O sol despontou, um tanto zarolho. Parece um pirata, cheio de asas. As ruas escondem suas sombras, e clareiam os movimentos de quem passa.
Atravessei a praça, adiantando e retardando compromissos diários. Enfrentei filas. Comprei frutas nas calçadas. Olhei vitrines, experimentei vestido florido. Aspirei meu próprio cheiro, no vento dos meus cachos.
Ideias enroladas... Dispenso os babados. Amigos encontro ao acaso. Sorriem perguntas formais. Sem casos. Problemas escondidos, no banco de trás. Arrasto tempo e sandálias. Compro um brinco, na lojinha da esquina... Balançam meu juízo, mas emprestam-me charme. Café com bolo? Não posso, mas traço! E saio requebrando, na minha saia estampada. Pés descobertos evitam as águas paradas. Vestígios das chuvas, alocados nos buracos... Eu passo!
Pulo feito gata...Quando fui gata? Era uma tonta mulherzinha trepidando saltos no asfalto. Hoje as sandálias me carregam, me levam pra onde os olhos não podem, nem querem.
Tarde de malemolência. Sessão de cinema que adormece. Amores na tela me acordam... São quatro horas. Olho o espelho e vejo uma cara, traquinamente feliz...Mentira de Abril.
É quase cínico ou triste, o olhar que pisca, nuances de mim.
Um comentário:
Nossa, o dia hoje promete! Primeiro leio a postagem de Joaquim (sobre um tempo antigo) e agora leio um texto de Socorro: moderno, ágil, de sentimentos e ações contemporâneas, o tempo de um feminino atual, que se acha, se esconde às vezes, se mostra depois,brinca de primeiro de abril, mas é tudo verdade. A mulher no espelho é bela.
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