Ao velho Fred Astaire, no Cheek to Cheek de Irving Berlin, flutuando com Ginger Roger pelos salões dois-a-dois que não mais existem:
Estou no céu, contigo pela mão,
lufadas sobre nós, paraíso verdecido.
Flash de flores em cores,
silvos do "bico-de-prata”,
universo migrando desejos,
à nossa frente, livre a prometer.
No céu para sempre.
Mas se o celífluo cessar,
consumindo desejos feitos chama,
procurares-me e nem sombra houver,
não praguejes da eternidade rota.
A ausência que não devia,
vazio no que seria imortal,
não é capaz de finalizar meu grito,
contigo, no céu para sempre.
O céu eterno e infinito continua intacto,
se estamos ou não permaneceremos,
eterno é somatório de intervalos,
infinito continente dos fragmentos,
de modo que o céu nos contém.
Quanto a nosso amor eterno,
eterno será, se vivos sempre somos,
tal qual eterno, se finitos formos,
pois não haverá saudades ou esperas,
se, contudo a morte nos igualar,
e eterno, já que momento exato do desejo,
como o amor, portanto, sempre será.
Nas duas situações:
Eu estou no céu.
José do Vale Pinheiro Feitosa
Um comentário:
Um texto belíssimo !
Festa no céu da vontade.
Parabéns, poeta, que enxerga movimentos, que a imaginação imprime.
Olhos poéticos possuem nuances azuis.
Resvala pés e alma , no aconchego de corpos ,que dançam , mergulhados num mesmo azul.
Sinto o perfume de uma magnólia esmagada. Exala de um pé-de-valsa.
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