por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A PARTILHA AJUDA A COMBATER A FOME NO MUNDO?- Por magali Figueiredo



Sabemos que o mundo em que vivemos é injusto e desigual, pois o sistema econômico capitalista visa a acumulação privada de riquezas. Em consequência, gera a exclusão social e a fome. Essa desigualdade social do mundo contribui para que muitas pessoas morram famintas. Segundo estatísticas internacionais, diariamente morrem por falta de alimentação adequada trinta mil crianças, e este número aumenta dia após dia. As pessoas não partilham os alimentos, porque têm medo de que faltem para elas. Por isso, acumulam cada vez mais. Além disso, os países ricos se apossam das riquezas da Terra, e deixam os países pobres na miséria. Gastam muito com armas, em vez de destinar o dinheiro para alimentar os que passam fome. E ainda há desperdício de alimentos, que daria para matar a fome de muitos.
Por que ninguém se sensibiliza com essa situação? O egoísmo está tão impregnado na sociedade, que as pessoas não se abrem para a solidariedade. O ser humano está com o coração muito fechado para o outro, e por isso é contra as políticas para distribuição de renda. Programas de governo para diminuir a fome são sempre combatidos pelas elites dominantes.
Somos pais e mães que não gostaríamos de ver nossos filhos passarem fome. Portanto, devemos entender que todos nós somos igualmente filhos de Deus. Toda a população do mundo tem direito ao alimento. Mas são bilhões de pessoas que passam fome no mundo todo. Observamos no entanto que tem gente muito rica que é infeliz. Por que será isso? Porque a fonte da felicidade é o amor, e não o dinheiro.
Quando há grandes catástrofes, como a do Haiti, e recentemente a do Chile, a solidariedade se manifesta através dos países que enviam alimentos e dinheiro para os sobreviventes. Entretanto, é importante que sejamos solidários em todos os momentos da nossa vida. Se nós partilhássemos um pouco do que temos com alguém que passa fome, estaríamos exercitando o amor ao próximo e contribuindo para acabar com a fome no mundo. Se estiver sobrando alimento na nossa mesa, é porque falta na de alguém.
É uma pena que nem todo mundo conheça a mensagem de Jesus, que é libertadora. Segundo uma missionária católica, que trabalha na África, três bilhões de pessoas nunca ouviram falar de Jesus. Se toda a população mundial conhecesse a mensagem de Jesus, e a colocasse em prática, o mundo seria muito mais humano, mais justo e solidário. E não teria tanta gente passando fome, nem tantas guerras, que também são causas da fome.
O Evangelho de Jesus Cristo narrado por Lucas relata o milagre da partilha, que é a multiplicação dos pães. (Lc. 9,10-17). Quando Jesus estava numa cidade chamada Betsaida, a multidão o seguia e Ele falava para ela sobre o Reino de Deus, e curava os doentes. Como já estava ficando tarde, os doze apóstolos pediram a Jesus que despedisse a multidão, para que ela fosse arranjar comida e procurar alojamento no povoado vizinho, pois estavam num lugar deserto. Mas Jesus disse que eram eles que tinham de lhes dar o que comer. Os discípulos disseram que só tinham cinco pães e dois peixes. E responderam que poderiam ir comprar comida para toda a gente. Havia ali mais ou menos cinco mil homens. Jesus pediu aos discípulos que mandassem o povo sentar em grupos de cinquenta. Depois Ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção sobre eles e os partiu. Em seguida, entregou para os discípulos, que distribuíam para toda a multidão. Foram suficientes para que todos ficassem satisfeitos, e ainda foram recolhidos doze cestos, com os pedaços que sobraram.
O milagre da multiplicação dos pães ocorreu no deserto. O povo foi saciado pelo alimento, que é dom de Deus. Mas Jesus deu oportunidade aos seus discípulos para organizarem o povo para que recebessem o alimento e ficassem saciados. Os discípulos se preocuparam em comprar alimento. Mas onde iriam arranjar dinheiro para comprar comida para tanta gente? E Jesus lhes disse: “Vocês é que têm que lhes dar o que comer.” Como podemos entender essas palavras? O Evangelho é anúncio, cura e alimento material para todos. O que Jesus desejava era mudar a relação do poder de compra para uma relação de partilha. Pois quando cada um reparte o que tem, nem que seja um pouco, todos ficam saciados, e ainda sobra. Diferente da acumulação, onde poucos têm tudo, e a maioria, nada. Jesus continua a anunciar o Reino de Deus através da palavra e da ação, e mostra que é a favor da partilha, e contra a acumulação.
Por que Jesus é contra a acumulação? A resposta é simples: é porque a acumulação gera a riqueza que cria a pobreza. Podemos afirmar que, nos dias de hoje, Jesus seria contra o capitalismo. Basta observar, nesse relato, a quantidade de pessoas que acompanhava Jesus para ouvir suas palavras libertadoras. Toda essa multidão era de pobres, que vinham depositar confiança e esperança nas palavras de Jesus, que falava tanto do pão espiritual quanto do pão material.
Seria maravilhoso que hoje as pessoas fossem educadas para a prática da partilha, em vez de para acumular. Através da partilha, as necessidades de todos seriam atendidas; saúde, educação, habitação, alimentação, justiça e paz. Era o Reino de Deus de que Jesus tanto falava. Ele queria transformar a sociedade individualista em uma sociedade de partilha.
Infelizmente, a sociedade em que vivemos está impregnada de falsos valores como o ter, o poder e o prazer. Como seria bom se vivêssemos numa sociedade solidária, em que todos soubessem partilhar e distribuir as riquezas! Assim sendo, todos viveriam com dignidade, conforme a vontade de Deus.

Do livro "No Azul Sonhado"

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