por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 27 de fevereiro de 2011

lembrando Abidoral Jamacaru !




Estrelas riscantes
Abidoral Jamacaru / Flávio Paiva

Pensando bem
Bom motivo ninguém tinha
Pra ficar a me esperar
E quem vem da poeira, amarga a soleira
Querendo escapar
E na fuga insensata saíram de mim
Olhares perdidos
No agito das ruas sinistra miragem
Com isca de cores do filme já visto

Estampa o cartaz
Não vira ainda Jornada nas Estrelas
Nem dava notícias dos efeitos Paramount

No cinema mudo, na lente aguçada
De Câmara Cascudo fui ator, fui atriz
Brincante feliz

E imerso no céu de estrelas riscantes
Que não se foi, é bumba-boi, zabumba-boi
É bumda-boi, zabumba-boi, é bumba-boi
Zabumba-boi, é bumba-boi

Estranha é a guerra em nome da paz
Porque tantos ismos e maniqueísmos
Meu coração tem a sã vocação de viver, de viver

Nem que eu viva aqui dez anos...



Jornal O POVO – Vida & Arte, 14/05/1998

Abidoral Jamacaru volta ao disco com o CD O Peixe

O cantor e compositor cratense lança seu primeiro CD, O Peixe, em coquetel para convidados. Abidoral retorna ao disco onze anos depois do LP Avalon, um dos marcos da produção musical cearense na década de 80

Para quem ainda não conhece, uma breve apresentação se faz necessária: Abidoral Jamacaru é um cantor e compositor natural do Crato com mais de 20 anos de carreira; lançou seu primeiro disco há 11 anos com o título Avalon , apontado pelos críticos como um dos principais trabalhos da música popular cearense daquela década pouco produtiva; no dito LP está rgistrada a primeira gravação da cantiga “Flor do Mamulengo” (Luis Fidélis), grande sucesso alternativo. Abidoral volta ao disco com o CD O Peixe , que tem coquetel de lançamento hoje na holding do Grupo J. Macedo, cuja a marca Hidracor patrocinou a produção do disco através da Lei Jereissati.

Apesar da distância temporal, O Peixe se apresenta como uma seqüência natural de Avalon . “É claro que meu trabalho sofreu modificações com o tempo. Há mais informações hoje. Mas os sentimentos continuam os mesmos”, reflete o próprio Abidoral. No disco, se pode conferir todas as características mais marcantes do seu trabalho, que mescla as influências da musicalidade folclórica do Cariri com informações da cultura de massas veiculadas pela mídia, como o próprio artista faz questão de enfatizar. Esta pluralidade pode ser conferida ao se ouvir n' O Peixe um côco (“Canto do Côco pra Azuleika e Asa Branca”) e um blues (“Vá com o Sol, o Vento, A Luz e Os Anos”), lado a lado — só para citar como exemplo. A arte da capa do CD traz a assinatura de Sérvulo Esmeraldo. As gravações aconteceram entre julho e setembro de 1997 no estúdio Planeta e mixado no Pró-Áudio.

Dono de produção extensa, grande parte das faixas gravadas por Abidoral já integram seu repertório de shows há um bom tempo. É claro que, para o disco, as músicas ganharam arranjos assinados por músicos como Lifanco, Herlon Robson, Melquíades e do próprio cantor. Além das músicas próprias, ele ainda gravou composições do irmão, Pachelly Jamacaru, e mais Célia Regina, Luis Carlos Salatiel e Geraldo Urano. Também regravou “Consolança” (Eugênio Leandro / Oswald Barroso). “Sempre quis gravar esta música que gosto muito. Outras pessoas já gravaram mas eu queria dar minha versão”.

Abidoral estréia ainda novos parceiros como Flávio Paiva (“Estrelas Riscantes”), Tiago Araripe (“Oxum”) e o poeta Patativa do Assaré (na faixa título “O Peixe”). “Sempre tenho muito cuidado com parcerias, porque é uma coisa de interferir no trabalho do outro”, explica. Por estes receios, o compositor há anos alimentava a vontade de musicar versos de Patativa do Assaré até achar nos versos curtos e incisivos de “O Peixe”, com um pé de poesia matuta, rural, e outro no urbano — característica comum no seu trabalho. “Ele sabe da parceira mas ainda não ouviu. Não tive oportunidade de mostra pra ele”, revela.


Nenhum comentário: