por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Nenhures



NENHURES

Como um tigre, a manhã se aproxima.
Arma o bote diante do abismo.
Que universo é este?
Que Deus me guia?

Mastigo estrelas quentes como brasas,
me queimam a língua, como uma palavra.
Saco a morte do bolso,
atiro contra o enigma.

Carrego a minha cruz às costas, com galhardia.
Beijo a cruz como aos lábios de uma mulher.
O demônio me bafeja o calcanhar,
me cega os olhos cansados do caos cotidiano.

A árvore da eternidade tem as raízes para o ar.
Pássaros voam com ramos verdes no bico,
e caem pesados, estupefatos.
As águas vão e voltam, inúteis.

Além do véu
e dentro do espelho,
conheço quem sou: ninguém.
                                   Espectro de outrem me habita. 

Um comentário:

socorro moreira disse...

Belo poema!
Um presente no nosso dia insípido.

Abraços