por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 28 de julho de 2011

ALDEIA - Tetê Peretti






Pequeno lugarejo próximo a Recife,

Refúgio.

Simplicidade.

Convivência.

Espaço pequenino, aconchegante. Ocupado por lembranças, costumes e gestos.

Entre as folhagens e as flores, os minúsculos beija-flores cumprem o seu ritual.

Entre pequenos arvoredos, o saltitar dos saguis alegra a natureza.

Entre o silêncio da noite, épocas de madrugadas frias, o canto irritante e constante dos grilos protege a escuridão.

Entre o amanhecer, os seus raios incandescentes despertam a passarada que, na sua inquietude, cantarola e pula entre os galhos verdes, festejando um novo dia.

Entre a tradição da festa junina, o São João é celebrado ao meio do borbulhar da água das chuvas frequentes nesse período. A fogueira imponente, com suas chamas ardentes, vence os obstáculos da própria natureza, assegurando ao santo homenageado as tradicionais manifestações, embaladas pelas vibrações do som das poesias nordestinas, cantadas em versos, que partem da “Sala de Reboco”. Lá, uma foto grande do nosso rei do baião. Outro quadro em que Marcos (meu companheiro irmão) retrata, através da música Numa Sala de Reboco, a cena de um matuto que, embalado pelos seus sentimentos, carrega, em seu alforje, o amor por aquela menina.

Uma casa.

Pequena, de coração grande, com portão, portas e janelas vermelhas – cor de sua preferência, exalta a coragem, a firmeza e a personalidade forte de um homem do campo que não se deixava vencer pelo cansaço. Embora carinhosamente chamada de Mocambo por algumas pessoas que fazem parte de seu cenário, sua legítima identificação é “Recanto Vovô Geraldo”, nome esse que surgiu entre a ternura e os sentimentos ingênuos de uma criança que perdera o seu avô.

Nesse recanto, pela sua essência, não há hospedaria, mas, sim, abrigo.

Abrigo que se expressa com ternura, amor e prazer na acolhida de seus familiares, amigos e daqueles que ali chegam e entram no círculo da amizade.

É esse o meu recanto, de recordações, de paz, de amor, de vivência, de compartilhamento e de receptividade.

Nele, encontro a presença de meu pai, único e inconfundível pela sua sabedoria, pelas suas prosas, pela sua responsabilidade, dedicação, honestidade e solidariedade sem distinção.

Do livro "No Azul Sonhado"







Um comentário:

Liduina Belchior disse...

Parabéns pelo sensível e carinhoso texto, Tetê.Senti sua paz em mim.
Grande abraço: Liduina.