por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 19 de fevereiro de 2011

I'm In Heaven - por José do Vale Pinheiro Feitosa




Ao velho Fred Astaire, no Cheek to Cheek de Irving Berlin, flutuando com Ginger Roger pelos salões dois-a-dois que não mais existem:

Estou no céu, contigo pela mão,
lufadas sobre nós, paraíso verdecido.
Flash de flores em cores,
silvos do "bico-de-prata”,
universo migrando desejos,
à nossa frente, livre a prometer.
No céu para sempre.

Mas se o celífluo cessar,
consumindo desejos feitos chama,
procurares-me e nem sombra houver,
não praguejes da eternidade rota.

A ausência que não devia,
vazio no que seria imortal,
não é capaz de finalizar meu grito,
contigo, no céu para sempre.

O céu eterno e infinito continua intacto,
se estamos ou não permaneceremos,
eterno é somatório de intervalos,
infinito continente dos fragmentos,
de modo que o céu nos contém.

Quanto a nosso amor eterno,
eterno será, se vivos sempre somos,
tal qual eterno, se finitos formos,
pois não haverá saudades ou esperas,
se, contudo a morte nos igualar,
e eterno, já que momento exato do desejo,
como o amor, portanto, sempre será.

Nas duas situações:
Eu estou no céu.

José do Vale Pinheiro Feitosa


Um comentário:

socorro moreira disse...

Um texto belíssimo !
Festa no céu da vontade.
Parabéns, poeta, que enxerga movimentos, que a imaginação imprime.
Olhos poéticos possuem nuances azuis.
Resvala pés e alma , no aconchego de corpos ,que dançam , mergulhados num mesmo azul.
Sinto o perfume de uma magnólia esmagada. Exala de um pé-de-valsa.