por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A MANIFESTAÇÃO DA DISSOCIAÇÃO COGNITIVA

Leon Festinger, estudando psicologia social, nos livros When Prophecy Fails de 1956 e no livro A Theory of Congnitive Dissonance de 1957, analisou um fenômeno humano que contempla as ideias formadas com as contradições postas diante delas.

O fenômeno chamado de Dissonância Cognitiva foi bem explicado por J. Gager (especialmente nas religiões) conforme citação de Raza Aslan no seu livro Zelota. Diz Gager: “sob certas condições, uma comunidade religiosa cujas crenças fundamentais são contraditas pelos acontecimentos do mundo não necessariamente entra em colapso e se dissolve. Em vez disso, pode realizar a atividade missionária zelosa como uma resposta ao seu sentido de dissonância cognitiva, ou seja, uma condição de angústia e dúvida decorrente da não confirmação de uma crença importante”.

Diante da realidade que nega suas crenças, passam a realizar práticas coletivas e públicas que tentam negar a própria realidade em reforço de suas assertivas anteriores. Leon Festinger esclarece este mecanismo da psicologia social.

Diz Festinger: “A presença da dissonância dá origem a pressões para reduzir ou eliminar a dissonância. A intensidade da pressão para reduzir a dissonância é uma função da magnitude da dissonância. Para pegar um dado fundamental do século XX.

Quem acompanhou o “discurso” do Partido Comunista Brasileiro a respeito da União Soviética, especialmente no calor da Guerra Fria, sabe o quanto ele sofria uma Dissonância Cognitiva. E isso esticou tanto que as lutas entre “Revisionistas” e “não Revisionista”, Eurocomunistas e tantos debates mais redundou numa dissociação de fato a ponto de partes importantes aderirem a outra margem ideológica.

Quando leio, ouço ou alguém me diz sobre certos diagnósticos da realidade brasileira, percebo uma enorme Dissonância Cognitiva em certas pessoas ou grupos que concordam com certas visões. Muita gente pensa o país em termos sociais, de saúde, educação, desenvolvimento, urbanidade e outras característica fundamentais com dados de uma realidade que não existe mais.

Acontece que os dados são conhecidos até porque as informações passaram a ser mais detalhadas, completas e com maior divulgação que permitem acesso amplo. Mas como diz Vinícius: “você que olha e não vê”....e mais à frente “você vai ter que aprender”.

Hoje, quando no balanço de uma crise política e econômica, setores se radicalizaram e vieram para as ruas, quando sectários de extrema direita em pleno surto de dissonância cognitiva, se exaltam, no meio de tanta gente que deseja manifestar sua insatisfação política, este é um fenômeno de psicologia social bastante presente. Não são textos nas redes sociais que mudarão isso, mas certamente exaltam a grande conquista humana que foi a cognição.

Conhecer. Esta a grande marcha nas ruas. 
ONEROSOS “TATUZÕES” – José Nilton Mariano Saraiva

Quando o “agente público” se dispõe a contratar, a peso de ouro, uma grande construtora para a realização de obras estruturais de porte (hidroelétricas, rodoviasusinas, ferroviasmetrôs e por aí vai)implícita e explicitamente se pactua a responsabilidade da contratada em prover não só os recursos humanos especializados, mas, principalmente, todo o equipamento pesado e necessário para a consecução do planejado. É assim (ou deveria ser) em todo lugar do mundo (aqui ou na China): construtoras de nome e porte são proprietárias e-ou tratam de alugar toda a parafernália a ser usada em tais projetos.

Só que, no Estado do Ceará, quando da gestão dos megalomaníacos irmãos Ferreira Gomes, a coisa não funciona bem assim. E a prova da irresponsabilidade nos é dada agora, quando tomamos conhecimento da herança maldita deixada pelo ex-governador Cid Ferreira Gomes para o seu afilhado político e sucessor Camilo Santana: o “rico” Estado do Ceará – é vero, senhores, acreditem -  “torrou” incríveis e exorbitantes R$ 135.000.000,00 (cento e trinta e cinco milhões de reais) com a compra de dois “tatuzões”, maquinário que será utilizado (teoricamente) na construção da linha leste do metrô de Fortaleza.

Há que se levar em contaa fim que tenhamos condição de imaginar a dimensão da verdadeira “insanidade” perpetrada pelo então governador do Estado, que, à época, além do “preço galático” de tão sofisticado equipamento, estranhamente “pequenos-grandes” detalhes foram “esquecidos” ou desconsiderados, a saber:

01) para manobrar-operacionalizar tais equipamentos, obrigatoriamente serão necessários dezenas de “técnicos especializados” e, conseqüentemente, hiper bem remunerados, onerando sobremaneira o já combalido orçamento estadual (comenta-se, inclusive, que no mercado interno não existe disponível tal profissional, tornando-se necessário buscá-los lá fora);  

02)  até a “vovozinha de Taubaté (a milhares de quilômetros daqui)  sabe que, na atualidade, o Estado do Ceará não tem a mínima condição de suprir a energia elétrica (e até a própria “voltagem”) a ser usada para acionar referidas máquinas, o que, em termos práticos, significa que o tal maquinário simplesmente não poderá sequer ser “ligado na tomada”; e, finalmente,

03) e se algum dia, num futuro distante, tal equipamento tiver condição de ser utilizado, mesmo que por breve período, é perfeitamente factível questionar qual a destinação que lhe será dada “a posteriori”, na perspectiva de que Fortaleza não terá tão cedo condição (econômico-financeira) de comportar-construir linhas de metrô a torto e a direito.  

Alfim, embora saibamos seja o senhor Cid Ferreira Gomes graduado em Engenharia Civil (embora nunca tenha projetado ou sequer erguido uma banal choupana de taipa), é perfeitamente admissível deduzirmos tenha o então “gestor” Cid Ferreira Gomes, ante tão esdrúxula decisão e gasto, incorrido e praticado grave ato de “improbidade administrativa”, porquanto comprovadamente perdulário no uso do dinheiro público, já que desconsiderando a “inoportunidade” e “desnecessidade” de importar equipamento tão sofisticado e de uso temporal, num Estado onde recorrente e persistentemente grassa a fome e a sede.

Assim, face à deficitária (ou inexistente) relação “custo-benefício” implícita em sua aquisição, os onerosos e inoperantes “tatuzões” do Cid Gomes tenderão a se tornar, ao longo do tempo, símbolos frios, imóveis, silentes, desgastados e emblemáticos do descaso e desrespeito para com a sociedade e à seriedade.

Na realidade, verdadeiros monumentos à insensatez e ao descaso.