por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 5 de maio de 2011

ELE VEIO DE LONGE- por Norma Hauer



No dia 5 de maio de 1900, nasceu, em São Petesburgo , no norte da ainda Rússia czarista ,o compositor, músico, violinista, GEORGES MORAN, de família judaica.


Após a revolução bolchevista de 1917, sua família emigrou para o Brasil, aqui chegando depois da 1ª mas antes da 2ª Guerra, no início dos anos 30, por volta de 1934.


Sendo já exímio tocador de balalaica, tinha facilidade em outros instrumentos musicais, adaptando-se, inclusive, ao violão, o que o tornou um compositor brasileiro, visto ter-se "enturmado" com os "bambas" de sua geração.


Tendo ,ainda, dificuldade no idioma português, começou a compor com parceiros brasileiros, daí surgindo, com Oswaldo Santiago, “Dia Há de Chegar”; “Meu Sonho é só Meu”, suas primeiras gravações, na voz de Carlos Galhardo e ainda "Perfume de Mulher Bonita" .


Saudoso de sua terra, compôs canções de nostalgia como "Balalaica"; "Zíngaro"; "Ao Som das Balalaicas"; "Kátia"; "Katucha"; "Ninotcha"; “Kátia” e "Exilado", gravadas, as duas primeiras, por Orlando Silva , a terceira por Nuno Roland , Sílvio Caldas gravou Ninotcha, e “Kátia”; Dircinha Batista, “Katucha” e Carlos Galhardo. “Exilado”,

Galhardo ainda, gravou; “Indiferença”; "Dois Navios" e "Confissão”, esta feita em parceria com Manuel da Nóbrega, o mesmo que criou a “Praça da Alegria” na TV, na qual Ronald Golias deixou marca indelével.

Sílvio gravou ainda “Não Voltarás, nem Voltarei” e “Se Tu Soubesses”.


Isso representa apenas uma parte do muito que Georges Moran compôs, tornando-se um autêntico compositor brasileiro.

No final dos anos 50 e no início da bossa nova, deixou de compor, retirando-se para São Paulo, onde, pelo muito que fez, pode viver de direitos autorais, o que não era fácil naquela época.

Para se ter uma idéia do repertório de Georges Moran, e sentir a lembrança de sua terra distante, registro aqui a letra de sua valsa-canção "Exilado" feita em parceria com David Nasser.


EXILADO


Bosque deserto, em minha dor,

Eu quero relembrar,

A sua solidão.

Bosque deserto, em que o amor

Mormura ao luar,soluços de oração.


Exilado, vim um dia

Felicidade buscar.

E cansado, a nostalgia

Sinto em meu peito vibrar.


Minha velha aldeia tranqüila,

Meus amores, tudo eu deixei.

Exilado, lembro agora

Sonhos que outrora sonhei.


Georges Moran faleceu em São Paulo no dia 7 de outubro de 1974, aos 74 anos.

Em 2000, pelo motivo de seu centenário, foi homenageado no Museu Judaico do Rio de Janeiro, com o espetáculo “Da Balalaika ao Violão”.

Norma

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