por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 18 de maio de 2011

A poesia de José Augusto de Lima Siebra -



Louvo na poesia de José Augusto de Lima Siebra seu amor pelo Ceará, cantado belamente no poema O Ceará Seco, que tem estes versos iniciais:
(Stela Siebra)

Oh! terra dos verdes mares,
Terra da luz, Ceará!
Alguma cousa de ti
A minha lira dirá
Com mágoas que nascem d’alma
Teu nome celebrará.

Terceira louvação:
Louvo na poesia de José Augusto de Lima Siebra seu encantamento com as belezas naturais do Cariri, região homenageada com o
Hino ao Cariri
(Stela Siebra)

No Cariri tudo é belo
Tudo é galas e primores
É belo no sítio ameno
Ver-se flores multicores.

É belo o cantar das águas
Que vem de encontro à pedreira
A brisa a gemer nas folhas
Da majestosa mangueira.

Soluça a patativa
Na folha da bananeira
A juriti tão saudosa
Chamando a companheira.

Vê-se a beleza que tem
Os grandes canaviais
O canto dos passarinhos
Na fronde dos laranjais.

Ouve-se o rumor nas folhas
Do coqueiro pelo vento
Fitar os círios eternos
Que habitam no firmamento.

Que primavera meu Deus
Desponta no mês de abril
Maio, um altar a Maria
Coberto de flores mil.

Eu como sou filho desta
Terra cheia de delícias,
Quero viver no seu seio
Gozando suas carícias.

Quarta louvação:
Louvo seu espírito cívico, sua participação na política local e seu patriotismo entusiasmado pelo Crato, registrado no poema Revolução de Juazeiro, em que narra em versos as intrigas, desventuras e batalhas da Revolução de 1914, gerada pela situação política do Ceará. Uma versão histórica registra que a revolução foi planejada pelo governo Federal, com o intuito de derrubar o Governo do Ceará, então nas mãos do Cel. Franco Rabelo.
(Stela Siebra)

Soneto 25
(....)
Procedendo desta forma
Fica o Crato abandonado
Do centro do Ceará
O ponto mais cobiçado
Torrão sagrado, altaneiro,
Por muitos bravos pisado.

Tendo somente no Crato
Um pequeno pelotão
Dois outros oficiais
Dos quais Tenente Romão
Aproveitando os jagunços
Esta pouca guarnição.

Na tarde de vinte e quatro
O Crato foi atacado
A noite inteira passando
Num tiroteio cerrado
Às dez horas do outro dia
Pelos jagunços tomado.
(....)

Quinta louvação:
Louvo na poesia de José Augusto de Lima Siebra seu espírito profundamente religioso e devotado, sentimento que ele expressou em diversos poemas, notadamente nesta descrição da
Morte de Jesus.
(Stela Siebra)

Está parado o ramo de oliveira
E muito triste o céu da Palestina
Três horas. Lá no céu o sol declina
Queda silente a natureza inteira.

Jesus, o bom Jesus a fronte inclina
Deita da face a lágrima primeira
Do peito exala a ânsia derradeira
Morre na cruz suspensa na colina.

Escuta calmo o glauco mar profundo
Há um silêncio tal em todo mundo
Que a própria hierarquia desconhece.

A mãe do Verbo a fronte ao céu erguia
E ao supremo soluço de Maria
A terra treme, o sol empalidece.


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