por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 11 de setembro de 2011

Ítalo x Adélia Prado ( para os meus amigos de Várzea Alegre)- por Socorro Moreira


Adélia Prado me foi apresentada por José Ítalo de Andrade Proto, em 1981.Recebi pelos Correios , o presente de um livro de poesias com a dedicatória :
"Adélia não é a tua cara ?
-Insaciável , em termos de vida !"
Li, avidamente.Afinal , Ítalo fôra e continuara sendo o meu maior referencial afetivo de sabedoria, sensibilidade e inteligência.
Descobri na Adélia, a simplicidade que existia em mim ... Pensar poeticamente, enquanto lavava a louça do café, varria a casa, cuidava do jardim, testava uma receita nova, se enfeitava para esperar um namorado.
Em 1987, Ítalo foi convocado pelos céus, e partiu.As pessoas que o amavam tiveram que conviver com a dor da separação, hoje transformada , na mais doce das saudades.
Ítalo amigo , cidadão, camarada, filho , irmão ... "O Mimim" dos afetos mais próximos !
Com esta ponte sutil , permaneci ligada à suavidade do Ítalo , e sabedoria poética da Adélia.
Conheci o Ítalo, em Várzea Alegre, no ano de 1967. Época de férias. Juventude lúdica : dançante e cantante. Mas ele era diferente ... Preocupava-se com as causas sociais. Instigava a nossa consciência crítica. Queria por idealismo , um mundo mais justo, mais fraterno, mais livre.
Nos correspondemos por meses seguidos... Até que nos ligamos a outros destinos , sem jamais perder o fio da meada : boas lembranças !
Uma década depois, em 1977, nos reencontramos em Fortaleza. Ele me olhou e disse :
Socorrinha, você, Odalice e Dayse não ficam velhas ,nem feias...Continuam lindas !
Já adultos, e com responsabilidades , curtimos uma grande amizade. Cantamos Nelson Cavaquinho, Chico, Vinícius ...Voltamos a dançar, e a fazer poesia com o nosso olhar. E, por mais dez anos, nos correspondemos.
Cartinha vai, cartinha vem...Eu de vários recantos...Ítalo , no Rio de Janeiro. Dizia-me sempre : Você devia morar em Londres !
Até que um dia , as cartas tornaram-se telepáticas.
Visitou-me algumas vezes , e ainda me visita, trazido pelo perfume de uma flor ou o som de uma canção de amor. Arrastado pelo vento, ou voando como um passarinho...Pousa nas minhas janelas diurnas e noturnas, e faz com a alma , um afago, um carinho.
"Love is a many splendored thing"...
-A voz de veludo e o verde esmeralda do olhar, que nunca esqueci !

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