por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 2 de janeiro de 2011

Aurora Boreal



Céu Estrelado
Alguém viu o nosso céu, na noite de ontem, quando faltou energia na cidade?
Em todos os meus anos de vida foi o mais estrelado que já vi. Fiquei preocupada com os meus olhos, que entraram em pane.Vi sobrevoar dois pássaros brancos, e achei que tinha deixado o céu da minha terra.Agarrei-me às grades da varanda, querendo voltar à nossa materialidade.Ferro frio, matando a paisagem.
A escuridão foi ficando constante.Fui me deixando ficar calma, e adormeci.
Agora é manhã do dia 4 de Fevereiro de 2011.Já estamos no segundo mês do ano, e a vida respira em mim.
Manhã molhada, pedindo desculpas por ter lavado as estrelas , sem rastros , pra receber o sol do nosso dia.
Estou com saudades do calor das ideias, de fazer almoço para uma porção de gente, de sujar meu avental com calda de chocolate quente.
Tenham o melhor dos seus dias. Liguem o som , e percebam que ver estrelinhas não é apenas uma mera enxaqueca... É a natureza que nos brinda !

Aurora Boreal


Noite úmida. Moita empestada de insetos. Flora verde. Cheiro de mato, terra molhada, copas, paus, espada de ouro... Excalibur!
Cansada das redes. Caindo no seco, e arranhando o corpo de ócio. Espremendo do cérebro o suco das lembranças, e comendo nas beiradas, o presente. Vivendo e revivendo na ponta do lápis. Tudo com muita preguiça: o molho e a massa. Natural e vicioso: coca, café e cigarro. Estou na borda do poço. No fundo do poço é o passado?
Ou o coquetel de todos os tempos?
Futuro é água das nuvens É chuva criada no mar... Alga, alfa!
Sereias aposentadas cantam de lá para cá. E eu escuto nos meus laços, avisos de Iemanjá!
Chego ao terreiro e olho para o céu, todo ponteado de estrelas. Manchinhas luminosas, chuviscosas, num azul fechado, e ao mesmo tempo enluarado. O ar é frio. Pessoas ao longe, pessoas de longe... Meu pensamento e vistas alcançam. Escuto Nana, acompanhada por Wagner Tiso. Quem conhece os dois, pode adivinhar meu estado de espírito: jazista, patético, e essencialmente nostálgico.

Meu poeta domingueiro envia-me por e-mails telepáticos, um engraçado recado:
- Hei mulher
Que fauna te ronda?
Preciso urgente de uma lagartixa sonâmbula
Pra vigiar meu luar,
Que teima em sair daqui...

Alguém desenha o seu mais novo poema, com temperos de sálvia.
Outro amigo fotografa o amor - a sempre estrela da noite. Mas ele é sideral, é expert em aproveitar as luzes do Universo, com toda propriedade.
O povo do S.José, sorri sensatamente dos seus, e dos nossos “causos”...
São casados e abençoados. Felicidade generosa, repassada à humanidade!
Alguns amigos leitores, anônimos, questionaram o silêncio dos meus escritos por esses dias...
Estavam em retiro... Respondo...Tentando melhorar a alma.
Alguém anda devagar pela casa... Enquanto a ferida cicatriza. Só dói quando a gente ri... Diz a mentira!
E o nosso Baudelaire?
Rio ou Paracuru, ou numa incursão imaginária, sobre a chapada da sua infância?
Quem sabe, escutando La Vie em Rose, interpretada pela Calíope, que agora é Mimi.

Moços das águas doces e salgadas... Pra vocês entrego meu kit de carinho:
Abraço, beijo, e olhar!
Sem mais, assino iluminada por lampiões de saudades.

Socorro Moreira

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