Com a morte você se lembre
do perfume da sua toalha
e do piso gelado do banheiro
não será tarde para saudade
mas lhe adianto que patético.
Que diabos então você não abre suas narinas agora?
Não deixa livres os seus pés descalços?
Com a morte você entenda o desperdício
de tanta solidão enquanto sua toalha suspirava
e o piso gelado do banheiro tremia de ansiedade.
Você não via que o vento a balançar a toalha
era um código secreto para que seus olhos se detivessem
naquela imagem inebriante e o seu nariz chegasse até ela.
Você não percebia que a água do chuveiro atrás da porta
suplicava-lhe apenas um toque dos dedos.
O seu nariz e os seus pés eram os amantes prediletos
da sua toalha e do piso gelado do banheiro em tardes
em dias e em noites de chuva quando a casa silencia.
Com a morte não lhe será negado o direito de saudade
mas lhe adianto que os outros julgarão patético.
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