por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O RETIRO DE SOCORRO MOREIRA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu habito numa ladeira do Bairro Jardim Botânica. Assim como um retirado de todos os acontecimentos das ruas em enchente das megalópoles. Igual era o sítio Batateira, onde vive até sair para Fortaleza: um retirado do Crato.

O retirado é uma coisa interessante, pois não é ele apenas. Quando falamos em retiro praticamente estamos representando um movimento. Não é um lugar em si, é uma ausência de algo, mas é, ao mesmo tempo, a reflexão deste algo.

Quando a Socorro Moreira nos informa que se encontra em algum lugar que não tem internet, logo conclui: eis um retiro. Mesmo quando, cautelosa com o carinho dos amigos, informa do retiro aí é que este mais se acentua. Que lugar é este e não tem internet?

E tem paralelo na nossa cultura. Zé Dantas, aqui no Hospital dos Servidores do Estado, onde exercia a função de obstetra, olhando para o mar de casas e prédios da região da Gamboa e Santo Cristo. Quem sabe Zé Dantas numa noite de espera de um parto a termo, aquele evento que lhe permitiria finalmente dormir na alta madrugada a lembrar-se do seu retiro no Riacho do Navio.

Ora! Imaginei! A Socorro Moreira está num retiro. Teria ainda os pedaços da lua cheia tão pouco acontecida? As estrelas estariam fazendo um enxame luminoso a abraçar a realidade da nossa condição humana? E os silêncios musicais das noites nos tons de coruja, grilos e de algum animal do terreiro e do curral?

A Socorro estaria num retiro do nosso passado recente? Daquele de raros automóveis, dos ruídos da marcha dos cavalos, de algum tetéu nos açudes ou um vim-vim anunciando a chegada de alguém?

A qual retiro a Socorro pede socorro? Imagino! Aquele que resguarda a face deste Crato em mutação permanente onde os lembrados apenas o são por esquecidos que foram. Onde os esquecidos não são matéria do éter, ao contrário, são a materialidade dos resgates de nossos retiros.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Meu caro amigo,

Amanhã estarei de volta.
Não temos Velox na cidade. Aqui só pega TIM e Claro.
Meu "OI" foi desativado.
No quarto do hotel já pelejei e está sem acesso à Internet.
O sistema é rádio.

Não consigo ficar muito tempo, no Cyber da cidade.
Acho que é mais ou menos como em Paracuru...(rs)
Mas fico muito feliz percebendo que as postagens estão ativas, confirmando o papel dos colaboradores.
Eita ,gente boa!
Saudades imensas!

Abraços.