por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Virtual


O virtual é um laboratório, onde nossa essência também estagia e depura-se, através das boas trocas, interagindo energias. Nele o caminho é livre.Não precisamos marcá-lo com miolos de pão como fez João e Maria.Marcamos nossa presença na leveza das instenções, expressas com ternura Sou mesmo uma borboleta virtual.Quando chove por aqui , quero ser nuvem.

Outro dia ( já faz tempo) entrei numa sala de chat , e começei a teclar com uma velha amiga. Gostamos muito de música , e começamos a aproveitar pedaços de versos , entabulando um diálogo musical. A brincadeira foi salva . Ei-la :
" -Se o oceano incendiar, arrasa o meu projeto de vida, pois a rima que a rosa sabe dar,só encontro no mar da tua vida.
- Só mesmo o tempo pode revelar o lado oculto das paixões.Eu solto a voz na estrada, e já não quero parar.

- Esqueci de tentar te esquecer, já não dou risadas pro grande amor, já não sorrio quando a dor me tortura...Tristeza tem fim ! Existe vento soprando a felicidade sem cessar, e essa ternura tão antiga, enfeita a noite do meu bem.

- Lua meio marota, se flutua, é gota: caia na minha boca. Uva, lua, recheio, um bombom pelo meio: caia na minha boca. Se cair, feito um doce, vai adoçar o meu coração ruim. Mas, se cair feito estrela, vai rabiscar o seu nome em mim." (Meio marota - Saul Barbosa/Orlando Sant'Helena).



- Eu quero a rosa mais linda que houver, quero a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida. Como o nosso, que eu não esqueço e que teve seu começo numa festa de São João, com balões e fogos de artifício colorindo o céu. Um amor puro, que olhava a lua, doce colombina nua. Mas, hoje, eu tenho apenas uma pedra no meu peito...

- O coração tem razões que a própria razão desconhece... Eu sei que vocês vão dizer que é tudo mentira, mas, quem disse que eu te esqueço ?

- Mas a vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim. Talvez eu seja o último romântico, mas vou vivendo e aprendendo a jogar. Afinal, as águas de março já fecharam o verão. Então, eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim, como se fosse o sol desvirginando a madrugada... E canto, porque é preciso cantar e alegrar a cidade!

- Mas se não for amor, não diga nada por favor.Um dia a gente se encontra seja aonde for.Eu, você , nós dois, num terraço à beira mar com todas as canções, e inclinações musicais. Se a vida é um moinho, no vento que balança a natureza, quero me deixar levar, e um tempo de estio e elegia, verei em seu olhar.

- De todas as maneiras que há de amar, nós já nos amamos. Tomamos emprestadas todas as canções, já que certas delas cabem tão dentro de nós e perguntar carece: como não fui eu que fiz? Já te levei ao Corcovado e fotografei você com minha Roller Flex. Tivemos um sábado em Copacabana, navegamos no barquinho e tivemos brinquedos de papel machê. Comemos no tabuleiro da baiana, flertamos na Baixa do Sapateiro , pegamos conchinhas em Itapuã. Sem falar nas noites de luar lá do sertão, com rede na varanda do nosso rancho fundo... Ah! Que saudade eu tenho da Bahia!

- A poesia tem cadeira cativa.Ela canta o amor.Quando os versos se quebram, ela chora de dor.



- Ah! Se eu pudesse entender o que dizem seus olhos- poesia oblíqua, difusa, que me confunde!


-Se alguem perguntar por mim, diz que eu fui por aí...Que a morena boca de ouro era uma falsa baiana, viciada em chicletes com banana.A todos ela intimida.Faz coisas que até Deus duvida.Não sei se vou aturar esses seus abusos. Tantas ela fez, que eu até fiquei , curtindo uma doce amargura.

- Mas não faz mal, está tudo bem, pois alguma coisa acontece no meu coração. E eu rondo a cidade a te procurar, hei de encontrar! Na Paulista, os faróis já vão abrir e um milhão de estrelas prontas pra invadir... Você é isso, uma beleza imensa, estrela matutina, luz que descortina um mundo encantador. Se você quiser, eu vou te dar um amor desses de cinema! Case-se comigo antes que amanheça !

- A linguagem do olhar é truncada, e ao mesmo tempo tão clara, que os mistérios de Clarissa, ela pode desvendar.


- Fecho os lhos de saudade e caminho entre os canteiros que me fazem lembrar você. E, por mais que eu durma, eu não descanso. Por mais que eu corra, eu não te alcanço!


- Amar, dar tudo, não ter medo. Tocar o mundo, pôr o dedo no lá. Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ter mais, mas sabe menos do que eu. Eu sou assim. Quem quiser gostar de mim, eu sou assim. Vivo sonhando, sonhando, mil horas sem fim. Sabe você o que é amor? Sabe o que é um trovador? Sabe!


- Já sei olhar o rio por onde a vida passa, sem me precipitar e nem perder a hora. Você foi um rio que passou em minha vida... Vieste na hora exata, com ares de selva e luas de prata. Você foi o meu sorriso de chegada e a minha lágrima de adeus. Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado! Mas não há de ser nada, eu vou por aí... eu vou por aí. (A minha estrada, ainda, corre por seu mar!)

- Bem, agora, deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar rir pra não chorar. Sabes que a língua do povo é contumaz, traiçoeira. Eu desconfio que o nosso caso está na hora de acabar. Esquece o nosso amor, vê se esquece... Se alguma pessoa amiga pedir que você lhe diga se você me quer ou não... Diga que vocÊ me adora, que vocÊ lamenta e chora a nossa separação! Que eu te perdoo por fazeres mil perguntas que, em vida que andam juntas, ninguém faz. Mas que eu vou voltar, sei que ainda vou voltar. Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto! Porque você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços, o que eu nunca esqueci. Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter. Leve na lembrança a singela melodia que eu fiz pra você...

- Vamos! Vem andar comigo numa beira de estrada, nesse lado ensolarado que eu achei pra caminhar! Por você, eu largo tudo: carreira, dinheiro, canudo! Vou dizer que o amor foi feitinho pra dar, porque coisa mais bonita é você. Assim... justinho, você, eu juro! Eu eu não ando só, só ando em boa companhia!

- Boa noite ! Fiquem na paz. O amor está no ar...É só aspirar ! "

As falas não eram direcionadas entre si, mas evocavam sentimentos mil.

A gente usa a música como pombo correio.Um pombo que não volta com a resposta . Cantar é um desabaço , e um prazer. O palco pode ser o banheiro , uma varanda com rede armada ou uma cadeira de balanço. No virtual, também se faz serenatas.

Naquele dia cantamos e lembramos as músicas que sabíamos , na memória da emoção.

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