"As vezes a saudade é tão grande que a gente não sente mais. A gente é saudade.”
Li essa frase não lembro onde , e lamento não saber também o autor , mas na verdade é de tamanha profundidade que tentar analisa-la me parece difícil.
Quando a gente se transforma , se reveste na própria saudade , como sermos julgados ?
Incapacitados de fugirmos ao passado ? Conhecedores realmente da verdadeira felicidade ? masoquistas ? ou eternos sentimentais deitados na esperança ?
A impressão que eu tenho é de que por mais que tentemos nos esforçar , vivemos sempre acompanhados desse sentimento. Temos saudades da nossa infância , das cantigas de roda, da escola onde aprendemos o ABC, da pureza do nosso primeiro beijo, de músicas que marcaram momentos alegres, de palavras que ficaram nos nossos ouvidos , de preococes despedidas, enfim : de todas as folhas caídas da árvore da nossa existência .
Muitas vezes sentimos até saudades de coisas que nunca fizemos !
Lembro agora uma velha marchinha de carnaval que diz : “ Saudade , palavra imensa/tristeza intensa /que me faz penar / Saudade só tu bem sabes /o bem que fazes ao meu penar .....’ E deve ser exatamente nesses momentos que a gente não consegue ver a saudade como aquela faca cujo gume estraçalha o nosso coração , mas como algo que foi participante do nosso encontro com a felicidade , e é exatamente como escreveu um dia o grande Fernando Pessoa : "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem”.
E se hoje , já não possuímos nem podemos mais apalpar o que foi vivido , que fiquem as lembranças, mas sobremodo que fique dentro de nós a certeza de que conhecemos um dia bem de pertinho a felicidade.,
rosa guerrera
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