por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PEQUENOS ADEUSES- Por Socorro Moreira



Todos os dias eu digo adeus às pequenas coisas: temperos vencidos, vestidos perdidos, meio furados, recibos de contas antigas, bilhetes de amor, poemas inacabados, brincos e colares quebrados, camisola manchada de tinta... Um dia, tudo foi novo. Foi escolhido na prateleira da loja, foi pago, foi tirado da caixa. Acompanhou um tempo da minha vida, até que, cumprido o seu destino, foi expurgado dos meus guardados. É assim tudo, enfim!
Só não passa, nem estraga, o amor que não foi consumido. E o que não passa nunca traz felicidade. Apenas umas alegrias vividas pela metade. É tão fugaz o instante que decide não ser real. Ele morre antes de viver... Ele morre por não viver.
Coloquei ordem nos meus CDs. Quase obsoletos. Impossível escutá-los mais uma vez. São tantos! E o tempo não deixa. O tempo impõe TV, novela da Globo, telefonema dos amigos, dormir, sonhar... A música está quase perdendo o seu lugar. Já não consegue inspirar uma saudade. Estou evitando trazer de volta lembranças que já se despediram. O novo é imperfeito. Falta o entusiasmo de concretizá-lo. E ele fica assim, na minha cara... Ironicamente, mostrando rugas, e o olhar sem sonhar.
Hoje espanei o pó dos livros relidos, dos versos escritos, das roupas de festa com cheiro de perfume (que ainda restam nos frascos guardados). Faço doações de peças que já não se encaixam em mim... Solto-as no chão.
O tempo, literalmente, levou o que eu tinha, e o que eu não tinha.
Nada é nosso. A vida é dona de todos os nossos bens. Quisera que a alma fosse imortal...



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