por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ficção ou realidade?


Em 1994 , aportei em Campina Grande-PB, transferida de Friburgo-RJ.

Além dos meus filhos não conhecia mais ninguém.

Depois de arrumar a casa, fazer as ligações dos eletros, e do telefone, arrisquei o 185(Disque amizade!).

A primeira voz que atendeu era masculina , e linda ! Qualquer coisa apitou , no meu coração, e haja papo !

O moço falou-me que era advogado, solteiro pela segunda vez, e que estava se sentindo solitário. A partir de então, por quase 30 dias, nos falamos por horas e horas, todos os dias.

Um dia combinamos que ele iria até o Banco, onde eu trabalhava pra me ver de longe... Foi fácil reconhecê-lo. Era um homem grandão, bonito, bem apessoado, parecia ter saído de um romance ou conto de fadas. Pediu uma informação, no atendimento. Gaguejei, e respondi... Ele sorriu, e despediu-se.

Pela primeira vez, naquela noite, o telefone ficou mudo.

Putz, o moço não foi com a minha cara... Ai, meu Deus vou sentir falta da minha companhia de todas as noites.

Dia seguinte, ele ligou. Tentei ouvir o que tinha pra dizer, sem precipitar a palavra. A palavra às vezes é abortiva ( e todo mundo sabe disso!).

- Olha, a partir de hoje não quero mais ser teu amigo. Pense , e decida, se vai ou não casar comigo. Foi assim mesmo !

Pedi um prazo de uma semana, que terminaria, justo no dia 31 de dezembro, daquele ano.

No dia 31, comprei roupa nova, me produzi, arrumei a casa com flores, fiz uma ceia especial, e pensei: hoje eu me caso !

Acordamos sentados no sofá da sala de mãos dadas. Durante uma semana ele foi trazendo seus panos de bunda, sua escova de dentes, a cópia da chave do carro, e a pasta de documentos.

Na sequência descobrimos todas as nossas divergências. Eu queria ouvir Chico Buarque, ele gostava de Beto Barbosa; eu gostava de filmes de arte, ele gostava de filmes de suspense; eu gostava de dançar bolero, ele só sabia dançar forró; eu gostava de wisque , ele se amarrava numa cachacinha; eu gostava de vegetais, ele gostava de churrasco de bode. Mas foi um bom dono de casa. Assumiu tarefas por mim inoperáveis.
Depois de dois anos, começou a sair sozinho, e arranjou uma nova namorada, numa festa de vaquejada. Pronto! Claro que arrumei as tralhas, e fui morar no Ceará... Até hoje !
Nem sei que fim levou aquele paraibano, que eu conheci, e com quem me casei por telefone !


* Ficção ou realidade?

- Fiquem na dúvida !

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