por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 2 de janeiro de 2011

Vida itinerante d euma bancária- Lábrea !



Fevereiro de 1979

No Banco do Brasil, quando um funcionário desejava acertar as suas contas ou queria mudar sua rotina, pleiteava uma adição. Num tempo limitado, a partir de três meses, ganhávamos diárias, que representava a duplicação do salário.
Foi divulgado que por ocasião da inauguração da Ag. De Lábrea,(AM) existiriam vagas para adição. Fortaleza enviaria três funcionários. A lista de concorrentes era expressiva.
Numa noite de pleno Carnaval, na AABB, cruzei com o Gerente Maia, e confessei-lhe: “olha, eu estou precisando desta oportunidade!”.
Quarta-feira de cinzas, meu nome constava na lista dos indicados.
Dois dias depois estava voando para Manaus, em seguida para Porto Velho (Ro), de onde finalizaríamos o percurso para Lábrea, num avião pequeno ,mono- motor. Encontramos-nos, os adidos, na expectativa daquela aventura. Éramos 12, incluindo a implantadora.
Quando nos acomodamos na aeronave, o silêncio era mortal. Sobrevoar a selva Amazônica, sem a segurança técnica, nos atemorizava.
Uns 40 minutos depois estávamos aterrissando, na terra prometida. Fim do mundo, civilização primitiva. A cidade construiu um hotelzinho para nos receber. Saímos à noite, em grupo, para o reconhecimento da cidade e pessoas. Cervejinha, com sal e limão, nas bordas da lata.Nunca gostei de cerveja, optei pelo guaraná Baré (deliciosos!). Auxiliadora, a implantadora, mineira, tocava um violão maneiro. Minervino, potiguar, gostava de cantar.
Rômulo Rolim, irmão do Jair, pertencia ao grupo de adidos.
O tempo não passava. Os dias me pareciam infinitamente longos.
Curtíamos e sofríamos: a chuva diária , o pôr-do-sol deslumbrante, as picadas de carapanã, as pescarias e banhos no Purus, a natureza exuberante, as viagens para Porto Velho, Humaitá, e Letícia , na Colômbia, aproveitando o tempo de estadia. Nas pequenas viagens, nos cotizávamos e pagávamos os fretes de avião.
As vezes tínhamos dinheiro no bolso, e nada para comprar. Salvavam-nos as castanhas do Pará, o leite condensado, e a polpa de cupuaçu. A economia básica era borracha e madeira. Nada de agricultura e Pecuária.
O maior desafio meu, como bancária, foi elaborar a primeira folha de pagamento da Agência. Fiz os cálculos minuciosos, em cima da CIC, e trabalhei os “espelhos”, numa NCR.
A cidade era festiva. Dançávamos carimbó , quase todos os dias, no clube social.
Diziam do alto índice de lepra, na região, mas conseguimos não nos apavorar.
Quando cumprimos o tempo mínimo previsto, respirei aliviada pela não renovação.do contrato. A experiência tinha sido muito forte.Às vezes achava que havia morrido, e estava ora no céu, ora no inferno, ora no purgatório.
À volta, na parada em Manaus, enchemos as nossas malas de coisinhas importadas. Presentes pra todos os amigos e familiares!
Cortei meus cachos, pintei o cabelo de vermelho, e encarei Fortaleza com um novo visual... Quase ET!

Um ano depois, me despedia em definitivo de Fortaleza, transferida para o Cesec de Juazeiro do Norte, recém inaugurado. Era o ano de 1980!

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