por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR

Hoje, segunda feira, dia astrologicamente regido pela Lua, é dia especial para a magia das histórias fabulosas, que tanto encantam crianças e adultos. Bisaflor chamou todas as crianças pra juntinho dela, disse que os adultos também deviam se aprochegar, pois a história de hoje é muito comprida, mas é muito bonita. É um conto narrado pelos irmãos Grimm.

O PÁSSARO DE OURO

Era uma vez um rei que tinha um belo jardim onde havia uma macieira que dava maçãs de ouro. Quando as maçãs ficaram maduras, foram contadas, mas o que se observava era que ao amanhecer faltava uma maçã. Isso foi comunicado ao rei e ele ordenou que fosse montada guarda debaixo da árvore, todas as noites. Na primeira noite o rei, que tinha três filhos, mandou o mais velho deles para o jardim. Mas, quando deu meia noite, o príncipe não resistiu ao sono, e, na manhã seguinte, tornou a faltar uma maçã. Na noite seguinte, o rei mandou o segundo filho montar guarda, que também não resistiu ao sono e dormiu por volta da meia noite e, na manhã seguinte, faltava mais uma maçã. Então, chegou a vez do filho mais novo, que, apesar de não merecer muita confiança do rei, seu pai, insistiu e foi autorizado a montar guarda debaixo da macieira.
O jovem príncipe não se deixou vencer pelo sono e quando o relógio bateu doze horas, algo zuniu pelo ar e ele viu, à luz da lua, um pássaro cujas penas brilhavam como ouro puro. O pássaro pousou na árvore e acabava de tirar uma fruta quando o rapaz disparou uma flecha nele, acertando sua plumagem. O pássaro fugiu, mas uma das suas penas de ouro caiu no chão.
Na manhã seguinte, com todo seu Conselho reunido, admirando a pena de ouro e avaliando que uma pena daquela valia mais que todo o reino inteiro, o rei cobiçava ter todo o pássaro em suas mãos. Assim, mandou que o filho mais velho fosse pelo mundo procurar o pássaro de ouro.
O príncipe pôs-se a caminho, confiante na sua própria inteligência, achando que encontraria o pássaro de ouro. Depois de andar um pouco, ele avistou, à beira de uma floresta, uma raposa sentada. Apontou a espingarda para ela, mas a raposa gritou: - “Não me mates, eu te darei em troca um bom conselho. Estás no caminho do pássaro de ouro, chegarás hoje à noite a uma aldeia onde há duas estalagens, uma em frente da outra. Uma está toda iluminada e cheia de alegria. Mas não entres nela, mas sim, na outra, embora ela te pareça pior”.
“Como pode um bicho tolo desses dar-me conselho sensato?” – pensou o filho do rei, e apertou o gatilho, mas errou a pontaria, e a raposa esticou o rabo e fugiu para a floresta. Então ele continuou seu caminho e ao anoitecer chegou à aldeia que tinha as duas estalagens. Numa delas havia música e danças, mas a outra tinha aspecto pobre e miserável. “Eu serei tolo”, pensou ele, “se entrar na estalagem indigente em vez da outra, bonita”. Pensando assim, o príncipe dirigiu-se para a estalagem alegre e, no meio dos ruídos e das festas, ficou morando, esquecido do pássaro, do pai e de todos os bons ensinamentos.
Quando passou um bom tempo e o filho mais velho não voltava para casa, o segundo pôs-se a caminho, à procura do pássaro de ouro. Como o mais velho, ele encontrou-se com a raposa, mas não ouviu seu bom conselho, e quando chegou à aldeia, escolheu a alegre estalagem onde se encontrava o seu irmão mais velho. Ficaram os dois vivendo por lá, em meio à alegria que ali reinava.
Novamente o tempo passou. O príncipe mais novo quis partir, o rei não queria deixar, achava que seu caçula não tinha determinação, se os dois mais velhos não conseguiram encontrar o pássaro de ouro, imagine ele... O jovem insistiu e o pai permitiu que ele partisse. Quando o príncipe mais novo chegou à beira da floresta, encontrou a raposa que suplicou por sua vida em troca de um bom conselho. O moço foi benevolente e disse-lhe: - Sossega, raposinha, eu não te farei mal”, ao que a raposa respondeu: -“Pois não te arrependerás, e para que chegues mais depressa, monta na minha cauda”.
E nem bem ele montou, a raposa disparou a correr, zunindo por sobre paus e pedras, até o vento silvar nos seus cabelos. E quando chegaram na aldeia, o rapaz desmontou, seguiu o bom conselho e entrou, sem olhar para trás, na estalagem simples, onde pernoitou tranquilamente. Quando de manhã ele chegou ao campo, a raposa já estava lá e lhe disse:
- Eu vou dizer-te o que deves fazer daqui em diante. Caminha sempre em frente até chegares a um castelo, diante do qual está um grande grupo de soldados deitados. Mas não te importes com eles, pois estarão todos dormindo e roncando. Passa por entre eles e entra diretamente no castelo, atravessando todos os compartimentos. Por fim chegarás a um quarto, onde está um pássaro de ouro dentro de gaiola de madeira. Ao seu lado está uma gaiola suntuosa de ouro puro, mas toma cuidado, não tires o pássaro da gaiola simples para colocá-lo na rica, pois poderás te dar muito mal.
Com essas palavras a raposa esticou de novo o seu rabo e o príncipe montou nele, e lá se foram eles, zunindo sobre paus e pedras, até o vento silvar nos seus cabelos.
Quando o príncipe chegou no castelo, encontrou tudo tal qual a raposa alertara. Foi até o quarto onde estava o pássaro numa gaiola de madeira, tendo ao lado a gaiola de ouro. E as três maçãs de ouro estavam ali, espalhadas pelo chão. Aí ele pensou que era ridículo deixar o belo pássaro naquela gaiola de madeira; abriu a portinhola, agarrou-o e o colocou na gaiola de ouro. No mesmo instante o pássaro de ouro soltou um grito estridente. Os soldados acordaram, invadiram o quarto e levaram o moço pra prisão. Na manhã seguinte ele foi levado a julgamento e condenado à morte. O rei disse, porém, que lhe pouparia da morte se ele trouxesse o cavalo de ouro que corre mais depressa que o vento, e que ainda ganharia, como recompensa, o pássaro de ouro.
O príncipe pôs-se a caminho, mas ia suspirando tristemente, pois onde poderia encontrar aquele cavalo de ouro? Então, ele vê de repente, a sua velha amiga raposa, sentada na estrada.
- Estás vendo? - disse a raposa, - isso aconteceu porque não escutaste as minhas palavras. Mas, anima-te, eu cuidarei de ti e te direi como poderás chegar até o cavalo de ouro. Deves andar reto em frente, e chegarás a um castelo, onde o cavalo está numa cocheira. Diante da cocheira estarão os cavalariços dormindo e roncando, e poderás retirar o cavalo, tranquilamente. Mas presta atenção: coloca nele a velha sela de couro e madeira, e de modo algum a sela de ouro, pendurada ao seu lado, senão de darás muito mal.
E a raposa esticou o rabo, o príncipe montou nele, e lá foram eles zunindo sobre paus e pedras até o vento silvar nos seus cabelos. Tudo aconteceu conforme a raposa dissera, mas na hora de colocar a sela, o príncipe pensou: “Um animal tão belo fica desfigurado se eu não lhe puser a sela nova que lhe cabe”. Mas nem bem a sela de ouro tocou o cavalo, este começou a relinchar com toda a força. Os cavalariços acordaram, agarraram o jovem e atiraram-no na prisão.
Na manhã seguinte ele foi julgado e condenado à morte, mas o rei prometeu poupar-lhe a vida e ainda dar-lhe o animal de ouro, se ele conseguisse trazer a bela princesa do castelo de ouro. De coração pesado, o príncipe pôs-se a caminho, mas por sorte, logo encontrou a raposa, sua fiel amiga, que lhe disse: - “ Eu devia abandonar-te ao teu infortúnio, mas tenho compaixão de ti e vou ajudar-te mais uma vez a sair das tuas dificuldades. O teu caminho te levará diretamente até o castelo de ouro. Chegarás lá ao anoitecer, e de noite, quando tudo estiver em silêncio, a bela princesa sairá para a casa de banhos. Quando ela estiver passando por ti, agarra-a e dá-lhe um beijo. Então ela te seguirá e poderás levá-la contigo. Mas não permitas que ela se despeça dos pais, senão te darás mal’.
E a raposa esticou o rabo, o príncipe montou nele e lá foram eles zunindo por sobre paus e pedras até o vento silvar em seus cabelos. Quando chegaram no castelo de ouro, tudo aconteceu como a raposa dissera e o príncipe esperou pela meia noite. Tudo estava mergulhado em sono profundo, a linda donzela saiu para o seu banho e o príncipe deu-lhe um beijo. Ela disse que o seguiria de bom grado, mas implorou com lágrimas que ela a deixasse antes despedir-se dos seus pais. Ele resistiu no começou às suas súplicas, mas como chorava cada vez mais e se atirou a seus pés, acabou cedendo. Mas assim que a moça chegou perto da cama do pai, todo castelo se acordou e o príncipe foi preso. Na manhã seguinte o rei lhe disse:
- Tua vida está perdida, mas poderás encontrar clemência somente se retirares a montanha que está diante da minha janela e que me atrapalha a visão. E tens de consegui-lo em oito dias. Se o conseguires terás a minha filha como recompensa.
O príncipe pôs mãos à obra, começou a cavar e a cavar, sem descanso. Mas quando viu, no fim de sete dias, quão pouco conseguira, e que todo seu trabalho fora em vão, caiu em profunda tristeza e perdeu toda a esperança. Ao anoitecer do sétimo dia, apareceu a raposa e disse:
- Tu não mereces que eu me preocupe contigo, mas, vai e deita-te e dorme, que eu farei o trabalho em teu lugar.
Quando ele acordou na manhã seguinte e olhou pela janela a montanha havia desaparecido. O jovem correu muito alegre para o rei e comunicou-lhe que a tarefa estava cumprida, e o rei, quisesse ou não, teve que manter sua palavra e entregar-lhe a filha. Então os dois partiram juntos, e não demorou muito para a fiel raposa reunir-se a eles.
- Já tens o melhor, é verdade, - disse a raposa – mas à donzela do castelo de ouro deve pertencer, também, o cavalo de ouro.
- Como poderei consegui-lo? – perguntou o jovem.
- Isto eu te direi, - respondeu a raposa. – Primeiro leva ao rei que te mandou para o castelo de ouro, a famosa donzela que ele pediu. Então haverá enorme alegria, eles te darão o cavalo de ouro de bom grado, e o trarão para ti. Monte imediatamente nele, e dá a mão em despedida a todos, por último à bela donzela, e quando pegares na sua mão, puxa-a para junto de ti com uma arrancada, e parte a galope. E ninguém será capaz de alcançar-te, pois esse cavalo corre mais que o vento.
Tudo saiu conforme o combinado, e o príncipe levou consigo a bela donzela no cavalo de ouro. A raposa não ficou para trás e disse ao jovem:
- Agora te ajudarei também a conseguir o pássaro de ouro. Quando estiveres perto do castelo, onde está o pássaro, faz a princesa descer do cavalo, eu tomarei conta dela. Então, entra no pátio do castelo montado no cavalo de ouro. Quando o virem, eles ficarão muito contentes e te trarão o pássaro de ouro. Assim que tiveres a gaiola na mão, galopa de volta para nós e apanha a tua donzela!
Quando a empreitada terminou, bem sucedida, e o príncipe quis voltar pra casa com os seus tesouros, a raposa falou para o jovem príncipe que queria uma recompensa pela ajuda que lhe tinha prestado: - “Quando chegarmos lá na floresta, mata-me com um tiro e decepa-me a cabeça e as patas”.
O príncipe estranhou muito aquele tipo de recompensa, recusando-se a fazer tal coisa. A raposa lhe afirmou que sendo assim teria que abandoná-lo, mas que ainda lhe daria um bom conselho: -“Guarda-te de duas coisas: não compres carne de forca e nem te sentes à beira de nenhum poço”. Falando isso, ela fugiu para a floresta.
Tal conselho soou também muito inusitado para o príncipe, que passou a considerar aquela raposa um animal muito esquisito, com pedidos tão estranhos, mas prosseguiu sua viagem com a princesa. O caminho o levou àquela aldeia onde haviam ficado seus dois irmãos. Havia um grande alarido e ele quis saber o que acontecia. Foi informado que dois homens seriam enforcados, e qual não foi sua surpresa ao constatar que os homens eram seus irmãos, que praticaram muitos desmantelos por ali, inclusive ficaram endividados. O príncipe mais novo quis saber se não haveria perdão para seus irmãos e todos se admiraram dele querer pagar as dívidas daqueles dois perversos.
Mas, assim fez o príncipe: libertou os dois irmãos e seguiram viagem de volta ao castelo do pai. Quando chegaram à floresta, onde encontraram a raposa pela primeira vez, os irmãos sugeriram que parassem para descansar e se alimentar, pois o sol estava muito quente, e ali era um lugar muito agradável, sentariam junto do poço e fariam uma refeição. O príncipe mais novo concordou e, envolvido com a conversa, nem reparou que sentava-se na beira do poço, esquecido do conselho da raposa. Os irmãos o empurraram pra dentro do poço, pegaram a princesa, o cavalo e o pássaro e voltaram para o reino do pai.
Lá chegando se vangloriavam da façanha de, não só ter trazido o pássaro de ouro, pois muito mais tinham feito, conquistando a moça do castelo de ouro e o cavalo de ouro. Houve grande alegria no palácio; no entanto, o cavalo não comia, o pássaro não trinava e a moça só chorava.
O príncipe mais novo não morreu, teve sorte, pois o poço estava seco e ele caiu sobre musgo macio e não se machucou. Mas, “como sair daqui do poço?”, pensava e se afligia, até que foi mais uma vez socorrido pela fiel raposa, que o repreendeu por não ter seguido seu bom conselho.
Quando retirou o príncipe, a raposa lhe disse que tivesse cuidado porque os dois irmãos colocaram sentinelas por toda floresta para matá-lo, se por acaso ele escapasse do poço. Para se proteger, o jovem trocou de roupa com um mendigo que logo encontrou na estrada e partiu para o castelo do pai. Entrou pelo pátio, ninguém o reconheceu, mas o pássaro começou a trinar, o cavalo começou a comer e a donzela parou de chorar.
Admirado, o rei quis saber o que estava acontecendo, a princesa não sabia explicar como tão de repente passara sua tristeza e falou: “É como se meu verdadeiro noivo tivesse chegado, sinto-me tão alegre”. E passou a contar para o rei tudo que havia acontecido, apesar de ter sido ameaçada pelos príncipes mais velhos.
O rei mandou vir a sua presença todas as pessoas que estavam no castelo, e aí veio, também, o jovem príncipe disfarçado de mendigo, que foi logo reconhecido e abraçado pela princesa. Os perversos irmãos foram agarrados e castigados. E quanto ao mais novo deles, casou-se com a princesa do castelo de ouro, foi nomeado herdeiro único e sucessor do rei, seu pai.
Mas... e a fiel raposa? Que aconteceu com ela?
Um belo dia o príncipe foi até a floresta e encontrou a amiga raposa, que lhe disse:
- Tu tens agora tudo o que podias desejar, mas a minha desgraça não tem fim, e, no entanto, está em teu poder libertar-me.
E novamente ela implorou que o jovem a matasse e lhe decepasse a cabeça e as patas. O príncipe, finalmente, atende ao pedido da raposa, e assim que o fez, a raposa transformou-se num homem, que não era outro senão o irmão da bela princesa, que agora enfim estava livro do feitiço que o prendia.
Acabou-se o conto e o levou o vento e todo o mal se foi, e o bem que ficou que seja pra todos nós.

2 comentários:

Bisaflor disse...

Gostaram da história?
Eu só esqueci de dizer que "entrou por uma perna de pinto e saiu por uma de pato, senhor rei mandou dizer que contasse mais quatro".
Pois bem, é só aguardar.

Deus abençõe a todos.
Bisaflor

socorro moreira disse...

De todos os mundos percebidos , o mundo encantado tomou-me a alma.

Beijo, Bisaflor