por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 11 de setembro de 2011

Doenças de Cearense - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Outro dia recebi e-mail com a nomenclatura de doenças no falar cearense. Na verdade no falar nordestino. Fora algumas escritas ao som da voz como “dordói” ao invés de “dor-d´olhos”, fiquei surpreso com a quantidade de palavras dicionarizadas pelo Houaiss. E o mais interessante como era de se esperar a grande maioria não se tratava de regionalismo. São palavras arcaicas, de séculos passados que ainda hoje perduram na linguagem oral.

Evidente que muitas palavras são de uso popular e não se adéquam ao linguajar médico, com, por exemplo: “espinhela caída. Mas mesmo assim dão conta da topografia da doença como “dor nos quartos” e “pé desmentido.” Mas vamos a alguns exemplos da lista que recebi.

FARNIZIM é o mesmo que farnesim - frenesi; PASSAMENTO (mesmo que morte); CAXINGAR é o Coxear; COBREIRO DE PÉ se trata de cobrelo, cobra pequena, o formato da erupção na pele; CURUBA dicionarizada e origina-se do tupi. A palavra TERSOL é uma grafia trocada de uma palavra que existe com este nome mas que significa “toalha pequena que o sacerdote usa na missa para enxugar as mãos”. Na verdade houve uma troca de grafia da palavra TERÇOL que é efetivamente um termo da oftalmologia. Para a palavra PILÔRA existe o termo pilora no dicionário como sinônimo de cachaça e talvez isso guarde sentido com o termo nordestino de tontura ou desmaio. A palavra ESTALICIDO é o mesmo que estalicídio “coriza nasal” que é uma variação de estilicídio de origem latina; o interessante é que existe a palavra “estalecido” que significa aquele que sofre de tuberculose ou asma. ALÔJO dicionarizada como alojo que é um regionalismo mineiro para vômito e vem de alojar; ÍNGUA originária do latim com o significado de virilha, Já DENTIQUÊRO é uma palavra não dicionarizada, significaria dente do siso – aliás o erro na internet sobre a grafia de siso é enorme (cizo, ciso) é que a palavra origina-se do latim com o significado de senso ou da maturidade do juízo.

A cultura ibérica está profundamente associada a estes vocábulos populares. Por exemplo REIMOSO é dicionarizado e não é regionalismo, origina-se de reima que já é a mesma coisa que reuma – catarro ou o líquido escuro que escorre das talhas da azeitona; ZOVIDO ESTOURADO (a graça é a escrita. Aliás a famosa brincadeira zói, zunha, zôvido, zapragata, deve se originar da ligação do plural necessário nestas palavras “os olhos”, “as unhas”. BERRUGA é um regionalismo da palavra verruga). DIFRUÇO é o mesmo que defluxo de origem latina “escoamento, escorrimento. GÔTO INFLAMADO (goto é dicionarizada como uso informal é o mesmo que glote. PÁ QUEBRADA ou apá que é são as carnes mais larga e carnuda da perna dianteira do gado, é carne de segunda).JUÍZO INCRIZIADO (poderia ser de encruzilhado, encruzado?). DESENCHAVIDO (dicionarizado como desenxavido que é o mesmo de desenxabido significando coisa sem sabor, sem interesse; monótono etc. origina-se do latim insípido. PIRA dicionarizado como O mesmo que escabiose, originada do tupi). INTANGUIDA (de entaguir, ficar hirto de frio.; SAPIRANGA NOS ÓI (sapiranga é dicionarizado como regionalismo, se origina do tupi esapi´ranga, em que esa é olho e piranga vermelho. INQUIZILA (mesmo que enquizilar ou quizília que pode ser entendido por amofinação). ESQUENTAMENTO (é um tabuísmo para gonorréia). DOR NO MUCUMBÚ (dicionarizado sem assento, é mesmo que cóccix, origem indígena. ENTOJO (dicionarizado de antojar, enjôo); TIRISSA (talvez de inteiriço que não sofre interrupção); LUNDU (no sentido de saúde, amuado, mau humor é dicionarizado); ALGUEIRO (dicionarizada como argueiro); ESTOPOR (dicionarizado como estupor); GÔGO (dicionarizado sem acento como significado de gosma da galinha ou singamose); CALOMBO (dicionarizado e de origem banto).
 por José do Vale Pinheiro Feitosa

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