por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 11 de abril de 2011

RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR

Hoje vou contar a história “Corpo sem Alma” do livro ”Fábulas Italianas”, coletadas e publicadas por Italo Calvino.


CORPO SEM ALMA

Era uma vez um menino, chamado Joanorzim, que queria correr mundo para fazer fortuna. Sua mãe lhe disse que só daria permissão quando ele fosse suficientemente capaz:
- Você ainda é muito novo, precisa crescer e ficar forte; tão forte que possa derrubar o pinheiro do quintal.
Todo dia a primeira coisa que Joanorzim fazia era marcar carreira e chutar os pés juntos contra o tronco do pinheiro. Nas primeiras vezes que fez isso se estatelava para trás e não conseguia mover nem uma folha sequer da árvore. Mas persistiu no seu intento.
Passa dia, passa mês, passa estação, passa ano, até que, numa certa manhã, Joanorzim conseguiu derrubar o pinheiro. Tinha se tornado um rapaz saudável, forte e belo.
Sua mãe o abençoou e ele partiu pelo mundo afora.
Depois de muitas andanças chegou a uma cidade, em que o assunto principal era o cavalo do rei. O que se dizia é que não havia homem que o cavalo não derrubasse; muitos cavaleiros já tentaram domar o cavalo Rondó, mas, logo eram derrubados.
Joanorzim ficou olhando a movimentação dos cavaleiros com Rondó e descobriu que o cavalo se espantava com a própria sombra. Quando todos tinham desistido de domar o cavalo ele entrou na estrebaria, aproximou-se de Rondó, chamou-o, alisou seu dorso, e, num repente saltou na sela e levou-o para fora, tendo o cuidado de manter o focinho do animal contra o sol. Rondó, não vendo a projeção da própria sombra, deixou-se levar pelo rapaz, que o esporeou e saiu a galope, conseguindo domá-lo em pouco tempo.
O cavalo estava domado, mas só obedecia e se deixava montar por Joanorzim, que com esse feito angariou a simpatia do rei e passou a trabalhar no palácio.
A amizade do rei pelo novo empregado despertou inveja nos outros serviçais, que logo armaram uma história para afastá-lo da vida palaciana.
Os empregados lembraram da filha do rei que havia sido roubada por um mago e, que, desde então, não se tinha notícias dela. Foram até o rei e disseram que Joanorzim vivia se gabando de que era capaz de libertar a princesa, estivesse ela sob o poder de quem fosse.
O rei encheu-se de esperança e mandou chamar o rapaz, que negou, disse que nunca falou tal asneira, mal sabia desse sucedido com a princesa.
Mas Sua Majestade Real, achando que o rapaz havia brincado com um assunto que tanto o machucava, impôs autoridade, ordenou que ele partisse e só voltasse trazendo a princesa, caso contrário mandaria cortar sua cabeça.
Não tendo outra alternativa, a não ser obedecer, Joanorzim pediu uma espada e partiu montado no cavalo Rondó. No outro dia, quando atravessava uma floresta, se deparou com um leão, que o convidou a desmontar e escutar o seu pedido:
- Aqui estamos em quatro: eu, a formiga, o cão e a águia. Temos esse burro morto para ser dividido. Use sua espada e faça a divisão entre nós.
Joanorzim sabia que o melhor a fazer era atender ao pedido do leão, e repartir o animal morto da forma mais justa possível. Então, cortou a cabeça do burro e deu para a formiga:
- Tome, é uma casa para você e cheia de comida.
Deu as patas para o cachorro e disse-lhe que ali havia muito osso para ele morder, até enjoar. A águia ganhou as tripas: - “pode até levar para o alto de uma árvore”-, sugeriu Joanorzim.
O leão ficou com o resto do corpo, pois era o maior de todos eles.
Concluída a divisão, Joanorzim montou em seu cavalo, já ia partindo quando foi chamado mais uma vez. “Agora não tem escapatória, ai, ai, ai” pensou. “Será que fui injusto na divisão?”
Contudo, o leão falou:
- Você fez uma divisão justa, está tudo muito bem distribuído, queremos lhe agradecer. Tome uma das minhas garras, se você usá-la se tornará o leão mais feroz do mundo.
O cachorro deu-lhe um dos seus bigodes e disse que quando o colocasse sob o nariz, se tornaria o cão mais veloz do mundo.
A águia o presenteou também:
- Aqui está uma pena das minhas asas, quando precisar use-a e se tornará a mais forte e maior das águias.
Por último a formiga lhe deu uma das suas patinhas e assegurou-lhe que quando a usasse se tornaria uma formiguinha tão miudinha, que nem lentes de aumento revelariam sua existência.
Joanorzim agradeceu os presentes e partiu, mas, tão logo se distanciou dos animais quis testar a eficiência das oferendas. “Será que estão zombando de mim?” – pensava o rapaz -, “melhor verificar”.
Começou com a garra do leão – e tornou-se leão; depois usou a pena da águia – tornou-se águia; a patinha da formiga o fez formiga e o bigode do cão o fez cão. Testou os objetos algumas vezes mais, e, convencido da validade dos presentes, retomou seu caminho, atravessando um bosque até chegar à beira de um lago. Em cima do lago havia um castelo – o castelo do mago Corpo-Sem-Alma.
“Está na hora de usar o presente da águia” -, decidiu o rapaz e transformou-se numa águia que voou até o peitoril de uma janela fechada.
“A formiga entrará fácil por uma fresta” -, e logo, logo havia uma formiga deslizando na face da bela princesa, que dormia no aposento. Joanorzim tentava fazer-lhe cócegas na bochecha para acordá-la. Quando a princesa despertou viu Joanorzim, que havia voltado à forma humana e fazia-lhe sinal de silêncio, que tivesse calma.
- Não temas, princesa. Estou aqui para te libertar, mas é necessário que descubras o que se deve fazer para acabar com o mago que te mantém prisioneira.
À noite quando o mago chegou, Joanorzim se transformou novamente em formiga e a princesa tratou Corpo-Sem-Alma com grande carinho, afagando-lhe a cabeça, enchendo-o de dengos:
- Ah, meu caro mago, eu fico tanto tempo aqui sozinha pensando, aguardando sua presença, que me faz tanto bem... Mas, tenho medo de perdê-lo, apesar de saber que você é um corpo sem alma, que não morre nunca, temo que descubram onde você guarda a alma e que o matem.
- Ora, minha querida princesa, isto é coisa impossível. Vou contar a você, que está presa aqui e não pode me trair, o caminho que seria preciso trilhar para me atingir. Primeiro teriam que enfrentar o leão negro do bosque e matá-lo, tirar de suas entranhas o cão negro, que é veloz, nenhum outro o alcançaria e mataria; mas se isso acontecesse seria preciso derrotar a águia negra que está na sua barriga. Não sei se qualquer outra águia ousaria desafiá-la, mas se a águia negra fosse também morta, seria necessário retirar do seu ventre um ovo negro e quebrá-lo na minha testa para que eu morresse. Vê como é um caminho difícil de ser feito? Deveria eu ficar preocupado? Que nada!
Joanorzim, a formiga invisível, ouviu tudo. Passou por uma fresta e chegando ao peitoril da janela voou como águia para o bosque. Transformou-se em leão – o mais forte da terra – e saiu caçando o leão negro até encontrá-lo. Enfrentaram-se. Joanorzim destroçou o leão negro.
Neste exato momento, lá no castelo, o mago sentiu a cabeça girar.
No bosque Joanorzim abriu a barriga do leão e saltou fora um cão negro, velocíssimo, porém o rapaz transformou-se no cão mais rápido do mundo, que logo o alcançou. Travaram uma grande luta e no final o cão negro tombou morto.
O mago, não suportando a tontura e as dores de cabeça, acamou-se.
Enquanto isso, no bosque, aberto o ventre do cão, voou a águia negra, que passou a lutar com Joanorzim, transformado na maior águia do mundo: grandes bicadas, ataques com garras, bica daqui, bica dali, luta que luta, até que dos ares cai morta a águia negra.
No castelo, o mago tem tremores, calafrios, febre altíssima, delírios.
Joanorzim retirou o ovo negro do ventre da águia negra e levou-o para a princesa, que exultante, perguntava ao rapaz o que tinha feito para consegui-lo.
- Foi simples. Agora é sua vez de agir, mas lembre-se que é preciso quebrar o ovo na testa do mago.
A princesa levou um caldo para o mago, demonstrando cuidado e preocupação com seu estado:
- Caríssimo, como está?
- Ai, ui. Estou muito mal, fui traído.
- Trouxe-lhe uma sopa quentinha. Tome.
Quando o mago sentou-se na cama e ia colocando a primeira colherada de sopa na boca, a princesa o interrompeu:
- Para ficar mais substanciosa, vou acrescentar um ovo. Aguarde um pouquinho que vou providenciar.
Falando assim, a princesa quebrou o ovo negro na testa do mago Corpo-Sem-Alma, que morreu num segundo.
Agora a princesa estava livre para voltar para as terras do seu pai. Joanorzim levou-a ao rei, e pediu-a em casamento e foram todos felizes para sempre.

Pé de pinto, pé de pato,
Peço agora que me conte quatro.

Por tua linda cabeleira - José do Vale Pinheiro Feitosa


Os cabelos se tornaram objeto de desejo da indústria cosmética. Não por acaso. Isso vem de muito tempo. Em todos os povos, todas as culturas e civilizações os cabelos foram objeto de adoração e mitificação. Parte da transcendência do corpo como símbolo ocorre com os penteados, com os cortes a darem outra mensagem. Distinta a que uma determinada cultura se acostumara e agora pode se encontrar diante do inusitado só de um corte diferente do que esperava.

As Copas do Mundo se tornaram um centro destas diferenças. Desde Ronaldo com aquele corte a Príncipe Danilo na copa de 2002, até as inúmeras e coloridas desta atual copa africana. O que não se dizer dos desfiles fashion, das propagandas de shampoo, especialmente quando o objeto do desejo é sexual e ocorre nas volumosas cabeleiras femininas.

Não existe nada mais sedutor, mais universal no símbolo do desejo pela mulher do que seus cabelos e isso não é uma tara pessoal. Os Muçulmanos inteiros pensam assim, têm de cobrir as madeixas mundanas destes seres que desviam as almas maometanas da concentração em Deus.

Em Pernambuco, nos arredores de Recife, diz Câmara Cascudo, havia um “assassino, chefe de malta, ladrão, tornado famoso pela sua coragem e destemor. Forte, bonito, com uma extensa cabeleira que lhe deu o apelido, José Gomes, filho de Joaquim Gomes, com o pai e em companhia do mameluco Teodósio, espalhou o terror durante anos e anos, despovoando zonas inteiras e constituindo um pavor coletivo. Cantava-se, como ainda hoje, duzentos anos depois: “Fecha a porta, gente./ Cabeleira vem ai!/ Matando mulheres,/ Meninos também...”. E, para contrariar a assertiva do parágrafo anterior, se tratando de espécime masculino. Franklin Távora fez da vida deste homem um romance: O Cabeleira.

Quem não lembra daqueles cachinhos encastelados em metal, normalmente ouro, a servir de berloques para os pais daquela criança que um dia os perdera no primeiro corte. E as forças dos cabelos de Sansão a explicar a traição e a sedução? A clássica história de George Sand decepando sua linda cabeleira e a enviando a Musset como oferta de sua devoção sexual?

Nada mais trágico do que aparar rente uma linda cabeleira. Quem se esqueceu da atriz argentina, Irma Alvarez, nas páginas da Revista o Cruzeiro, em 1961, rapando a cabeça para estrelar no filme inacabado de Ruy Guerra: O Cavalo de Oxumaré? Do meu coração sangrando, eu lembro, quando Socorro, uma linda menina da Batateira, deixou rentes os cabelos que era uma majestosa e dourada cabeleira a balançar minhas fantasias universais.

Os cabelos são tão fundamentais que se tornam pagas de promessas aos santos. Na bruxaria, voltem no tempo muito mais do que estava, os cabelos eram peças chaves: segundo Câmara Cascudo pela lei da contigüidade simpática. (contigüidade simpática – bem resumido – se refere à similaridade entre a pessoa e os seus cabelos, pois em magia a contigüidade ocorre por similaridade entre as partes e o todo e esta só se transmite por simpatia através de infusões, toques etc. Segundo Claude Levy Strauss: Nos ritos de enfeitiçamento praticados sobre um fio de cabelo, este é o traço de união entre a destruição figurada e a vítima da destruição.). Em bruxaria, mais uma vez Câmara Cascudo, “os da cabeça enlouquecem ou matam. Os da partes pudendas anulam a virilidade.”

Sabem aquela trunfa do Elvis Presley que tanto “modernizou” a vida do pós-guerra? Era a velha expressão simbólica do arrojo pessoal e do destemor, assim como os longos e cacheados cabelos dos nossos lampiões do árido sertão. E, recordem, a filmografia mostrou isso à exaustão, uma referência o filme Cinco Mulheres Marcadas, de 1960, com Silvana Mangano, Jeanne Moreau, Vera Miles, entre outras atrizes, com as cabeças rapadas por terem sido amantes de militares alemães durante a ocupação da França na segunda guerra mundial. Isso era uma prática na península ibérica, rapar a cabeleira das mulheres como pena e pertencia ao Código Visigótico (portanto antes da dominação árabe).

Isso se aplicava aos homens rebeldes, quando os vassalos se insurgiam contra os senhores feudais, ou por falsidade ou covardia. Então, no feudalismo, os homens também eram descalvados e expulsos em grande humilhação. Até que os cabelos cresciam novamente e quem tivesse juízo aprendia um novo método de contrariar a ordem emanada pelos senhores ou perdiam o juízo e se sujeitavam com a cabeleira cheia de piolhos.

E existiam, como outra modalidade de pena, tendo os cabelos como fonte, a tosquia. O cabelo aparado dos recrutas não tem outro sentido do que a sujeição à cadeia de comando que lhes chega aos ouvidos com as diatribes de cabos e sargentos. Em religião, assim como os militares, a prática da tosquia e rapinagem é ampla e mundial, inclusive nas religiões orientais como no budismo.

Os cabelos de Socorro, soltos no panorama do canavial da Batateira era o que ocorria com as jovens, já o da minha avó, viúva, eram longos, mas rigorosamente presos em coque. E quando as minhas duas avós se deslocavam até a Missa, iam, igualmente, com as cabeleiras cobertas e com vestidos de tons escuros.

E, finalmente, à beira do rio Batateira, sereno e de águas translúcidas, a correr como meu sangue de adolescente fervente, via as mulheres lavando roupas e seduzindo minha alma enquanto ensaboavam as longas madeixas. E quando todos imaginam que eram fantasias apenas minha, elas diziam que os fios soltos que desciam com as águas se transformavam em cobras. Eu bem sei o que sentia.

 por José do Vale Pinheiro Feitosa

Waldir Calmon








Waldir Calmon Gomes (Rio Novo, 30 de janeiro de 1919 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1982) foi um pianista e compositor brasileiro de grande sucesso nos anos 50.
Gravou dezenas de discos - entre eles, a famosa série Feito Para Dançar e a música tema do extinto Canal 100, Na Cadência do Samba (Que Bonito É). Também gravou com Ângela Maria o disco "Quando os Astros se Encontram", em 1958.
Neste LP, encontramos o maior sucesso da sapoti: Babalu.
Criou um estilo imitado por muitos pianistas que o sucederam.
No ano de 1941 já como Waldir Calmon fez sua primeira gravação acompanhando Ataulfo Alves em “Leva Meu Samba”.
Depois de formar o grupo Gentleman da Melodia e circulou por teatros e cassinos do Rio e São Paulo
Foi nessa época que começou a tocar o primeiro solovox (pequeno teclado incorporado ao piano, precursor dos sintetizadores) trazido para o Brasil, popularizando o instrumento.
Na década de 50 gravou varios discos "Ritmos Melódicos" (no selo Discos Rádio), "Para Ouvir Amando", "Chá Dançante" e "Feito para Dançar" (Copacabana).
Foi o pioneiro a gravar sucessos dançantes em faixas únicas, ininterruptas, adequados a animar festas, eternizando nos acetatos o som que produzia nas boates de então.
Em 1955 abriu sua própria casa noturna, a popular Arpège, no Leme (RJ), que funcionaria até 1967 - onde atuaram João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, além de Chico Buarque, que fez um de seus primeiros shows, em 1966, ao lado de Odete Lara e MPB-4.
Seu conjunto era formado nessa época por Paulo Nunes (guitarra), Milton Banana (bateria), Eddie Mandarino e Rubens Bassini (percussão), Gagliardi (contrabaixo) e o próprio Calmon, ao piano e solovox.
Entre 70 e o começo de 77, atuou com sua orquestra de baile no Canecão (RJ), antes e depois do show principal.
Nos últimos anos de carreira, passou a tocar também sintetizadores. Morreu em abril de 1982 de infarto do miocárdio.

wikipédia

domingo, 10 de abril de 2011

AS CARTAS DE ZILCARINA


...era sempre razoável supor
que as cartas de tarô de Zilcarina
manifestavam a existência da cor
transparente de uma vida uterina
de  certeza e graça passageira
de um tal processo de queira ou não queira
sempre assuntando o destino mutável...

De Zilcarina ficou o gracejo
Sim, de partir silenciosamente...
"A roda da vida se completou
Não queira de volta o que não mais pulsa
O novo trará o tempo perdido
Com as pessoas que um dia te sugou"

Zilcarina era a menina dos olhos
Que enchergava a maldade dos cordeiros
da vileza imanente da vida
fuxico do retalho dos olheiros
expressado nas frestas das portas...
"Jamais queira de volta o sofrimento
Basta um erro para aprender a lição"

Ela morava na Pedra Lavrada
Ela era a bruxa que eu mais amava
Ela era a fonte da dor dissipada
Ela era a rima que jamais rimava
Ela era o sonho pra quem não sonhava
Ela se foi com o vento que soprava
 Ela era a fé que se elevava!


Ulicis




Curtas - XXI - Aloísio

Olhar o verso
Não o da poesia
É ver o avesso
Sem fantasia


Aloísio

Colaboração de Gabriella Federico


Só de passagem ...

Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no
Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples
e cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
- E onde estão os seus...?
- Os meus?! Surpreendeu-se o turista.
- Mas estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.

"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como
se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de ser felizes."

"NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL...

SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA..."

SIDERAL - por Stela Siebra

Ascendente Virgem:
Oriente-se naturalmente

Orientar-se por Virgem significa ser simples e natural. Essas qualidades devem ser acionadas quando você sentir-se desconectado do seu ponto de orientação. O signo de Virgem simboliza a pureza e a paz. Esses princípios sinalizam para uma expressão na vida de forma objetivamente simples e natural.

E o que é natural para Virgem? É desfazer-se do que não é essencial, fazer ajustes e encontrar as melhores técnicas para incrementar sua atuação no mundo. Cuidar dos detalhes, preocupar-se com a saúde e a aparência, organizar os serviços de forma metódica, porém prática. Ser simples e natural é desenvolver sua capacidade de prestar serviços úteis.

Você já prestou atenção como o trabalho é um bom instrumento para ser utilizado nos momentos em que se sente desmotivado e desorientado? Quando planeja e executa tarefas, buscando dar o melhor de si, você se sente bem. Portanto, mãos à obra!

O Ascendente Virgem dá-lhe a peculiaridade de analisar minuciosamente cada etapa do que realiza, tecendo comentários e críticas. Você busca a perfeição e procura fazer tudo de forma "impecável". Mas não pense e queira que todos ajam assim. Por isso esteja atento para as críticas que faz quando considera que os outros "são tão imperfeitos", "não cuidam bem da limpeza, da ordem, etc." Com tanta meticulosidade e envolvimento em detalhes, você pode perder a visão ampliada e o propósito final de cada coisa.

E não se retire quando achar que "aquilo ali não tem jeito, é sujeira total". Resista mais um pouco. Verifique se realmente não pode inverter a situação e colocar um pouco de ordem em tudo aquilo.

Observe se você não está sendo exigente demais ou fechado demais. Não perca a espontaneidade para não perder sua simplicidade. Relaxe um pouco e depois recorra à sua naturalidade de se expressar no mundo. E procure selecionar dentro de você o que é essencial para buscar seu ponto de orientação.


Nota: No mapa astrológico o Ascendente é considerado o impulso de orientação, porque é o signo que está subindo no horizonte oriental no momento do nascimento. Por isso é ele quem inicia o percurso do Mapa astrológico pelas 12 Casas. É a ponta da Casa I, a casa da nossa identidade, aquela que mostra nossa fachada, nosso temperamento e comportamento. Daí a importância do Ascendente, porque o princípio desse signo é quem vai dar o horizonte de nossa vida, simbolizando nossa forma de expressão imediata e espontânea. O Ascendente é como nos mostramos como somos vistos, como inauguramos a vida.
Stela Siebra - Astróloga
Amigos,
Tomei a liberdade de fazer o convite em forma de gadget...
Mas peço a permissão de todos para manter assim, por um tempo, a divulgação deste trabalho.
Foi lançado no mundo real, em 1984 e agora, munido de sinceridade e coragem poética, disponibilizo meus primeiros versos publicados, para sua apreciação e considerações. Naqueles dias eu divulgava o livro dizendo que em 50 anos ele seria uma raridade!! Errei... ainda não deu 30 anos e só encontrei um exemplar num sebo (última instância da glória). Brincadeiras à parte, fico feliz em compartilhar com os amigos este versos de juventude...

abraços a todos!

Meus sonhos- Por Rosa Guerrera



Muitos foram os sonhos que já tive !

Inúmeros aqueles que não se realizaram.! Sonhos acelerados , avessos ... dispersos !

Sonhos absurdamente absurdos num contexto sem forma e sem final...

Passos incertos, vôos inúteis... razões sem motivos ou até motivos sem razões de ser...

Afinal o que é o poeta senão um sonhador ou um místico sempre a procura da imortalidade do amor ?

Quem até hoje penetrou a verdade de um verso senão a própria pena muda de quem o escreveu !!!

Sonhos acontecem a cada instante !

Estão no âmago de cada coração, no segredo de cada um!!! Os meus continuam inacabados, talvez até indecifráveis...
A espera talvez de um dia , numa aurora quem sabe do próprio tempo
alguém venha colocá-los numa página em branco de um livro que ainda não foi escrito.

por rosa guerrera

Por Rosa Guerrera





Se eu gosto de você?
Sim...eu gosto de você !
Porque ? Confesso : nem sei !


Gosto desse olhar de menino guloso,
Menino apressado, menino teimoso...
Gosto da infância que existe em sua alma,
E no muito de bom que possui seu coração.
Gosto de ouvi-lo contar historias,
Criar fantasmas ( só para me fazer medo)
E de depois ouvi-lo dizer bem mansinho:
“ Bobinha não tenha receio ...estou com você”
E eu me finjo mais criança ,
Para que você se sinta mais gigante...


Gosto de você muito mais ainda
Quando você adormece com seus dedos
Mergulhados em meus cabelos ...
E sem que você escute
Eu murmuro baixinho :
“ Boa noite meu menino”!
Talvez seja por tudo isso ,
Que eu gosto tanto ...
Mas ...tanto de você !

EMBARCAÇÃO - Marcos Barreto de Melo


Por que navegar em mar revolto
Se podes estar em calmaria
Pra que viver sem alegria
Se tens o sol que te ilumina

Você não é mais a mesma
E aquele seu riso lindo
De menina que se fez moça
Tão alegre e envolvente
Espontâneo e cativante
Já não vejo mais em ti
Com certeza foi embora
E com você já não mora

Enquanto navegas neste mar
Sinto em mim aumentar
A dor de quem está a esperar
No cais de um velho porto
Vendo o seu barco a passar
Sem nele vir atracar
E enquanto singra a embarcação
No meu peito explode essa paixão


Marcos Barreto de Melo

A fé verdadeira - Emerson Monteiro


Saber de Deus e a Ele se entregar é o suficiente para ser feliz, o que, de acordo com as palavras de Santo Agostinho, no livro Solilóquios, resume dizer: Acredita firmemente em Deus e atira-te em seus braços com todo o teu ser, expropria-te a ti mesmo, salva-te do teu domínio e assume ser servo do teu clemente e generoso Senhor, e ele o levará a sua presença e não cessará de cobrir-te com os seus favores, mesmo sem os pedir.
Isto, segundo contam a grandeza do santo e sua receita de vida, traz à tona o que falou do compromisso da conversão, indo às profundidades onde mergulhou com renúncia e exemplo, respeitado que foi pelos cristãos desde a Antiguidade.
Contudo nada justificariam suas palavras caso permanecessem fora dos olhos dos demais seres humanos. Há que avaliar, por isso, o grau de dedicação das atitudes individuais, até se elevar à face magnânima do Criador.
Primeiro, acreditar firmemente; crer, motivo de questões e embates nas picuinhas de correr atrás de fantasias inúteis antes de chegar aos pés de Deus e esperar sua visão, diante dos chamamentos externos e das armadilhas materiais que insistem desviar do objetivo o passo dos devotos que desejem acertar.
Ainda difícil, o sábio admitiu esta condição a quem, com unhas e dentes, larga o leque das ilusões e quer uma alma franca e contrita, firme nas razões de se atirar aos braços do Pai supremo com todo o ser. Eis a expropriação de si mesmo que conta no salvar-se do próprio domínio. Dobrar a vontade e render homenagens a Deus, o ser exclusivo de tudo.
Na fase posterior desses propósitos, um outro acontecimento levará à presença do Poder. Significa pedir para ser aceito em sua casa, nas ações para merecer as benesses divinas da paz e da tranquilidade. Nesse momento, sim, haverá a aceitação definitiva do mistério da Luz eterna.
Essas avaliações descrevem os valores de uma consciência religiosa e o aprimoramento das causas iniciais do tema ora considerado. Tantos procuram respostas da existência apenas durante os períodos de dor e desespero, todavia só raros recebem o prêmio dado à dedicação verdadeira, porquanto permaneceram fora do ângulo da sinceridade, à margem do caminho, e exigiram recompensas indevidas por qualidades abandonadas. Inúmeros desistem; gastam fortunas de ocasiões noutros assuntos, indiferentes; tropeçam nas fragilidades dos roteiros mal engendrados; com isso, refugando o custo das possibilidades e dos frutos preciosos do Bem.
E outras experiências individuais sempre lembrarão as situações aqui consideradas no pouco espaço deste breve comentário.

FRANCISCO MATOSO- Por Norma Hauer


Ele nasceu em 8 de abril de 1913, em Petrópolis e faleceu, com apenas 28 anos, em 18 de dezembro de 1941
Viveu um pouco mais que Noel Rosa, mas deixou uma obra riquíssima..

Seu nome Francisco de Queirós Matoso, mas sem o Queirós ficou conhecido como FRANCISCO MATOSO.
Aos 5 anos começou a dedilhar ao piano, já mostrando seu veio de compositor.

Foi em 1933, que, aos 20 anos, lançou sua primeira composição, por sinal feita em parceria com Noel Rosa: e gravada por Mário Reis :”Esquina da Vida”.
No ano seguinte, o Bando da Lua gravou o samba “Eu Me Lembro de Você”.
Com estes dois sambas, estava lançado o nome de Francisco Matoso, que se especializou mais em valsas do que em sambas.

Foi em 1936 que sua primeira valsa foi gravada por Francisco Alves . Seu nome “Reminiscência”. Nesse mesmo ano, Silvinha Melo gravou o samba-canção “Perto do Céu”, composto em parceira com o pianista Romualdo Peixoto (“Nonô”) , tio de Ciro Monteiro e de Cauby Peixoto
.
Mas foi em 1935 que iniciou sua parceria mais constante, com o pianista José Maria de Abreu, com quem compôs seus maiores sucessos, como a valsa “Boa-Noite, Amor”, sucesso imortal de Francisco Alves, que abria e fechava o programa do cantor na Rádio Nacional:
“ ao soar as 12 badaladas, quando os ponteiros se encontram na metade do dia, os ouvintes da Rádio Nacional também se encontram com Francisco Alves, o “Rei da Voz”, que “entrava” cantando “Boa-Noite, Amor”

No carnaval de 1936 gravou, com Aurora Miranda a marcha “Em Primeira Audição “ e com Almirante “Esquina do Pecado”, ambas em parceria com Nonô.
A primeira parceria com José Maria de Abreu deu-se com a canção “Vingança”, gravada por Gastão Formenti..
Seguiram “Horas Iguais”, com Orlando Silva; “”Mari”, com Carlos Galhardo; “Onde Está o Dinheiro?,” com Aurora Miranda; “Barcarola”, com Francisco Alves; “Pegando Fogo”, com o Bando da Lua e, já em 1940, a valsa “Ao Ouvir Esta Canção Hás de Pensar em Mim”, grande sucesso de Francisco Alves.

EU SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA

A obra de Francisco Matoso foi imensa, mas uma é sempre lembrada e ele não chegou a ouvir sua gravação original na voz de Francisco Alves: “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda”.
Hoje regravada por muitos cantores, a partir da regravação de Carlos Galhardo.

Francisco Matoso faleceu exatamente no ano em que entregou a Lamartine Babo a letra dessa bela canção, musicada por Lamartine e gravada por Francisco Alves .
Não conheceu esse seu grande sucesso:

Eu sonhei que tu estavas tão linda
Numa festa de raro esplendor,
Teu vestido de baile, lembro ainda,
Era branco todo branco, meu amor ! . . .
A orquestra tocou umas valsas dolentes,
Tomei-te aos braços, fomos dançando, ambos silentes ..
E os pares que rodeavam entre nós,
Diziam coisas, trocavam juras a meia voz . . .

Violinos enchiam o ar de emoções
E de desejos uma centena de corações . . .
P'ra despertar teu ciúme, tentei flertar alguém,
Mas tu não flertaste ninguém ! . . .
Olhavas só para mim,
Vitórias de amor cantei,
Mas foi tudo um sonho... acordei.

Norma


EVALDO RUI - Por Norma Hauer



ROSA DE MAIO E OUTRAS

No dia 9 de abril de 1913 nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor Evaldo Rui Barbosa, que ficou conhecido apenas como EVALDO RUI.

Era irmão do radialista e também compositor Haroldo Barbosa e iniciou sua carreira em 1934, trabalhanndo no então famoso Programa Casé e teve um samba gravado por Carmen Miranda, de nome "Ninho Deserto", que não fez sucesso..

Sua carreira só "deslinchou" quando ele conheceu Custódio Mesquita, em 1943, mas só foi projetado no ano seguinte com as composições Como os Rios Correm p'ro Mar" ,"Feitiçaria"; "Rosa de Maio" e "Gira...Gira...Gira", os dois
primeiros gravados por Sílvio Caldas e os outros por Carlos Galhardo

.São, ainda, de sua autoria, com Custódio Mesquita,"Algodão","A vida em 4 Tempos","Valsa do Meu Subúrbio"e"Promessa",também gravadas por Sílvio Caldas.

.Após a morte de Custodio, em 1945, Araci de Almeida gravou de ambos, "Saia do Caminho" e Dircinha Batista "Adeus".

Compôs, com "Fats" Elpidio o fox-canção "Minha Confissão"gravado por Carlos Galhardo em 1945. e com Lupicinio Rodrigues o samba "Eu não sou Louca", gravação de Isaurinha Garcia.

Um dos maiores sucessos de carnaval de todos os tempos foi compósto com Fernando Lobo: o samba "Nêga Maluca", gravado por Linda Batista

Estava jogando sinuca
Uma nêga maluca me apareceu
Vinha com o filho no colo
E dizia p'ro povo que o filho era meu...
Não senhor..."

Seu fim de vida foi trágico: morreu por amor.

Apaixonado pela cantora Elizeth Cardoso, e não sendo correspondido, telefonou para ela dizendo que iria suicidar-se e o fez no dia 9 de agosto de 1954, aos 41 anos.

Norma

Paz, amor - Por José de Arimatéa dos Santos

Acredito piamente no amor entre todos os seres humanos. É possível viver em um mundo em que o respeito ao outro seja possível e a luta diária é para o bem está acima de tudo. A alegria de viver e ficar mais contente com o sucesso do vizinho ou o amigo. Tudo isso são maneiras de ver um mundo bem diferente do agora em que o respeito pela vida  é mínimo. Os fatos violentos se acumulam cada vez mais e o noticiário da tv reforça toda essa violência com o espetáculo midiático da desgraça do nosso semelhante. Antigamente acompanhávamos fatos violentos estampados em letras garrafais e em primeira página dos jornais impressos. Com toda a velocidade da informação em tempo real, e bote real nisso, as câmeras de televisão estão ao vivo para  para transmitir as barbáries diárias. O esmiuçamento da notícia põe repórter em cada esquina ou beco e microfone em punho entrevista e joga o sofrimento de atores e atrizes reais via satélite.
Digo sempre que assim que nascemos brigamos para não morrermos. Bactérias e vírus estão sempre de plantão querendo nos infectar, mas nossas defesas naturais são fortes e soldados sempre alertas para nos defender. Vivemos em sociedade e para defendermos da violência que grassa em todas as partes desse país pentacampeão do mundo fica cada vez mais difícil. Nem na escola as crianças estão a salvo da sanha da violência e barbárie. Acredito que faltam amor e humanidade  no coração de muito ser humano. Vivemos em uma sociedade doente, infectada por muitos invejosos, fofoqueiros e sem coração. E que o consumismo desenfreado transforma esse capitalismo mais selvagem e a violência pipoca cruelmente.
A utopia é que faz cada um de nós continuarmos a levantar da cama a cada novo dia e ver que é possível um outro mundo. Tempo de paz, cultura de paz. A Igreja Católica na Campanha da Fraternidade de 2011 fala sobre meio ambiente e como o ser humano é uma parte da ecologia, a vida se reverte em um bem cada vez mais importante. Vida para viver plenamente com justiça, paz, solidariedade, amor entre todos os homens e mulheres. O amor e a paz tem que triunfar.

E por lembrar Carlos Gonzaga...


Por isso eu canto assim - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Cafona, brega, caipira, matuto, beiradeiro! Eita, isso eu sou!

E ainda mais ouvindo Carlos Gonzaga, num radinho de pilha, na calçada da frente, olhando o canavial e sonhando com aquela musa que tudo podia sobre mim:

O Iraci,
Ai como eu amo a ti,
Sem ti não sei viver,
Mas que coisa louca,
É amar alguém...

Mas que Iraci mais danada meu deus! Podia me encharcar de amor, me deixar assim meio sem...sem prumo, sem saber o que mais sabia que era viver. E tinha mais. Era uma coisa louca, coisa louca deve ser o melhor que o mundo germina, derrubando estas xícaras arrumadas para o café, começando a manhã como se fosse outra coisa, uma coisa que é amar alguém. Ainda com aquele arranjo de balada, bem balançante, como eram aquelas músicas dos americanos que impregnaram o sangue da juventude por meio do cinema.

Eu sou feliz,
Por ti querer assim
Sem ti não sei viver
Eu ficar sem ti
É bom morrer!

E tinha o Gala Campina, o Canarinho, o Bigodinho, o Bico de Prata, e os altos galhos do Pé de Timbaúba, tão como Iraci, que dava a felicidade. Tem coisa mais alta, mais acima, no topo do que ser feliz. Ti querer assim, mas tanto que nem o ar se leva em conta, nem a água ou a rapadura, menos ainda a farinha, querer assim sem mais saber como viver. E nunca me faltes, o Iraci, pois se eu ficar sem ti, o mundo todo já sabe eu vou ao mais supremo do amor, ao mais radical da doação que sem você é bom morrer.

Desde que eu ti vi,
Nunca mais te esqueci
Tive a sensação que ia ser feliz,
E o pouco amor que eu pedi a ti
Foi negado a mim
Por isso eu canto assim.

Um simples olhar, aquele que imanta, que puxa, agarra, prende. Um olhar que substitui todos os olhares já havidos e por haver. E quando se falar em esquecimento, ainda é pouco, nada tem com lembranças, nem memórias, é um tudo contínuo, que sempre existiu, sem paralelas. E o mais sublime de todos os desafios que o mundo deu em escarpas e vendavais, eu te pedi um pouco que fosse e tu me negaste. E negar não é igual a um sim. Não é dual a este. Negar, para este pouco que ti pedi, Iraci, é igual a morrer, quando se diz vida, é como ir se a placa é de pare. Negar, um pouco de amor que seja é, em troca, oferecer ao negado, o legado da mágica espada do amor que nunca cessa, sempre existirá como possibilidade e jamais como cotidiano, feito o sabão a lavar pratos, a água sanitária no vaso. Negar é força do sol que sempre surge no horizonte quando se ausentou só para eternizar-se nas manhãs.

Assim eu vejo a vida - Cora Coralina



A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina



Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Cora Coralina, uma das principais escritoras brasileiras, publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Por Khalil Gibran - O poeta do amor !


~ Do Primeiro Beijo ~

É o primeiro gole de néctar da Vida, numa taça ofertada pela divindade. É a linha divisória entre a dúvida que engana o espírito e entristece o coração, e a certeza que inunda de alegria nosso íntimo. É o começo da canção da Vida e o primeiro ato do drama do Homem Ideal. É o vínculo que une a obscuridade do passado com a luminosidade do futuro; é a ponte entre o silêncio dos sentimentos e a sua própria melodia. É uma palavra pronunciada por quatro lábios, proclamando o coração um trono, o Amor um rei e a fidelidade uma coroa. É o toque leviano dos dedos delicados da brisa nos lábios da rosa — pronunciando um longo suspiro de alívio e um suave gemido.

É o começo daquela vibração mágica que transporta os amantes do mundo das coisas e dos seres para o mundo dos sonhos e das revelações.

É a união de duas flores perfumadas; e a mistura de suas fragrâncias, para a criação de uma terceira alma.

Assim como o primeiro olhar é uma semente lançada pela divindade no campo do coração humano, assim o primeiro beijo é a primeira flor nascida na ponta dos ramos da Árvore da Vida.

Khalil Gibran



Gibran Khalil Gibran (جبران خليل جبران بن ميکائيل بن سعد; em siríaco: ܓ̰ܒܪܢ ܚܠܝܠ ܓ̰ܒܪܢ; Bicharre, 6 de janeiro de 1883 – Nova Iorque, 10 de abril de 1931, também conhecido simplesmente como Khalil Gibran, foi um ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, cujos escritos, eivados de profunda e simples beleza e espiritualidade, alcançaram a admiração do público de todo o mundo.

sábado, 9 de abril de 2011

cinco poemas sem penas




              
POEMA DE AMOR

Tomei o coração na mão como uma maçã
e cravei os dentes vermelhos. Estava em êxtase,
transverberado, com toda a poesia do mundo
escorrendo dos beiços, cantando na língua.

Eu a beijei com sofreguidão, como uma bicicleta.
Ela floresceu dentro de mim, com tanto perfume
quanto um jasmineiro à noite. Mas era apenas
a poesia como um cavalo domado sob os lençóis.


HERMAN MELVILLE

Os ceifeiros são baleias no campo de trigo.


O POEMA SEM PENAS

Um poema sem penas
como uma açucena ao luar.


          Veja meus poemas urbanos em:  http://gregoriovaz.blogspot.com/


Porque hoje é Domingo! - Para Aurélia Benício





A matinal terminou às 14:h. A estas alturas , todo mundo já almoçou, e descansa as pernas para encarar a Siqueira Campos, de noitinha.
Era assim a rotina domingueira da geração dos anos 60. Muita música, muita serenata, muita dança, muito cinema, e muito namoro também.
Todo bolero,valsa,  tango, chorinho, jaz, mambo, samba, nos faz lembrar Hildegardo Benício. Ao som do seu conjunto, fechávamos os olhos, espertávamos os pés, dançávamos e sonhávamos.
Fiz isso muito pouco, mas fiz !
Lamento o passado não voltar...Não perderia uma valsa!
Lembranças e saudades, extensivas a outros músicos da época, como Peixoto, Jayro, Hugo, Zé Flávio Teles, Nélio, Zé dos Prazeres,Wandir, Véin,Lifanco , etc,etc.
* Os três últimos, bem lembrados por Zé Nilton.

Hildegardo e Seu Conjunto - José Flávio Vieira



Foto do acervo de H. Cabral. Nela a Banda mais furiosa dos anos 60-70 : "Hildegardo e Seu Conjunto" que depois desaguou no "Os Ases do Ritmo" . Consultei o nosso Sir Jayro Starkey que consultou o Peixoto e abaixo vai a formação exata da Banda na época, segundo ele uma das melhores que ela já possuiu. O Conjunto Musical fez a trilha sonora de toda uma geração e muitos dos que lêem o blog hoje não existiram sem o clima romântico proporcionado por esta Banda.

Guitarra: Nélio C.Falcão
Cantor: Zé Flávio
Sax: Hildegardo Benício
Contra Baixo: Wandy
Ritmo (percussão): Zé dos Prazeres
Baterista: Tonico (atualmente na banda de música do Crato)
Trumpete: Haroldo, irmão de Tonico
Acordeon: Alexandre

De Aurélia Benício para o Azul Sonhado




"Sou filha do Cariri
Sou poeta popular
Nos meus versos conto histórias
Sò lendo tu vais gostar
Falo de amor e saudade
O que o coração mandar"
( Aurélia Benicio )

*
Aurélia é filha do nosso inesquecível maestro Hildegardo Benício.
Bem-vinda, querida!

Dos bastidores para Ulisses Germano



Caro matutador
que matutando leva a vida a cantar
se cinquenta, se oitenta, se noventa
vai se lá adivinhar...
mas que cantando vale a pena
isso sim é festejar!!!

(anônimo)

De Bastinha Job para Ulisses Germano


Um dia especial
Lindo no azul de viver
Inspiração sem igual,
Semente sã do saber
Sucesso a você almejo
E tudo de bom desejo
Saúde, paz pra valer!

Bastinha Job


Gesto Obsceno- Por Rejane Gonçalves



Não preciso dizer o que foi feito de minha vida sem Quasímodo. Todas as manhãs eu me lembro dos sonhos que à noite não me deixam dormir; o repetitivo sopro da boca de velhos, jovens, crianças, bebês e até mesmo fetos, a me assanhar os cabelos, a abrir caminhos nos meus ouvidos, a voz lamuriosa a me dizer com a boca emprestada de Quasímodo, as palavras num cata-vento, numa dança, num rodopio: escrevo como quem morre em casa, a vida teimando em não sair do quarto, a mãe aos prantos à cabeceira, o zelo dos amigos sentado no sofá da sala, o desespero dos que saem para fumar lá fora e deixam recomendado, qualquer coisa avisem.
Quasímodo sentou-se ao meu lado, mostrou as costas das mãos uma vez aos céus, uma vez à terra. Queria sentir a água que deveria aparecer num fino chuvisco, o suficiente para afastar as pessoas da praça, deixando-a só. Para nós. Somente ele e eu.
Batia-me nos braços quando os agitava um pouco e me chutava os pés se não os mantivesse cruzados. Tempos vão chegar em que dois pedaços de corda, retirados de um dos seus múltiplos bolsos, me imobilizariam pés e mãos e uma mordaça feita com o cachecol enrolado em sua cintura me vedaria a boca. Quasímodo, não se enganem, é a encarnação da delicadeza; apenas não suporta a atenção dos outros debruçada sobre ele ou sobre mim. Fiz o possível para matar, em Quasímodo, esses costumes, e por não conseguir, deixava que os soltassem e me prendesse. Só me rebelei no dia em que ele retirou a faixa que lhe prendia as pontas da trança e quis me vendar com o pano sujo de marrom. Não que eu tivesse medo de me ver cega, ou nojo do tecido quase petrificado de poeira, ou pavor das duas serpentes entrelaçadas, meio adormecidas na grande curvatura de suas costas, ou pesar de expor meu olfato, tão sensível, ao mau cheiro; o que me mortifica mesmo, não se enganem, é não ver Quasímodo; a única criatura que silenciosamente ouve e só depois pensa e passado muito tempo decide: eu falo. Eu não falo.
Na tarde enoitecida, senti na ponta do queixo o toque das mãos chuviscadas. Vejam, no deserto, Quasímodo senta-se ao meu lado e elas erguem meu rosto, obrigam-me a olhar para ele. Posso ter me enganado. Isto me acontece com freqüência, já a vocês, não. Ouçam, a voz me invadindo, há pouco, pertence a ele? O odor, eu sei, é o dele, e a hora de me chegar, também. Descubro alucinada que nunca o ouvi falar. Não conheço a voz de Quasímodo. Acabo de me dar conta de que não sei se ela é aguda ou grave, indiferente ou afetuosa. Vocês sabem, não me enganem. O que ele disse, as perguntas que, me asseguram, ele fez, e todos, sem exceção, tratam de repetir, poderiam ter sido estas, embora o tom não possua nenhuma parecença com a voz de Quasímodo, a qual, eu afirmo, nunca ouvi: não te perdes nos atalhos de minha escrita curvilínea, não tombas ao peso da pena que se entorta, não te cortas, de vez em quando, na aspereza dos traços, não manchas os dedos de sangue nos inúmeros ferimentos do papel, não percebes o ímã a me puxar a cabeça para baixo, a curvar meu pescoço, envergando-me o tronco, eu, Quasímodo, um arco, cuja corda posta ao rés do chão dificulta, ou mesmo subtrai para todo o sempre a oportunidade do arremesso; mesmo os menos ousados. Afirma, ainda, a boca de todos vocês num movimento uníssono que Quasímodo escreve como quem morre em casa. Eu que vivo sentada ao lado dele, confesso desconhecer por completo sua escrita. Nunca li Quasímodo. Ele nunca nada me mostrou.
Ainda conservo posto em minhas mãos o rosto dele nessa tarde de não mordaça. Antes de falar penso, por um longo tempo, se não deveria ter pousado meus cinco sentidos nas janelas e portas onde vocês habitam. Calculei mal a passagem das horas; vendadas estariam portas e janelas e meus olhos abertos não veriam ninguém. De qualquer maneira, fiz uso desnecessário de um pensamento quase matemático, pois múltiplas são as portas e as janelas, até mais que os bolsos de Quasímodo. Daí, consternada, eu lhe disse por trás da porta de um sorriso fechado: se te mortifica tanto escrever como quem morre em casa, se a pena, no percurso entre o tinteiro e o papel, sob tal peso, entorta, posso te livrar da casa.
Quasímodo puxou-me a corda das mãos e dos pés, olhou-me demoradamente a boca, como a certificar-se se ela estava ou não amordaçada e colocou nos bolsos, um muito distante do outro, os dois pedaços de corda. Levantou-se, antes que no relógio o tempo ditasse a hora, e com ele foi arremetida toda a sinuosidade de sua figura oblonga. Eu quis falar que não fizera por mal, fora apenas uma idéia absurda, tentativa desesperada de descobrir que poesia há em não ser Quasímodo, engano inocente em noite de pouca lua e muita ou nenhuma mordaça; eu quis dizer, eu quis muito dizer: teria sido na verdade a maior prova do meu amor por ti.
A última vez em que vi Quasímodo foi por partes. Metade e meia de sua figura já haviam dobrado a esquina; o pouco que sobrara ergueu um dos braços, lançou-o rápido e com desenvoltura para trás; pensei se não queria se desfazer dele, do braço, ou livrá-lo da manga suja do casaco encardido, ou deixá-lo ali para que eu o recolhesse, ou se não poderia ser apenas o gesto corriqueiro da cobra que some e larga a pele. Naquele mesmo braço, a mão estirou os cinco dedos, logo depois quatro deles desapareceram feito tivessem sido decepados e o dedo médio elevou-se em riste, esticou-se até que de todo fosse esgotada a capacidade de sua compridez.

Rejane Gonçalves

Árias Pequenas. Para Bandolim-Hilda Hilst




Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores

Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.




(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - Árias Pequenas. Para Bandolim - XI)
(Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; [Brasília]: INL, 1980.)

Domingos que se foram ...- por Rosa Guerrera



As vezes o dia de domingo me traz saudades .Não aquele tipo de saudade que dói , que machuca , que deixa a gente meio pra baixo , como se diz na gíria. É uma saudade gostosa , de fatos alegres, quando as “tardes de domingo ( como canta o Roberto Carlos ) eram mais jovens”, pertencentes a “velhos tempos’, “belos dias” .E assim deixo rolar na minha mente o terraço da minha casa, as canções divertidas ao som do violão,os papos sobre namoricos ,os garotos bonitos, os beijinhos as escondidas , o sorriso da minha mãe, e um relógio que pouco se importava em marcar tempo ou hora.Afinal , quem não teve um tempo onde o próprio tempo nos deixava a vontade , sem exigências ou compromissos ! Será que éramos felizes e não sabíamos, ou apenas estávamos engatinhando em busca da felicidade?Hoje sinceramente não consigo analisar o porque daqueles encontros barulhentos que aconteciam todos os domingos no terraço da minha casa. Por quanto tempo existiram, também não lembro. Sei apenas que as jovens tarde foram envelhecendo a medida que fomos crescendo e o terraço foi se esvaziando pouco a pouco.Éramos talvez dez ou onze participantes daquelas tardes domingueiras que terminavam sempre depois das 8 horas da noite .E ansiosos esperávamos durante a semana o próximo domingo...E dessa maneira muitos e muitos domingos marcaram os vários calendários da minha vida .Mas como o destino dá sempre passos para a frente, aquela turminha foi seguindo cada um o seu caminho.Veio o período da faculdade, do primeiro emprego , das primeiras responsabilidades e os domingos foram tomando outro aspecto.
Quando nos encontrávamos , já não existia o som do violão , e as nossas conversas eram outras, muitas até marcadas por decepções amorosas, experiências amargas, romances inacabados , enfim : o domingo passou a ser um dia comum como todos os demais .Saí daquela casa faz mais de 30 anos , mas por incrível que pareça , todas as vezes que passo em frente a ela , olho a varanda daqueles dias alegres , e na minha mente sou quase capaz de ouvir o violão e as gargalhadas daquela turminha bagunceira e despreocupada que marcaram de tanta ternura a minha vida.E a saudade que bate no meu peito , é exatamente como falei no começo : é gostosa , é gostosa demais!

Destino - por Lupeu lacerda



O destino não tem tino. Nem tento de gol. Se mastiga na autofagia dos instintos básicos. Nada do que a gente conta é verdade. É a pétala que quer falar da flor como se flor fosse. Ela, ele, elas, eles não conhecem a flor. Depois de passada a faixa do final da corrida se descobre que nada há a ser descoberto. Somos fundos demais em nossos rasos, ou rasos demais em nossos precipícios. Ninguém se salvará. Não há do que. Pode acreditar. A ilusão enfuna as velas e sai navegando em busca de um amor que não faz jus a nada. Não poderia. Por não ser. O anão não grita com os gigantes, não por medo, por não ser escutado. Então é destino. Fica quieto e cumpre. Acerta lá com deus, cobra dele: que porra foi essa meu irmão? O destino. Não esqueça. Fique sendo notado por não notar.




No teu lindo azul sonhado
Mora um verso que bendiz
Que a luz do azulado
Faz a gente ser feliz!

ABOBRINHAS ENQUADRADAS - por Ulisses Germano



OITO QUADRAS PSICOLOGIZADAS
(CINQUENTA ANOS DEPOIS....)

I

Intuindo de onde veio 
O pensar diz o que é
Sentimento tem um freio
Quando a sensação dá fé

II
O espelho de Narciso
Se encantou com seu olhar
E ficou todo indeciso
Sem saber a quem amar

III
Os botões de quem caduca
Na intenção de poetar
Sabe que a sua cuca
É quem pode lhe curar

IV
Autocomiseração
Sempre, sempre é periosa
Quem produz lamentação
Perde a vida prazerosa

Vou pedir para São Pedro
A cópia de sua chave
Gratidão é o segredo
Pra sair de todo entrave

VI
 Ninguém nunca vai achar
Onde mora a consciência
Ela não tem um lugar
Nunca quis ter residência

VII
Estudar a própria mente
É viver no matutar
De um martelo que só sente
O seu próprio martelar

VIII
Deixo minhas abobrinhas
Descansando em seu divã
Versando nas entrelhinas
Sobre o mundo titantã!

Ulisses Germano
09/04/2011

     P.S. Dedicado a todos as Amigas e Amigos, que são meus abrigos e minha razão de ser como vivente e aprendente deste planeta maravilhosamente errante!
Ulicis





Essa é pra Ulisses!