por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Retiro


O retiro que se indefine, encharca-se de uma preguiça nostálgica. As distâncias vão instalando valas ... Os abismos aprofundam-se. Nossas próprias águas avoluma-se , e nos asfixiam.
Olho para o céu ... Esse tempo nublado me deixa careta, e desapaixonada.
Meu amor platônico auto-deletou-se !
Meu amor virtual dorme antes e depois de mim.
Meus afetos reais ocupam-se dos seus dramas pessoais ...Não tocam, se entocam !
A casa de janelas abertas ferrolha a sua porta. A vida consome-se lenta e corrosivamente. O tempo arranca meu velho papel de parede, num vendaval insubmisso. Pesam-me os pensamentos, e essa virada do tempo.
Caras desmotivadas e assaltadas por todas as angústias do mundo, impostam as suas máscaras. Alegria sem eco, tristeza sonora, como um disco arranhado , pinga em gotas , conta gotas ...Lágrimas da Terra.
Sinto que o os mensageiros de todas as novas estão a caminho. As mudanças aleatórias virão ! Esse aperto no peito explodirá um jeito verde de enxergar a vida.
São poucas horas de um novo 23 de Novembro.
Casa silenciosa , abandonada pelas baratas, pessoas e paixão. Meus tamancos zuadam pela escada interna .Passeiam nos recantos selados e desmemoriados. Lá fora a cidade corre. Meus templos são as calçadas ... Empoçadas , espelham um céu e um momento gris.
Vou e volto para os algodões verde - água dos meus lençóis desarrumados pelo tormento dos sonhos. Pernas cruzadas, olhar embaçado ...
Quando a minha energia voltar vou inverter a posição das telas do meu quarto, polir as lembranças, inocentá-las de todas as dores, retirar essa energia senil .
É confortável o silêncio do corpo. O meu silêncio só abre a boca, quando encara a vida , e sente-se feliz !
E agora ?
Sinto a tristeza do mundo espalhada nas diversas fantasias. Ela é única !
Nosso riso quebra a gravidade do assunto.Tudo em ordem, apesar do caos.
Normalmente preciso do tempo , algum dinheiro, umas horas de pensamento , e um mãos à obra com entusiasmo e energia.
Estou sempre reaprontando a vida.Expurgando coisas, substituindo-as.
Ando com vontades de viajar de Várzea Alegre à Portugal. Uma parada no Rio ou São Paulo ...Quem sabe um espetáculo , no teatro Rival ?
Descer em Congonhas, esticar até Guarulhos ... Ou pegar o avião Recife X Lisboa , por um fado , e um pastel de nata.
Um dia será! Um dia próximo, pra costurar meu amor rasgado.
Fase de realocação dos meus mandatos.
Enxugo meu coração, enxugo a casa, e com todas as águas puxadas à rodo , hidrato meus sonhos. Meus amores estão de férias , de licença-prêmio , aposentados .
Solta , corro à toa ...Ninguém me chama !
Bom dia natureza chapante ! Bom dia pé de serra , que o meu olhar eleva e canta !
Chegou Novembro . O mês mais caloroso do ano !
E antes de fechar esta página , faço um último reclame :
- Até dezembro, meu dono !

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