por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ari Kerner - Por Norma Hauer


ARI KERNER
Em 1906 nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o jornalista, poeta e compositor Ari Kerner Veiga de Castro, que ou simplesmente ARI KERNER.

Como jornalista atuou em revistas (“O Malho”; “O Cruzeiro; “Fon´Fon”) e em jornais (“O Globo” e “Correio da Manhã”) . Como compositor não chegou a ser um nome conhecido,embora suas primeiras gravações tenham sido na voz de Francisco Alves, no final dos anos 20.
Podemos considerar como sucessos duas composições suas: “Trepa no Coqueiro”, gravação original de Patrício Teixeira e “Na Serra da Mantiqueira”, gravada originalmente por Gastão Formenti e depois por Cândido Botelho, o que era raro no tempo dos discos de 78 rotações. Dificilmente dois cantores gravavam uma mesma música.

“Na Serra da Mantiqueira” foi uma das músicas compostas em referência à Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932..

Eis sua letra:

Na Serra da Mantiqueira
Sob a fronde da mangueira
Que ela em moça viu plantar
Sentadinha no seu banco
Trançando o cabelo branco
Mãe Maria, vai sonhar

Dos amores do passado
Só lhe resta um filho amado
Que lhe dá felicidade
Sua vida, o fruto santo
Da longínqua mocidade.

E nas nuvens que correndo
Vão no céu aparecendo
Pra no ocaso descansar
Ela vê seus belos dias
De venturas e alegrias
Que não mais hão de voltar...

Eis porém que veio a guerra
Abalando toda a serra
Com o rugido do canhão
E a velhinha amargurada
Viu seu filho, lá na estrada
Se sumir, num batalhão...

Segurando seu rosário
No seu banco solitário
Mãe Maria reza agora
Pede a Deus ardentemente
Que lhe mande o filho ausente
Que já tanto se demora.

E numa tarde ao sol poente
Ela escuta de repente
A voz meiga do rapaz
Que lhe diz, tal como em vida:
Muito em breve, mãe querida
Lá no céu me encontrarás...

Em 1940 Carlos Galhardo gravou duas composições de Ari Kerner: “De Braços Abertos”, que se refere a um “duplo centenário” de Portugal, que nunca consegui saber de que. Que ocorreu em Portugal em 1740 , que mereceu ser festejado 200 anos depois ?

N outra face do disco foi gravada a “Canção do Trabalhador”, lançada no Campo do Vasco da Gama, onde Getúlio Vargas fazia seus discursos em todo primeiro de maio.
Nesse ano (1940) a voz de Carlos Galhardo ecoou naquele estádio, embelezando o espetáculo.

Esta é a letra da “Canção do Trabalhador:

Somos a voz do progresso
E do Brasil a esperança.
Os nossos braços de ferro
Dão-lhe grandeza e pujança.
Seja na terra fecunda,
Seja no céu ou no mar.
Sempre estaremos presentes,
Tendo na Pátria o altar.

Trabalhador,
Incansável, febril
O teu fulgor
Exalta o Brasil
Trabalhado,.
Expressão verdadeira.
Do lema altivo
Da nossa bandeira.


Em 1950, “Trepa no Coqueiro” foi reapresentada por Carmélia Alves no espetáculo “Estão Voltando as Flores , de Ricardo Cravo Albin, realizado no Teatro de Arena.

Ari Kerner faleceu, aqui no Rio de Janeiro, em 4 de abril de 1965, aos 59 anos.

Norma

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