela ,Emerson, Zé do Vale!!

Abraços!!!

Caixa de boas novidades - Emerson Monteiro


O fotógrafo Augusto Pessoa, paraibano com trânsito livre e constante pelas terras cearenses, é quem traz o presente, essa caixa contendo o livro Nordeste desvelado, de fotografias suas colhidas nas andanças nesta Região do Brasil, e o cd Nordeste oculto, que contém peças musicais do grupo Crabuêra, da mais fina flor de sonoridade do âmbito desta parte de mundo, numa embalagem primorosa de cores e desenho.

Eis a Arte em momento apreciável de real importância. Nordeste desvelado transmite fiel a face da nossa gente com vigor e propensão, algo no nível técnico da qualidade dos meios modernos da comunicação gráfica, qual o que se espera dos artistas em tempo de tecnologia avançada. Isso visto de fora para dentro, do espectador para a cena posta no palco das imagens recolhidas e do objeto mercantil. No sentido inverso, do conteúdo ao prazer de quem olha / escuta, olhará / escutará, grata surpresa lhes aguarda, apreciadores da melhor Arte (de letra maiúscula e tudo).

Um presente digno de nota alta revela a caixa do Nordeste Oculto / Desvelado, pelo bom produto que carrega no seu interior. Do livro de fotografias de Augusto Pessoa, que testifica a viagem transcendental das visões (Visagens, como o Autor denomina) através do sagrado das tradições, dos benditos, das festas populares e religiosas, da religiosidade perene de um povo sertanejo nordestino, virtuoso nos sonhos e na confiança do Deus dos simples, e doutras partes do mundo, o que se pode viver / ver intensamente, pela profusão das tonalidades, imagens, dos movimentos e ângulos desse jovem já reconhecido mestre da fotografia brasileira. 

Augusto César Cunha Pessoa nasceu em 1974, em Campina Grande PB. Jornalista e fotógrafo, atua profissionalmente desde 1994, integrando equipes de diversos jornais nordestinos. Atualmente trabalha como free-lancer para tais revistas National Geographic, Vida Simples, Caminhos da Terra, Horizonte Geográfico, entre outras. Prêmios: Abril de Jornalismo (2008); Um olhar sobre a cultura popular nordestina (2007); Pérsio Galembeck de Fotografia (2010); Paraíba dos seus olhos (2007-2009); AETC Jornalismo (2006 e 2007). Publicações: Capital iluminada [com a arquiteta Lis Cordeiro Alves]; INTI (fotografias sobre os Andes, 2009). Exposições: Casa Grande, uma viagem aos encantos da Chapada do Araripe (Nova Olinda-CE, 2010); Fotografia em revista (0 anos de fotografia da Editora Abril) (São Paulo, 2009); Guajás, os últimos nômades (Maranhão, 2008); X Fenart (Funesc, 2004). 

Quanto ao grupo musical Cabruêra, parceiro de Augusto Pessoa nesta caixa de fábulas inesquecíveis, dele trataremos em breve.
Desejo, por agora, no entanto, aos agraciados com tamanha oportunidade de viver bom gosto o melhor dos prazeres culturais...  

RECADO DOS PÁSSAROS - Marcos Barreto de Melo

chegado o mês de São João
os pássaros do baião
fizeram uma reunião
pra discutir a questão

procuraram Gonzagão
e numa noite enluarada
o nosso Rei do Baião
recebeu a passarada

estavam lá reunidos
acauã, o assum preto
asa branca, o sabiá
galo campina, o carão
a peitica e o bacurau
todos pra guerra munidos

a prosa foi demorada
e depois de muito acerto
mandaram dar um aperto
nessa turma enjoada
junto com este recado
um tanto desaforado

que pra ser bom forrozeiro
tem que entender do riscado
dançar baião e xaxado
e que esse povo interesseiro
que canta só por dinheiro
respeite o rei do baião


A solidão faz de mim:


Rapunzel de cabelos curtos

Isolda sem Tristão

Branca sem beleza de neve

Moça de chapéu desbotado

clamando por Ariadne

(acordada sem fio condutor e amor de Teseu).
     Stela Siebra

Punta Del Este - José do Vale Pinheiro Feitosa


Punta Del Este é a Miami do Cone Sul. Uma ponta no mar plena de mansões, edifícios de luxo. De Cassinos iguais aos Zigurates da Mesopotâmia onde os astros a serem observados são os semideuses desta mortalidade aderente ao sucesso. E girava por suas ruas. Todas em longitude de sua ponta, aquela espécie de bússola que parece nortear a imensa deságua do Rio de la Plata.

Um clima de Atlântico Sul: Leões Marinhos próximos ao píer, à espreita que os restos do tratamento dos peixeiros retornam às águas onde pescam. Uma face de endinheirados: inúmeras lanchas a condecorar o tédio de tanta riqueza sem norte de aplicação social. Quando passava em frente ao velho prédio da Marinha encontrou Che Guevara, o chefe da Missão Cubana, em passo apressado para o desfecho da Oitava Reunião de Consulta de Ministros de Relações Exteriores da OEA.

Bem na ponta da Punta as estátuas de sereias feitas com o lixo sólido que se depositam nos mares. Os restos carcomidos do capacho Colombiano de tanto uso pelo Império a convocar a Reunião. As teses e decisões que geraram as ditaduras militares de direita na América Latina sob o capuz da tortura de algozes americanos: intervenção estrangeira como desculpa para intervir; segurança contra a ação subversiva do comunismo internacional com senha para os golpes e a Aliança para o Progresso para consolidar “il capo de tutti capi”.

E os olhos tontos de tantas fachadas luxuosas, ruas desertas na fase do estio das douradas temporadas de verão. É tanto verde, verde rasteiro, ao rés do chão, verde sobre antigas dunas, verdes para ladear os caminhos sinuosos dos carrões de sonhos. Verdes no meio dos quais se erguem mansões de tantos cômodos com se uma grande hospedaria fosse para apenas algum casal, seus dois filhos e uma multidão de puxa-sacos e admiradores no frisson do verão.

Na praia, aquela face da Punta que se beira às ondas revoltas das Praias Oceânicas. Em qual delas os dedos gigantes de uma mão emergem das areias como se a mão de um zumbi fosse, a pedir socorro ao presente do enterro vivo da história. Em qual destes dedos encontrou Guevara, Brizola, tantos latinos americanos perplexos com a expulsão de Cuba. Na Oitava Reunião de Punta Del Este o dragão queimava o destino de uma geração e roubava dela a construção dos próprios passos.

Não parece, mas em Punta Del Este alguns pobrecitos clamam por comida. São poucos, invisíveis aos filtros de ar condicionado dos vidros fechados na velocidade de conta-giros enlouquecidos. São fugitivos do abraço que os retém bem para o interior da Punta, para longe das praias e dos balneários. Com Maldonado e San Carlos a reter-lhe o desejo de examinar os ricos como os ricos são.

Em Punta Del Este toda a Cachoeira de práticas escusas com o único fito de acumular. E se a esta queda da água fosse possível tratar-lhe no gênero masculino, o Cachoeira despejaria pedras e lamas, trapaças e artimanhas igual a qualquer sujeito em franco processo de amealhar, ajuntar, enriquecer. O Cachoeira tem o dom do mesmo ato de expulsar Cuba, exilar Brizola e matar Guevara.

Na saída rápida e desejada de Punta del Leste, tonto de tanta jactância, abobado com tanta gramínea, quase grita palavras de teor anarquista: Professor! Doutor! Professor! Doutor! Professor! Doutor! Num roteiro tão longo que a paisagem foi se transformando e o automóvel voou baixo na ruta 9.

Algumas horas após, uma vez havido ultrapasso o Arroio Chuí, ali onde ele se despeja no mar, o olhar para o sul enxergava a ironia de ter sido naquele carnaval de Cassinos que a Revolução Cubana que derrubara os Cassinos, fora vingada pelos contraventores.
  
  


a um mestre do samba



sim
em silêncio aguardamos,
peito de dor também,
teu samba do infinito

quem sabe de quê?
então calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito

silêncio,
os defeitos deste mundo
não têm
segredo para nós
se ouvimos fundo
teu samba do infinito

quem sabe de quê?
por isso calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito


"Silêncio e Estupidez" - José Nilton Mariano Saraiva

                        
“A direita elege o passado porque prefere os mortos; mundo quieto, tempo quieto. Os poderosos, que legitimam seus privilégios pela herança, cultivam a nostalgia. Mentem-nos o passado como nos mentem o presente: mascaram a realidade. Obriga-se o oprimido a ter como sua, uma memória fabricada pelo opressor, alienada, dissecada, estéril. Assim, ele haverá de resignar-se a viver uma vida que não é a sua, como se fosse a única possível” (Eduardo Galeano)
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Meses atrás, numa de nossas postagens em blogs da Região do Cariri, alertávamos aos conterrâneos cratenses sobre a necessidade premente de um choque de realidade, de um maior comprometimento dos munícipes com o futuro da cidade e, enfim, do despertar de uma ínfima dose de clarividência e responsabilidade no momento de usar sua mais poderosa arma, o sufrágio universal do voto.
Mostramos, didaticamente, ancorados no dantesco quadro de acefalia, imobilismo, abandono e corrosiva decadência físico-econômico-financeira  da cidade, que não se justifica, em pleno século XXI, se optar por entregar o destino de uma urbe da estatura do Crato a pessoas comprovadamente sem a mínima vocação para cuidar da coisa pública, sob o cínico e estapafúrdio argumento da origem familiar ou da manutenção de uma tradição que se perdeu nas brumas do tempo.
Afinal, o que esperar do indicado por alguém ( integrante de uma agremiação desprovida de maiores preocupações com o “social”, o PSDB ), que não teve o menor constrangimento de, ao ser contestado num evento público sobre o marasmo e a lerdeza da sua administração à frente da municipalidade, declarar  “...O CRATO É FINAL DE LINHA; SÓ VAI AO CRATO QUEM TEM NEGÓCOS LÁ”; ou que, quando do momento decisivo da escolha da cidade onde seria instalado o Campus-Cariri, da Universidade Federal do Ceará-UFC, simplesmente não compareceu à reunião, deixando a representação cratense órfã da sua mais alta autoridade institucional (aqui pra nós, o reitor da UFC deve ter pensado lá com seus botões: se o prefeito da cidade não fez questão de participar é porque não tem interesse; portanto...).
Pois bem, naquela postagem sugeríamos que as diversas alas do espectro político cratense atuantes à esquerda (que comprovadamente se preocupam com o bem-estar do povo, além do handicap de aliados de primeira hora do poder central), quebrassem lanças, aparassem suas arestas, tentassem se compor, dessem um jeito de agrupar-se por um objetivo maior e específico: o bem-estar da população e o conseqüente progresso da cidade, através do lançamento de uma candidatura una, apoiada pelas diversas tendências.
Hoje, tomamos conhecimento, via alguns blogs da Região, que o eminente cratense radicado no Rio de Janeiro, Zé do Vale Feitosa, desejaria muito “ouvir e falar” com o provável candidato do PT à Prefeitura da cidade, senhor Marcos Cunha (que não conhecemos pessoalmente, mas temos referencias promissoras), objetivando uma profícua troca de informações sobre as perspectivas da cidade.
E como o Zé sugere que os que partilham desse seu anseio e preocupação com o destino do Crato se manifestem, pedimos sua autorização para subscrever, de público, tudo o que por ele foi posto, até porque...  “temos observado um silencio muito parecido com a estupidez”.
E o inapropriado e desastroso “acasalamento” do silêncio com a estupidez certamente nada gerará de saudável.